A Filha dos Raios escrita por Eleanor Blake


Capítulo 10
Cartas na chuva


Notas iniciais do capítulo

Oi gente,sei que demorei e que devem estar me odiando por isso.Mais agora eu consegui postar esse capítulo(que já estava escrito faz tempo).Espero que gostem.



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Passamos pelos campos com diversas plantações e encontramos um ponto de ônibus no meio do nada. Parei pra reparar e percebi que Grover estava disfarçado com calças, sapatos e uma touca colorida, Percy estava usando uma jaqueta preta, all stars brancos e um jeans azul e Jennifer usava sapatilhas verdes e um vestido preto. Eu tentava me distrair enquanto eu via o ônibus chegar ao ponto.

Entramos e Percy pagou as passagens enquanto eu me sentava num banco e Grover se sentava atrás de mim ao lado de Jennifer. Apoiei minha cabeça no vidro e senti quando Percy entrelaçou seus dedos nos meus.

Depois de uma hora e meia nós tínhamos chegado até o centro da caótica Nova Iorque. Depois de alguns minutos uma voz gritava estridente por Percy.

A mulher tinha belos cabelos castanhos e estava num vestido azul do mesmo tom dos sapatos, seu sorriso era acolhedor, e, quando ela abraçou Percy eu tive que controlar um leve tremor.

-Então vamos?Em casa eu cumprimento vocês direito, hoje está uma loucura aqui!- ela disse saindo de perto.

-Ela não é demais?- Percy disse voltando a pegar minha mão.

Entramos num pequeno carro vermelho com Grover na frente e Percy atrás comigo. Meu estômago dava intermináveis voltas a cada esquina que dobrávamos.

O carro parou em frente a um pequeno prédio num bairro menor ainda. Subimos as escadas e encontramos um apartamento praticamente todo decorado em azul. Era acolhedor e ao mesmo tempo curioso.

-Então agora eu posso cumprimentar os convidados de Percy não é?- ela disse.

Grover a abraçou brevemente e depois era a minha vez.

-Mãe, conheça Annice... Minha noiva- Percy disse sorrindo abertamente.

A mãe de Percy me encarou assustada e depois a Percy raivosa.

-Perseu Jackson!Não me diga que ela está grávida- ela berrou pra nós.

Percy riu alto e explicou tudo a ela. A mulher depois de saber de quem eu era filha, e o que Percy teria de fazer por nós dois não me olhou menos insegura, pelo contrário. Ela estava desconfiada, estava com medo de mim.

Colocamos as malas no quarto de Percy e eu não pude olhar pro pequeno cômodo como deveria. Saí de lá e fui até a sala.

-Percy, eu vou sair um pouco, conhecer o lugar- eu anunciei abrindo a porta.

-Está bem, vamos então- ele disse vindo pra perto.

-Não vamos Percy, eu vou. Fique aqui com sua mãe, eu juro que não demoro- eu murmurei.

-Senhorita, eu vou junto!

Olhei pra trás e Jennifer estava ali. Pela primeira vez durante toda a viajem ela se pronunciou. Era como se ela não estivesse ali esse tempo todo.

-Tudo bem, venha então- eu respondi.

Saímos do prédio e fomos em direção a uma pequena rua que dava numa pequena cafeteria.

-A senhorita está bem?- Jennifer perguntou sentando-se.

-Estou sim, só estou preocupada com algumas coisas-eu respondi.

Olhei de soslaio e um garçom se aproximava de nós. O garoto era forte e bonito, humanamente bonito. Sorri de lado quando percebi que agora eu fazia essa distinção, eu não era mais só uma humana, eu era Annice, a semideusa.

-O que vão querer?- ele perguntou puxando um bloquinho do bolso.

-Quero um pedaço de bolo de chocolate e um café. O que vai querer?- eu perguntei olhando pré Jennifer.

Ela me encarou assustada como se não acreditasse no que tinha ouvido. Assenti incentivando-a e ela enfim falou alguma coisa.

-Quero um copo de água e um bolinho de morango- ela disse.

O garoto marcou nosso pedido e saiu rapidamente. Jennifer parecia ter ganhado um troféu.

-O que foi?- eu perguntei confusa.

-Eu nunca tinha ganhado nada assim, muito menos de alguém como você. Não pode imaginar o quanto estou feliz- ela explodiu sorrindo abertamente.

-Não foi nada, agora se acalme- eu pedi rindo.

Ela corou enquanto o garçom trazia nossos pedidos. Comecei a comer minha parte e ela ficou encarando o pedido dela.

-O que foi?Não quer?- eu perguntei confusa.

-Oh!Quero muito, não estou renegando seu presente, mais não tenho coragem de comê-lo, é o primeiro presente que ganho na vida- ela disse com a voz embargada.

-Ah!Você pode comer sim, os presentes são coisas que podemos guardar conosco. Isso é só algo que eu faria normalmente, agora coma- eu disse sorrindo.

Ela assentiu e comeu devagar o bolinho e bebeu a água. Paguei a conta e saímos em direção ao prédio de Percy.

Senti meu coração perder uma batida enquanto eu batia na porta. Percy a abriu e não parecia nada contente.

-Podemos falar a sós?- Ele pediu.

-Vá arrumar o quarto Jennifer- eu mandei.

A pequena assentiu e eu me sentei no sofá com Percy. Estava nervosa enquanto ele me fitava com seus olhos cor de mar.

-Pode falar agora- eu disse.

-Bem... Eu acho que você e minha mãe não começaram muito bem não é?- ele disse brincando com meus dedos.

-O que você realmente quer me falar?- eu perguntei passando as mãos por seu rosto.

-Queria pedir pra você tentar de novo. Ela já vai chegar com as coisas que ela vai fazer no jantar pra nós, e talvez fosse legal se você conversasse com ela enquanto ela cozinha- Percy explicou.

Pensei por um instante naquilo que ele me pedia. Eu entendia o que aquela mulher sentia. Ela tinha sido o amor de Posseidon e o que restou disso foi seu filho que pode morrer a qualquer hora atacado por bestas mitológicas, e daí ele aparece na casa dela com outra mestiça da qual o pai quer que seu único filho prove que merece através de provações. É claro que ela me odiava e eu entendia isso. Só não entendia o que uma conversa poderia fazer pra que ela não me odiasse, ainda mais quando ela vai estar com facas e outras armas nas mãos.

-Vou tentar- foi o que eu respondi.

Percy me deitou no sofá e se deitou sobre mim me dando um beijo que vinha a partir de minha cintura e subia devagar até minha boca. Como ele conseguia fazer aquilo comigo?Fazer-me perder a noção de tempo e espaço e até eu me esquecer do meu próprio nome quando estava naqueles braços?Ouvi um molho de chaves caindo no chão e me soltei de seus braços me colocando decentemente sentada ao lado de Percy.

-Aliás, minha mãe se chama Sally- Percy sussurrou em meu ouvido.

Assenti e me levantei enquanto ela abria a porta carregada de sacolas. Fui até ela e peguei algumas.

-Achei que gostaria de ajuda com o jantar- eu disse nervosa.

Não houve gritos ou caras feias, Sally só assentiu e sorriu brevemente pra mim enquanto ia pra cozinha.

Lá ela começou a lavar as coisas que estavam dentro da sacola. Tomei coragem e me virei pra ela.

-Acho que devemos conversar- eu disse pouco firme.

Ela então parou de lavar as coisas e se virou séria pra mim. Engoli em seco e comecei a mordiscar o lábio enquanto ela se aproximava de mim.

-O que quer conversar?Eu acho que tudo foi muito rápido, só isso. Acho que Percy não poderia dele a cada vez que seu nome é dito por ele... Isso é incrível. Sei que vocês têm muito que passar, mas eu não posso te tratar mal, e não é só por que você é noiva dele. Quem diria meu garotinho já é noivo!Gosto de você por que você fez por merecer, por que pra ficar com Percy, pra ele amar alguém como ama você, ela tem de merecer- ela disse sorrindo abertamente.

Continuamos a cozinhar conversando animadamente sobre o que poderíamos fazer depois do jantar, ou durante as férias. Sally era maravilhosa, uma mãe incrível, uma mulher incrível. Deixei lágrimas escondidas caírem enquanto eu cortava os legumes.

-E então, essa garota lá no quarto, o que ela é?- Sally perguntou.

-Ela é... Um tipo de criada minha- eu expliquei da melhor maneira que pude.

Percy entrou na cozinha e se sentou na cadeira olhando agente trabalhar.

-Ah, é claro que a filha do todo poderoso teria uma criada- ela murmurou.

Engoli em seco e deixei o prato que segurava cair dentro da pia. Puxei o ar e saí de lá sem mais palavras.

Entrei no quarto me sentindo fora de mim. Saí pela janela e a tranquei do lado de fora antes de me sentar na grade da pequena sacada.

Olhe pro céu limpo da noite iluminada pelas luzes das lojas e dos postes e senti saudades do acampamento, sentia saudade do penhasco de onde eu poderia recarregar minhas energias e descontar toda a minha raiva.

Levantei a mão e senti a energia pesada do ar ao meu redor, a eletricidade e a energia que tudo emanava de todos os lados e criaturas.

-Zeus, se pode me ouvir, por favor, me dê um sinal- eu sussurrei.

A energia ao meu redor se tornou mais pesada e um raio cortou os céus. Sorri de lado e mandei outro.

-O que deseja de mim?Por que quer que Percy sofra desse jeito?Eu não valho a pena, não valho o preço da vida dele- eu sussurrei.

Um trovão estourou violento no céu limpo. Logo uma chuva estava se formando.

-Não adianta ficar bravo, é verdade. - eu murmurei enquanto a chuva começava a cair.

Alguém batia na janela insistente. Olhei pra trás e Percy estava ali.

Abri a janela e olhei em seus olhos cor de mar. Ele parecia triste.

-Eu tentei Percy, juro que tentei; mais agora não quero conversar, só me deixe aqui sozinha por um tempo- eu disse voltando a fechar a janela.

Percy não insistiu e logo saiu do quarto. Permiti-me chorar quieta enquanto a chuva caía sobre mim.

-Não devia ficar aqui sozinha, ainda mais a essa hora da noite.

Dei um pulo pro lado quando percebi que um homem vestido como um mochileiro estava parado ao meu lado. Hermes estava ali.

-O que quer de mim?- eu perguntei.

-O que eu quero?Não quero nada, mais vim trazer- ele respondeu sorridente.

Enquanto ele estava ali mexendo numa pequena bolsa eu sorri de lado me lembrando dos filhos de Hermes. Adolescentes sorrateiros, porém muito companheiros e amigo quando você precisava.

Hermes me entregou um pequeno pergaminho e uma pequena chave.

-O Empire State é muito bonito à noite. Deveria visitá-lo um dia- ele disse.

Agradeci e prendi a pequena chave em minha pulseira e coloquei o pergaminho dentro da blusa enquanto entrava no quarto.

Saí e fui até a cozinha. Todos ali pararam de falar e comer e olharam pra mim e pra Sally.

-Desculpe por sair daquele jeito. Seu comentário foi infeliz mais nem por isso eu deveria ter feito aquilo. Porém, hoje à noite eu tenho uma coisinha a fazer- eu disse pegando o pergaminho.

-O que é isso?- Percy perguntou se levantando.

-O que acha de ir até o Empire State comigo?Dizem que é um ótimo lugar pra ser visitado durante a noite- eu disse.

E foi assim que minhas férias de verão começaram.


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Notas finais do capítulo

E aí gente,o que acharam?Finalmente o velho barbudo resolveu se pronunciar de verdade.



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