A Recompensa de Renji escrita por Kori Hime


Capítulo 1
A sorte pode mudar


Notas iniciais do capítulo

O Renji é um sofredor, mas a sorte dele muda. Os esforços são reconhecidos. E ele começa a sentir algo a mais pelo capitão.
A Kori para quem não lembra é uma prostituta do Rokungai, ela aparece numa fic minha do Zaraki, hehe.

Então, a fic é fofinha, vou dedicar ela para as minhas duas gatinhas que amam o Renji.
A Andy, e a Millaneza ♥



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Abarai Renji tinha muito orgulho de ser um shinigami. Mais orgulho ainda de fazer parte do sexto esquadrão da Gotei 13. Ele passou por outros dois, onde obteve experiência, mas nenhum outro lugar era como ali. Ele se sentia em casa, feliz por trabalhar bastante, porque seu Taichou não dava moleza para ninguém, mesmo que tudo estivesse parado na Soul Society.

Nas últimas duas semanas o ruivo estava um pouco ansioso. Kuchiki Byakuya ficou de anunciar o seu novo tenente dali três dias. Era um mistério a qual todos estavam curiosos em saber de uma vez quem seria essa pessoa. Mas no fundo, todos tinham uma ideia de quem seria. E Renji era humilde demais para achar que era ele, poderia ser qualquer pessoa.

Renji pegou o ferro pesado, e com um pegado de madeira colocou umas brasas já quentes dentro dele. Esperou um minutinho e passou cuidadosamente o seu uniforme de shinigami. Por fim sacudiu um pouco no ar a roupa, e assoprou as cinzas da brasa que ficaram presa ali, se passasse a mão ia sujar.

O rapaz penteou os cabelos todo para trás e amarrou, colocando em seguida um lenço bem firme. Calçou as meias e viu um buraquinho, ele pegou a linha e agulho e costurou, antes de se arrumar. Vestiu o uniforme, e pegou a Zabimaru, colocando-a bem presa a cintura. Por último calçou as sandálias. Estava pronto para trabalhar, isso era ainda seis horas da manha.

Renji era o primeiro a chegar. Antes disso, ele ainda passava em uma pequena venda e comprava pão, bolinhos, chás e algumas coisas que dividiria com os demais. Não dava pra comprar pra todo mundo, mas ele fazia o que podia com o pouco de dinheiro que tinha.

Ele se preocupava bastante com os novatos. A maioria chegava ali sem saber exatamente o que fazer, como proceder diante de algum problema. Mas Renji dava as boas vindas para todos da sua maneira. Geralmente Byakuya fazia um discurso bem entusiasmado, ressaltando sobre deveres, direitos e regras a serem cumpridos e seguidos. Para Renji era maravilhoso ver o Taichou falando aquelas palavras bonitas, ele sentia mais orgulho ainda de estar naquele esquadrão. Mas o pessoal as vezes ficava intimidado com a forma séria demais que o Kuchiki transparecia.

Esse orgulho todo que Renji nutria pelo Taichou, parecia algo mais. Ele sentia-se nervoso diante do moreno, tentava mostrar-se útil, mas as vezes acabava cometendo alguns erros bobos, ficava com vergonha, mas Byakuya não parecia se preocupar.

Eles não conversavam muito, mas isso era o normal do capitão. Mas Renji gostava de ir fazer sempre uma xícara de chá e servir seu taichou quando ele chegava. Era um dos momentos que mais gostava no dia todo.

Byakuya sempre o cumprimentava, dando um bom dia educado e sério. Agradecia pelo chá, enquanto sentava-se em sua cadeira para analisar uma papelada que o ruivo geralmente ordenavam sobre a mesa por temas, urgências e etc. Depois disso, era costume Byakuya mandá-lo fazer algumas atividades quando não havia algum trabalho importante fora da Soul Society.

A segunda parte do dia que Renji mais gostava era a noite. Byakuya ficava até tarde trabalhando, lendo infinitos papéis, e quando ia embora, ele dava um boa noite sereno para o Abarai e sempre um silêncio se abatia depois disso. Renji as vezes imaginava que ele fosse dizer algo como: Ótimo trabalho, ou então, Sem você acho que não conseguiria ser assim tão organizado.

Certo, as vezes o ruivão sonhava alto demais, e quando percebia já estava pensando coisas muito mais pessoais que frases de incentivo. Ah! Eram coisas muito melhores. E ele morria de vergonha quando pensava algo assim perto de Byakuya, porque as vezes parecia que aquele homem poderia entrar a qualquer momento em sua cabeça e desvendar seus mistérios.

O que seria totalmente injusto, porque Renji não tinha essa capacidade. Como se Byakuya pudesse, né?

Naquela manhã, alguns novatos iriam se apresentar. Renji chegou com os pães, bolinhos e chá que comprou. Ele organizou tudo, e assim que os novatos chegaram, o ruivo os saudou, dando algumas instruções antes que todo mundo aparecesse, e antes mesmo que Byakuya chegasse.

Era normal eles estarem ansioso, Renji parecia mais ainda. Ele ficou esperando que o capitão chegasse de uma vez, imponente e respeitado por todos, as vezes temido também.

Naquela manhã os dez novos membros do sexto esquadrão foram finalmente reconhecidos pelo seu taichou. Byakuya olhou para a mesa posta com algumas coisas de comer e bebida. Renji lhe ofereceu uma xícara de chá, ou alguns bolinhos, mas o capitão não aceitou.

O ruivo murchou no mesmo instante que Byakuya virou-se e caminhou em direção a sua sala, deixando os demais a vontade para conversar e fazer o que tinham de fazer, afinal, estavam num tempo de tranquilidade. Até ele reconhecia que era muito merecido um descanso.

Uma hora depois, Renji foi chamado para se apresentar na sala do capitão. Ele foi imediatamente e quando chegou lá, Byakuya escrevia alguma coisa num papel, quando terminou, estendeu a mão e apenas disse que ele tinha algumas tarefas para fazer.

O ruivo pegou o papel e leu o que tinha la. A forma como Byakuya praticamente desenhava com a tinta, deixava o ruivo envergonhado, porque ele era muito ruim, não dava para entender quase nada do que fazia no papel.

– Senhor, eu não entendi algumas coisas. – Renji coçou o pescoço, ainda com o papel na mão. – Aqui, olha.

Se aproximou da mesa, postando-se ao lado do Kuchiki. O cheiro que vinha dele era tão gostoso que deixava o shinigami meio tonto.

– Ah. Perdão, eu errei aqui. – Renji arregalou os olhos, nossa, Byakuya errou e corrigiu na frente dele. Isso deixou o ruivo quase sem respirar. Bobagem. – Pronto. Poderia fazer essas coisas para mim? Preciso ler algumas coisas e mais tarde tenho que ir na primeira divisão.

– Claro senhor. Eu vou fazer agora mesmo. – Aquele pedido parecia ser até pessoal. Na verdade era bem pessoal. Porque a lista estava cheia de coisas, pessoais. Digamos assim. E era exatamente assim que estava funcionando aquela cabecinha vermelha. Repetindo mentalmente que Byakuya precisava dele. Sentia-se muito útil.

Renji fez uma reverência, e saiu da sala, quase tropeçando na saída.

Bem, se ele quisesse terminar aquelas tarefas, deveria ser rápido. Parou um minuto, olhando cada item para ver por onde era melhor começar. Mas Byakuya adiantou esse trabalho e escreveu numa ordem que fosse mais ágil para o ruivo.

Aquela dedicação de fazer as coisas corretas deixava Renji suspirando. Ele sacudiu a cabeça, voltando a lista. A primeira coisa que tinha a fazer era ir a costureira oficial para ver se o novo haori do capitão estava pronto.

A primeira impressão que Renji teve ao conhecer a velha Madoka, era a de que ela deveria ser a costureira dos capitães desde a era que Yamamoto estava ainda na academia shinigami. Assim que o rapaz chegou, falando que estava lá para buscar a encomenda do capitão, Madoka analisou o shinigami, com a mão enrugada no queixo. Mandou ele dar uma voltinha, e perguntou a quanto tempo ele tinha aquele uniforme.

Renji pensou um pouco, mas nem precisava, já que ele usava aquele uniforme desde que saiu da academia.

– Venha, eu tenho alguns uniformes aqui, que talvez sirva em você. – Ela foi se arrastando pelo corredor apinhado de pacotes.

– Mas, senhora. – Renji seguiu a velha, tentando dizer a ela que não tinha dinheiro o suficiente para um novo uniforme.

– Que isso, seu capitão paga.

– O que? – Renji alcançou a velha, que era bem ágil. Talvez por ser baixinha e conseguir passar por aqueles cantinhos apertados. – Não, não, não.

– Não o que?

– O Kuchiki-taichou não vai pagar nada pra mim, eu só vim buscar o haori dele.

– Então eu darei um novo uniforme para você. – Madoka sacolejou a mão, mandando Renji pegar uma caixa que estava na prateleira de cima, a qual ela não alcançava. – Ah, sim. Aqui esta. Vista.

Renji entrou numa cabinezinha onde poderia provar o novo uniforme. Bateu os braços, cotovelos e as costas nas paredes apertadas, tentando tirar a roupa com cuidado para não amassar, porque vai que a velha desiste de dar para ele um novo. Não ia voltar para o sexto esquadrão todo bagunçado, e não dava também para ir até sua casa passá-lo novamente. O ferro a brasa demora muito a esquentar.

Ele conseguiu vestir, e ficou perfeito. Como se fosse feito para ele mesmo.

Madoka elogiou o ruivo, dizendo que ele estava agora parecendo um verdadeiro shinigami. Entregou o pacote de Byakuya, e mandou que ele deixasse o antigo uniforme lá para ela reaproveitar e reformar.

O cheiro de tecido novo, deixou Renji sentindo-se bem. Ele caminhou pelas ruas, indo para o próximo item da lista. Tinha que visitar um sapateiro. Chegando lá, ele conheceu o senhor Fuuma. Também era um velho da era Yamamoto adolescente. Baixinho e gordinho, sem muitos cabelos na cabeça.

– Senhor, eu vim buscar a encomenda do Kuchiki-sama. – Renji foi convidado para sentar e aguardar um minuto. Logo depois, Fuuma chegou com uma caixa, abrindo na altura dos olhos de Renji. – Ah, essas são as novas sandálias dele?

Fuuma assentiu com a cabeça e sentou-se ao lado de Renji. – E você meu jovem, o que vai querer?

– Ah, nada não, eu só vim mesmo buscar isso aqui. – O ruivo estreitou os olhos, quando Fuuma direcionou os velhos olhos dele para seus pés. Renji encolheu um pouco as pernas, não deixando ele ver suas sandálias velhas.

– Acho que tenho algo aqui que vai lhe servir perfeitamente. – Ele se levantou com um pouco de dificuldade e subiu num banquinho. Renji achou que as pernas no banco iriam estourar assim que Fuuma subisse nele, mas não aconteceu nada. – Olhe essas. Experimente.

– Senhor, eu não posso pagar por essas sandálias, elas devem ser muito caras. – Claro que eram, se aquele era o lugar que Kuchiki Byakuya fazia suas compras, era óbvio que era caro.

As sandálias de Renji estavam bem gastas. Mas o que ele poderia fazer? Já estava juntando um dinheiro para comprar coisas novas.

– Um shinigami com uma roupa nova tão bonita não pode andar por ai com meias furadas e chinelos velhos. – Fuuma cruzou os braços gordinhos e fitou o pé de Renji, que tentava inutilmente esconder.

Ele aceitou de uma vez o pedido do velho, para não fazer grosseria. Depois que vestiu as novas meias e calçou as sandálias, Renji olhou-se no espelhinho de chão, para ver como ficou.

Estava muito bonito, agora ele tinha um uniforme novo, meias e sandálias. Nossa, que dia de sorte, não é mesmo? Renji pegou a caixa das sandálias de Byakuya e o pacote com o haori, saindo da loja.

– Hmm, agora eu tenho que ir na casa de chás. – ele olhou o item na lista, e tinha uma observação do capitão. – Fale com Ishihara-san. Certo, quem sera esse tal de Ishihara?

O ruivo seguiu para a próxima rua, outra coisa a ser comemorada era que tudo estava um perto do outro. Ao contrário do ruivo que tinha que dar uma volta enorme pra sair de casa se quisesse comprar uma pera que fosse.

A casa de chás Ishihara era um lugar tão bonito, que Renji ficou receoso de entrar lá. Mas ele precisava terminar logo a lista de afazeres que Byakuya lhe deu, então entrou de uma vez.

O lugar era bem decorado, com flores e plantas de todos os tipos. O ruivo não conseguia distinguir aquela variedade de cheiros que passeavam pela atmosfera do lugar. Ele se aproximou de um balcão branco, com vário potes de vidros contendo ervas especiais para chás. Esperou ser atendido, após chamar pelo nome que Byakuya mandou procurar.

Renji estava esperando encontrar outro velho, amigo de infância do comandante, mas diferente disso, surgiu uma jovem. Muito jovem.

– Eu procuro por Ishihara-san.

A jovem jogou os longos cabelos para trás, dobrando as mangas largas do kimono que vestia. Era tão grande que tampava até as mãos dela.

– Sou eu. Mas pode me chamar de Ayame. – Ela sorriu, brigando ainda com a manga. – Pronto, agora não vou derrubar mais nada. Essas mangas me atrapalham, acabei de deixar cair um pote de ervas. Meu tio vai me matar quando souber. – ela tagarelou por alguns minutos, até perguntar o que ele queria.

– Eu vim buscar uma encomenda do Kuchiki-sama. Eu sou da sexta divisão.

– Ah! Sim. Os saquinhos de chá. – Ela entrou por uma portinha e sumiu, ainda falava algumas coisas mas Renji não conseguia ouvir nada do que a jovem dizia. Daí ela voltou, ainda contando uma história. – Então ele falou que precisava triturar com cuidado porque são ervas muito finas. Eu acabei derrubando.

O ruivo piscou, olhando uma caixinha de madeira a sua frente. – Essa é a encomenda?

– Sim. – ela abriu a tampa de madeira da caixinha e mostrou para Renji os saquinhos bem postos enfileirados. – A ordem era manter fechada, para presente.

– Presente? – Ele deu uma olhada na lista, e era verdade. Era um presente. Estava escrito la o endereço a qual Renji deveria entregar aquele pacote. Foi exatamente isso que Byakuya corrigiu logo mais cedo. Só que tinha um problema. Aquele endereço ficava no Rukongai. No décimo primeiro distrito. Até ele chegar lá, ia demorar um pouco.

– Você quer um pouco de chá? – Ayame pegou a chaleira e despejou a água quente num copinho. – Eu preparo rapidinho.

Renji não teve tempo de recusar, porque ela fez rapidinho mesmo, e sem derrubar nada.

– Eu nunca tomei um chá assim. É muito bom.

– Você quer levar um pouco? Tem mais aqui, esses eu separei para mim, mas posso te dar.

– Jura? – Poxa, Renji estava numa maré de sorte. Não dava nem pra acreditar.

Ayame amarrou o saquinho plástico com as ervas trituradas e entregou para Renji, convidando ele a voltar quando quisesse. O ruivo agradeceu e foi de uma vez para o Rukongai, senão ia acabar se atrasando para voltar.
Renji conhecia muito bem aquele lugar.

A casa enorme, na rua afastada das demais residencias era guardada por um homem grande. O ruivo se aproximou e disse que tinha um presente para ser entregue nas mãos da Hime.

Também estava familiarizado com esse nome, mas nunca a encontrou pessoalmente. Apenas ouvia os outros falarem.

Do lado de dentro a casa era ainda mais bonita, apesar de ser simples. Renji estava se perguntando como é que Kuchiki Byakuya poderia ter ligação com a princesa dali. Era no mínimo inusitado, porque ela era uma... bem, ela era uma... É não tinha outra palavra gentil para usar.

Ele caminhou pelo salão vazio, as cadeiras estavam viradas sobre as mesas, e um homem secava uns copos do outro lado do balcão de madeira escuro. Ele perguntou o que um shinigami fazia ali aquela hora, estavam todas as meninas dormindo, para mais tarde. Ordenando que ele fosse embora.

– Eu vim entregar um presente do Kushiki-sama par–

Antes de terminar, uma voz se sobressaiu no salão, o ruivo virou-se para a escadaria e viu a mulher descer os degraus, vestida num kimono azul marinho com desenhos de cerejeiras, segurando o cigarro entre os dedos. Os cabelos longos e vermelhos, caíam como cascatas por sobre os ombros dela, até a cintura.

– Ah! É o Abarai. – Ela se aproximou, virando uma cadeira no chão, sentando-se em seguida, convidando Renji a sentar também.

– Eu só vim trazer esse presente. – colocou a caixinha de madeira em cima da mesa, e ficou esperando a ruiva abrir e quem sabe dizer algum recado para seu capitão. Mas no fundo Renji queria mesmo era que ela não aceitasse o presente e dissesse algo que fizesse Byakuya nunca mais querer dar nada para ela.

Nossa, que ciúmes louco ele estava sentindo daquela mulher.

Mas como diabos eles se conheciam, e para que o presente? Renji estava ficando vermelho de raiva, curiosidade e vergonha por ser um idiota. O que Kuchiki Byakuya fazia da sua vida particular não era de sua conta.

– Byakuya sempre atencioso e gentil. Diga a ele que da próxima vez, quero que me traga o presente pessoalmente. Estou com saudades. – Ela sorriu, deixando Renji com mais raiva, vergonha e sentindo-se uma besta quadrada.

– Eu... eu vou dizer. – Gaguejou, pedindo licença para ir embora.

– Porque a pressa? Você não quer ficar mais um pouco? – Ela perguntou, levantando-se e pedindo algo para beber para o cara grandão la do balcão. – Abarai Renji, sabe... ouvi muito sobre você.

– Ouviu? – Renji deu um passo para trás, quando a princesa se aproximou mais. – Hime-sama, se não for muita indiscrição, poderia me dizer o que ouviu?

– Ora essa não me chame assim. – Ela foi servida pelo grandalhão, que também deu algo para Renji beber. – Pode me chamar de Kori.

– Kori-san.

– Perfeito. – Ela caminhou pelo salão, indo em direção a um outro ambiente. A decoração avermelhada deixava Renji bem confuso, lá dentro era um pouco escuro, as janelas estavam fechadas e pouca luz do sol entrava pelas frestas das cortinas. – O seu capitão, ele me falou de você.

– O Kuchiki-sama?

– Sim. – Kori riu, aconchegando-se num sofá cheio de almofadas.

– O que ele disse.

– Hmm, que você é um rapaz prestativo.

– Ah. – Ele pareceu um pouco desanimado. Kori não entendeu porque daquela carinha triste. Tadinho. Vai ver esperava que ela contasse alguns segredos os quais conhecia muito bem. Mas nunca iria abrir a boca para revelar a ninguém. Afinal, ela e Byakuya tinham uma longa relação de amizade.

– O seu cabelo, ele é lindo.

– O que? – Renji se assustou com o comentário.

– Você tem cabelos lindos. Devia deixá-los solto. – Kori se mexeu no sofá, sentando mais perto. – Deixa eu ver. – Ela desatou o nó do lenço branco que prendia os cabelos de Renji. Os fios vermelhos tão idênticos aos dela, caíram nas costas do rapaz, umas mechas foram para frente e Kori os ajeitou.

– É. Definitivamente fica muito mais bonito com os cabelos soltos.
Ela deu uma piscada de olho e comentou também das tatuagens, queria ver todas. Renji ficou um pouco acuado com aquelas mãos todas em cima dele procurando uma brecha para ver a pele tatuada.

– Kori-san... – Ela era um pouco maluca, mas ele conseguiu controlar depois de uma hora.

– Eu preciso descansar para mais tarde. – Kori terminou a bebida e Renji se levantou do sofá que havia sentado para conversar. Ele acabou perdendo a noção do tempo, logo ia anoitecer. – Diga para o seu capitão que eu estou esperando ele para resolver um assunto que ficou pendente da última vez.

Ela gargalhou com a vergonha de Renji, dando uns tapinhas inocentes nas costas do shinigamis quando ele se virou, dizendo que não era nada daquilo que ele estava pensando.

Renji tentou acreditar nisso, mas quanto mais andava, mais imaginava Byakuya naquele lugar, perdido por entre aquelas cortinas vermelhas, fazendo sabe-se la o que com a Hime. Aquilo maltratava o coração do pobrezinho. Estava a ponto de ter um treco.

Já era de noite quando retornou para a sexta divisão, o lugar não estava muito movimentado e Renji foi direto para a sala de Byakuya. Ele entrou, deixando os dois embrulhos em cima da mesa, já que o capitão não estava la.

Ele já estava de saída, quando Byakuya retornou. Os dois se encontraram na porta, e Renji automaticamente deu um passo para o lado, deixando o capitão entrar em sua sala.

– Senhor eu já fiz tudo o que estava na lista. Só tem uma coisa. – Renji pegou a lista e mostrou o último item.

– Deixe-me ver. – Byakuya já tinha notado os pacotes em cima da mesa, e como Renji estava. Sim, ele era muito detalhista e viu que o ruivo estava com roupas novas, e aqueles cabelos soltos. Era novidade para ele. – Renji, poderia ler em voz alta para mim?

– Sim, senhor. – Ele pegou de volta o papel e leu. – Retorne pronto para a sexta divisão.

Renji olhou para Byakuya, esperando uma explicação. Era muito claro que ele iria retornar, com tudo pronto, mas parecia se tratar de alguma outra coisa.

– Acho que agora você está pronto. – Byakuya analisou-o de cima a baixo.

– Para que senhor? Eu ainda não entendi. – Renji começava a se desesperar, o que estava acontecendo?

– Você é um shinigami competente, e eu mandei fazer essas coisas que não são suas obrigações-

– Mas senhor, eu estou aqui para servir. Não importa o que seja, eu faço.

– Não, Renji. Você não precisa ficar fazendo essas coisas se não quiser. Faz porque é um bom homem. – Byakuya caminhou pela sala dele, e Renji ficou parado, feito um poste.

– Ah. Kori-san mandou um recado. – Ele achou melhor falar. Tinha pensado em não dizer nada e depois ter um relapso na memória e esquecer de tudo, mas depois de ouvir as palavras do capitão, sentiria uma pessoa muito má. – Ela quer falar com o senhor, eu não entendi direito, disse para ir pessoalmente entregar o próximo presente.

Byakuya não respondeu. Renji ficou se segurando para não perguntar que outro presente era, ou como eles se conheciam. Mas calma ruivo, não é da sua conta.

– Daqui três dias irei nomear meu novo tenente. – O moreno deixou Kori de lado e mudou de assunto. – Eu pensei muito e decidir que você será essa pessoa.

– Desculpe, como é?

– Não vou repetir algo que disse em um tom muito claro.

– Claro, senhor. Perdão. – Ele curvou o corpo para frente, querendo se desculpar pela gafe.

– Você recebeu um novo uniforme, e sandálias novas, não foi?

– Sim. Foi muito gentil daqueles senhores, e também chá da Ishidara-san.

Byakuya estreitou os olhos, não havia pedido para que aquela jovem desse chá para Renji, o combinado era apenas com os velhos Fuuma e Madoka. Mas isso não vinha ao caso. Ele não quis entregar para Renji pessoalmente, achando que o rapaz não iria aceitar se viesse dele. Então armou toda essa historia para que o ruivo pensasse que recebeu de presente dos dois velhos. O chá de Kori era apenas um presente para agradecê-la por ter dado a genial ideia.

Com certeza se Byakuya tivesse dado pessoalmente os presente, Renji caía morto no chão de tanta emoção. Não, nem tanto, mas ele ia ficar muito constrangido. Embora mais feliz que qualquer alma naquele lugar.

O Kuchiki estava satisfeito com sua escolha. Ele era um rapaz realmente muito dedicado, tinha muita coisa para aprender, e sentiria bem se fosse ele quem o ensinasse.

– Senhor. Obrigado. Eu vou ser o melhor tenente de todas as divisões.

O ruivo ainda tava todo envergado pra frente, agradecido pela promoção. Nossa, era tudo o que ele mais sonhava na vida... agora iria superar seu capitão. Mas se bem que depois de hoje, os sonhos de Renji começavam a mudar, um pouco. Superar não era exatamente a palavra que ele queria usar.

Mas seria muito abuso de sua parte pensar alto o que realmente queria. Pelo menos não ali na frente do capitão. Ele podia ler pensamentos. Vai saber.

– Pode ir, mas não fale para ninguém, eu vou ainda fazer uma declaração.

– Sim senhor. – Depois de um milhão de agradecimentos, Renji saiu da sala e foi para sua casa. Lá, ele preparou um chá, daquele que Ayame lhe deu de presente. Ele ia lá depois que fosse oficialmente nomeado como tenente, e compraria alguma coisa daquela loja, claro, uma baratinha. Se tivesse. Mas ia.

Abarai Renji tomou um banho e pendurou o seu novo uniforme no cabide, e deixou no lugar do antigo, as sandálias e meias foram bem guardadas em uma caixa para não estragar. Ele penteou os cabelos, tomou o chá e deitou no colchão. Estava feliz, a sorte iria mudar sim daqui pra frente.

Seu trabalho, dedicação e esforço estavam sendo devidamente recompensados.

Era melhor ele parar de sonhar acordado e ir dormir, porque no outro dia tinha que acordar bem cedinho, como fazia todos os dias...


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Notas finais do capítulo

Só lembrando, é Oneshot, por favor, não peça no review pra eu continuar, fico triste achando que não prestou atenção nos avisos =X
ahahahha
Beijos



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