Diga Meu Nome escrita por morguii


Capítulo 1
Lembranças confusas


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, espero que leiam avidamente assim como eu escrevo, pois eu amo tal história e quero vocês amem também. Sei que é pedir demais, então... espero que pelo menos gostem!
# músicadocap:fear of the dark - Iron Maiden:http://www.youtube.com/watch?v=X_hMZYDMps4 #



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Narrativa: Morgana

Chovendo, de novo, só para variar. As coisas andam difíceis depois da morte do meu avô, tudo parece sem sentido, nada se encaixa nesse maldito quebra-cabeça chamado vida. Tento me situar, encontrar um lugar para me esconder, preencher esse vazio de alguma forma, mas nada, nenhum lugar no mundo poderá fazer essa agonia passar. Ele era minha única família e agora não me resta mais ninguém. Tenho dinheiro, não me preocupo com isso, meus estudos estão em perfeita ordem com notas imaculadas, tenho tempo sobrando para meus estudos sobre a bruxaria, mas trocaria tudo isso para tê-lo de volta. E não acontecerá, não o terei.

A escola é o único lugar onde vejo gente, e onde elas falam comigo. Meu avô tinha fama de louco, ele era um mago de alto nível, e era adorado pelos bruxos, mas nessa cidade idiota ninguém entendia, todos achavam que ele poderia a qualquer momento decidir dominar o mundo. Tolos primitivos com pensamentos mais tolos do que os... argh, dinossauros! Me visto normal, com roupas normais e calçados normais, mas isso não impede que as pessoas me olhem da cabeça aos pés, que estreitem os olhos e adquiram um semblante de nojo. Mas já estou acostumada. Nada disso importa agora, antes eu tinha vergonha, mas depois da morte da pessoa que mais me importava na vida passei a perceber que ignorá-los é o melhor a ser feito.

Levantei vagarosamente da cama, e fui tomar um banho. Demorei-me nas águas quentes já que o frio estava pesando lá fora, lavei meu cabelo com um xampu diferente, aroma de rosas, antes eu usava o de lavanda, mas algo me disse que teria que mudar hoje, especialmente hoje. Após não poder me demorar mais saí e pus uma roupa nem quente nem muito curta, afinal podia estar frio, mas logo esquentaria. É outono. Uma camiseta meia manga azul escuro, uma calça jeans preta e uma sapatilha preta com um top azul escuro. Deixei meu cabelo solto, peguei duas mexas uma do lado esquerdo e outra do lado direito, e atei-as. Peguei minha mochila e fui para a escola.

Eu morava apenas duas quadras antes da escola, então à distância e a chuva não fazia muita diferença, apesar de que quando saí tornaram-se apenas chuviscos, uma garoa fraca. Cheguei ao colégio e fui em direção á minha sala. Depois de uns meses eu parei de ser o assunto da escola, então em vez de rejeitada agora eu era ignorada, sinceramente, não sei qual é pior, ou até mesmo, melhor. Mesmo tendo poucas amizades juntei-me ao grupo de colegas e comecei a ouvir as conversas. Parecia que tínhamos aluno novo.

- Pelo que eu soube, ele veio da Inglaterra.

- Não, o que me contaram é que ele é da Austrália.

- Uh, gente, enquanto eu vinha vindo para a escola passei no café do seu Jorge e ouvi um casal dizendo que vieram de Veneza e que o filho deles estudaria aqui. – falei devagar.

Elas me olharam por alguns instantes paralisadas, então o alvoroço começou, foi quase uma ordem quando me mandaram descrever por detalhes como era o casal, o sotaque, as roupas, tudo sobre eles. Eu não gostava de receber ordens, mas eu sabia que elas não faziam por mal. Eu posso até parecer externamente fria e nojenta, perigosa, mas eu apenas sou diferente. Contei a elas tudo o que sabia e reparei até o sinal tocar. Jurava que elas iam enfartar ali mesmo de tanta angustia e desespero para ver o aluno novo. Mas nada. Todos haviam chegado, mas nada de aluno novo.

Desapontadas minhas colegas se sentaram com semblantes tristes e emburrados, mas logo passaria...

“– Morgana pare de gracinhas, não gosto de ficar correndo sem saber para onde estou indo, você sabe!

- Ah Arthur, pare de frescuras.

Quando a Morgana parou Arthur chegou por trás dela e a pegou pela cintura, esta começou a rir e a tentar se soltar, mas os braços fortes de seu amado não a soltaram então se renderam a um beijo.

- Tome, ela é linda, apesar de não se comparar a ti – disse Arthur ao entregar uma rosa a Morgana que logo sorriu e lhe beijou. “

Ah droga, será que dormi de novo na aula? Quando olhei em volta todos os meus colegas olhavam para a porta, nesta havia um garoto loiro de olhos azuis, alto, boca vermelha. Perfeito. Ele se parecia demais com o Arthur do sonho que acabara de ter, mas ao mesmo tempo não tinha nada a ver! Que complexidade. Minhas pernas fizeram-me ficar de pé, mas eu não queria, foi como se elas tivessem vida própria. Ao me levantar todos olharam para mim, então me dei conta que estava direcionada ao garoto da porta, sentei-me e tentei ordenar a mim mesma para aquilo não acontecer, mas foi inevitável. Fiquei vermelha, mais que pimentão! Odiava quando isso acontecia, era tão vergonhoso!

Olhei para baixo e de lá não tirei meu olhar, apesar de estar percebendo tudo a minha volta, o garoto passando ao meu lado e me olhando, minhas amigas rindo de mim, o professor balançando a cabeça, mas eu sabia que só não me perguntava pelo medo que tinha de mim. Indiferentemente de professor, o Senhor Lopes ainda era humano, um cidadão da cidade onde moro, traduzindo, conhece minha fama e acha que posso transformá-lo em sapo a qualquer instante. Lembro como se fosse ontem ele com os outros professores falando comigo na sala de reuniões:

“- Srta Mayer, queremos lhe dizer que aqui nesta escola tu não és diferente de ninguém, então nada de fazer coisas estranhas ou querer ser maior e melhor que os professores. Nós só estamos aqui para fazer o nosso trabalho que é ensinar.

- Com todo o respeito, senhor Lopes, eu posso ser neta de Jorge Mayer e segui-lo em tudo o que faz, mas isso não significa que a fama que vocês nos auto puseram seja verdadeira ou tão pouco correta. Eu nunca agredirei ninguém, pois não é de minha índole e de meu caráter fazer isso, meu avô me ensinou o que é certo e o que é errado, e eu tenho total consciência destes.

- Certo, então estamos entendidos – disse a Sra. Martini com voz tremula.”

Sai da sala já não agüentando mais a vontade de rir, pois por mais que eles tentassem me amedrontar, eu só conseguia sentir pena de tantas tolices inventadas por esses bocós. O professor estava chamando o garoto novo para se apresentar na frente de todos, tenho que parar de sonhar acordada e prestar atenção.

- Uh, meu nome é Arthur Rosa, eu sou de Veneza, tenho dezesseis anos e... acho que é isso.

Caramba o nome dele é Arthur como o garoto do sonho, e ele ainda tem o sobrenome Rosa, como o detalhe que o garoto do sonho da uma á garota, que por mais incrível que pareça tinha o meu nome. Isso está muito estranho, mas agora a única coisa que tenho que fazer é me concentrar na aula, já que este professor tem certa aversão a mim em especial e estava baixando minhas notas propositalmente. A matéria pelo menos era idade média, mitologia grega, sobre isso eu sabia tudo.

- Alguém aqui pode me dizer quem foi que matou o minotauro de Creta?

Levantei a mão e o professor com cara de deboche me concedeu a palavra.

- Foi Teseu, conseguiu chegar ao minotauro com novela de lã que Ariadne lhe deu para não se perder, mas de nada valeu já que quando voltou a Atena, esta estava destruída. Seu pai estava morto.

Com cara de espanto ele balbuciou um “muito bem” e sentou-se na classe, vi pegar um livro de mitologia grega, na certa estava torcendo para eu estar errada e ser outro herói, mas eu tinha certeza que estava certa.

Olhei para trás e vi o garoto novo sentado atrás de Janaína, ela estava detestavelmente linda hoje. Ah caramba, porque diabos eu pensei isso? Tudo bem que ela não gostava de mim, mas quando me contaram este fato jurei que iria perdoá-la para não ter problemas com minha paciência escassa. Parecia até que eu não gostava de tê-la perto do novato, mas eu não tenho motivos para isso, e é bom meu subconsciente parar de me pregar essas peças. A única coisa que ainda não havia percebido era que enquanto eu observava minuciosamente como Janaína jogava o cabelo para o lado fazendo charme, era que o novato me olhava fixamente. Estranho.

Narrativa: Arthur

Ela tinha algo de diferente, eu só não sabia o que. Era como se eu já a conhecesse, mas de onde? Ouvi algumas garotas falarem seu nome enquanto riam dela por ter levantado a me ver. Morgana, mas o que ela tem de especial? Inegavelmente linda tão meiga corando, e quando passei por ela um cheiro embriagavel de rosas emanando de si. Sentei-me atrás de outra garota, morena de olhos negros profundo, linda também, mas não se comparava a Morgana.

- Olá, meu nome é Janaina, mas pode me chamar de Jana, seja bem vindo. – se apresentou a garota sentada a minha frente.

- Olá, sou Arthur, obrigada.

Ela sorriu e virou para frente, começou a mexer no cabelo fazendo um cheiro de chocolate vir em minha direção, o cheiro era bom, mas nada como rosas. Eu só conseguia olhar para a Morgana, que permanecia de olhar baixo e face ligeiramente rosada. O professor me chamou para me apresentar. Levantei e disse meu nome, idade e de onde era, creio que seja o suficiente. Quando falei não pude deixar de demorar meus olhos na garota ainda rosada, notei certo espanto na sua expressão quando disse meu nome e sobrenome, mas resolvi não dar bolas.

Quando voltei a me sentar Jana sorriu para mim, eu apenas maneei a cabeça. Ela continuava a mexer nos cabelos, Morgana se virou e ficou olhando para Jana que não deu a mínima atenção, já eu não consegui tirar meus olhos do breu que eram seus olhos, da sua pele branca que aparentava maciez, dos seus longos cabelos que pareciam tão sedosos e agradáveis ao toque. Só não conseguia entender porque todos esses pensamentos estavam invadindo a minha cabeça, ela é só mais uma garota. Eu acho.

Ao perceber meu olhar ela virou para frente, corando mais uma vez, eu adorava quando ela fazia isso, mas não sabia por que, parecia que cada gesto cometido por ela era como uma dádiva, como se tornasse cada segundo mais feliz. Logo lembrei que nada seria feliz aqui, meus amigos ficaram para trás, nunca mais sentiria o toque de Gwen, nem poderia chegar depois de uma cavalgada e ir ao lago mergulhar. Eu estava me sentindo um bocó pensando assim, mas sem essas essências de felicidade, como alguém pode viver?

O professor começou a distribuir algumas folhas com um texto e alguns tópicos para pesquisarmos na internet, percebi que ele sorriu com um toque de maldade ao entregar para Morgana, só não entendi por que. Percebi também que ela ficou com um semblante de desgosto ao ver que teríamos de fazer as pesquisas com a internet, será que ela não tinha computador em casa? Só podia ser isso. O professor anunciou que o trabalho seria em dupla, para facilitar já que alguns alunos não tinham computador em casa.

- Morgana, pode fazer comigo? – me adiantei ao ver que Jana já virava para pedir para eu ser seu parceiro.

Um pouco sem fala Morgana balançou a cabeça num gesto positivo e virou novamente para frente, percebi um canto de sua boca levantado, ela estava sorrindo. Seria bom ser parceiro da única garota que não se virou para eu ser o parceiro no trabalho, mas seria complicado já que eu sentia que tinha certa ligação com ela, ligação esta, estranha e indefinida. Tratei de anotar as indicações do professor e já pegaria cadernos emprestados para me informar das matérias que estavam dando este ano.

O sinal bateu e o professor foi embora, todos os alunos meio que comemoraram, a Jana virou para mim sorrindo como se fosse dar uma noticia boa, e não é que eu estava certo!

- Agora vai chegar á professora Ludmila, ela leciona Sociologia e Filosofia, é a melhor professora do colégio, tanto no quesito ensinar como em interagir com a turma e ser adorada por todos na escola. Ela é a única professora que não tem medo da esquisita.

- Que esquisita?

- A Morgana, outra hora eu te conto a história dela, que é longa, muito longa.

- Ok.

- Olá queridos! – disse a tal professora entrando – hoje é um dia maravilhoso, não acham? O dia está chuvoso e temos um novo aluno, Arthur Rosa, estou certa? – disse olhando diretamente para mim.

- Hum, é está sim senhora.

- Oh, por favor, se me chamar de senhora novamente terei de mandá-lo escrever uma redação sobre problemas intestinais, então me chame só de Ludmila.

Não me conti e dei risada, mas acenti com a cabeça. Ela parecia ser realmente engraçada. Ela sentou na classe e chamou Morgana, pediu para ela passar no quadro um texto, pelo que parecia, ela era uma das únicas pessoas por aqui que falava com ela sem temor. Enquanto Morgana passava no quadro, a professora foi distribuindo alguns papeis, eram desenhos. Nestes havia uma garota no meio de dois garotos, um deles usava túnica e espada, a garota um vestido da idade média e o outro uma capa com capuz e mãos segurando um frasco.

- Bem, hoje nós vamos tratar de uma lenda muito conhecida, até mesmo pra vocês que nos tempos atuais só pensam em MSN, Orkut, Facebook e outros. A lenda de Arthur, Morgana e Merlin. Esta lenda conta que Arthur é o rei de Camelot, que Morgana era uma bruxa incompreendida e Merlin um mago fantástico que mudaria o rumo da humanidade e dos bruxos. Merlin foi grande amigo de Arthur, Morgana, uma paixão em comum entre os dois. Neste desenho eu quero que vocês pintem como desejarem e depois escrevam para mim um relatório dizendo o que mudou da idade média para hoje e se quiserem escrevam uma redação de um triangulo amoroso como o de Arthur, Morgana e Merlin.

Nossa. Agora é que todos iam pensar idiotices quanto a mim e Morgana, ainda bem que Merlin não está aqui, senão pegaríamos fama na cidade toda. Meu celular começou a vibrar, era uma mensagem do dito cujo, Merlin:

Arthur, como ta cara? Tô te alertando pra uma coisa, acho que eu vô ir morar aí na tua cidade, tudo depende dos meus e dos teus pais, porque a minha mãe quer que eu vá,e la sabe que é melhor que eu te proteja né HAHAHAHA’ Já meu pai é contra, não quer que eu importune vocês, mas como eu já sou quase da família só falta arrumar minhas malas né? Abraço cara!



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Notas finais do capítulo

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