Minha vida não era exatamente a vida perfeita , cegava muito longe disso.Mas mudou, coisas estranhas aconteceram , extremamente estranhas.Hoje estou viajando para longe de casa , da cidade onde eu nasci , para entender  o por que aconteceu, como aconteceu e o que exatamente aconteceu naquele dia , o dia que mudou minha vida:

“O céu esta bonito olho para ele, mas não estou interessado nele e sim no motivo que levou minha mãe me levar, praticamente me arrastar, de casa para me despachar aqui com meu irmão mais velho, na casa da montanha da minha avó Lourdes. Desisto, não tinha um por que minha mãe me deixar ali, olho para a rua que esta incrivelmente vazia, chato.

 Saio da varanda e olho para o quarto, meu irmão dormi, eu quero dormir também, mas não consigo  , sempre que eu deito na cama e fecho os olhos, sinto algo ruim e me levanto, estranho.

 Um barulho estranho veio da sala, pego minha câmera e vou para perto da porta , para filmar minha avó , para mostrar para minha mãe finalmente acreditar em mim quando eu digo que a minha avó é sonâmbula.Liguei a câmera e a coloquei entre o espaço da porta que estava aberto e fui espiar pelo fecho.

 Vejo minha avó andando vagarosamente, só penso que finalmente consegui a prova, que quase não percebo o vulto ao lado dela, quase.

 O vulto parecia um homem, tinha feições de alguém que eu conhecia não lembrava quem. Depois de olhar bem para seu rosto e ver que era o meu avô Robson, só havia um problema que meu cérebro demorou um pouco para lembrar, meu avô tinha morrido á quase dois anos.

 Só que alem de ele ter se levantado dos mortos, tem alguma coisa estranha nele, ele não parecia aqueles zumbis ou  fantasmas que agente vê nos filmes ou na televisão, ele estava diferente mas não sei explicar como, e se agente perdesse o foco só via algo branco parecido com fumaça.Meu ‘avô’ falou:

  -Aaa Lourdes que saudades, finalmente te achei... – Minha avó acordou do sono, e se virou, olhou fundo nos olhos do ser que havia  acordado e percebeu quem era , e ficou branca.

 - O meu deus Robson... Não era para você esta aqui, você morreu... Ai meu deus... - Minha avó falou com voz de assustada e surpresa, mas mesmo assim tinha certa frieza no tom dela.

 -Morri, por quase dois anos fiquei de baixo da terra, mas e voltei, e vou me vingar pelo que você fez comigo!- Falou meu ‘avô’ furioso, e a jogou no lance de escadas, quero fazer algo, mas não posso, sentia que se eu me mexesse, morreria. Sem forças para se levantar, minha avó rastejou para, mas longe daquele monstro que ela conseguia.

 - Eu te amei, mas você, Lourdes, fez algo que eu nunca imaginaria, mas eu voltei e você vai se arrepender, por tudo!- Gritou a ultima parte e a pegou pelo pescoço e a jogou com força na parede fazendo-a sangrar, muito.

  Ele ficou olhando para ela, enquanto ela deixava essa vida, morrendo lentamente. Quando ela parou de respirar ele se abaixou junto a ela e selou aquela despedida com um beijo rápido e sem sentimentos, apenas para ela levar aquela mensagem para aonde ela for, e ele se foi, logo em seguida senti alguém ou algo atrás de mim.

 O medo dominou, ao sentir esse alguém atrás de mim , logo lembrei do meu ‘avô’ que acabara de matar minha avó frente aos meus olhos. Então outros sentimentos vieram: ódio, perda, tristeza, duvida entre outras.

  Com o pouco de coragem que me restava, me virei lentamente, com dificuldade de respirar, como se algo estivesse na minha garganta. Olhei para cima ele estava lá:

 -Thiago, você viu tudo  isso?

 Era apenas meu irmão mais velho,Luc, parecia mais assustado eu, na cara dele dava para ver que como eu o medo dominava.

 Movimentei a cabeça lentamente em sinal de afirmação pois não consegui falar, por causa do choque talvez, me acalmei um pouco e perguntei:

  -E agora?

  - Eu não sei – Ele respondeu, e tinha um olhar que eu poucas vezes tinha visto, um olhar de duvida,medo e raiva , tudo junto como em um tsunami preto e profundo.

  - Quem..O que... era aquilo?E por que ?E do que se vingar?...-Perguntei meio confuso.

  -Eu não sei – Repetiu, estava tão confuso quanto eu , o que era difícil de acontecer.

  -Vamos ter que ligar para a policia- Não era uma pergunta mas mesmo assim ele respondeu.

  -Provavelmente, mas não agora...

  -Por que não agora? Luc eu estou confuso...-

  -Eu também – E olhou na direção a porta- Venha – E eu o segui.

  Levantei vagarosamente , não tinha percebido tinha sentado. Jogou minha mochila e botei minhas roupas e coisas para higiene, meu irmão fez igual só que alem disso botou alguns cadernos e livros que não reconheci a capa, abriu uma gaveta e tirou algumas coisas de lá, não sei por que mas peguei alguns potes para guardar coisas, senti que precisava.

 Saímos do quarto e descemos s escadas , caminhamos diretamente da porta, mas eu parei , tinha me despedir da minha avó. Sem dar explicações me virei e cheguei perto do corpo morto de minha avó, olhei para o sangue dela,tem algo estranho , parece que a dois tipos, estranho, um era de cor normal , outro mas claro e meio azulado, ou era só impressão minha?não  sei  ,apenas peguei um pote pequeno e guardei um pouco daquilo, me aproximei de seu rosto e beijei sua bochecha, quando ia me levantar senti algo ou alguém atrás de mim novamente.

 Minha respiração ,que havia se acalmado , voltou a ficar pesada, e uma sensação de D´javú passou por mim. Esperava que fosse Paulo de novo,  virei de repente e falei:

 -Paulo precisa chegar do nada...-Não terminei a frase , por que não era  Paulo que estava ali , e sim minha avó, não falou nada apenas me olhou com aquele olhar de quem estava decepcionada e desapareceu.

Assustado olhei para Luc, minha avó morreu e eu a vi ali , em pé , ao meu lado, ao lado do seu corpo. Ele tinha visto também, eu sabia apenas pelo olhar, mas apenas disse:

 -Vamos.

 E fomos, saímos sem saber o que nos esperava.”

E foi isso o que aconteceu naquela noite, o dia em que tudo mudou.