Cinderela escrita por Beatte


Capítulo 2
Borgus




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- Julie.

Ele murmurou meu nome cansado e pegou um dos guardanapos da mesa como quem se rendia.

- Pare com as gracinhas, Burgos.

- Julie, olhe nos meus olhos. - ele pediu e eu continuei olhando as minhas sapatilhas de couro marrom gasto. Ele colocou as duas mãos em forma de concha ao lado do meu rosto e me obrigou a olhar nos olhos negros sob os cílios espessos.

- Namoramos há quanto tempo?- ele perguntou com aquele sorrisinho irritante no rosto. Ele era tão senhor de si!

- Olha, eu sei que namoramos há um tempão e tudo mais. E eu pensei que tinha entendido quando eu disse que não iria rolar, então pare de forçar a barra. Eu sempre aturei suas festas, ressacas, bebidas e encrencas, mas não isso. - eu murmurei cortante tirando as duas mãos dele do meu rosto e arrancando aquele maldito guardanapo da mão dele.

- Ei, gata. Que agressão é essa? Não se esqueça que eu sou o ex-presidiário aqui. - ele brincou e eu não o olhei. Gabriel tinha passado dois anos na Penitenciaria de Burgos, por isso o apelido Burgos. Não era o namorado ideal que minha mãe sempre sonhou com os cabelos negros desalinhados, ombros largos, sorriso confiante, tatuagens intimidadoras, olhos negros e dois metros de músculos. Eu me lembro do dia em que ele chegou com calças caindo pelos quadris, um moletom preto, óculos escuros e aquele sorriso irritante. É claro que metades das meninas sentiram-se atraídas pelo homem misterioso e a maioria dos garotos tentaram não se meter com ele graças a sua quota infinita de brigas. E mesmo assim ele olhou para a menina de olhos intimidadores e cabelos lisos até a cintura. E eu me senti bem, por pelo menos algum garoto atraente me olhar e não parar a Trace, a líder de torcida, que parece ter grandes fantasias com Burgos.

- Engraçadinho. - eu murmurei e dei um sorriso que declarou nosso tratado de paz. Ele se inclinou com a boca carnuda próxima a minha selando nossos lábios e pedindo passagem para um beijo quente em sincronia. Uma de suas mãos escapou para a minha cocha e eu resisti ao impulso de tirá-la, e pelo canto do olho percebi que grande parte do refeitório nos encarou. Burgos tinha uma das mãos na minha nuca e me pressionou contra ele, eu senti o seu peitoral contra o meu corpo. Ele era tão grande que eu pensei que poderia me esmagar se me pressionasse um pouco mais contra ele, sua mão começou a subir e subir, ele agarrou um dos meus seios e percebi que realmente todo o refeitório presenciou tudo aquilo, mas ninguém interferiu como eu secretamente quis com algo tipo: ‘’ Procurem um quarto!’’ ou ‘’ Ih, percebi o monitor ali no outro corredor. ‘’. Mas ninguém faria isso, pois sabiam que Burgos o olharia de cima a baixo e depois arrancaria as duas pernas de quem interferisse.

 E agora eu me pergunto por que eu queria que um cara tão gato daqueles parasse no meio de um beijo tão intenso, mas o fato é que eu sabia onde esse beijo iria dar e não queria. Mas também não poderia recusar o tempo todo, Gabriel era tudo que eu tinha naquele momento.

Um som alto e irritante soou depois de segundos e nos separamos ofegantes. Ele me lançou um olhar malicioso que eu conhecia muito bem: ‘’ Continuamos isso mais tarde. ’’

Eu segui para minha sala do segundo ano em uma das escadarias enquanto ele ia para o outro lado do corredor para a sala do terceiro ano, reconheci no meio da multidão uma cabeleira alaranjada com os olhos cor de mel saltando do rosto.

Bree saiu de algum ponto da multidão, se esgueirando como uma criança e saltitando por todo o pátio até a minha direção. Eu ri quando alguém não há percebeu e quase a atropelou. Ela tinha um rosto todo angelical com sardas e sem nenhuma espinha, os olhos eram enormes e brilhantes, era tão baixa que todos de sua turma se inclinam para vê-la melhor. Ela tinha uma bermuda jeans e um moletom com todas as princesas da Disney por cima da blusa do uniforme.

- Julie, querida! – ela disse do outro lado da multidão dando saltinhos e acenando, parecendo não perceber que todo mundo já a tinha olhado. Quando ela pensou que poderia passar, o time de futebol americano passou com todos aqueles brutamontes.

O centro das atenções é claro que era ele. Com cabelos louros bem aparados, a pele queimada pelo sol, e todos nós sabíamos que atrás da camisa uma barriga com seis compartimentos perfeitamente alinhados. Esse era o problema. Ele era tão perfeitinho, que me irrita. Como ele ajuda os CDFs, como todos o adoram como ele tira notas altas, como ele é bom atleta.

Ele passou com aquele olhar confiante e o sorrisinho de menino propaganda da Colgate. Era a única coisa que ele e Burgos tinham em comum e parou por ali. Eram tão confiantes! Peter anda com um pé a frente do outro, lembro-me do dia em que eu me atrasei no banheiro graças a Trace que me trancou dentro do compartimento e corri seis lances de escadas suando enquanto ele subia uma por uma com aquele sorrisinho. E como ele ganhou todas as medalhas olímpicas em jogos de futebol-americano, como daquele dia em que meu time perdeu e eu basicamente agarrei a primeira garota na minha frente e coloquei a cara dela dentro da lata de lixo. Ele nunca perdeu, mas também quando eu e Bree acabamos ganhando lançamos olhares para as perdedoras, já ele não cumprimenta o time inimigo. Cumprimenta! Como até as garotas estranhas tem um tombo por ele, e ele faz questão de não partir o coração delas e até se sentou com uma no refeitório que passou a semana inteira repetindo o fato até eu começar a escutar o meu iPod com os dois fones no 18, que me causou dores pelo resto da semana. Como ele era Presidente da Última Série, e orador da turma. E como era adorado por todos e eleito o garoto mais bonito pela escola inteira.

Ele e todo o grupo de brutamontes passaram reto e Bree ficou fula. O melhor amigo de Peter, que pareceu estar a olhando a muito tempo e também pelo que eu sabia era tão inteligente quanto uma mosca parou para Bree passar. Peter que não a tinha percebido se desculpou.

- Ei, desculpe. – ele disse todo engomadinho com um sorriso retardado no rosto.

-Ei, desculpe. - eu o imitei do outro lado com uma careta.

O melhor amigo dele de olhos claros e pele morena, coçou a cabeça sorrindo sem saber se fala algo ou não.

Minha amiga sorriu e saltitou na minha direção. Peter olhou curioso para onde ela iria e nossos olhares se encontraram. Ele sorriu para mim com todos os dentes que de tão brancos quase me cegaram e eu dei meu sorriso mais falso da coleção de sorrisos falsos que eu tinha.

- Garota, pensei que o Burgos ia te jogar na mesa e começar aqui mesmo. - ela começou e eu ri sem graça, ainda sob o olhar de Peter que parecia me analisar. Corada, dei as costas e sai.

- Tão ruim?- eu perguntei seguindo até as escadas.

- Querida, ele só te engoliu por inteiro bem na frente de todo mundo. O de sempre. - ela disse e eu sorri culpada colocando os cadernos contra o peito e o pão de queijo mal acabado entre os dois.

- É. O de sempre. - respondi e ela sorriu solidária.

- Confie em mim, podia ser muito pior. Eu achei normal, são namorados e tudo mais. Pior foi o lance entre a Trace e o Peter... – ela murmurou.

- Como?- eu disse e minha amiga se acendeu como uma faísca.

- Bom Jéssica me contou que Ronald tem uma prima, a Taylor, que conhece Selena que é amiga de Jennifer que conhece a melhor amiga de Trace. E Jéssica me contou que Ronald falou com a prima Taylor e ela disse que Selena foi ao shopping com a Jennifer, e Jennifer falou para a Taylor que falou para o Ronald que falou para mim que a Alice , melhor amiga da Trace, tinha feito com o Peter no armário de limpeza. Bem nojento, não acha?

- Quê?- eu perguntei com a tagarelice de Bree.

- Jesus, como é lerda. Eu disse que Jennifer...

- Não! Passe logo pro fim. - eu resmunguei subindo as escadas.

- Peter. Trace. Armário. - ela disse com pontuação desnecessária. E eu entendi. Completamente.

- Irritante. Ele é irritante. – eu disse entre dentes. – Um estúpido, quem ele pensa que é? Quer dizer, para usar o nosso armário de vassouras de um jeito tão inadequado. Completamente inadequado para falar sério. Ele! Imbecil! Um imbecil mesmo.

- Ei, que bicho te mordeu?- ela me parou em frente à sala. – Nunca se importou com a escola mesmo.

Entramos na sala, e eu não falei nada até o horário da saída. Que bicho tinha me mordido?

Narração por Burgos

Eu tinha dormido o último tempo inteiro e acordei muito bem disposto, obrigado. Percebi que Julie sentou em um dos bancos com um daqueles pequenos contos que ela tanto gosta. Julie tinha as pernas torneadas cruzadas, e a atenção toda no pequeno conta na mão. Parei um pouco antes para olhá-la bem de perto com descaramento. O decote da blusa branca ia até os seios fartos, eu lambi os lábios. Ela tinha uma ruga entre as sobrancelhas e parecia se concentrar para entender algo. Era por isso que eu gostei dela desde o inicio. Todas aquelas meninas ali tão arrumadinhas, e ela com os cabelos cheios e soltos em cachos rebeldes, os olhos acinzentados intimidadores e o corpo...

Que corpo.

Eu rondei atrás dela, e cheguei bem perto da orelha.

- Hamlet?- eu perguntei rouco e ela tremeu.

- É. – ela disse colocando o conto na mochila e me dando um selinho rápido. - É lindo. Sabe Burgos, é legal. Podia ler alguma coisa além do nome das suas bebidas.

Eu ri.

- Quem sabe um dia. – eu disse e nós caminhamos pela rua. – Podemos ir até o meu apartamento agora, desde que me mudei só como enlatados. E nós sabemos que você é ótima com isso. É ótima com tudo.

Ela pareceu hesitar e eu passei meu braço pela sua cintura fina, tentando passar segurança.

- Pode ser. Comemos e pronto. Nada mal.- ela disse e eu sorri.

O problema é que eu me referia a outro tipo de comida.

                               Uma pitadinha do seguinte:

- Peter... – ela murmurou e Gabriel afastou-a bruscamente.

- Como é?- ele perguntou irado.

-/-

- Não acha que passou dos limites com esse ódio besta sobre o Peter?- Bree me perguntou e eu lhe dei as costas. - Afinal, o que aconteceu?

- Somos diferentes, só isso. Não temos nada em comum. - eu resmunguei.

- E não era você que me falou: ‘’ Não se completa um quebra-cabeça com peças iguais. ’’?- ela me disse e eu fiquei fula.

- Eu te odeio.

-/-

- Burgos? Gabriel?- eu me sentei ao seu lado e ele me deu o dedo médio.

Eu fiquei ultrajada, ele me deu o dedo médio!

-/-

- Entre logo nesse armário e pegue os materiais. – Peter me disse, ditando que eu teria de pegar dois pincéis e potes de tinta.

- Não. Não posso. - eu disse fechando os olhos.

- Qual é! Entre logo e pegue.

- Já que é tão acostumado, entre tu!- eu disse empurrando-o.

- Não entro no seu ninho de amor com Trace, por nada!- eu berrei e ele gargalhou depois de alguns minutos.

-/-

- Eu quebro a tua cara agorinha mesmo. – Burgos disse com as narinas inflamadas e Peter já tinha se postado como o quarterback defendendo a sua honra. Nunca imaginei que a garota do Hamlet seria disputada por dois garotos.  


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Notas finais do capítulo

OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOi meu pão de queijo que leu todo esse capitulo!
Tipo assim, eu ando achando todas as minhas fics uma porcaria então se você gostou me diga isso. MEU EGO! Tipo eu tô aqui numa depressão porque não assisti o filme 11.11.11 no dia 11.11.11, ÁS 11:11:11 . e tipo eu ainda não morri, porque hoje é dia 11.11.11 e não mudou porra nenhuma na minha vida e muito estranho esse capitulo ficou com 1.999 palavras. adorei, gamei. eu não tô bem gente , comi muito chocolate hoje que me deixa hiperativa e eu não sinto meus gluteos porque eu fiquei fazendo esse capitulo p. vocês e vou parar de falar que a novela começouuuuuuuuuuuuuuu! FUIIIIIIIIIIIIIIII



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