Acordei com uma borboleta em minha janela. Não sei se foi por coincidência, mas parece que estava ali por algum motivo em especial. Continuei deitada e tornei a fita-la.

Veio a minha cabeça como um pequeno inseto pode se tão bonito. Suas cores eram tão leves, e tão simples. Que combinavam com o ritmo de suas asas, lentas; mas ligeiras.

Levantei-me e caminhei ate janela. Chequei a paisagem e tudo parecia estar em ordem. O alvorecer estava se completando, e como sempre em Konoha tudo parece especial demais, tornando os dias sempre diferentes. Logo procurei o que tanto ansiava ver. Crianças. Sim gosto de ver como o futuro se comporta indo para academia. Alguns olhavam para a minha janela e acenavam timidamente.

É simplesmente prazeroso.

Ao lado da janela em cima da cômoda vejo porta - retratos. Todos servindo de imã para poeira, até parecia que lembranças tentavam ser esquecidas.

 Impossível.

Dentre tantas fotos lá estava a que mais me irritava. Nela estava o Sandaime, Orochimaru, Jiraya e eu. Bem, aquela foto não era a das melhores, mas me trazia recordações boas. Todas muito especiais, e algumas bem tristes.

Ele era tão jovem.

Nos éramos tão jovens.

E naquele tempo, as perdas foram tantas para ambos. Que não tivemos tempo para pensar, mas continuamos com as nossas vidas, e como os nossos orgulhos.

Durante tantos devaneios como esse, pensei em colocar os meus verdadeiros sentimentos, mas eu fui covarde. Eu demorei demais. E a vida o levou.

Percebi o tempo que fiquei pensando, pela altura do sol. Ele já estava a vista, logo Shizune viria bater em minha porta.

Mas não, dessa vez ela só empurrou a porta chamando o meu nome baixinho.

 - Tsunade-sama?- chamou ela se contendo.

 - O que quer?

 - Bem, tenho uma carta pessoal para você. – disse ela entrando. – O carteiro disse que fora extraviada, por isso não sabe da onde, e de quando é.

Olhei para ela, não estava afim. Mas ao observar o envelope algo me dizia que deveria abri-la, mesmo não tendo noticias boas.

 - O.K.  – disse de má vontade – Me dê a carta.

 - Aqui está. – disse Shizune apressadamente.

Ela saiu e me deixou sozinha novamente, só que dessa vez com uma curiosidade e dor ao mesmo tempo. Tentei me mexer, mas fora em vão. Parecia que o meu corpo estava paralisado, mas no mesmo segundo me bateu um sentimento de desespero e esperança.

Aquilo tomou conta de mim. Abri a carta com cuidado para não rasgar e quando li as primeiras palavras às lagrimas tomaram conta de mim.

‘’Para Tsunade peituda.

Olá, nem nessas horas consigo ser romântico. Neste momento estou perto do meu destino, e sei que não vou voltar, só com muita sorte. (risos)

Eu sei que você me disse que era perigoso, mas é como eu lhe falei. Nós velhos devemos dar o exemplo para a geração futura. Perdoe-me por não voltar vivo, mas eu tinha que fazer isso.

Resolvi escrever está carta para você, porque não fui homem suficiente para lhe dizer sobre os meus verdadeiros sentimentos; naquela tarde em que parti. E também porque você não sai da minha cabeça.

Lembro-me de como você é bonita. (até mesmo sem o seu jutsu)

E de como é brava, talvez agora você esteja a ponto de querer me matar. Mas não me arrependo de nada em minha vida. E sei que você também não.

Eu não poderia morrer com estes sentimentos que me mantem vivo, eu não poderia partir sem dizer o que realmente sinto.

Tsunade, você por muito tempo era parte do meu sonho. Você sempre foi o meu sonho.

Perdoe-me novamente por estás palavras.

Você se lembra da ultima conversa que tivemos em que disse que sou grato a você, porque a rejeição deixa um homem mais forte? Bem, sou grato a você sim, mas a sua rejeição me fez se apaixonar mais por você, só por você.

Sei que seu coração sempre foi do Dan, mas o amor nunca é do jeito que queremos. Nada é perfeito. Agora mesmo queria estar ao seu lado, mas sei que o mais perto que poderia ficar seria de um soco.

Mas Tsunade o meu amor por você nunca irá morrer. Sinceramente ele irá sobreviver por qualquer coisa. Até a morte.

Gostaria de ter visto você só mais uma vez.

Você sempre esteve ao meu lado, do seu jeito, mas esteve.

Você sempre foi a minha melhor amiga.

Tsunade eu te amo.

Me perdoe (novamente)

Mas te amar foi oque fiz em minha vida e como disse não me arrependo.

Amar você, sempre foi o meu respirar.

Não ligo que seu coração pertença outro. Mas como disse, não poderia morrer assim.

Quantas vezes o meu coração doeu por pensar em ti. Em minhas novelas sempre fazia uma personagem que se parecia com ti.

Tão brava.

Tão doce.

Tão... perfeita.

Em que o mocinho nunca conseguia conquistar o coração da linda donzela.

Tsunade Eu Te Amo.

E sei que o meu amor por você irá sobreviver até outra vida. Eu sei que será por ti.

Jiraya.’’

Olhei a carta.

Fiquei muda, paralisada e simplesmente tocada.

Sempre o amei, mas como amigo. Ele esteve sempre ao meu lado.

Incentivando-me.

Apoiando-me.

Caminhei ate a janela novamente. E a única coisa que pude ver foi o sol. Mais um dia estava correndo, mais um dia sem eles.

Sem meu irmão, Nawaki.

Sem meu amor, Dan.

E sem a minha vida, Jiraya.

Olhei a carta novamente e criei esperanças.

Criei esperanças de encontra-lo em outra vida. E dizer aquelas palavrinhas que às vezes saem com uma lagrima.

 - Eu te amo.