Naquela manhã de sábado, Die havia entrado no meu quarto para visar que receberíamos algumas visitas. Sem mais detalhes, eu não sabia muito bem como me comportar diante dos tal convidados.

Como eles iriam chegar à noite, eu teria tempo de sobra para poder escolher uma roupa. Não que isso importasse muito. Na verdade, importava sim.

Como toda manhã há exatos três anos, eu ia até o lago que ficava aos fundos da grande mansão em que eu e Die morávamos. Era um lago grande e fundo, de água negras. Então eu nadava. Como eu odiava qualquer tipo de roupa de banho, optava por nadar nua mesmo.

Vestida com meu curto vestido de seda preto, andei até a beirada do lago, colocando a ponta do meu dedão na água, para sentir se estava numa temperatura agradável. Tirei meu vestido, meu sutiã e minha calcinha, e mergulher. A água relativamente gelada fez com que eu tomasse um pequeno choque, mas logo passou.

Nadar era bom, me trazia paz. Modéstia parte, eu era ótima nadadora. Haviam alguns peixes no lago, que não se incomodavam nem um pouco com a minha presença em seu território.

Resolvi, então, mergulhar até o fundo do lago. Prendi a respiração ao máximo que pude, nadando rapidamente até o fundo. Olago deveria ter uns 10 metros de profundidade, mesmo assim eu consegui tocar o seu fundo.

Assim que consegui chegar até a margem, respirei o mais fundo e forte que eu podia. Quando olhe para trás, vi Die agachado na beira do lado, me encarando com o seu intimidante sorriso de lado. Assim que me viu, perguntou:

- Como está a água? 

Antes que eu pudesse responder, ele se jogou no lago, dando um mergulho perfeito. Em uns 5 segundos, ele estava na minha frente.

- Vejo que continua nadando assim, - Ele começou, passando uma mão de leve nas minhas costas. - Nua.

- Velhos hábitos nunca mudam. - Eu disse, sorrindo.

- Hm... - Ele murmurou. - Bom saber.

Então ele mergulhou outra vez, e eu fiquei o procurando na água. Senti sua respiração no meu pescoço, então logo deduzi que ele estava atrás de mim.

Sua boca ia de encontro com o meu pescoço, depositando um leve beijinho naquele lugar. Mas ele parou. Seus dedos tocaram de leve as cicatrizes que eu tinha nas costas.

- Nunca notei essas suas cicatrizes. - Ele disse, seus dedos deslizando por elas. 

- Nunca me viu nua. - Eu disse, como se fosse óbvio. - Tenho desde que nasci.

Die continuou passando os dedos nelas.

- Interessante. - Ele disse.

- O quê? - Perguntei.

Ele me fez virar-se para ele. Olhei em seus olhos, e aquele mesmo brilho da vez em que ele me disse que Miguel estava morto, apareceu.

Die passou uma mão em minha cintura, me puxando para mais perto dele. Sua outra mão envolveu meus cabelos, os puxando para trás, como na primeira vez em que eu o vi. Seu rosto estava inclinado para mim, me fitando quase que... deliciosamente.

Seus lábios estavam entreabertos, e ele se aproximava cada vez mais de mim. Eu podia sentir sua leve respiração bater em meu rosto. Meus olhos se fecharam automáticamente, esperando pelo momento em que seus lábios encontrariam os meus. Mas esse momento não chegou.

Assim que abri meus olhos, ele não estava mais lá. Me xinguei mentalmente por ser tão estúpida. Nadei até a beirada do lago e saí da água, pegando meu vestido e o colocando outra vez.

x-x

Eu estava usando uma saia preta e uma blusa da mesma cor. Adorava preto, combinava com tudo. Minhas sapatilhas eram vinho, de camurça. Meu cabelo estava solto, pendendo em perfeitos cachos nos meus ombros.

Die me chamou.

Não, ele não veio me chamar. Isso pode parecer estranho, mas eu meio que sabia quando ele me invocava para qualquer coisa. Era uma coisa mais mental, entende?

Bom, o fato era que eu podia escutar as vozes vindas do andar de baixo. Desci a longa escada, praticamente correndo.

Eram dois homens e uma mulher. 

O primeiro homem, mais alto, possuía longos cabelos louros. Seus olhos eram tão negros quanto a roupa que eu estava usando. Assim que me viu, um sorriso formou-se em seus lábios. O segundo era ruivo, e seus olhos eram verdes. Quando me viu, não esboçou expressão alguma. Apenas ficou me fitando profundamente. A mulher era linda. Alta e magra, tinha os cabelos de um tom vívido de verde. Ela tinha uma franja curta, e seus olhos eram cinzas. Usava uma roupa parecida com a minha, só que usava saltos vermelhos, ao invés de sapatilhas. Sorriu docemente ao me ver.

Dougie apareceu atrás de mim, colocando uma mão no meu ombro.

- An, esses são Marcus, Phillip e Rose.