The Ghost Of You Still Loves Me. escrita por Miss McLean


Capítulo 2
I said "hey" to a new life.




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13 de novembro de 2004, 8h25min.

"19 anos recém-comemorados. Estagiar na empresa do meu tio onde meu pai é sócio. Entrar na faculdade. Não ter tempo para respirar. Droga!" - Frank pensava alto enquanto caminhava em direção à empresa. Era numa rua, no centro da cidade. Um prédio de três andares. Não morava tão longe dali. 8h32min. "Mas que grande merda! Estou atrasado 2 minutos e hoje é meu primeiro dia. Ainda falta pegar o elevador e descobrir onde é minha sala no terceiro andar. Vou levar uns 5 minutos. 7 minutos de atraso. Forças divinas querendo me manter longe dessa empresa, querendo que eu receba bronca e logo seja demitido!" pensou, dramático.

Ao lembrar que seu chefe seria seu tio Adam, Frank quase surtou. Adam Ciccone era primo do pai de Frank, mas Frank o chamava de tio. Tinha mais de 50 anos. Era alto, grisalho, de olhos castanhos e expressivos. Um cara de negócios que tinha como lema a organização e dedicação em tudo o que fazia, ainda mais no trabalho. Era extremamente conservador e autoritário. Quase um ditador. Mas fora de seu trabalho, era provido de sentimentos bons e tentava ser um bom pai. Tinha dois filhos: Raymond e Mary, 21 e 17 anos, respectivamente. Fora obrigado a ser pai e mãe, já que perdeu sua mulher por complicações no parto da filha. Raymond, o qual toda a familia chama de Ray, considera dona Linda, mãe de Frank, como a sua tia mais querida. Adorava encontros familiares, pois assim tinha platéia para fazer suas graças. Mary era mais dispersa do afeto familiar. Ela preferia sua vida fútil de compras em shopping com as amigas interesseiras. Frank os considerava irmãos, pois cresceram juntos e ele era filho único. Ray era seu melhor amigo e ele era o familiar que mais tinha contato com Mary, pois conseguiam se entender perfeitamente. Coisa rara para a patricinha insuportável.

Mary não se dava bem com o pai, dizia que ele era pouco afetivo. E ele era. Apesar de amar os filhos, ele nunca representou bem o papel de "pãe". Se perdeu no seu trabalho, buscou o sucesso profissional para se esconder do sofrimento de ter ficado sem a esposa e com dois filhos pequenos, sem a menor noção de como faria para criá-los. Por Frank ser compreensivo e atencioso, fora com ele que Mary passou por suas fases conturbadas. Ela confiava mais nele do que no próprio irmão. E Frank entendia o porquê ela vivia entretida no mundo da moda ou gastando absurdamente com futilidades. Ela se sentia sozinha na maioria das vezes. E o que Frank queria apenas era reconfortá-la por entender de certa forma. Ele teve uma mãe e um pai. Ele ainda os tem, e Mary nunca teve ou terá isso. Ele seria o único capaz de entendê-la durante todo o tempo. Ele se sentia sozinho também, mas de outra forma. Algo lhe faltava e ele não poderia jamais imaginar que encontraria isso de uma forma tão bruta e inesperada. O destino lhe colocaria frente à incredibilidade da mente junto com o sentimento de justiça por algo aparentemente irreal e alguém inexistente, em breve.


**

Corri, como se pudesse controlar o tempo por estar correndo, falei um "bom dia" rápido para a secretária do primeiro andar e fui em direção ao elevador. Cheguei ao terceiro andar. Me recordo das obras feitas. Aquela parte da empresa estava em construção ainda sendo finalizada quando fui lá pela última vez, há uns 2 anos atrás.

Vi a porta de número 5 e bati. Ali seria aonde eu passaria a trabalhar. Uma voz conhecida respondeu:

- Entre.

E eu entrei.

- Bom dia! - tentei ser simpático após ver o relógio, que marcava 8h36min - "Um minuto a menos, grande diferença." - pensei, sarcástico.

Meu tio me fitava. Estava sentado de braços cruzados em uma mesa que tinha um computador, papéis e um telefone. Ele parecia que ia me esganar. Temi uma bronca e...

- Bom dia Frank! - sorriu. - Por ser seu primeiro dia, eu lhe permito o atraso. Se perdeu aqui dentro né? Sente-se aí. - apontou para a cadeira em frente à mesa.

Era surpreendente a animação e compreensão de tio Adam, que lá dentro, enquanto eu estivesse no horário de trabalho, seria Sr. Ciccone.

- Sim, há muito tempo não venho aqui. E esse andar é relativamente novo, eu pouco conheço.

- Entendo. Mas bem, comecemos o trabalho. Vou chamar a senhorita Wayans para lhe explicar sobre regras e sobre o que você fará. Caso se sinta perdido em alguma tarefa, mantenha contato com ela pelo ramal 3. Cada um de nossos andares tem uma secretária e você poderá também ter que reaver alguns documentos nos outros dois andares... Enfim, senhorita Wayans lhe explicará.

Quando tio Adam falou isso, percebi que não havia reparado na Srta Wayans pelos corredores do terceiro andar, de tão afobado que eu estava.

Adam pegou o telefone e discou o número 3. Falou algo com a secretária, que logo viria.

Levantou-se com seu porte de "poderoso chefão", terno preto e gravata azul marinho, foi em direção à porta e antes de sair, disse:

- Divirta-se! - sorriu, fechando a porta e saindo.

Eu parei pra observar o ambiente, meu novo ambiente. As paredes eram brancas, algo totalmente normal para uma empresa. Sempre o mesmo padrão. Haviam duas poltronas e uma outra mesa, suponho que servisse para uma conversa descontraída acompanhada de um café. As janelas eram grandes e a visão era totalmente urbana. Tinha uma persiana de cor bege. Havia também um pequeno banheiro. Aquela sala era exclusiva para estagiários. Me perguntei quantas pessoas já haviam passado por lá nesses dois anos. Fui interrompido pela senhorita Wayans, quando a mesma adentrou à sala. Uma mulher jovem que aparentava ter mais ou menos 25 anos. Tinha os cabelos presos e eram castanhos. Seus olhos verdes se escondiam atrás do óculos. Usava as roupas mais propícias para a profissão. Ela era bonita.

- Sr Iero! Sou Lanna Wayans. - se prontificou a apertar minha mão.

- Olá, sou Frank. - sorri, retribuindo o aperto de mão.

E então, naquele breve contato, Lanna me deixou ciente de tudo o que eu teria que fazer pelas próximas 4 horas.


"Faculdade de Ciências Contábeis... acho que vou desistir de você!" - reclamei comigo mesmo, ao ver como contabilidade era algo cansativo, depois de 3 horas ali. Sim, eu havia escolhido contabilidade por gostar disso. Mas não sabia como era estressante... Talvez eu virasse economista como meu pai. Bem, eu não sabia o que queria mais.

Mais uma hora se passou, a última que faltava para eu ir embora. Finalmente sai daquela sala e me despedi de Lanna, agradecendo-a pela atenção e paciência comigo.

Peguei o elevador e desci.

**


Fui andando tranquilamente para casa. No meio do caminho, mudei de ideia e decidi ir até o parque da cidade que era do outro lado. Era também um pouco longe, mas eu iria andando, para pensar um pouco sobre o dia.


Passando por uma rua silenciosa e de árvores enormes, com muitas folhas ao chão, tive uma súbita vontade de reparar nas casas. E em especial, a casa de número 36 me trouxe uma grande curiosidade. Parecia abandonada, mas não estava, pois estava tudo muito limpo do lado de fora, na calçada e se ninguém morasse lá, teriam muitas folhas no chão. Pisquei e de repente, ao olhar a janela daquela casa, um homem branco de olhos expressivos e cabelos negros e pouco compridos, me olhava. Senti um frio e desviei o olhar, andando mais rápido, querendo sair dali.

O parque não estava tão longe e seria um alívio chegar até lá, depois da estranha sensação que tive com aquele homem desconhecido.


Cheguei finalmente e entrei em uma lanchonete. Esqueci de ligar para a minha mãe, avisando que desviaria o caminho. Meu celular tocou:

- Alô?

- Frank? Frank, aonde você está? - ela berrava.

- Mãe, estou do outro lado da cidade, no parque central.

- O que você está fazendo aí? Você devia estar em casa, almoçando.

Olhei o relógio, 13h17min.

- Mãe, eu estou bem e vou comer qualquer coisa na rua.

- Você vai ficar doente, menino! Só sabe comer essas porcarias. Venha já para casa. - mãe é sempre mãe.

- Mamãe, eu estou bem e prometo que daqui a pouco estou chegando aí.

- Tudo bem Frank, mas na próxima me avise que não virá. Ou então não desvie seu caminho e venha. Só porque tá crescido pensa que pode sair por aí sem falar nada?

- Mãe, já disse que ta tudo bem. Depois nos falamos. Beijo.

- Tá, tá... Um beijo meu filho, se cuida. - ela previa algo.

**


Frank se sentiu absolutamente estranho com a última frase de sua mãe. E voltou a lembrar o homem da casa 36. Não pode deixar de reparar que tinha uma aparência fria, mas era extremamente bonito. Sentiu-se pior ao pensar na beleza do homem. "Era só o que me faltava, eu virar um gay." pensou, sem graça.

Seu propósito na lanchonete fora desviado pela curiosidade. Ele queria voltar até a casa 36, que ficava a poucas ruas distante dali. Ele jamais imaginara o que ocorreu naquele imóvel, há anos atrás. Sentiu-se apenas atraído sem saber o motivo exato. Ele estava mergulhado em sua vontade de descobrir algo. Mas descobrir o quê? "Frank, não delira. É só uma casa aonde mora um cara esquisito (e muito bonito) que quase te fuzilou com os olhos por você ser um fofoqueiro" - pensou. Mas ainda assim, ele queria algo mais. Algo que lhe instigava. "Você está ficando louco e quer morrer, só pode. Se o cara for um doido, te sequestra, te mata e sua mãe vai ter razão por você não tê-la escutado! Você não vai em lugar nenhum Frank Iero, não vai não! " - repreendeu a si mesmo.

Completamente duvidoso do que faria, ele decidiu ir contra a racionalidade da situação e estava disposto em voltar naquela rua novamente. Desviou todo o seu objetivo, perdeu até a sua fome e, mesmo receoso, voltaria lá só por observar aquela casa e talvez aquele homem, que tanto lhe chamara a atenção.

**

Caminhei até com um certo pesar. Por que eu queria aquilo? Por quê? Bem... eu... eu não sabia. Eu apenas sabia que precisava. Meus passos eram lentos, como se meu subconsciente fizesse exatamente essa demora para eu mergulhar no meu medo e na minha expectativa, que me dizia que não seria bom ir até a casa 36. Não hoje e não agora. Quando estive prestes a chegar perto, peguei um atalho, desviando-me e entrando em outra rua, voltando para casa. Me senti quase aliviado. "Era só impressão. Foi só um momento de alienação. Onde estava minha cabeça? Mal comecei a trabalhar e já estou tendo alucinações? Meu Deus, o trabalho estressa mesmo!" - sorri, pensando e tentando convencer a mim mesmo, fazendo uma brincadeira.

Logo que sentiu uma melhora de vibrações e emoções, Frank andou mais rápido. O relógio marcava quase 14h. Sua mãe faria um escândalo se ele dissesse que não havia almoçado. Ele preferiu omitir sobre isso, e esperava que ela não perguntasse, pois não queria mentir, mas também não queria ouvir sermão.

Com isso, lembrou-se também das últimas palavras de sua mãe. "Se cuida". Soou-lhe intensamente característico e relativo ao que ele iria fazer e não fez. Talvez aquelas palavras fossem sábias e por causa das mesmas, ele tenha preferido ir embora. Assim, ele seguiu andando, distraindo-se e desviando tais pensamentos e dúvidas.


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Notas finais do capítulo

Faculdade de Ciências Contábeis fora a primeira que passou na minha cabeça; Ray Toro será Raymond Ciccone, pela decendência do nome e pelo enredo da história; Ciccone é o sobrenome da cantora Madonna e eu amo esse sobrenome, é xD



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