A Garota de Cabelos Vermelhos

Severus não queria uma festa. Muito menos uma que envolvesse o convite às crianças da vizinhança. Algo o dizia que ninguém iria aparecer; pelo menos, não por ele. Quem sabe, o fizessem pela comida...

O jovem, completando quinze anos naquele domingo, não possuía muitos amigos. De certo, tinha alguns colegas em Hogwarts, mas isso era irrelevante quando ele pensava na garota de cabelos vermelhos. Aquela que iluminava o seu dia nos momentos mais tempestuosos. Sim, ela seria a única pessoa capaz de transformar a suposta festa, em algo verdadeiramente inesquecível.

Entretanto, os minutos se arrastavam... Logo, já eram horas. Ninguém batera á porta. Ninguém... Nem mesmo Lily.

A mãe olhou para o filho e sorriu de leve. Em seguida, encarou a humilde mesa de madeira, repleta de docinhos. Ao centro havia um pequeno bolo, no qual se lia 'Parabéns, Sev' em letras azuladas. A bruxa tinha um olhar triste e tentou disfarçá-lo assim que o filho o encontrou. Porém, era tarde. Ele entendeu o pesar entranhado neles.

Então, o garoto andou até a poltrona encostada na janela e ficou admirando a entrada da casa, coberta de neve. Estava triste, mas não queria que sua mãe o visse assim. Afinal, ela tinha preparado tudo com muito carinho.

De repente, alguém vestindo uma capa e com a cabeça coberta por um capuz, aproximou-se da entrada. Severus não conseguiu ver seu rosto, mas mesmo assim, correu até a porta e a escancarou.

- Olá, Sev! Eu já ia bater. – Lily tinha uma das mãos erguida.

- Oi, Lily! – o rapaz a puxou num abraço forte e prolongado.

- Er... Eu já ia fazer isso; lá dentro. – a ruivinha corou.

- Ah, me desculpe. Entre, por favor. – o aniversariante deu um passo para trás e deixou a convidada entrar.

- Aqui, eu fiz um presente pra você. – Lily sorriu e entregou o pequeno embrulho de forma retangular que segurava.

- O que é isso, Lils? – o garoto levantou uma sobrancelha ao abrir o pacote.

- É um artefato trouxa que eu modifiquei... Veja, é a nossa rua coberta de neve. E no banquinho em frente á minha casa, há duas pessoas sentadas: Eu e você. Está conseguindo enxergar? – a amiga apontava o dedo para o que deveriam ser duas miniaturas deles mesmos, dentro da bola de vidro.

- Obrigada, Lily. – os olhos negros de Severus brilharam, quando lágrimas começaram a fugir deles.

- Ah, não é nada... Só uma lembrancinha para que você não se esqueça de mim. – Lily enxugou as lágrimas do garoto com os dedos – Não chore, se não eu vou parar de inventar essas coisas pra você... E me desculpe por ter vindo há essa hora. Tive que ir à outra festa com meus pais e Petúnia.

- Não tem problema. Fico feliz por você ter vindo! – Severus sorriu ao pensar que nada mais importava naquele dia. Porque a garota de cabelos vermelhos, aquela que o fazia esperar à janela, estava lá.