Os Imortais escrita por may-kaulitz


Capítulo 1
O Início


Notas iniciais do capítulo

Oi meus amores, eu ia começar a escrever essa fic depois mas eu estava tão ansiosa que não aguentei.
Espero que gostem...



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- Adivinha!

As mãos quentes e úmidas de Angelique apertam minhas bochechas, e seu anel, uma caveira de prata escurecida, deixa uma marca de sujeira sobre minha pele. E mesmo com os olhos cobertos sei extamente como ela está: seu cabelo tingido de preto estava preso num rabo de cavalo; um espartilho de vinil vermelho se sobrepõe a uma blusa preta de gola rulê - mantendo-se de acordo com o código de vestimenta do colégio; a saia comprida de cetim preto com uma renda, também preta, por cima; os olhos num vermelho-sangue, mas só porque ela está usando lentes de contato.

Também sei que o pai dela não está fazendo uma viagem "a trabalho" com sua secretária; que o personal trainer de sua mais é mais "personal" do que "trainer" e que seu irmão quebrou seu CD do The Pretty Reckless.

Mas não sei isso tudo porque alguém me contou, nem porque andei fuçando na vida dela. Sei porque tenho poderes sobrenaturais.

- Anda logo! Daqui a pouco o sinal vai tocar! - ela diz com a voz rouca, como se fumasse um maço de cigarros por dia, embora só tenha tentado fumar uma vez.

Enrolo um pouco enquanto penso com que celebridade ela gostaria de ser confundida.

- Hum... Taylor Momsen?

- Não! Vai tenta de novo. - Ela aperta mais forte, nem sequer desconfiando de que não preciso ver para saber.

- Será... Amy Lee?

Ela ri e desencosta as mãos, e então lambe o polegar para apagar a tatuagem de sujeira em minha bochecha, mas levanto o braço antes que ela possa me tocar. Não porque tenha nojo da saliva dela, eu sei que ela não tem doença alguma, mas não quero que encoste em mim novamente. O toque humano é muito revelador, muito cansativo, então procuro evitar.

Com um gesto rápido ela tira meu capuz e meus óculos escuros, e aperta os olhos ao ver meu fones de ouvido.

- O que você está ouvindo?

Levo a mão ao bolsinho para iPod que costurei no capuz de todos os meus moletons, para esconder dos professores, e a entrego o aparelho.

- Puxa... - ela arregala os olhos - Quem canta essa barulheira toda?

- Sex Pistols - respondo desligando o iPod e guardando-o em seu esconderijo.

- Não sei como conseguiu me ouvir. - Angel sorri ao mesmo tempo em que o sinal toca.

Dou de ombros. Não preciso escutar para ouvir. Claro, não disse isso a ela. Falo apenas que vamos nos ver na hora do almoço e vou para a minha sala. Encolho-me ao ver os dois garotos se aproximarem de Angelique e pisar na bainha de sua saia, por pouco não a fazem cair. Mas ela se vira e faz o sinal do Mal para eles (algo que ela inventou) e os encara com aqueles olhos vermelhos horripilantes, eles imediatamente se afastam dela.

Vou direto para o meu lugar, no fundo da sala, e me desvio da bolsa que Alyson Müller deixou de propósito no meu caminho e ignoro o olhar de nojo que ela lança para mim diariamente. Em seguida, sento-me na carteira, pego meu livro e minha caneta, coloco os fones e o capuz e espero a chegada do professor Vanner.

O sr. Vanner está sempre atrasado. Sobretudo porque gosta de tomar umas biritas antes de dar aula. Mas bebe apenas para afogar as mágoas, a mulher o critica o tempo todo, e a filha o considera um fracassado e ele, detesta a própria vida. Descobri isso no primeiro dia de aula nesta escola, quando entreguei um formulário a ele e acidentalmente toquei em sua mão. Agora, sempre que tenho que entregar algo, coloco na beira de sua mesa.

Fecho os olhos e o espero, deslizo os dedos pelo moleton a fim de trocar a barulheira de Sex Pistols por algo mais leve, mais calmo. O barulho não é mais necessário agora que estou na sala de aula, a relação entre turma e professor ajuda a conter minha energia mediúnica.

Nem sempre fui tão bizarra quanto sou hoje. Eu já fui uma adolescente normal, com vários amigos, que sempre era convidada para as festinhas que haviam no meu meio social, que se apaixonava por celebridades e tinha tanto orgulho dos cabelos louros que jamais pensaria em prendê-los ou escondê-lo debaixo de um capuz. Eu tinha mãe, pai, uma irmã mais nova chamada Riley e um Cane Corso chamado Bob. Morava numa casinha agradável num bairro tranquilo de Leipzig. Era popular e feliz, tinha acabado de me tornar chefe de torcida da principal equipe da escola. Minha vida era perfeita e o céu era o limite.

No entanto, sei tudo isso apenas por ouvir dizer, pois desde o acidente só me lembro de uma coisa: eu morri.

Tive o que as pessoas chamam de EQM (experiência de quase morte). Mas as pessoas estão erradas. Podem acreditar, não houve nada de "quase" . O que aconteceu? Foi assim: Num instante Riley e eu estávamos no banco de trás do Volvo do papai, Bob com a cabeça pousada no meu colo e o rabo batendo suavemente na perna de minha irmã, e a próxima lembrança... os airbags inflados, o carro inteiramente destruído e eu lá, assistindo tudo de fora.

Olhando para o que restou do carro - os estilhaços de vidro, as portas amassadas, o para-choque dianteiro abraçado ao tronco de um pinheiro, um abraço letal -, fiquei e perguntando o que poderia ter acontecido, esperando e suplicando para que todos estivessem, assim como eu, sobrevivido. De repente, ouvi um latido familiar; virei para trás e vi minha família seguindo por um caminho, guiada por Bob.

Fui ao encontro deles. De início tentei correr e alcançá-los, mas depois fui mais devagar, ipnotizada pela vegetação, querendo demorar e passear por aquele campo vasto e perfumado de flores vibrantes.

Prometi a mim mesma que seria rápido, que logo voltaria para encontrar minha família. Mas quando olhei, só deu tempo de ver eles sorrirem e acenarem para mim ao atravessarem uma ponte e sumir de uma hora para a outra.

Entrei em pânico. Olhei para todos os lados, começei a correr de uma lado para o outro, mas tudo parecia igual. Então caí no chão e fiquei ali, morrendo de frio, chorando, gritando, xingando, implorando para que eles voltassem, fazendo promessas que sabia jamais poder cumprir.

Foi então que ouvi alguém dizer:

- Samantha? É esse seu nome? Abra os olhos, olhe para mim.

Devagar, voltei a superfície, onde tudo era dor e sofrimento. Então olhei para o sujeito que se curvava sobre mim, dentro de seus olhos escuros e disse:

- Sim, eu sou Samantha - e desmaiei outra vez.


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