Comeback Of The Year escrita por kayjoy


Capítulo 3
Parte III




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Comeback of the year.

- Luka? – um garoto alto, louro e forte perguntou assim que avistou a garota, que ria de uma piada de Marcio.

- Derek. Oi – Luka respondeu, dando as costas para Marcio e abraçando Derek. Apenas um abraço, nada de beijo.

Fala sério, garota.

- Cara, você está tão, tão... – Derek procurava palavras, mas não encontrava. – Você... eu te amo.

- Oh, ahn. É... eu também. – Luka tentou fingir que não estava constrangida e de que o sorriso de Marcio não evaporou de seu rosto ao ouvir essas palavras.

O negócio é que Luka e Derek namoravam há muito tempo. O namoro começou oficialmente no aniversário de 14 anos de Derek. Mesmo que ainda estivessem no ensino fundamental eles faziam planos de se casar no Havaí, que nem Kurt Cobain e Courtney Love (mas sem as drogas e suicídio), passar a lua de mel em um bangalô no Taiti, ter uma filha de cachos perfeitos que soubesse soletrar o alfabeto em mandarim e um cachorro adestrado que ganhasse competições. Mas isso foi antes da viagem inesperada de Luka para a Europa. Era a primeira vez que elas se viam há muito tempo e as coisas estavam meio estranhas.

- Então, como foi a viagem? – Derek prosseguiu com a conversa.

- Foi boa.

- E Portugal?

- Foi bom. Tipo assim, foi uma merda, mas... foi bom.

- É. Isso é estranho.

- Totalmente... – a garota disse sorrindo. – Quer dizer, a gente não se fala a tanto tempo e... nem sei se...

- Se? – Derek interrompeu.

- Quer saber? Eu fiquei aqui falando com o Marcio. – Luka olhou para trás, procurando Marcio, mas ele já tinha voltado para a companhia da namorada. – Bem, eu ainda nem falei com o resto da galera. É falta de educação então, melhor a gente... voltar para lá e... você sabe.

Os dois deram as mãos e voltaram para o canto da sala, onde as pessoas que não viam Luka Linard há dois anos esperavam curiosas para saber tudo sobre o tempo passado na Europa. Ora pois pois, será que ficariam desapontados ao saber que o sotaque carioca de Luka permanecia intacto e que ela não adotou nenhuma dessas gírias portuguesas estranhas que a gente lê nos livrinhos de piada? Talvez até duvidassem que a garota tivesse passado o tempo em Portugal e começassem a pensar que ela esteve realmente escondida em algum lugar sinistro em Porto Alegre.

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Ciúmes? Talvez.

Ana já estava no terceiro copo de whisky e bebia cada vez mais rápido enquanto observava Luka cercada de garotos e garotas que escutavam atentamente a cada palavra dita por ela. Luka sempre soube transformar coisas simples em um espetáculo. Ana corria os olhos de Luka para Derek, que se beijavam de cinco em cinco minutos. Era tão nojento ver seu irmão e aquela menininha pseudo-nerd-rockstar-inocente se agarrando. Quer dizer, ela bem sabia o que seu irmão tinha aprontado durante a ausência da namorada, mas não podia dizer nada ou seria acusada de ter ciúmes.

Houve uma época da vida dela que ela realmente aprovou o namoro dos dois, mas essa fase passou quando eles completaram um ano de namoro e ela percebeu que talvez aquela menina metida fosse ser sua cunhada para o resto da vida. Não é como se Luka fosse a garota mais metida da face da terra, - essa vaga era preenchida por Alexandrea, outra amiga de Ana - mas tinha algo em Luka que a irritava. Como ela ficou feliz quando soube que Luka “Louca” Linard ia se mudar para bem longe e como ela ficou triste ao saber que nem por isso Derek ia terminar com ela. Fazer o que? Ela tinha que agüentar o namoro dos dois e pronto. Mesmo sabendo de alguns detalhes sórdidos que provavelmente abalariam a paixonite aguda dos dois. Seu pai tinha ensinado ela a guardar os trunfos para um momento especial, para que causassem mais impacto.

Marcio se aproximou de Ana e segurou sua mão, como numa forma de pedir desculpas. Ana não tinha o que fazer além de segurar a mão do namorado e sorrir. Ela tentava se enganar de que aquele gesto era ela dizendo para ele: “Querido, eu te amo, não importa o que aconteça.” quando na verdade ela só estava dizendo “Oh amor, pode ficar se atirando para qualquer rabo de saia que apareça. Não importa quantas você leve para cama: No fim do dia você sempre terá minha cama kingsize para se deitar.”. Marcio era bonito e suas amigas sentiam inveja dela. Qual o problema dele ser, tipo assim, um pouquinho apaixonado por outra garota? Ela estava prestes a ficar na ponta do pé e roubar um beijo dele quando ele estremeceu discretamente. Ana parou no meio do ato e virou furiosa para Luka. A garota tinha jogado os cabelos de um lado para o outro e isso tinha mexido com Marcio. No filme da vida de Ana, Luka teria prendido o cabelo na bola de chiclete que Ju estourava e ia ter que raspar a cabeça todinha porque nenhum cabeleireiro ia conseguir tirar a maçaroca rosa do cabelo dela. Mas eles não estavam em um filme, e no momento Ana nem sequer era a protagonista do enredo.

- Se você quiser ir lá falar com ela, pode ir. Eu não me importo – disse Ana, querendo bancar a boa namorada.

- Aninha, do que você ta falando? – Marcio perguntou, parecendo genuinamente confuso.

- Eu to vendo como você está olhando para ela desde que ela chegou. Só porque sou loura não quer dizer que eu seja idiota.

- Eu não tava olhando para ninguém. – Marcio puxou Ana para perto dele e roubou um beijo. – Você sabe que eu só tenho olhos para você. Você ta é com ciúmes.

- Ciúmes? Talvez. Mas você deve ter me dado motivo para isso.

Ana deu as costas para o namorado e foi em direção a sala, pegando uma taça de Blue Sky Martini da bandeja de um garçom no caminho.


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Notas finais do capítulo

sorry a falta de updates, mas agora eu volto de vez ;)