A Filha dos Raios escrita por Eleanor Blake


Capítulo 8
Início das provações




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Fiquei pensando em como diria aquilo pra Percy, dizer que eu não seria o que se chama de melhor companhia quando ele estivesse perto da mãe dele não seria uma das minhas idéias mais inteligentes, não suportaria magoá-lo assim.

Todos comiam e comemoravam nossa união, eu não comi um grão sequer de nada ali, nada mais me parecia interessante, nada ali tirava o incômodo que eu sentia.

Senti a mão de Percy que estava junto a minha se apertar, olhei pro lado e ele me encarava parecendo preocupado.

—O que foi Annice?- ele sussurrou pra mim.

—Nada Percy, só estava pensando em algumas coisas – eu respondi.

—Posso saber o que o amor da minha vida está pensando?Será em mim?- ele sussurrou mais perto.

Seu cheiro quente, de sal ficando cada vez mais forte, seus olhos cor de mar tirando minha atenção de qualquer outra coisa a não ser ele, nada mais perfeito, nada mais inebriante. Seus lábios mornos perfeitamente moldados aos meus num beijo delicado e cheio de amor, suas mãos correndo por meu corpo me prometiam muito mais que isso mais a noite. Qualquer pensamento meu ali tinha se esvaído por completo, qual era meu nome mesmo?

Ouvi gritinhos e pigarros, corei violentamente quando desfiz o beijo quando vi que éramos o centro das atenções.

Um trovão violento soou ao longe e depois um raio estourou ao lado da fogueira fazendo todos desembainharem suas espadas e puxarem seus escudos, Percy já tinha me colocado atrás dele e contracorrente reluzia em suas mãos, minhas armas brilhando contra a luz da fogueira, nossos olhos fixos na fumaça que parecia tomar forma.

Um clarão que quase nos cegou iluminou tudo, no instante seguinte a imagem de um senhor alto e imponente se materializava em forma de luz, sua imagem emanando energia pura. Zeus estava ali.

—Perseu Jackson, filho de Poseidon, apresente-se a mim agora!-um trovão bradou.

Vi Percy avançar um passo e segurei sua mão o mais firme que pude. Ele por sua vez me puxou pra si e nos aproximamos da imagem de luz.

—Eu sou Perseu Jackson, filho de Poseidon- Percy se apresentou; a voz e a pose firmes, suas mãos suadas e trêmulas.

—Annice, minha filha é você?

A imagem aproximou-se devagar e ficou me olhando por intermináveis instantes.

—Perseu, o herói das águas, filho de meu irmão de sangue e poder, o que minha heroína representa para você?- a voz bradou novamente, cruzando os braços imponentemente, o raio mestre numa das mãos.

—Ela é a mulher que amo senhor, peço sua bênção- Percy disse curvando-se.

—E você filha minha, o que pensa disso?- a voz bradou.

Meus dentes se travaram, meu maxilar imóvel e os olhos crispados pra tentar impedir que as lágrimas me traíssem. Fechei as mãos em punhos e encarei seu olhar azul, assustadoramente azul.

—O amo mais do que posso expressar senhor, é inegável que lutei inutilmente contra isso- eu murmurei sorrindo de leve pro amor de minha vida.

—Você Perseu, deve procurar a fonte das respostas para delinear seu destino, no tempo certo quero que traga minha filha para mim sob sua proteção, terá que provar que merece tê-la para si.

Mais um estouro de luz veio varrendo o acampamento e depois um trovão soou ao longe. Percy me tinha envolvida em seus braços, me sentia indefesa, assustada, e claro que com isso extremamente incomodada e irritada.

Soltei-me de seu aperto e desci a colina sem querer ser seguida, precisava colocar as coisas no lugar. Olhei pro lado e percebi que Pégaso me seguia silenciosamente.

Acariciei sua crina e montei gentilmente em seu dorso. O vento começando a bater em meu rosto enquanto levantávamos vôo.

Sobrevoamos a propriedade por horas, eu me lembrando de tudo o que passei até chegar aqui, e de como minha vida toda mudou quando comecei a sonhar com Percy e quando o vi pela primeira vez, quando ele me salvou e finalmente a noite maravilhosa que tivemos juntos. Nada poderia ser mais perfeito.

Olhei pro lado e vi a branca lua cheia me iluminar com sua luz alva, nada poderia ser mais lindo. Mentira havia algo muito mais lindo, na verdade alguém. Nada poderia me fazer mais feliz do que Percy, nunca me importei ou acho que vou me importar com alguém mais do que com ele. Olhei pra baixo e me vi pairando sob uma ilha de pedra com pouca vegetação, fiz com que Pégaso descesse e me deixasse por lá.

Tirei a sapatilha e depois a meia e comecei a brincar com os pés na água gelada. Logo senti uma mão fria e conhecida agarrar meu calcanhar.

—O que faz aqui?- eu perguntei com olhos fechados, apreciando a sensação.

—Já disse, esses são meus domínios- ele sussurrou se sentando em meu colo.

—Percy, você está molhando minhas roupas- eu sussurrei enquanto ele beijava meu pescoço.

—Não acho que você precisará dessas roupas agora. -ele sussurrou abrindo o zíper do vestido.

Suas mãos tirando toda a insegurança, em nossas bocas palavras desconexas de amor e desejo, nossos corpos quentes na água fria e nem isso conseguiu nos acalmar. A noite toda banhada de amor e desejo dos dois, transmitidos em desejos e toques confidentes, a cada movimento uma nova sensação, uma explosão de todos eles e estávamos nos recuperando pra que tudo acontecesse de novo.

Voltamos à ilha e ainda estávamos sem nenhuma roupa, eu deitada sob seu peito forte escutando seu coração acelerado. Nossas respirações ofegantes e nossos olhos colados um no outro.

—Você vai adorar passar as férias em Nova Iorque comigo amor, vai ser demais, e aposto que minha mãe vai adorar te conhecer. Depois resolver com seu pai vai ser rápido, ele não terá por que se opor- ele sussurrou invertendo nossas posições.

—Claro que não, você é o ladrão de raios e o maior estabanado que o mundo já viu, ele amará te ter como genro- eu brinquei mordiscando seu peito.

—Hey!Eu não roubei nada, aquilo foi falcatrua!- ele esbravejou.

—Ah é?Fiquei sabendo que você aprontou muito por aí- eu murmurei.

—Mais você é a pior, você é a ladra mais silenciosa, rápida e a que mais rápido se apossa do que roubou- ele disse no meu pescoço.

—Posso saber o que roubei?- perguntei confusa.

—Você roubou o que eu achava impossível de ser roubado, mais você conseguiu, não sabe mesmo o que é?- ele sussurrou em meio a um beijo.

Neguei com a cabeça e ele levou a minha mão a seu peito que batia frenético.

—Você roubou meu coração- ele sussurrou sorrindo.

Não consegui falar nada, não era preciso. Percy me puxou pra mais um beijo e apertou-me contra seu peito me travando ali, nada poderia ser melhor do que ouvir o som de sua respiração entrecortada.

Percy me soltou e voltou pra água colocando suas roupas de volta, fiz o mesmo enquanto ele subia naquela placa de água, parecendo o esquimó bizarro do outro dia.

—Venha comigo, vamos dormir na minha cabana hoje - ele disse estendendo-me a mão.

Subi insegura na placa de água e percebi o quanto era firme, e mais estranho era o fato de eu não me molhar. Parecia que eu estava sentada em um vidro que se movia.

Chegamos então ao quarto de Percy, e exatamente com seus olhos tudo ali representava o mar. Ao lado da cama um tridente de bronze. Não pude evitar rir pensando em Percy empunhando aquilo.

Talvez imaginando o mesmo que eu ele pegou o tridente, e, bem ao contrário do que imaginava, ele quando o empunhou me pareceu... Sexy, extremamente Sexy na verdade.

Soltando o tridente Percy veio pra perto de mim em poucos passos. Suas mãos me puxando pra perto, sua boca sedenta pela minha, e eu não podia deixar de dizer que estava igualmente sedenta por voltar a sentir seu gosto maravilhoso, seu cheiro e seu calor impregnado mais uma vez em minha pele.

Deitamos-nos em sua imensa cama e continuamos e onde tínhamos parado. Sem saber quanto tempo tinha se passado, eu vi o sol nascer enquanto Percy me abraçava. Eu podia sentir que ele estava tenso enquanto me segurava.

—Eu te amo Percy Jackson, aconteça o que acontecer- eu sussurrei virando-me e encarando seus olhos.

—Durma meu amor, nada de mal vai acontecer, eu não vou deixar-ele sussurrou enquanto beijava calidamente minha testa.

Como ele estava errado quando disse que nada de mal aconteceria,meus deuses, como estava errado...


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