Final Destination - You Never Know escrita por VinnieCamargo


Capítulo 13
Capítulo 13 - Trancados


Notas iniciais do capítulo

É, sou uma ameba pra nomes de capítulos.



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Capítulo 13

31 de maio de 2008

Como aquilo teria ocorrido, era um mistério. Existia um jeito de acabar com aquilo? Existia.  Lembrou-se de muitas outras perguntas que poderia ter feito, mas a injeção de ânimo que tinha levado naquele instante, o fez esquecer-se de muitas coisas que estavam o cercando há semanas.

Não conseguiu falar com Julie na última noite, nem com Peter e Susan e aquilo o deixou tenso. O mesmo ocorreu na manhã seguinte, o que o fez almoçar desesperado e sair correndo à casa de Peter, ou Susan, que eram os próximos.

Discava o número de Julie em seu celular ao mesmo tempo em que corria. O barulho do casaco batendo contra o vento era inaudível.  Mesmo com a crise do celular dos três, parecia que as coisas estavam começando a dar certo. . .

Julie não atendeu. Nem mesmo Peter ou Susan.

Virou mais uma esquina e estava suando, atravessou a rua correndo, invadiu o gramado da casa de Peter e apertou a campainha:

–Oi James? – A senhora Burke abriu a porta e sorriu confusa à ele.

–Sra Burke, o Peter tá aí? - James perguntou.

–Na verdade ele não tá.  - Fez uma careta ao perceber que James realmente precisava falar com ele.

–E a senhora sabe onde ele tá? Liguei pra ele, mas não atendeu.

–Ah, ouvi o celular dele tocando lá no quarto, ele deve ter esquecido.  Ele foi à casa da Susan.

–Ah, obrigado Sra. Burke.

Quando se deu conta, já estava correndo de novo.  "De nada" A ouviu gritar.

A casa de Susan ficava a uns quatro quarteirões da casa de Peter, e a de Julie, no meio delas.

Os dois estavam juntos, seria mais fácil pra tentar contar tudo.  Ligou de novo pra Julie, enquanto parava pra descansar. Ela não atendeu.  Voltou a correr.

Invadiu o gramado seco da casa de Susan e apertou a campainha.  Nada, apertou mais uma vez e nada, outra vez e outra.  Ninguém.  Olhou ao redor e percebeu que ninguém estava por perto, e tentou abrir a porta. Trancada.  Evitou pensar no que Peter e Susan poderiam estar fazendo lá dentro com a porta fechada.  Apertou a campainha de novo,e nada.

Tirou o celular do bolso e começou a discar para Susan, mas parou quando ouviu um grito, meio baixo, mas era um grito.

"Que merda, será que eles estão transando?" Não que aquilo fosse errado, mas seria muito tenso, naquele momento. Apurou o ouvido próximo a porta e ouviu de novo, curioso.  Não era um gemido de prazer.

O grito de Susan veio junto de um perceptível "socorro" de Peter, do fundo, embaixo da casa.  Não estavam transando.  Que bom pra eles se fosse isso.  Tentou abrir a porta, mais uma vez, e trancada, óbvio.  Pensou em arrombá-la, mas nem tentou, por que a porta da frente era grossa demais.

Havia uma porta mais fraca nos fundos, desceu do hall e enquanto se aproximava, os gritos se tornavam mais audíveis.  Era puro socorro.  E vinha mesmo debaixo da casa.  Provavelmente Peter e Susan estavam sozinhos. Aproximou-se da porta receoso.  

"SOCOOORROOOO" Susan gritou, ainda mais alto, James se afastou e chutou a fechadura, que se quebrou no terceiro golpe.

Desceu as escadas correndo e então viu o corredor estreito no andar de baixo.  Duas portas, gritos.  James percebeu que os gritos vinham da lavanderia.  Aproximou-se da porta, que agora lentamente parava de ser macetada por dentro, e os gritos pararam.

–Peter? - E socou a porta.

–Estamos trancados, abre! - Susan gritou.

James se perguntou se era medo que os dois estavam sentindo por estarem trancados na lavanderia e gritando daquele jeito.  Lembrou se de que a porta só abria para dentro.

–Se afastem! - Gritou.

James recuou e chutou a fechadura, que era dura demais.  Com 100 chutes, no mínimo, ela quebraria.

Apoiou-se com as costas na parede de trás, afirmou os pés na porta e a empurrou com toda força que pode encontrar.  Eles gritaram de novo, e a porta se abriu. James caiu de costas no chão, Peter e Susan voaram e caíram por cima dele, seguidos de uma explosão com um choque elétrico. Os três assustados se viraram pra olhar a cena.

A lavanderia era um degrau abaixo do corredor. Estava alagada.  Os destroços da máquina de lavar estavam boiando pela água.  As luzes do corredor se apagaram e um cheiro de borracha queimada invadiu a narina dos três.

–Vocês estão bem? - James perguntou.

–Não. - Peter respondeu.

–Nem eu.  -Susan disse.

–Que merda foi essa? - James perguntou e ninguém respondeu.  Continuaram olhando para os destroços da máquina na água.

James ajudou os dois, que tremiam descontroladamente, a subir as escadas.  Peter sentou-se no chão e se encostou à parede da cozinha.  Susan e James fizeram o mesmo.  Passaram-se alguns minutos e James tornou a perguntar:

–Que merda foi aquela?

–Foi assustador! - Susan disse e começou a chorar.

–O quê? - James perguntou, ficando sem resposta outra vez.

Peter ergueu a cabeça dos joelhos e disse:

–Susan teve um problema com a máquina e me ligou, e como eu sou um bom técnico - riu sozinho, aquela risada de quando estamos muito nervosos - vim aqui tentar arrumar aquela merda.  - parou.

–E. . . ? - James perguntou.

–E que a merda daquela porta emperrou de novo! - Susan gritou nervosamente.

Silêncio.

–E quanto à água? - James perguntou.  - Aquilo tava alagado!

–Cara, foi como se alguém estivesse lá.  - Peter começou a dizer mais calmo.  - O tanque de água estava cheio e a torneira ligou sozinha, Susan tentou fechá-la, mas não conseguiu.  Larguei a máquina e fui tentar fechar a torneira, a máquina ligou sozinha e começou a fazer um barulho muito estranho, e ela não desligou mais pelo botão. A tomada dela está conectada aqui em cima, fora da lavanderia.  Uma das vassouras, eu acho, caiu e fechou a porta e ela não abriu mais.  Entramos em desespero e a torneira se fechou sozinha - era aquelas de pressionar com a mão - e o cano mais grosso do teto se rompeu e começou a alagar a lavanderia, que não tinha ralo, é claro, e era abaixo do nível do chão do corredor.  Estávamos presos, prestes a ser eletrocutados pela máquina que aumentava mais ainda de velocidade e não desligava, e pela água, que pelo que eu sei é um ótimo condutor de eletricidade.  Começamos a gritar e você chegou aqui e abriu à porta, nós pulamos pra fora bem a tempo de escapar do choque.  - Finalmente Peter perdeu o fôlego.

–Se não fosse você James. . .  - Susan disse.

–Cara, como você chegou aqui na hora certa? - Peter perguntou.

–Eu apenas cheguei cara.  Será que acabamos com a "lista"? - James enfatizou o termo.

–Han? - Susan perguntou.

–A lista da morte.  - Peter disse.

–Eu salvei vocês dois, e juntos ainda. Isso é algo que a morte não esperava.

–Como assim?

James explicou a eles sobre Ming, dizendo tudo o que pode lembrar.  Realmente pareceu que aquilo tudo tinha acabado, salvar duas pessoas ao mesmo tempo, isso derrubaria a morte.

–Eu te amo cara! - Susan disse.  - Estamos salvos!

–Não sei, mas acho que sim.  -James disse, mas sentia como se algo estivesse errado, pra ele aquilo não tinha sido difícil, mas a empolgação de seus amigos ofuscou aquele sentimento ruim.

–No fundo eu também te amo, aberração dos infernos.  - Peter disse e pausou.  - Nossa isso foi muito gay, ok? Esqueçam.

–Ok, foi mesmo.  - James disse sem saber se deveria rir.

–Tá muito linda e melosa essa conversa, mas eu tenho uma lavanderia pra limpar, uma energia pra tentar religar, uma desculpa pra inventar para os meus pais. . .

–Fala o que houve, ué.  - Disse Peter.  - Mas sem a lista da morte, e eu e James.

–É talvez.  - Disse Susan se levantando.  - Vamos rapazes.

Sentaram-se nas cadeiras e riram enquanto Susan serviu café pra eles.

–Julie vai adorar saber disso.  - Disse James e puxou o celular do bolso.  Ela atendeu agora.

–Julie, você não vai acreditar na notícia que eu tenho pra te contar! -Peter olhou animado pra Susan e ambos riram de novo.

Julie ficou muito feliz, que ligou pra Emma que ligou pra Michael, que retornaram a James, ainda naquela hora, perguntando o que tinha acontecido e agradecendo a James, Michael também estranhou, mas pareceu ter ficado ainda mais feliz do que todos.  Agradeceram James.

Ficaram lá até que começou a escurecer.  Choveria mais tarde.

–Alguém tem que desligar o disjuntor geral, por segurança, para podermos limpar a lavanderia, ou diminuir a bagunça pelo menos.  - Susan disse e esperou a reação dos dois, que se entreolharam.

–Vamos nós.  - Peter disse, puxando James pelo braço.  - Onde fica Susan?

–Perto da porta dos fundos.

Seguiram até a porta dos fundos.

–Tem certeza cara? - Peter perguntou ainda apreensivo.

–Acho que tenho - James disse e abriu o armário do disjuntor. Olhou pra Peter, que parecia não querer chegar muito perto.  James, também se afastou um pouco, sem deixar Peter perceber, fechou os olhos, tateou a chave e a puxou, nada aconteceu.

Peter suspirou fundo, James riu e fez o mesmo. Encontraram Susan descendo as escadas, com rodos e baldes suficientes para os três.

Juntaram os restos da máquina e rapidamente secaram o chão.  Seguiram juntos para o andar de cima, Susan puxou a tomada da máquina, que ainda estava conectada.

–Alguém religa o disjuntor pra mim? Pra ver se a energia tá legal?

James e Peter se entreolharam mais uma vez e seguiram até o disjuntor, dessa vez foi Peter quem religou.

–UHUUU! - ouviram Susan gritar ao se aproximarem da cozinha, perceberam como a energia estava inteira, mas lá fora já estava escuro.

–A propósito, onde estão seus pais mesmo? - Peter perguntou a Susan.

–Reunião no trabalho, acho que voltam logo - Os pais de Susan eram engenheiros.  -E acho melhor vocês dois irem embora  - Apontou o dedo para os dois - Vocês não são uma ameaça, mas de qualquer jeito, eles não vão gostar de me ver sozinha com vocês.

–Nós dois? - Peter perguntou desanimado, James o encarou surpreso.

–Vocês dois, já.

–Entendo você Susan, vamos Peter.

Susan os acompanhou até a porta dos fundos "mamãe trancou a porta da frente e levou a chave".

–Tomem cuidado, amo vocês dois e James, POR QUE PORRA VOCÊ QUEBROU A FECHADURA SE A PORTA TAVA ABERTA?

James apertou o passo e correu, Peter o seguiu, rindo.

Longe o suficiente de não levar uma voadora de Susan, James gritou:

–Achei que tava trancada!

Voltaram a andar devagar agora.

–Me declarei a ela.  - Peter disse e suspirou fundo.

–Ahn? -James perguntou surpreso.

–Me declarei, disse tudo o que sentia e mais.

–Como?

–Foi na mais pura correria cara, você nos disse pra nos afastarmos, vi e senti que seu primeiro chute foi forte, mas a porta mal se mexeu. Foi aí que soltei tudo.  Eu jurei naquele momento que seria o nosso fim, e não consegui ficar sem falar aquilo.

–Que demais cara, e o que ela disse? -James sorriu.

–Nada.  Eu terminei de dizer isso, ela abriu a boca pra responder e você arrebentou a porta.  Ela voou pra fora, e eu fui atrás  - Peter pareceu levemente desapontado - James sentiu um pouco de dó de Peter, mas sabia que mais ocasiões viriam.  E agora, seria mais fácil, é claro.

–Acho que agora será mais fácil de rolar algo.

–Com certeza cara, mais ocasiões virão  - disse James.

–Sem dúvidas - Peter disse.

–Por que você não me deu um toque? Eu deixaria vocês sozinhos.

–Você não desgrudou da gente - Peter pareceu desolado de novo - De qualquer jeito, eu estava muito nervoso, ia acabar fazendo merda.

–Talvez - Disse James pensativo.

Andaram mais um pouco em silêncio.

–E aí, quando vai se declarar pra ela? - Peter perguntou.

–Ahn, pra ela quem?

–Pra Julie seu lerdo.  - Peter disse parecendo óbvio.

–Pra Julie o quê? -James perguntou.

–Cara, todo mundo que conhece vocês, sabem que um é doidinho pelo outro.

–É não  - James riu.

–É sim.

–Não.

–Claro que é cara.  - Você já foi mais rápido com garotas sabia?

–Já? - James perguntou - que seja.  Você também já foi.  - James riu.

–Que nada, com Susan é diferente.

–Sei como é.  - James disse.

James pensou se deveria falar ou não, mas não se conteve.

–Cara, da primeira vez que eu ouvi vocês gritando, eu achei que vocês estavam transando.

Peter riu.

–Sério? Quem dera se fosse isso mesmo.  - E riram.

Peter entrou no hall de sua casa e gritou:

–Valeu!

James sorriu.  Enquanto voltava à casa, ainda pensava: será que as coisas seriam tão fáceis assim? Ele tinha feito algo diferente, mas as outras pessoas que tinham passado por isso, não tinham sobrevivido e James sabia que elas tinham lutado.


Ao fechar a porta de sua casa, ouviu os pingos de chuva começando a cair lá fora.  Em questão de horas, sua sorte, seu destino tinha sido mudado, desviado de um fim digno de um personagem secundário de filmes de terror de baixo orçamento. Além disso, Peter havia voltado a falar com ele.

Ao subir as escadas se lembrou do que Peter havia dito sobre Julie, e isso sim o fez pensar.  Tinha sido como se Peter tivesse ligado algum comando que James já tinha, mas nunca se deu conta, e ele se viu ali, confuso demais em relação ao que sentia por Julie.  Não era mais só uma amizade de infância, na adolescência, ambos tinham percebido isso, mas ainda era estranho definir aquilo como "amor".

"Amor" era o que Peter sentia por Susan, James sabia disso, vivera com o amigo, e todos aqueles anos teve que aguentar Peter por horas a fio, falando do jeito que Susan andava e fazia...  Aquilo sim era um "amor".  Talvez James tivesse sentido um pouco daquilo por Stephanie.

Tomou banho e deitou-se.  Christine apareceu na porta do quarto só pra constar de que James estava lá.





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Notas finais do capítulo

Antes que alguém pergunte, óbvio que não acabou ainda né.
Acham que eu iria postar mais sete capítulos enchendo linguiça? Enfim,espero que tenham gostado, prometo que todas as dúvidas serão esclarecidas até o fim da história
É isso, Danke. Assistam meu tribute.



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