Meu passado não foi um dos melhores. Cresci sem conhecer meu pai. Assim que nasci, ele abandonou minha mãe para sempre. Ele era mais velho que ela, e casado. Minha mãe era apenas mais uma podre menina iludida.

Minha mãe sempre cuidou de mim. Passavámos por dificuldades, mas assim que ela arrumou um emprego como secretária de um executivo numa empresa de grande porte, a situação começou a melhorar.

Mas minhas mãe tinha muitos problemas de saúde, o que a debilitava um pouco. Eu mandava ela ir ao médico, mas ele sempre dizia a mesma frase:

- Está tudo bem, An. Eu vou ficar tudo bem.

Até um dia que não ficou tudo bem.

Então, ela morreu. Exatamente há três anos atrás. Eu tinha 16 anos.

Quando conheci Dougie naquela festa, jamais imaginaria o que estaria esperando por mim. Ele me disse o que ele era, mas eu pensei que ele estivesse louco. 

Acontece que eu aprendi a acreditar nele, mesmo sem provas. Ele me disse que caiu, e que precisava encontrar uma coisa. Mas ele nunca me disse o que ele precisava encontrar, só me disse que era importante, e que eu deveria ajudá-lo.

Ele não é em todo mal, mesmo tendo me "sequestrado". Ele me ensina muitas coisas. Me ensina, por exemplo, a lutar. Ele disse que do lugar de onde ele vem há uma casta só para anjos guerreiros.

Além disso, ele é como uma biblioteca ambulante, para mim. Ele sabe de muita coisa, e não se importa de passar horas comigo na biblioteca, ensinando-me tudo.

Sei que seu nome verdadeiro não é Dougie, ele disse que não poderia me contar. Disse também que nomes de anjos não são pronunciáveis na língua humana.

Certa vez, perguntei a ele como eu poderia ajudá-lo a encontrar o que ele tanto procura. Ele apenas me disse:

- Se lembrando.