And it was all yellow.

Luka Linard estava parada perto da porta, sorrindo para as pessoas que passavam e sorriam para ela. Era o que ela sabia fazer melhor: arrancar sorrisos dos outros. E era a primeira vez em muito tempo que ela recebia tamanha simpatia e estava finalmente em casa.

Luka tinha passado os últimos dois anos na Europa, e estava muito diferente de como todos se lembravam. Parecia que não via o Sol há muito tempo, e seus cabelos castanhos ondulados estavam alisados, caiam até a cintura e estavam mais escuros do que o normal. Ela também parecia mais magra, mas podia ser apenas efeito do seu vestidinho tomara-que-caia amarelo curto, moda do verão. Ela olhou em volta e avistou Marcio, acenando e sorrindo. Marcio pareceu esquecer que tinha a namorada ao lado e foi correndo em direção a garota, esbarrando nas pessoas velhas que conversavam com pessoas mais velhas ainda.

O queixo de Ana foi ao chão. Ela tinha reais esperanças de que depois de tanto tempo Marcio ia esquecer de olhar para Luka daquele jeito, com aquele olhar que ele guardava só para ela. Ana se irritava com isso, mas como uma boa namorada, fingia que nada estava acontecendo. Era inaceitável deixar os outros perceberem que ela tinha ciúmes da garota.

- Acho que afinal ela veio... – Bia se divertia com a cena. É claro que Bianca Lotti era uma das melhores amigas de Ana. Elas eram inseparáveis desde que Ana foi estudar na escola dela, na quinta série. Mas isso não significava que ela não gostasse de ver a amiga sofrer um pouco.

- É, veio. – Ana ia atravessar a sala, em direção ao bar, mas Bia a segurou pelo braço.

- Se você passar por lá agora, ele vai achar que você ta com ciúme e quer ouvir sobre o que eles tão falando. Fica aqui, pode beber do meu copo – disse Bia, entregando o copo de whisky, que já estava pela metade, para Ana.

Ana bebeu tudo de uma vez. Luka tinha voltado e isso significava que ela tinha que ficar muito, mas muito bêbada, para agüentar a situação. Seus pais não se importavam, ela já tinha 16 anos e podia beber o quanto quisesse desde que não os envergonhassem na frente dos colegas de trabalho.

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Por favor, mantenha suas mãos afastadas de Marcio Cabral.

- Por que você não vai lá e diz para aquela vadia largar seu namorado? – propôs Ju, a amiga mais loura que alguém poderia ter.

July Terranova não era considerada muito loura por ser burra, mas sim por ser a garota mais platinada em qualquer lugar que fosse. Quando nova, seus cabelos eram louros naturais, mas não demorou muito para ela descobrir o milagre da descoloração capilar. A mãe de Ju era uma colunista social e seu pai era empresário, e ela tirava proveito do seu status para fazer tudo o que quisesse.

- Está louca? Aí que ela não vai largar mesmo. Garotas adoram um desafio. – Bia aconselhava Ana.

- Garotos também – disse Josh, se metendo na conversa.

Josh, de 20 anos, era o irmão mais velho de Ana, e talvez o mais diferente de todos. Enquanto seus irmãos eram louros, de pele clara e olhos azuis, Josh Rich tinha a pele morena, olhos escuros e o rosto mais deliciosamente exótico e gostoso que você poderia encontrar no bairro. E os lábios... que lábios! Ele parecia uma versão mais máscula e sexy de Joe Jonas. Ele seria perfeito, se não fossem dois grandes probleminhas. Não, ele não era gay, muito pelo contrário, mas vamos falar sobre isso mais tarde.

- Gente, shut up! Não pedi a opinião de vocês. – Ana estava ficando irritada, não se sabe se pelo grupinho que tinha se juntado na sala para assistir Luka e Marcio conversando e rindo ou pelo simples fato de Luka e Marcio estarem conversando e rindo. E será que eles estavam... Sim, eles estavam. Marcio segurava a mão de Luka, entrelaçando os seus dedos, enquanto a menina ria timidamente. Ana, assim como todos na sala, tentava apurar os ouvidos para escutar a conversa, mas era impossível. A única coisa que se ouvia era o bater de copos e ruído habitual de festa. Ana tinha que fazer alguma coisa, imediatamente. – Alguém viu Derek? Acho que ele devia saber que a namoradinha dele chegou... agora!

Josh tirou o celular do bolso, apagou o cigarro que tinha na boca e discou o número do irmão. Ele não demorou muito para atender, então Josh explicou a situação e desligou o telefone.

- Olha para ela. Acabou de chegar e já... ah como eu queria que ela mantivesse as mãos dela longe do meu namorado – Ana bufou e olhou para os dois novamente, assim como todos que estavam ouvindo.