-O que foi?- perguntei pavorada.- Tem algo errado?

-O que estão fazendo aqui?! Issso não é um espetáculo. Saiam. AGORA!

-Eu não vou sair.- disse Sirius.

-Tudo bem, você fica. O resto tem que sair.

Minha mãe deu outro grito.

-Eu também vou ficar.- disse.

-Não Ruby. Espere lá fora.

-Mas...

-Fred, tire-a daqui.

Ele me agarrou e me tirou do quarto. Ouviamos os gritos dela e da Sra.Weasley, pedindo que ela fizesse força.

-Isso é normal?- perguntei a Remo.-Os gritos?

-É sim querida.- disse Remo.

-Dói tanto assim?!- perguntou Rony chocado.

Derrepente os gritos da minha mãe sessaram, dado lugar a um choro forte de bebê.

-Mas vale a pena.- disse Sr.Weasley.

Eperamos alguns minutos até a Sra. Weasley aparecer na porta.

-Uma linda garotinha.- sussurrou ela.- Ruby?!

Eu fiquei parada. Eu não tinha certeza de que realmente queria entrar lá agora. Eu me arrastei até a porta e entrei. Minha mãe estava suando, com o cabelo grudado no rosto, ela parecia muito cansada. Ela sorriu quando me viu e estendeu a mão.

-Acalme-se querida.- disse ela afagando minha mão.-Você está pálida.

Eu dei um sorriso fraco.

-Quer segura-la?

Eu ia perguntar quem, mas quando Sirius, que estava em pé ao lado da minha mãe, se virou, vi algo embalado em seu colo. Ele deu a volta sem tirar os olhos do bebê, e se inclinou pra mim. Em meio a todo aquele pano um rostinho minusculo apareceu. Ela estava dormindo, tinha a pele tão alva que dava pra ver as veias em sua bochecha, tinha cabelos negros e brilhantes.

-É tão perfeita.- murmurou Sirius balançando a bebê.- Quer pegar?- disse Sirius olhando pra mim. Ele tinha os olhos cheios de água.

-Eu... eu não posso. Ela é tão pequena.- disse franzindo a testa.

Eles riram.

-Si parece com você quando nasceu.

Pra mim não dava pra saber com quem a bebê parecia, ela tinha o rosto inchado como o de alguém que dormiu demais.

-O nome dela é Lucy. Minha mãe se chamava Anneliese Marie Lestrange. As duas tem o nome dela. Ruby Anneliese Black e Lucy Marie Black, duas metades de um todo. Uma completando a outra.

-É um lindo nome.-disse a ela.

-Vamos deicha-la descansar querida.- disse Sra.Weasley me levando até a porta.

-Então?- disse Hermione.-Como ela é?

-Se parece com quem?- perguntou Gina.

-Não da pra saber. Bebês tem cara de joelho.

-Ruby!- disse Hermione chocada.

-É brincadeira. Ela tem cabelos escuros, e é muito pequena.

-E os olhos?- disse Gina.

-Não deu pra ver, ela estava dormindo. Ela se chama Lucy. Lucy Marie Black.

-Oh...- fizeram as duas.

Derrepente Sra. Weasley sai do quarto aos prantos, e abraça o Sr. Weasley.

-Molly?!

-Ah Arthur ela é linda.

-Mulheres..- disse Rony.- Tão sentimentais.

-Ela pediu...- disse Sra. Weasley secando os olhos.-Ela pediu para que fossemos os padrinhos Arthur.

-Ah Molly, pare de chorar.

-Desapontado?- perguntei olhando a cara de Remo.

-Um pouquinho.-admitiu.

-Achou mesmo que eu iria dividir meu padrinho?

-Achei que não.

Eu não passava muito tempo dentro do quarto onde elas estavam, a não ser nas refeições. Eu nem cheguei a pegar Lucy no colo, ela me parecia tão frágil. Ela era uma estranha pra mim. Uma estranha que minha mãe amava mesmo antes de nascer, e eu não sabia como me sentir em relação a isso.

Foi engraçado ver a cara do Rony quando ele entrou no quarto e viu Lucy nos braços de Hermione. Ele ficou parado com a porta aberta e um tanto perplexo, até Hermione perseber e perguntar qual o problema e Rony sair correndo.

No ultimo dia do feriado, estava descendo as escadas para levar a vasilha de sopa da minha mãe na cozinha quando encontrei Professor Snape se sentando na mesa.

-Ruby, querida. Porque não faz companhia ao Professor Snape enquanto eu busco Harry.

-Como vai Professor?- disse me sentando na mesa.

-Já estive melhor Ruby.

-Entendo. Eu iria perguntar o motivo da visita, mas acho que o senhor não vai me contar.

-Na verdade vou. Mas vamos esperar o Potter.

Sirius desceu as escadas e se sentou ao meu lado, em frente ao professor.

-Sente-se Potter.- disse Snape, quando Harry chegou.

-Sabe,- começou Sirius em voz alta.- eu acho que seria melhor se você não desse ordens aqui Snape. Aqui é minha casa.- eu bufei.

-É minha casa também.

-Tudo bem Ruby. Eu deveria falar com você e Potter sozinho. Mas Black...

-Eu sou padrinho dele.- disse Sirius quase gritando.

-Eu estou aqui por ordens de Dumbledore.- disse Snape.- mas sei que Black quer se sentir...Envolvido.

-O que quis dizer com isso?- disse Sirius derrubando suas cadeira no chão.

-Apenas que eu tenho certeza que você deve se sentir, ah, frustrado pelo fato de não poder fazer nada de útil para a Ordem

Sirius corou e Snape gostou disso.

-O diretor me enviou para cá para dizer-lhe, Potter. Que ele deseja que você estude Oclumancia nesse semestre.

-Estudar o que?- perguntou Harry.

-Oclumancia Harry. Magica defesa da mente contra penetração externa.

-Um tipo de magia obscura porém muito útil.- Snape me completou.

-Porque eu tenho que estudar Ocluman-sei-la-o-que?

-Porque o diretor acha que é uma boa idéia. Você terá aulas uma vez por semana mas não dirá a ninguém que está fazendo, muito menos a Dolores Umbredgi. Entendeu?

-Sim. Quem será meu professor?

-Eu.

-Porque o diretor não dará as aulas ao Harry?- perguntou Sirius agressivamente.-Porque você?

-Acredito que seja um privilégio do diretor escolher outra pessoa para uma tarefa tão desagradável. Posso lhe garantir que não implorei por este emprego. Tanto que pedi permição para o professor para uma assistente, você Ruby. Estarei esperando ás seis horas na segunda a noite, Potter e Ruby. Em minha sala. Se alguém perguntar você estará tendo aulas extras de Poções. Ninguém que já o tenha visto em minhas aulas negaria que você precise delas. Já Ruby...Bom, acredito que pensará em algo.

Ele se virou para sair.

-Espere um pouco.- disse Sirius.

-Eu estou com pressa, Black. Ao contrário de você, eu não tenho tempo livre ilimitado.

-Irei direto ao ponto, então.- disse Sirius se levantando.-Se eu souber que você está usando as aulas de Oclumancia para pegar no pé do Harry você terá que se entender comigo.

-Que comovente. Mas certamente você notou que Harry é muito semelhante com o pai?

-Sim, notei.- disse ele orgulhoso.

-então você sabe o quão arrogante ele é e que críticas não o abalam.

Sirius empurrou sua cadeira brutamente para o lado e foi em direção a Snape, enquanto puxava a varinha. Snape puxou sua varinha também. Estavam se encarando.

-Sirius.- disse Harry, mas ele parecia não ouvir.

-Eu te avisei Seboso.- disse Sirius, seu rosto quase a um palmo do Snape.-Eu não ligo se Dumbledore acha que você se redimiu, eu seu que não...

-Oh, porque você não diz isso a ele?- Snape sussurrou.-Ou você tem medo que ele não leve a serio um homem que está se escondendo na casa da mamãe por seis meses?

-Professor.- disse mas assim como Sirius ele não ouviu.

-Diga-me como anda Lúcio Malfoy estes dias? Eu acho que ele está satisfeito com seu cachorrinho trabalhando em Hogwarts, não é?

-Falando em cachorrinho.- disse Snape suavemente.- Você sabia que Lúcio reconheceu você na ultima vez que arriscou uma saidinha até as ruas? Brilhante idéias, Black, deixando ser visto numa segura plataforma...Fazendo com que você não possa sair desse buraco no futuro, não foi?

Sirius levantou a varinha.

-NÃO.- gritou Harry, e corremos para ficar entre Sirius e Snape.- Sirius não.

-Você está me chamando de covarde?- rosnou Sirius, tentando empurrar Harry.

-Sim, estou.

-Saiam da frente você dois.- rosnou Sirius.

A porta da cozinha se abriu e toda a família Weasley mais Hermione entraram, todos parecendo muito felizes, com o Sr.Weasley andando orgulhosamente e vestindo pijamas.

-Curado.- ele anunciou para toda a cozinha.-Completamente curado.

Todos congelaram ao ver Sirius e Snape com suas varinhas apontadas um para o outro.

-Pelas barbas de Merlin.- disse Sr.Weasley.-O que está acontecendo aqui?

Eles guardaram suas varinhas. Snape deu meia volta e se foi.

Minha mãe ainda estava de cama quando voltamos para Hogwarts. Não teriamos reunião da AD naquela noite, já que Harry teria aula de Oclumancia. Os membros da AD ficavam perguntando se teria reunião hoje.

-Oi Harry.- disse Cho Chang.

-Oh- disse Harry.- Oi.

-Estaremos na biblioteca, Harry.- disse Hermione enquanto puchava Rony pelo braço e eu os seguindo em direção á escadaria de mámore.

-Não gosto dela.- disse.

-Porque não?!- perguntou Hermione.

-Ela é muito chorona e cheia de si.- disse simplismente.

Pouco antes da aula de Oclumancia Harry chegou na biblioteca para nos contar que vai sair com Chang no dia dos namorados. Nós dois fomos até a sala de Snape, vi que ele exitou para entrar, então passei a sua frente e entrei.

Harry e Snape se sentaram e eu me escorei em uma mesa observando os dois. Ele não foi nada bem na primeira aula. Sempre deichava Snape avançar em suas memórias e não conseguia se consentrar para impedir, e acabava de joelhos no chão.

-Você entendeu como é Ruby?

-Acho que um pouco. Deichar a mente limpa, não é?

-Agora vamos ver como você se sai. Pronta? Agora. Legiliomens.

Imagens começaram a aparecer em minha mente, mas antes de me concentrar nelas e deichar que a minha volta desaparecesse, eu desarmei Snape. Era uma sensação horrível, e Snape bateu palmas de vagar.

-Brilhante. E me desarmou sem pronunciar o feitiço.

-Como você conseguiu?- perguntou Harry.

-Por hoje chega Potter, quero vocês de novo aqui no mesmo horário na quarta. Você deve esvaziar sua mente de todas as emoções todas as noites antes de dormir. Mantenha-a vazia e calma, entendeu?

-Sim.

-E fique avisado, Potter, eu saberei se não estiver praticando.

-Certo.-murmurou Harry.

-Foi sua primeira aula Harry, você só tem que praticar, só isso.- disse tentando consolalo.

-Você conseguiu de primeira não foi?

-Na verdade não foi a primeira vez. Já pratiquei com Remo algumas vezes, e acredite, eu era tão ruim quanto você. Você vai melhorar, tenho certeza.

-Tomara.

-Ai!- gritei quando aluém segurou meu braço e me puchou para trás.

Era Fred, que enlaçou minha cintura com seus braços e me girou. Eu segurei seu rosto e beijei sua boca.

-Onde esteve?- perguntou Fred me colocando no chão.-Ti procurei em todo lugar.

-Harry e eu temos Oclumância com Snape.

-Não. Harry tem Oclumância com Snape, você é ajudante, aposto que se pedisse, Snape ti livraria dessa.

-Er... Estou indo para a biblioteca, encontrar Hermione e Rony.- disse Harry saindo.

-Já é dificil para o Harry com o professor pegando no pé dele. Só estou lá pra dar uma força pra ele. O que foi?

Fred estava de cabeça baixa com a testa franzida como se não me ouvisse. Encostei minha boca em seu pescoço.

-Qual o problema?- sussurrei.

-Você passa tempo demais com o Harry.

-É claro que não.-disse surpresa.

-Então porque toda vez que você está em detenção com a Umbredgi, Harry também está?!

-Nós somos praticamente torturados, e você fala como se isso fosse um encontro amigável.

Ele deu de ombros e eu suspirei. Fred pediu desculpas e antes que eu dissesse qualquer coisa ele me beijou com tanta intensidade que minhas pernas ficaram bambas e eu não tinha presença de espirito para fazer qualquer outra coisa a não ser beija-lo.

Ficamos alguns minutos juntos depois eu fui para o salão Comunal, estavam todos mostrando seus presentes de Natal. Markus estava no sofá em frente a lareira e eu me sentei ao seu lado suspirando e com um leve sorriso na boca. Ele estava comendo sapos de chocolate e eu peguei um de sua mão e comi.

-Como foi seu Natal Ruby?

-Foi legal. Minha...- por pouco eu não conto que minha irmã havia nascido.-Minha mãe me deu um cachorro.

-Sério?! Que legal. Espera. Você está usando brincos? Eu nunca ti vi usando brincos, nem no baile de inverno você usou.

-Fred me deu.

-Fred!?

-É. Fred Weasley.

Ele deu uma risada e abanou a cabeça.

-Está saindo com Fred Weasley?

-Estou. O que ganhou de Natal?

-Você é tão escorregadia em mudar de assunto. Uma vassoura nova. Meu pai ainda insisti que eu jogue quadribol.

-Que pena. Até amanhã Markus.

Enquanto comia meu café da manhã, Markus me cutucou e depois apontou para a mesa da Grifinória. Hermione estava de pé e me chamando.

-O que foi?- disse ao chegar ao seu lado.

Ela levantou o Profeta com as pontas dos dedos e pediu que eu lesse.

-Fuga em massa em Azkaban.- li o titulo.

Passei os olhos nas dez fotos dos bruxos. Sabia seus nomes de cor, minha mãe falava sobre eles, principalmente meus tios Rabastan e Rodolfo. Eram poucos os que sabiam que eu era uma Lestrange por parte de mãe, mas isso definitivamente mudou.

-Isso é péssimo.- murmurei.

-E estão culpando Sirius.- disse Harry.

-Era de se esperar.- disse.- As coisas estão pirores a cada dia. E olha que só está começando.

Nos dias que se passaram eu não me sentia bem depois de saber da fuga. Ficava imaginando Bellatrix e meus tios invadindo minha casa com minha mãe segurando Lucy contra seu peito. Foi horrível, mas não disse nada a ninguém. Toda vez que me sentia assim, segurava o cordão de Hermione e sentia o metal morno e tendo certeza de que ela estava bem. Alguns pais fizeram questão de contar a seus filhos que eu era sobrinha de Comensais da morte. O que fez com as pessoas se afastassem de mim de vez, com exessão da AD.

Mas meus temores sempre iam embora quando Fred chegava. Era como se seu beijo me libertasse de toda e qualquer preocupação. No dia dos namorados fomos a Hogsmeade, com Dino Tomas e Jorge. Eles vendiam suas invenções e eu só ficava por perto. Pensamos em ir ao Café Madame Puddifoot, mas desistimos quando vimos a decoração especial para o dia dos namorados. Era abominável todo aquele rosa e os corações, sem falar nos casais. Fomos ver o treino de quadribol da Grifinória.

-A Gina é boa.- eu disse.

-É.- disse Jorge sem acreditar.-Aonde foi que ela aprendeu a voar desse jeito?

-E Rony está indo bem.

-Bem até ele ver que tem alguém o assistindo. Chega a ser patético a falta de confiança dele.