It’s Kay Joy, again.

Advertência: todos os nomes verdadeiros de lugares, pessoas e fatos foram abreviados para proteger os inocentes. Quer dizer, eu.

Bem-vindos ao bairro mais chique do Rio de Janeiro, onde eu e todos os meus amigos moramos em apartamentos enormes e fabulosos, e freqüentamos escolas particulares exclusivas. Nem sempre somos as pessoas mais legais do mundo, mas compensamos isso na aparência e no bom gosto.

O verão está chegando. É a estação favorita da cidade e a minha também. As férias, doces férias. Meninos de sunga andando pela orla, garotas bronzeadas comparando marcas de biquíni. E o Carnaval. Em todos os lugares do mundo o Carnaval dura 8 dias, mas no Brasil nós somos famosos pelos 40 dias de Carnaval. E isso só significa uma coisa: problemas. É a época em que fazemos tudo o que queremos e não queremos; bebemos, caímos e levantamos; beijamos todas as pessoas que não beijamos durante todo o ano; dançamos seminus com nossos corpos suados em blocos de rua; e encontramos nossos amigos na praia à noite, em Copacabana. Ah, como eu amo o Carnaval.

E esse prometia ser o melhor de muito tempo.

Xoxo,

Kay Joy

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Cobertura e Coberturas.

Ana Rich olhava as pessoas que passavam, pela varanda da cobertura de R$ 9.000.000 que seus pais possuíam, no Les Résidence de Monaco. Nessa época do ano, a água da praia costuma estar calma, mas naquela noite estava tão agitada que a garota podia ver a espuma das ondas se chocando contra a areia. Seus pais estavam dando a famosa festa do começo de Fevereiro que eles davam todos os anos, sem exceção. Todas as pessoas decentes e empresários famosos eram convidados para comer da comida mais chique, cozinhada pelos chefes mais caros que o dinheiro poderia comprar. Dinheiro não era um problema para Ana e seus três irmãos. Isso eles tinham de sobra.

- Terra chamando Ana! Honey, tudo bem com você? – Bia perguntou enquanto puxava os cabelos louros da amiga de leve. – Ainda pensando naquilo?

- Não, estava pensando em outra coisa – mentiu Ana. – Você viu o Marcio por aí?

Marcio Cabral era o namoradinho de Ana. Ele costumava viver atrás dela durante as aulas, mas sempre que iam a uma festa ele preferia ficar com os amigos. Isso não irritava Ana, para ela o que importava era ter um namorado bonito para exibir as amigas e que soubesse um pouco de cultura geral para conversar com seu pai.

- Não... acho que está com seu irmão, no play – Bia respondeu e levou o copo de whisky à boca, bebendo um grande gole. – Mas eu não estou afim de ir até lá. Seu irmão falou alguma coisa? Ela vem?

- Bianca, eu não me importo com isso, sacou? – Ana cruzou os braços e voltou a olhar lá para baixo. – Droga, cadê o Marcio?

Ana abriu sua bolsinha Lois Vitton e pegou seu Nextel, tentando passar um rádio para Marcio, mas ele tinha desligado seu aparelho.

- Droga, droga, droga! – repetiu Ana.

- Droga o que? – Marcio havia chegado na sala, e abraçava Ana pelas costas. Ele fez aquela cara que sabia que fazia Ana derreter. Enrugava a testa e sacudia os cabelos cacheados, fazendo seus olhos verdes brilharem. – Desculpa a demora, mas o Josh me segurou lá em baixo. Não pense que eu te esqueci aqui.

- Não pensei nada – Ana respondeu, mas antes que pudesse continuar a frase foi interrompida, não pelas palavras de Marcio, mas pelo seu olhar. Ele olhava fixamente para a direção oposta. Ela seguiu a linha de visão de Marcio e a viu. Sim, ela tinha chegado, e mais cedo do que era esperado.