Era uma tarde calma de primavera. O vento soprava levemente os galhos da grande Sakura, levando algumas de suas belas flores ao chão, tingindo de rosa todo o vasto jardim. O sol brilhante começava a se pôr, iluminando o lugar com apenas alguns feixes de luz que embelezavam ainda mais a vista.

A pequena brincava alegremente correndo por todo o cenário observando atentamente cada movimento das flores e sorrindo ao sentir o vento em seu rosto:

   - Airi, não corra assim ou vai acabar caindo. – Advertiu sua doce mãe, porém a garota não pareceu escutar. Corria e rodopiava seguindo o vento e por fim acabou por tropeçar em uma pedra e cair no chão.

   Seu pai, que observava tudo abraçado à esposa, deu um leve sorriso com a cena, mas levantou-se preocupado ao perceber as lágrimas da filha. Miyavi correu até a garota, mas não havia machucado algum. Ele sorriu docemente enxugando o rosto de sua pequena:

   - Está tudo bem monstrinha... – Ele ria. - Foi só um pulo.

   “Minha amada, não chore, me mostre um sorriso.

Eu não disse que não gosto de ver essas lagrimas?”

   (Itoshii hito... nakanaide, warattemisete

namida ga mitakute "suki" tte ittan janain da yo?)

   As lagrimas não cessaram e o sorriso de Miyavi se foi. Ele abraçou a garota mantendo-a firme em seus braços como alguém que a protegeria de qualquer coisa:

   - Está tudo bem Airi. Já passou... O papai está aqui.

   “Minha amada, está tudo bem, você não está mais sozinha.

E quando você esta sozinha eu também me sinto sabia?”

   (Itoshii hito...daijoubu, sabishika nai deshou

datte anata ga sabishii toki, boku mo sabishii n da yo?)

   Miyavi pode ouvir um último soluço da menina, que então o abraçou com força enterrando o rosto em seu ombro. Melody se aproximou passando a mão pelos cabelos da filha e então beijando sua testa:

   - Vem me ajudar a cuidar da sua irmã?

   Airi levantou o rosto rapidamente com os olhos brilhando, apesar das bochechas ainda avermelhadas, e fez que sim com a cabeça. Miyavi e Melody sorriram juntos e foram até o quarto onde a sua caçulinha dormia. Melody tirou a pequena do berço com cuidado levando-a para perto de Airi, que fez questão de passar suas pequenas mãozinhas no rosto da irmã. Jewelie reclamou um pouco, mas só um pouco, pegando então uma mecha dos cabelos de Melody em sua pequena mão. A orgulhosa mãe sorriu com o ato, beijando gentilmente o rosto da filha. Airi imitou o gesto da mãe, beijando com cuidado sua irmãzinha caçula, fazendo ambos os pais sorrirem com o ato:

   - Hei Airi... – Melody chamou ainda sorrindo. – Vamos fazer uma sopa pra ela?

   - Vamos. – Disse a garota alegremente enquanto praticamente pulava do colo do pai. Miyavi a colocou no chão e então se virou para pegar a caçula que Melody o entregava.

   - Cuide dela, amor. Nós garotas vamos fazer o jantar. – Melody segurou a mão da filha e saiu para a cozinha.

   Miyavi sentou-se na poltrona perto do berço com a mais nova em seus braços. Não se cansava de olhar feito um bobo para o rosto da filha. Deu-lhe um beijo na testa sussurrando:

   - Eu te amo Jewelie. – E continuou com aquele sorriso bobo no rosto, olhando atentamente cada movimento da pequena.

   “Minha amada , não abra seus olhos ainda, certo !?

Desse jeito... desse jeito... apenas não durma.”

   (Itoshii hito...tojita me wa, mada akecha dame da kanne

sono mama...sono mama...tte necha dame dayo.)

   Miyavi estava tão distraído observando a filha que mal percebeu quando sua outra princesa entrou pela porta:

   - Papai! Aqui a sopinha da Jewelie. A mamãe disse pra gente dar pra maninha enquanto ela termina o jantar.

   O pai coruja apenas sorriu fazendo sinal pra que a filha chegasse mais perto. Colocou Jewelie sentada em sua perna direita, ainda apoiando suas costas com a mão enquanto colocava Airi sentada em sua outra perna:

   - Hei monstrinha... – Ele sorria enquanto balançava levemente a perna direita para que Jewelie abrisse os olhos. – Hora de acordar... O jantar está pronto.

   Jewelie abriu os olhos devagar se espreguiçando lentamente, arrancando algumas gargalhadas do pai e da irmã. Airi pegou logo a colher a enchendo de sopa:

   - Eu que vou dar pra ela papai. – Miyavi riu e certificou-se de que a sopa não estava quente.

   - Está bem monstrinha... Só não vai fazer bagunça hein. – Ele sabia que isso não era exatamente possível, mas não tinha importância. Miyavi adorava observar todas as bagunças da filha.

   Observava as duas pequenas em seus braços... Suas amadas filhas... Seu maior tesouro. Não importa como, Miyavi sempre faria qualquer coisa por elas.

   “Minha amada,

não é que " eu morreria por você ",

em vez disso decidi que eu vivo para você.

É claro, junto com você.

Agora e pra sempre.”

   (Itoshii hito,

anata no tame nara shineru ja nakute

anata no tame ni ikiru koto ni shita yo

mochiron anata mo goisho ni.

koko no saki mo, sono saki mo.)

   Imaginava como seria quando elas crescessem... Será que ainda o abraçariam e o chamariam de papai? Ainda poderiam sentar em seu colo? Ele sabia que não seria assim pra sempre. Não as teria sempre ao seu lado como gostaria, mas não importava. Ele estaria feliz enquanto elas fossem felizes.

   “Você pode até amar outra pessoa, que eu me contento com os restos.

Minha, minha amada”

   (motto anata aishite yarina yo, boku wa sono amatta bun de ii kara.

itoshii, itoshii hito)

   - Não Jew...

   Miyavi se desligou de seu transe ao ouvir a voz de Airi. Ela estava mesmo fazendo uma grande bagunça. Ambas já estavam bem sujas e Jewelie acabara de bater a mão sobre o prato, espalhando ainda mais sopa sobre a mais velha. Miyavi observou a cena por alguns segundos antes de começar a rir... Rir alto até chorar. Não importa que um dia elas cresçam e não queiram mais o colo do pai... Ele aproveitaria ao máximo aquela fase de sua vida, enquanto elas ainda precisavam dele:

   - Papai, para de rir... A Jewelie ta fazendo bagunça. – Reclamou a mais velha.

   Miyavi não podia parar de rir. Estava feliz... Sempre estaria enquanto as duas estivessem por perto. Ele beijou o rosto de ambas com certa força:

   - Eu amo vocês monstrinhas!

   “Mesmo se eu nascer novamente,

eu continuarei sendo eu mesmo e você continuara sendo você mesma.

E eu diria tudo isso novamente.

Sempre, sempre e sempre”

   (tatoe umare kawatta toshitemo, boku wa

"kono" boku de iru kara anata mo "sono" anata de itene.

soshite, mata onaji koto iun da.

zutto, zutto, zutto.)

   Quando enfim Jewelie acabou de comer ambas as monstrinhas de Miyavi estavam sujas de comida da cabeça aos pés. Melody lhe deu uma bronca por deixar aquilo acontecer, mas o pai não ligou sem conseguir parar de rir das duas. Ele tratou de fazer com que Airi jantasse antes de ele e Melody darem um banho nas duas e então as colocarem para dormir. Ambos os pais beijaram docemente o rosto das filhas e pararam na porta as observando dormir. Miyavi sorria ao olhá-las... Seus pequenos tesouros. Ele sempre as protegeria não importa como. Sentiu os braços de Melody o puxando pela cintura e um doce beijo se formando em sua face:

   - Vamos pro quarto amor. – Miyavi sorriu e virou o rosto para beijar a esposa.

   - Vamos. – Ambos se viraram para observar as filhas mais uma vez antes de desligarem a luz e saírem abraçados.

   “Minha amada...abra seus olhos lentamente.

Não é a mesma coisa que antes?

Está bem assim

Está bem assim

hnnn, sorria”

(Itoshii hito...yukkuri sono me akete goran yo.

itsumo to onaji deshou?

sore de ii n da yo.

sore de ii n da yo.

hnnnn... waratte.)