Mamãe e papai sempre disseram que meninas boazinhas não correm em meio a uma rua movimentada eu nunca quis encarar a idéia de que talvez eles tivessem razão...

Tudo começou em uma manhã de domingo enquanto me arrumava para ir ao shopping com meus pais pude ouvi-los cochichar no andar de baixo: “Diana vai fazer quatorze tem que ser tudo perfeito para esta noite!”

Eu ri. Meus pais ainda achavam que eu não sabia sobre a festa surpresa que estes planejavam há semanas! Eram ótimos pais! Sempre cuidaram de mim e de minha irmã mais nova Helen, e eu realmente sempre fui grata a isso.

Quando pronta fui até o andar onde eles estavam fingindo que não sabia de nada claro, saímos, sem rodeios, como sempre.

Em uma rua qualquer a qual não me lembro o nome não pudemos avançar de carro por conta da quantidade de pessoas que ali estavam, era uma rua de comercio então era normal.

Meu pai estacionou o carro em um estacionamento pago e logo estávamos no meio da bagunça! Andamos um pouco até minha mãe, consumista, parar em uma loja de calçados; Helen e eu ficamos do lado de fora porque a única coisa que tínhamos em comum pelo que eu pensava era o ódio por compras! Mas ai der repente Helen correu pela multidão, eu a segui,boba, eu fui boba por fazer isto, eu não a alcançava! Mesmo que minhas pernas davam largos passos equivalentes a cinco ou seis dela e foram estas pernas que ficaram bambas ao pisarem em uma tampa de bueiro que cedeu e me fez cair em uma escuridão estranha que me parecia mais uma onda de fumaça densa me consumindo até que eu me vi inconsciente.

Minha garganta ardia por alguma razão, meus olhos estavam aparentemente colados, não se abriam de maneira nenhuma até que senti algo escorrer em meu rosto e os abri deparando-me com uma mulher alta demais para ser real com os olhos serrados me encarando e uma garrafa preta em mãos.

-Você dorme demais! Levante daí e seja pelo menos um pouco útil! –Disse ela com uma voz calma, mas nem um pouco gentil.

-Onde eu es...

-Ah! Não estou querendo explicar nada hoje, venha vou arranjar alguém para explicar as coisas!- Disse ela oferecendo a mão para me ajudar a levantar, peguei-a enquanto com a mão esquerda limpava algo roxo de meus olhos que provavelmente era o que estava na garrafa.

-É vinho! Não vai te machucar! –Disse ela puxando-me delicadamente.

-Você é meio grossa não acha! –Falei irritando-me com a maneira que ela me tratava e observando suas roupas ao mesmo tempo,  era um vestido estranho curto com mangas bufantes balone do lado direito branco e do esquerdo azul e a meia calça era do mesmo jeito só que com a ordem inversa,ela usava um chapéu semelhante ao de um pirata e um cinto na cintura o qual sustentava uma bainha e nesta uma espada aparentemente;era muito estranha!

-Se acha que me magoou esta enganada sou assim porque fui criada assim! –Disse ela soltando-me. –Hei!  Violeta explique a senhora aqui o que acontece! – Disse ela saindo de perto de mim pisando duro.

-Chata... –Sussurrei. –O que é que eu fiz para ela? –Ouvi risadinhas ao meu lado.

-Ela é assim com todo mundo! Natali, sempre foi esquentada!

-Quem é você? –Perguntei encarando a garota de vestido curto também mas desta vez branco com bordados vermelhos mais delicado e com uma aparente saia de metal para dar o volume que tinha, era como se um guarda-chuva estivesse aberto ali embaixo, usava meias que iam até seus joelhos e sapatos pretos era tudo tão detalhado e gracioso que
dava até agonia.

-Violeta ou Valery, muito prazer... Alice... –Disse a loira de cachos grossos fazendo uma reverencia enquanto eu arregalava os olhos.

“Eu? Alice? Impossível!” Era a única coisa em que eu pensava, era por isso que aquilo estava estranho demais aquele era um mundo de sonhos o mundo de Alice... O mundo bizarro de Alice a garota que matou o Jaguadarte...

-Eu não sou Alice meu nome é Diana! –Falei a ela que riu.

-Tudo bem, logo tudo ficara mais
claro. –Disse ela caminhando até uma mesa gigantesca formada por outras mesas e com cadeiras de diversos tipos em volta ela sentou-se e bebeu o conteúdo de uma xícara esquecendo-se aparentemente de mim.

Comecei a observar minha volta onde havia tantas pessoas estranhas inclusive um homem de cerca de trinta anos que estava tentando pegar um olho de vidro de um macaco.

-Psiu! Psiu! –Ouvi alguém e vi que era um coelho branco com um relógio em mãos ele usava um palito vermelho e um tapa-olho.

-Isso é ridículo! –Falei mesmo assim começando a seguir o coelho branco por uma floresta que vi uma vez em um filme, eu realmente estava no mundo de Alice...