Quando cheguei em casa minha mãe estava na cozinha preparando alguma coisa para comermos.

 – Oi querida. – disse ela vindo em minha direção.

 – Oi mãe. – falei sentando no sofá.

 – Onde estava? – ela me perguntou sentando ao meu lado.

 – Fui ver se conseguia alguma coisa. – disse me esticando no sofá. Quando disse isso minha mãe fez uma careta.

 – Querida... Não precisa fazer isso. Eu vou conseguir alguma coisa logo. – disse ela tocando em meu rosto com suas mãos cheirando a cebola. Eu ri.

 – Precisa sim mãe e você sabe disso. – falei a ela me levantando. Ela também se levantou indo para a cozinha e eu subi para tomar meu banho. Estava morta e uma ducha iria cair muito bem.

  Depois de sair do banho coloquei meu pijama preferido e desci para jantar. Quando cheguei na sala encontrei Diego sentando no sofá com um monte de livros no colo.

 – O que ta fazendo aqui? – perguntei surpresa me aproximando dele.

 – Ele veio jantar conosco e estudar com você querida. – disse minha mãe saindo da cozinha. Ela estava com um sorriso de uma ponta a outra. – Que bom que apareceu para estudar Diego! É tão bom ver que minha filhinha está tomando o rumo certo... Ah! Eu rezei tanto para que isso acontecesse. – disse minha mãe levando as mãos aos céus em agradecimento.

 – Mas...

 – Mas nada mocinha! Eu preciso de ajuda e você sabe de tudo. – disse ele ficando ao meu lado. Eu estava completamente perdida. Desde quando eu sabia de alguma coisa? E que papo era aquele de estudar? Isso não estava me cheirando nada bem.

  Minha mãe voltou para a cozinha para terminar o jantar nos deixando a sós.

 – O que? Que papo é esse de estudar? E qual é a desses livros todos? E você? Precisando da minha ajuda? Sabe que eu não sei de nada! – exclamei me sentando no sofá. Ele me acompanhou.

 – Por enquanto. – disse ele sorrindo com malicia.

 – O que quer dizer Diego? – perguntei um pouco mais alarmada. Ele apenas sorria.

 – Quero dizer que vou te transforma na garota mais inteligente da escola! – falou ele rindo como se aquilo fosse piada... E só poderia ser mesmo.

 – O que? Ta ficando maluco? Dãm... Eu sou a garota mais rebelde da escola! – Eu parei de falar e foi ai que caiu a fixa. – Não acredito! Isso tudo faz parte do plano de Cindy! Não é? – perguntei o encarando com raiva. Ele tentou segurar o riso.

 – A janta ta pronta! – gritou minha mãe da cozinha quando Diego ia abrir a boca para falar alguma coisa. Ele se levantou e me arrastou para a cozinha sem dizer nenhuma palavra.

 – Eu fiz uma pizza com muita cebola pra você... – disse minha mãe olhando para mim. Pelo menos dessa vez, ela tinha acertado. – E uma pizza com muito bacon pra você. – disse ela sorrindo para Diego, que retribuiu com um sorriso.

  Depois que devoramos a pizza tomando coca minha mãe me deixou a tarefa de lavar e louça enquanto ela tomava um banho. Era uma boa hora para atacar Diego.

 – Desde quando você é cúmplice da paty? – perguntei assim que minha mãe saiu da cozinha.

 – Por quê? Ta com ciúmes? – perguntou ele rindo. Eu o fuzilei com os olhos e fechei a cara. – Eu não sou cúmplice de ninguém, só acho que você deveria mesmo estudar... Talvez você ganhe alguma coisa com isso. – disse ele com segundas intenções. Ele queria mesmo que eu entrasse naquele jogo de ser a professora de Matheus.

 – Já disse a Cindy e vou repetir para você... Não vou estudar nada e nem ser nada de ninguém! Matheus vai encontrar uma professora bem melhor do que eu. – disse começando a lavar os pratos.

 – Oun... A garota rebelde ficou com raivinha foi? – disse ele sendo brincalhão. Eu não consegui segurar o riso e acabei jogando água nele de propósito. – Há é assim é? – disse ele pegando a esponja cheia de sabão. – Você é que pediu. – disse ele me melando com espuma. Só bastou isso para que uma baderna se fizesse na cozinha. Era água é espuma para todo o lado.

 – O que é isso meninos? – perguntou minha mãe enrolada em um roupão e com uma toalha na cabeça. Eu e Diego estavamos sentados no chão cheios de espuma junto com todo o chão da cozinha. Nós continuamos rindo. – Subam agora e vão se trocar! Vocês precisam estudar, enquanto eu arrumo esse bagunça. – mandou ela. Eu revirei os olhos e me levantei estendendo a mão pra Diego.

 – Precisa de ajuda madame? – perguntei brincando, mas na mesma hora o rosto feliz de Diego se transformou em tristeza.

  Diego vestiu uma de suas roupas que estavam lá em casa depois de tomar um banho. Eu nunca tinha visto meu amigo como homem e nem conseguiria. Ele iria sempre ser meu irmãzinho. Eu também coloquei outro pijama. Nós carregamos a pilha de livros para o meu quarto e ficamos deitados na cama com a cabeça de Diego em meu colo. Eu passei a mão em seus cabelos lisos e molhados.

 – Sabe que eu amo você, não é? – perguntei. Ele abriu os olhos me encarando.

 – Sei. – disse ele levantado uma sobrancelha, confuso.

 – E sabe também que pode me contar tudo o que quiser, não sabe? – Ele pareceu ainda mais confuso e curioso.

 – Claro que sei. – disse ele levantando a cabeça do meu colo.

 – Então... O que está acontecendo? – perguntei a ele calmamente.

 – Não é nada. Você que ver as coisas onde não tem. – Ele tentou se defender, mas eu o conhecia muito bem, mesmo estando um pouco longe dele esses dias. Ele percebeu que não conseguiria me enganar. – Tudo bem. – falou ele suspirando. – É só que algumas coisas não estão saindo como o esperado. Lembra que eu te contei que estava saindo com um carinha? – Balancei a cabeça confirmando. Eu não tinha nem chegado a conhecer o tal. – Pois é... Ele me largou sem dá uma explicação e eu estava... Gostando dele. Eu andava meio abatido e tudo piorou quando eu o vi com uma garota. Eles estavam literalmente se beijando! – disse ele deixando uma lacrima cair. Que tipo de amiga eu era? Meu melhor amigo, meu irmão passando por tudo isso e eu só me preocupando em... Argh... Em seguir um plano idiota de conquistar o Matheus.

 – Vai ficar tudo bem. Eu prometo! – disse abraçando-o. Ele começou a chorar com vontade.

 – E isso nem é *Snif* o pior. Meu pai quer que eu namore com uma garota riquinha filha de um dos seus sócios! – disse ele se acabando de chorar.

 – O que? Eu não vou deixar isso acontecer! Não mesmo. Nem que pra isso eu precise me fingir ser sua namorada. – disse rindo sem humor.

 – Ain amiga! Você é P.E.R.F.E.I.T. A!  Sem você eu morreria. – disse ele mais calmo. – Nem sei como vou contar pro meu pai que o filhinho dele não é o que ele pensar. – Ele abaixou o rosto envergonhado.

 – Vamos dá um jeito! – disse levantando sua cabeça. Ele sorriu.

 – Você me ama não é amiga? – perguntou ele depois de alguns minutos em silêncio. Eu sabia que ele queria alguma coisa.

– Lá vem. – disse dando uma tapinha de leve em sua testa. – Desembucha. O que você quer que eu faça? – perguntei rindo, ele também sorriu.

 – Affs... Você acha que eu to fazendo chantagem é? Que coisa horrível você pensar assim do seu melhor amigo! – disse ele fazendo bico. – Tudo bem! Eu quero que você estude e passe naquela prova! – exclamou ele com um sorriso radiante.

 – De novo essa conversa. – disse fazendo birra.

 – É de novo. Cindy me contou tudo e pediu minha ajuda. Eu acho mesmo que você deveria fazer isso. Vai provar pra você mesma que consegui e também vai ajudar sua mãe... Você não me contou, mas eu já estou sabendo! Quero que saiba que sempre pode contar comigo. – disse ele me abraçando.

 – Desculpa por não ter ti contado. – disse com voz melancólica.

 – Não tem problema, mas, a parti de hoje, você vai me contar tudo! – falou ele passando as mãos em meus cabelos. – E vai começar a estudar! Porque você vai ser a professora de reforço daquele babaca! – disse Diego rindo.

 – Eu vou pensar... – disse tacando um travesseiro nele.

 – Guerra de travesseiros! – gritou ele. Cada um pegou um travesseiro e subiu em cima da cama arremessando os travesseiros um no outro, mas rapidamente nos cansamos e acabamos apagando.