E mais um 'emocionante' dia da minha viagem começava. Tomei o meu café da manhã com a Beatriz e a Mariana que, por sorte, ainda estavam gostando da viagem - pelo menos elas.

         Fui àquele restaurante horrível novamente, e dessa vez tinha uns caramujos de almoço - era muuito nojento - e, nessa hora, o Nathan tinha acabado de encontrar um conhecido, então aproveitei a situação para jogar aqueles caramujos nojentos pela sacada do restaurante - que também ficava na beira da praia.

         Quando eu olhei para os lados, para ver se algum mauricinho havia reparado no que eu tinha acabado de fazer e me deparei com o Cody:

         – Olá, Cody! - agora sim eu me animei.

         – Angélica, o que eu tenho que te dizer é muito importante.

         – Ei, já não te disse pra cair fora, pirralho? - Nathan entrou na conversa.

         – Você já conseguiu o que queria, Nathan. Agora deixe o Cody falar. Mas o que aconteceu de tão importante?

         – Ontem, à noite, quando meu pai tinha acabado de fechar o restaurante, eu vi o seu namorado conversando com um homem, e dizendo que ele fez aquilo de propósito, pra você se afogar e ele levar a fama de herói.

         – O quê? - disse eu, espantada.

         – É mentira! - respondeu ele.

         – Não é... O que eu ganharia vindo aqui e falando tudo isso, se fosse mentira?

         – Isso tudo é verdade, Nathan?

         – Por quê? Você não acredita no seu namorado?

         – Na verdade não. Você é falso... Por que eu acreditaria em você?

         – Sabe aquela hora, que você desmaiou, então, ele disse pra eu ficar longe de você.

         – Nathan! Como você foi capaz?- disse eu.

         – Angélica, eu estou terminando com você! Eu nunca sofri uma humilhação tão grande na minha vida!

         – Não! Você não vai terminar comigo, - nessa hora o Cody me olhou espantado -. EU vou terminar com você. E sabe a festa? Nem sonhe comigo lá. Duvido que você ache uma garota tão estúpida como eu para ir com você.

         Rapidamente, tirei aquele lencinho chato que ficava escorregando do meu colo, joguei na mesa e disse:

         – Ah, é verdade. O seu anel...

         Toma aqui! - joguei no prato dele, que estava cheio de scargôs (ele não comia, só esperava que eu comesse).

         – Vamos, Cody, vamos comer batata frita que eu estou morrendo de fome.

         O Nathan estava indignado com o que eu tinha feito, e ficou falando baixinho lá - devia ser mal de mim - mas eu nem ligo. Agora eu tenho a minha liberdade de volta e, bom, o Cody também.

         Saindo dali, eu e Cody começamos a dar risada, pois o Nathan estava muito bravo, mas eu tive que interromper e dizer:

         – Cody, obrigada.

         – Pelo quê? - como se ele não soubesse.

         – Se você não tivesse feito aquilo, eu teria arruinado o resto das minhas férias.

         – Eu só fiz o que um bom amigo faria. E você pensa que eu esqueci, você enfrentando o Nathan por minha causa.

         Comecei a olhar pra baixo, mas eu acabei falando:

         – Só fiz o que um bom amigo faria.

         O resto do caminho para a lanchonete do Cody foi silencioso, nenhuma palavra dos dois lados. Como se não tivéssemos assunto nenhum para falar.

         Chegando lá, sentei numa mesinha e pedi tudo o que eu tinha direito, comi bastante, para compensar o que eu não comi naquele fim de semana. Depois, paguei a conta e disse ao Cody:

         – Nos vemos mais tarde?

         Ele não falou nada, mas eu sabia o que aquele sorriso queria dizer.

         Mais tarde, nos encontramos, no mesmo lugar de sempre, e conversamos bastante, até o momento que...

         – Cody, você já teve uma namorada?- perguntei.

         – Não. Você já, não é?

         – Aquilo não contou! - disse eu, rindo.

         – Mas vocês se beijaram, não é?

         – Algumas poucas vezes... Mas ele era tão idiota, que pra mim foi indiferente.

         – E... Como foi?

         – Nossa, nem quero lembrar. Foi uma atitude tão estúpida minha... Na minha opinião, um beijo é um algo que se dá apenas em quem ama, e não era o meu caso. Se eu pudesse voltar no tempo, eu...

         – Calma, já foi. - disse ele, segurando na minha mão. - não adianta se arrepender, apenas continuar procurando por alguém que te dê isso. - Mas... Você já teve um beijo... Desses de amor? - ele parecia interessado.

         – Não... Eu queria que o meu primeiro beijo fosse com alguém especial. Mas não foi. Então, ainda estou esperando - respondi, com um sorriso tímido - E você?

         – Também não. Mas eu já tenho uma menina em mente...

         Fiz uma cara de decepção, e, para 'salvar o dia', passa um vendedor, desses, que vendem bijuterias pela praia, e então eu comprei duas correntes, uma com uma pedra azul, e a outra sem, então, disse:

         – Toma. Cody, essa é pra você. - E dei a corrente com a pedra a ele, que parecia surpreso, mas colocou logo em seguida. - Agora... - tirei a pedrinha em forma de coração do meu bolso, aquela que o Cody tinha me dado, coloquei na outra corrente e pendurei no meu pescoço. - Não esqueci... As coisas especiais pra mim duram pra sempre, não importa o que aconteça.

         Voltou o silêncio - queria falar, falar e falar, mas achei melhor ficar quieta.

         Mais tarde, fui embora e contei tudo para as minhas amigas, que já estavam acostumadas com as minhas saídas à noite e, pareciam não acreditar no que tinha acontecido.

         E assim terminou a minha segunda-feira - até que terminou melhor que a primeira...