O dia amanheceu e logo Dean e Sam se sentavam numa mesa de uma lanchonete qualquer.

Só pra variar Dean pediu hambúrguer com bacon enquanto Sam estava procurando por informações sobre mais um possível caso.

Até encontrou algo que se destacou;

─ Dean, olha isso. ─ disse Sam virando o notebook.

─ Você não desgrudou deste computador a noite toda. Vai acabar desmaiando, de sono, por ai, Sammy. ─ Dean respondeu ainda de boca cheia.

Sam rolou os olhos e ignorou o irmão. ─ Bom, parece que o demônio do olho amarelo está causando problemas por aí.

Dean virou o notebook pra si e começou a ler em voz alta ❝As irmãs Lilly e Ella estão em estado de choque depois do incidente que provocou a morte de seu irmão mais velho, Leo Brown, e sua Tia, Rachel Brown. Elas estavam na faculdade na hora em que o desastre ocorreu, e dizem que a casa estava em condições perfeitas, que não havia nada que pudesse ter causado um incêndio❞

─ Agora veja isso ─ disse Sam mudando a pagina da web. Havia agora na tela a foto de dois bebezinhos e ao lado da manchete dizia: ❝Lilly e Ella duas gêmeas de três meses que sobreviveram ao incêndio que matou seu pai e sua mãe salvas pelo irmão de sete anos.❞

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Lilly e Ella mais duas irmãs escolhidas pelo demônio do olho amarelo, para desempenhar sua missão asquerosa.

Gêmeas, mas não eram idênticas. Lilly, morena de cabelos avermelhados com cachos grossos, alta de olhos pretos como uma noite sem lua, tinha o dom de controlar as emoções dos outros, e um certo poder curativo. E Ella também morena de cabelos ondulados que pendiam pretos até o meio das costas. Ella tinha olhos castanhos tão penetrantes que liam todos os pensamentos de qualquer um e os podia controlar.

Abaladas com a morte da ultima família que lhes restara. Elas estavam sufocadas com todos aqueles repórteres locais, os policiais e bombeiros sempre fazendo perguntas como se suspeitassem que elas pudessem ser assassinas. Ella assumira um papel protetor para Lilly que sempre foi mais frágil e emotiva.

─ Eu não aguento mais esses repórteres! ─ Lilly parecia furiosa ao lado da porta do apartamento em que moravam agora.

Alguém tocou a campainha. ─ Que merda é essa? ─ Elas se entreolharam indignadas. Lilly voltou a abrir a porta.

─ Olha aqui ─ Ella se virou irritada ─ Acho bom que vocês parem de nos encher, ou eu vou acabar na cadeia e por um bom motivo, assassinato!

─ Olá, Meu nome é Túlio, você deve ser. ─ Um dos rapazes se adiantou. ─ Somos do FBI.

Lilly e Ella murcharam de vergonha, enquanto os dois rapazes se punham de pé à soleira da porta.

─ Esse é meu parceiro Robert. ─ Disse Dean indicando seu irmão que estendeu a mão pra cumprimentar uma Lilly perplexa.

─ Desculpa pela recepção. Temos sido muito incomodadas por pessoas indiscretas e curiosas. E meu nome é só Lilly.

Ao convite dela, eles entraram e se sentaram no sofá.

─ Então ─ começou Robert, Sam no caso ─ Onde vocês estavam na hora do incêndio?

─ Eu estava voltando da faculdade e Lilly estava na casa de um amigo que mora perto de onde era nossa. Quando estava abrindo a porta da frente houve uma explosão no segundo andar. Eu não me lembro de mais nada depois daí porque fui jogada pra longe e bati a cabeça. ─ Ella respondeu.

Os rapazes olharam pra Lilly que contou o resto ─ Quando eu ouvi a explosão – como já disse estava perto – corri para casa e encontrei Ella jogada na calçada, não pude fazer nada por que a casa já estava quase toda incendiada, mas eu pude ouvir os gritos da nossa tia.

─ Sentimos muito. Sabem se sua tia ou seu irmão viram coisas estranhas antes de morrer? ─ perguntou Tulio. ─ Ou se a casa estava com algum problema como luzes piscando, cheiro de enxofre?

─ Já respondemos essas perguntas. A casa não tinha nenhum problema nas instalações. ─ Lilly falou rapidamente, começando a ficar impaciente então foi até a cozinha ─ Alguém quer água?

─ Não obrigado.

─ Nop.

─ Sim, por favor.

Ella sentia algo estranho emanando daqueles rapazes, queria saber um pouco mais sobre eles então olhou nos olhos do mais alto que exibia uma expressão um tanto preocupada. Viu magoa e tristeza nos olhos de Sam. O lamento de uma vida sofrida que ele não queria. Depois, nos olhos de Dean viu a mesma magoa de Sam, mas de uma forma estranhamente parecida com o que sentia quando pensava em sua tia e seu irmão. Viu também seus nomes reais, e que Dean e Sam eram irmãos.

❝Ella❞ ─ pensou Lilly enquanto trazia a água pra Robert, ─ ❝eles não são realmente agentes, são?❞

|Ah sim uma observação importante, as irmãs conseguiam comunicar-se por pensamento.|

─ Não. ─ respondeu Ella, em voz alta, absorta nas imagens que via.

─ O que? ─ perguntou Sam

❝Ai droga, Lilly❞ ─ pensou Ella se dando conta de que tinha dito aquilo em voz alta ─ ❝eles são caçadores de... Anormalidades. Acham que o que matou família foi um demônio, um que eles perseguem desde crianças, e que também matou a mãe e o pai deles. Eles o chamam de... Demônio do olho amarelo.❞

Deixaram então que eles fizessem todas as perguntas que queriam, e responderam a todas, o mais sinceramente possível, sem que eles percebessem o que elas já sabiam.

Sam parecia nervoso e angustiado, girava o copo sem parar nas mãos. É estranho como quando estamos tão perto de conseguir o que queremos, mas então a cabeça gira o corpo tremula, e não conseguimos nos mexer na direção em que devíamos, era assim que ele se sentia. Tinha medo por aquelas garotas, e os poderes que elas teriam. Ele queria salvá-las seja lá o que fosse que o demônio queria delas. Quando tudo acabou, Sam estava tão pálido e gelado como um cubo de gelo deveria ser. Ele e o irmão começaram a se levantar quando ouviram a voz de Ella.

─ Esperem. Não vá. Sabemos quem vocês são. Tudo que fazem, e que Sam tem poderes psíquicos assim como nós. Agora que já fizeram todas as perguntas que queriam, é a nossa vez.

─ O que vocês realmente querem de nós ainda não ficou muito claro ─ Lilly tomou a palavra ─ Mas nós sabemos que queremos que nos levem nessa caçada de vocês. Queremos vingança desse demônio, assim como vocês tem procurado por isso a vida toda.

Os garotos estavam assustados demais para responder qualquer coisa. Até que uma sensação de tranquilidade e confiança os atingiu. Sam sabia o que estava acontecendo, mas não pode evitar e também não sabia por que, já que era imune a todos os poderes que o demônio deu aos outros.

─ Qual de vocês faz isso? ─ Sam tentava ajustar a visão

─ Isso? ─ perguntou Lilly fazendo-os sentirem cada vez mais impelidos a querê-las por perto.

─ Ouvir e ver coisas irreais não é muito legal ─ Dean conseguiu dizer arfando.

─ Ficou com medo garotão? ─ Ella riu sabendo que tinha feito os garotos verem a caçada com elas e que isso tinha deixado, o mais velho dos irmãos, amarelo.

─ Então, topam nos levar com vocês? ─ disse Lilly forçando mais um pouquinho.

Sam gaguejou se ajeitando ─ Precisamos de um tempo pra pensar.

─ Cara, isso não é um pedido de casamento ─ Lilly riu dele ─ E tem mais não vão querer duas garotas indefesas por aí caçando um demônio, vão? Se não nos levarem, já temos informação suficiente pra irmos sozinhas.

Mas eles já estavam se levantando

─ Vocês têm vinte e quatro horas até sairmos daqui. ─ Disse Ella abrindo a porta pra eles.

Os dois saíram do prédio sem olhar pra trás. Passaram muitas horas, calados, ponderando os prós e contras de leva-las ou deixa-las. Parecia não haver saída. Era estranha e agradável a proposta que estava diante deles. Por um lado duas garotas bonitas pedindo pra viajarem juntos, mas por outro lado duas estranhas que com poderes controladores e que podiam se tornar perigosas. Há muito tempo estavam só eles dois. Seria estranho viajar com mais duas pessoas. Duas mulheres. Só que agora se sentiam responsáveis por elas, por que se as levassem talvez poderiam ser mortas por alguma criatura, mas se as deixassem sozinhas, elas com certeza iriam ser mortas.