Comecei a salivar tanto que fui obrigada a correr do banheiro e ir direto pegar uma fruta. A fome não passava e o sinal já tinha batido, todos tinham reparado. As mensagens no meu celular não paravam:

“Reneesme o que aconteceu?”

Eu estava ficando louca, era muita informação no mesmo dia. Eu tinha que me concentrar, não sabia se meus familiares desconfiavam de alguma coisa. Eu tinha que sair da escola, eu parecia ter mexido com drogas, de tão extasiada que estava. Não conseguia pensar direito com a minha fome, eu tinha que caçar.

Andei pela escola inteira e senti o cheiro novamente, era terrível, eu não conseguia me controlar, nenhum sangue humano me atraiu tanto, eu fui sendo levada pelo meu lado vampira. Até que eu encontrei.

Ao entrar na sala de artes do 2º ano, eu o vi. Ele era lindo, perfeito, maravilhoso, não existe palavras para descrevê-lo. Ele estava pintando, perfeitamente claro, os detalhes eram muito nítidos. Ele pintava uma mulher ruiva, a pintura era um pouco abstrata, difícil encontrar sua feição, mas seus detalhes eram visíveis. Ele pintava com certa delicadeza, difícil de ser encontrada em algum quadro.

O professor interrompeu meus pensamentos bruscamente:

“Você está bem atrasada mocinha.”

Eu nem daquela aula era, mas tudo bem, qualquer coisa para conhecer ‘ele’.

“Me desculpe professor.”

“Não tem problemas. É a sua primeira aula, não é Gabriela Sinds?”

“É sim, professor.” Me desculpe Gabriela é por uma boa causa.

“Fique com a tela perto de Russeau.”

Eu consegui, fiquei perto dele. Muito obrigada professor!

Russeau estava muito concentrado na sua obra, nem olhou para mim. Mas eu tinha uma idéia, eu iria derrubar minhas coisas nele. Desse jeito ele tinha que me notar.

Quando bateu o sinal eu ‘sem querer’ esbarrei nele, ele não falou nada, simplesmente se abaixou para pegar as coisas que tinham caído. E quando nos olhamos foi mágico, algo em mim se modificou, meus olhos estavam pretos igual à nanquim e os dele eram puro azul oceano. Meu coração acelerou e o dele também, nós ficamos extasiados um com o outro. Ele conseguiu quebrar o gelo:

“Prazer, meu nome é Nathan.”

Ele tinha um sotaque britânico lindo, mas seu sobrenome era francês, não era?!?

“P-Prazer, Reneesme.” Não acreditava que eu tinha gaguejado.

Ele abriu um sorriso maravilhoso, e riu.

“O que?” Eu perguntei curiosa.

“Você não era a Gabriela?”

“Pensei que você não estava prestando atenção.” Dei uma risadinha sem graça.

“Eu entendo, ele me chamou no primeiro dia de Antonio Romeo, em vez de Nathan Russeau. Então, nós não nos conhecemos?”

“Não, com certeza não. Eu lembraria. - É REALMENTE eu me lembraria. -  Você é novo não é?”

“Sim, eu vim da Inglaterra para cá á mais ou menos 2 meses. Comecei semana passada nessa escola.”

“Há entendi.”

“E você já é veterana?”

“Ah, não. Eu entrei o ano passado.”

“E tem alguma dica para mim?”

“Fique longe da professora Silvanna, ela é muito tarada.”

Nós demos risada e logo fomos interrompidos, como sempre. Jacob parou na nossa frente e foi super grosso.

“Reneesme onde você estava?”

“É...”

“Ela tava comigo algum problema?”

Jacob começou a tremer, e eu pensei que ele ia se transformar no meio do corredor.