Ojesed escrita por Hayley_Voorhees


Capítulo 1
Your Real Life is Tragic




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Primeiro Capítulo.
Você construiu um mundo de mágica, porque sua vida real é trágica. - Paramore.

"Avada Kedavra."

A voz fria de Voldemort seguido da visão do corpo de Harry caindo lentamente diante do adversário ainda causavam náuseas em Draco, que tinha sido obrigado a assistir o acontecimento de perto. Ver os olhos verdes - antes tão lindos - do moreno apagados iria acompanhá-lo para sempre.

Já fazia uma semana que o imponente castelo de Hogwarts havia sido tomado e o loiro passava a maior parte de seu tempo trancado no quarto, sem força de vontade o suficiente para manter a máscara fria diante daquele que matara a pessoa que ele mais... Afinal, o que Harry era pra ele? Um eterno rival? A pessoa que Draco mais odiava na vida?

Oh, bem, isso era o que todos achavam. A qualidade que os Malfoy mais prezavam era a capacidade de esconder sentimentos e Harry Potter, desde o primeiro momento, fora o maior desafio da vida de Draco.

Ele não saberia dizer quando a diversão tornou-se obsessão, nem quando se tranformou em... amor. Sim, ele não precisava mais negar, tudo já tinha acabado, não é mesmo?

Tudo o que Draco sabia é que, por algum motivo, o Espelho de Ojesed apareceu ao lado de sua cama um dia e desde então ele ficava horas admirando a imagem refletida, como um pintor observando sua mais brilhante obra de arte.

Apesar de ter lido vários livros sobre ele na mansão Malfoy, Draco sinceramente duvidava dos enormes efeitos causados por ele nos bruxos. Em sua opinião, apenas magos de mente fraca sucumbiam à uma ilusão, mas ele mesmo se encontrava sucumbindo ao que mais desejava na vida, mesmo sabendo que é impossível de se realizar.

'Não mostro o seu rosto mas o desejo em seu coração' a frase na parte de cima do espelho, escrita de trás para frente tal como seu nome, sempre despertaram a curiosidade cautelosa dele. Afinal, não era um Gryffindor implusivo, aprendera desde cedo que certas coisas eram melhores no escuro. E saber os próprios desejos nunca era bom, dava a oportunidade à outros de saberem-o.

Tinha que admitir que o espelho, por si só, era um belo objeto de decoração. Quer dizer, se você descontasse o fato dele, possivelmente, deixar sua visita completamente maluca.

Ele alcançava o teto, possuia uma moldura dourada e ficava apoiado sobre dois pés em forma de garra. Claro que parecia um tanto Gryffindor para seu gosto, mas tinha que admitir que aquela casa de manés tinha coisas legais também. Não que um dia chegasse aos pés dos Slytherins.

Suspirou pesadamente, tirando a capa que parecia pesar toneladas em seus ombros, e se acomodou de pernas cruzadas em cima da cama, nunca tirando os olhos do espelho. Os olhos desfocados de Draco admiravam-o sem nem perceber a aproximação de sua mãe, Narcisa Malfoy, que abria silenciosamente a porta do quarto do filho.

Ela estava preocupada, desde a tomada do colégio, Draco não fora mais o mesmo. Vivia trancado no quarto - exceto nas refeições, quando ela o obrigava a sair - e passara a ser mais quieto que de constume.

Tinha reparado o Ojesed ali, era impossível ignorá-lo, mas nunca pensou que Draco tivesse algum desejo tão grande ao ponto de fazê-lo perder a noção da realidade. Por Salazar, ele nem ao menos notara sua presença ao lado dele!

"Draco," lambeu o lábio inferior com o cuidado de não borrar o batom. "O que você vê?" perguntou, mesmo sabendo que - possivelmente - não seria respondida.

Para sua surpresa, ele virou-se, sem perder o olhar desfocado e sonhador. "Eu o vejo, mãe."

Narcisa franziu o cenho. "Quem, querido?"

O lábio inferior de Draco tremia, e parecia estar fazendo um esforço monumental para continuar olhando-a. "Eu vejo Harry Potter, mãe. No primeiro ano, quando nos encontramos na Madame Malkin. Ele está apertando minha mão, e nós estamos sorrindo."

Draco via muito mais do que isso, era como assistir sua vida - cortando todas as partes ruins - de camarote, sem poder vivê-la por mais que quisesse.

Ele os via na seleção de casas, sendo comprimentados por todos os Slytherins, sentados lado a lado fazendo comentários sobre os sangues-ruins imundos invandindo a escola como se fosse deles. Via-os dividindo as cestas caras de chocolate que ganhariam de 'Dia dos Namorados' e rindo junto dos pedidos de namoro ridículos...

A mão quente de sua mãe o tirou dos devaneios. "Vamos, meu amor, já está na hora do almoço. Nosso mestre quer todos reunidos, você sabe."

Suspirou profundamente acenando para ela. "Eu só vou tomar um banho rápido e já vou."

Acompanhou-a com os olhos até que a porta se fechasse e o som dos saltos em contato com o piso desaparecesse pelo corredor. Olhou para o espelho novamente, tentado a perder-se na fantasia ao invés de ouvir Voldemort vangloriando-se sobre como ele era o senhor supremo e que nada estaria em seu caminho.

Draco rolou os olhos, nem parecia que até algum tempo atrás ele roia as unhas cada vez que Harry arruinava seus planos.

Eu queria poder ver você mais uma vez, pensou acariciando o rosto sorridente do moreno que aparecia no espelho. e te dizer tudo o que eu nunca tive coragem.

Quase não teve tempo para se jogar para o lado quando uma ave em chamas passou raspando pela sua cabeça e pousou em cima do espelho, mirando-o com os olhos mais inteligentes que ele já vira em um animal. Reconheceu-a quase intantâneamente: Folks, a fênix de Dumbledore que ficou cantando do lado de fora do colégio quando o velho morreu.

Pensou ter visto a ave rolar os olhos, como se respondendo aos seus pensamentos.

O espelho foi coberto por um brilho vermelho, que pareceu acordar Draco do transe. Pulou da cama, disposto a salvar o objeto do que quer que a fênix planejava fazer. Não ia deixá-la levar a única coisa que o mantinha perto de Harry e da vida que ele sempre sonhou.

Escorregou no edredom caído no chão e se preparou para o impacto contra o vidro. Era irônico, ele percebeu, que iria destruí-lo enquanto tentava salvá-lo. Estava agindo como um maldito Gryffindor desastrado.

Folks abriu as asas, soltando uma nota aguda, e então Draco foi consumido pela escuridão.

Bem, pensou enquanto sentia o puxão no estômago semelhante ao de uma chave de portal. mais estranho do que já está, não fica.

Quisera ele saber como estava errado.


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