Epílogo

-Ela é uma princesa não é? - Nora indaga toda babada, sobre a menina vestida de vestido com tule rosa e uma coroa de plástico na cabeça loira.

-Você é mesmo uma mãe coruja. - Patch abanou a cabeça em negativa a abraçando pela cintura, rindo da menina, que tentava se colocar na ponta dos pés.

-MADRINHA! - Vee vociferou enciumada.

-Madrinha é segunda mãe. - Nora botou a língua para fora e Patch concordou.

-Cadê minha alfacinha? - Rixon perguntou tampando os olhos assim que chegou ao estúdio de dança onde Vee ensinava Kate a dançar.

-Aqui papai! - Katherine sorriu, voltando o rosto para o pai e correndo elegantemente até ele.

-Veja o que eu trouxe para você, Kath. - Salvador estendia a mão, mostrando em suas palmas um pequeno sapo.

-Ecaaa! - ela torceu o nariz fazendo todo mundo rir.

Salvador deu de ombros e correu até Nora e Patch para mostrar o pequeno e frágil sapo.

-Onde achou esse bicho? - Nora se recolheu com nojo.

-Perto do lago. - apontou pela janela. -Ele estava muito mal, mas eu o coloquei entre minhas mãos e ele melhorou logo. - contou muito concentrado em olhar o pequeno sapo esperneando, cheio de vida.

Patch olhou longamente para Rixon e telepaticamente este lhe explicou. Salvador usara o poder da cura celestial sobre o animal.

-Fiz mal? - Salvador perguntou preocupado com a expressão concentrada de Patch.

-Fez muito bem, filho. - Patch bagunçou seus cabelos castanhos cacheados. -Mas o lugar dos animais é ao ar livre e agora que ele está bem, você deve libertá-lo. - instruiu, encaminhando o filho até a janela do recinto a abrindo pelo trinco e sentando no parapeito, uma perna de cada lado. Uma no piso de madeira, outra na grama do jardim. De seguida pegou Salvador no colo e o colocou do lado de fora. -Deixe ele ir. - pediu e o menino olhou com pena. Ele queria ficar com o sapo para brincar com ele, mas obedeceu ao pai.

-Ele vai ficar bem? - perguntou pensativo, depois de pousar o sapo no chão e o ver coaxar e saltitar até o lago.

Patch olhou demoradamente para o filho. Ali estava uma Benção que, tal como a Profecia dizia, era capaz de controlar o Bem e o Mal do Mundo. Seu velho instinto protetor de Anjo da Guarda temia pelo futuro do filho, apesar de tudo estar na maior paz há mais de 9 anos.
Patch elevou o olhar de novo para o horizonte e respondeu ao filho.

-Há de ficar.

-O que os homens da minha vida tanto conversam? - Nora perguntou divertida.

-Vem brincar comigo, Sauvadô. - Kate o chamou em seu dialeto de criança de 3 anos.

O garoto sorriu e agarrou a menina pela mão, a levando para o meio do estúdio e a rodopiando enquanto ela tentava se colocar desajeitadamente na ponta dos pés.

-Está tudo bem? – Nora perguntou chegando perto de Patch que se levantou e a puxou para perto a envolvendo em seus braços.

-Sim, tudo perfeito, Anjo. – ele disse e a beijou nos lábios enquanto escutavam a risada do filho.

***

Quando chegaram em casa Salvador logo apagou depois de tanto brincar o dia todo. Patch o colocou na cama e beijou sua testa carinhosamente, todas as vezes que olhava para o filho se sentia tão incrivelmente sortudo... No fim das contas tinha dado tudo certo, e apesar do futuro ainda parecer meio incerto ele se concentrava apenas no presente e no quanto era feliz com sua família.

Ao voltar para a sala ele encontrou Nora sentada no sofá e ela sorriu ao vê-lo.

-Ele apagou né?! – ela perguntou se referindo ao filho.

-Sim e agora vai até amanhã. – Patch sorriu se sentando ao lado dela e a puxou para seu colo.

-Sabe, hoje em dia é até difícil de acreditar em tudo que passamos. – Nora sussurrou enquanto distraidamente acariciava os cabelos de Patch.

-Eu sei, já se passaram nove anos. – Patch sorriu acariciando o rosto dela.

Nora estava sentada de frente pra ele, suas pernas abraçando a cintura dele.

-Você se arrepende de algo? – ela perguntou.

-Como assim? – Patch a olhou confuso.

-De alguma decisão, de ter escolhido ficar aqui comigo...

-Ei... – ele a interrompeu. –É claro que não me arrependo de nada, porque essa pergunta agora?

-Sei lá. – ela riu e deu de ombros. –Às vezes fico insegura, você sempre vai ser perfeito demais pra mim, Patch.

-Não... – ele sorriu e a deitou no sofá com seu corpo cobrindo o dela. –Nós somos e sempre seremos perfeitos um para o outro, Anjo.

Nora sorriu com as palavras dele, era inexplicável como a cada dia que passava ela o amava mais e mais... Tudo que tinha acontecido em suas vidas, os perigos, o medo, estava tudo guardado em sua mente, ela nunca conseguiria se esquecer, mas aquilo não a afetava mais. Estar com Patch e seu filho a completava e deixava tão feliz que não sobrava espaço para mais nada.

Os anos tinham sido tranquilos, é claro que nem sempre perfeito, afinal pequenos problemas iam surgindo, mas até isso a deixava feliz porque eram problemas normais, coisas de casal, de família e eles sempre resolviam tudo. Depois das coisas que enfrentaram para ficarem juntos era como se nada mais pudesse afetá-los realmente.

É verdade que o futuro de seu filho a deixava um pouco temerosa, afinal ele foi uma parte essencial para que a Profecia tivesse sido concretizada e tudo desse certo. Mas tentava não pensar muito nisso, vivia um dia de cada vez e era feliz assim.

-O que foi? Ficou tão quietinha. – Patch perguntou observando a expressão pensativa de Nora.

-Nada. – ela deu de ombros. –Não é nada.

-Bom... –Patch se levantou agilmente e a agarrou segurando-a em seus braços.

-Patch! – Nora riu passando os braços ao redor do pescoço dele.

-O Salvador anda cobrando irmãozinhos sabia?! – Patch disse começando a caminhar em direção ao quarto deles e Nora sentiu um calafrio de prazer percorrer seu corpo com o olhar que ele lhe lançou.

-É mesmo? – ela sorriu aproximando o rosto do dele.

-Sim e acho que ele está certo, então temos que começar a trabalhar nisso, Anjo. – Patch sorriu e a beijou enquanto entrava no quarto.

Patch sempre veria Nora assim, como seu Anjo, afinal ela o salvou de tantas maneiras, ela lhe mostrou o amor e ele a amaria para sempre.

Nora fitou os olhos negros de Patch e sorriu. Aquela era a sua nova realidade, tê-lo para si sem restrições. E pensar que anos atrás o amor deles parecia quase impossível, mas, como um dia Nora leu num livro, algumas paixões estão predestinadas.

FIM