A fila era gigantesca.

Cortava inúmeros quarteirões, cruzando uma boa parte de Moscou. Há dias, pessoas de todas as idades aguardavam ansiosas.

Ivan as observava. Por que tudo aquilo?

Caminhava ao lado da fila, prestando atenção nas conversas. Muitos boatos sobre cada vez mais mudanças.

Mas para que mudar? Daquele jeito, todos eram uma família, todos se ajudavam...

Não é?

Não era assim que pessoas deveriam ser?

Chegou ao prédio onde a fila começava, contornando-o e abrindo a porta dos fundos.

Estava uma grande correria ali dentro, todos nervosos e exaltados.

Para que?

Foi abordado pelo gerente e, após se identificar, guiado até uma das mesas. Pouco esperou até que uma bandeja fora posta à sua frente pelo sorridente homem.

Encarou o pacote de batatas-fritas, o tão familiar copo fechado com canudo –onde dentro estava aquela bebida- e a caixinha vermelha. Receou por mais alguns momentos até abrir a embalagem rubra.

Pegou o sanduíche com ambas as mãos e o aproximou da boca. O cheiro era estranho, diferente.

Cheiro de novidade.

Sob o atento olhar do gerente, mordeu o lanche. Sentia o gosto da carne junto do cheddar derretido e de algo mais.

Engoliu.

...Talvez...

Buscou o copo com a mão esquerda e, também receando, sorveu um pequeno gole do refrigerante de cola.

E estava feito.

Suspirou, olhando para o ansioso homem que lhe encarava.

-Talvez tudo isto não seja tão ruim – murmurou Ivan antes que o gerente se retirasse para, finalmente, inaugurar o estabelecimento.

A pátria-mãe mordeu novamente o BigMac.