Devemos renegar um amor?

Devemos nos abster de um amor puro e verdadeiro,

Mas que não tem como se suster?

Devemos esperar mais do que o outro

Pode oferecer?

Ou procurar em alguém o que desejamos?

O amor pode vim com o tempo?

Ou está selado para encontros

E encantos inesperados?

Lucinda P.

A festa estava agitada e podia se ver vários casais dançando no salão. Catarina estava quieta observando-os. Alguns rapazes já haviam pedido para dança com ela, mas com muita delicadeza ela recusara. Nenhum rapaz ali a interessava. A música parou e os casais desfizeram-se rapidamente trocando de par com algum conhecido que estava ali por perto. Shamt era uma cidade muito pequena e todos que pertenciam à sociedade conheciam-se, então não seria “tão” difícil de achar alguém conhecido.

  Catarina ficou curiosa ao ver um murmúrio atrás de um grupo de pessoas, mas ela não precisou chegar mais perto para saber o que era. Um jovem alto, magro e aparentemente bonito abria caminho em direção a ela. As pessoas abriam espaço para ele passar entre elas. Catarina nunca tinha visto alguém como ele. Seus olhos eram azuis como o mar, suas feições era detalhadas e seu sorriso torto abria duas covinhas em suas bochechas. Os rapazes da cidade não eram nada comparado a ele. Sua postura era rígida, mas bonita, quase como se fosse um modo de andar mais alerta. Catarina suspirou quando ele estendeu a mão para ela. No instante que suas mão se tocaram a música voltou novamente. As mãos dele eram grossas e quentes, já as mãos dela eram delicadas e finas, era quase como se as mãos dele pudessem quebrar as mãos dela a qualquer momento. Os dois dançavam pela sala divinamente, pareciam flutuar.

 – Como se chama? – perguntou o rapaz em seu ouvido.

 – Catarina. – respondeu com real delicadeza.

 – Nome muito bonito. – disse ele sorrindo. – Eu me chamo James. E é uma honra está dançando com a moça mais bonita da festa. – O seu sorriso torto e seus elogios fizeram Catarina corar.

 – Obrigada. – Agradeceu com pouco de timidez.

  A música parou e ambos pararam de dançar.

 – Quando posso vê-la novamente? – Perguntou James antes de suas mãos se soltarem.

 – Não sei! – Catarina queria o ver mais uma vez, mas sabia que não poderia. Ela se afastou rápido demais ao perceber que todas no salão olhavam para eles.

  Enquanto afastava-se cada vez mais para longe ela tinha mais vontade de voltar. Pensou duas vezes em correr na direção dele quando sua melhor amiga, Elisabeth, a chamou.

 – Você dançou com o sobrinho do prefeito? – Lise perguntou alarmada. – Eu não acredito! Ele é muito bonito. Você tem muita sorte em também ser muito bonita! – Lise tirava suas próprias conclusões antes que Catarina abrisse a boca para falar qualquer coisa.

 – Espere, ele é o sobrinho do prefeito? – Catarina não podia acreditar que tinha dançado com ele. Logo ele que tinha uma má fama.

 – É sim! Ele é aquele que seu pai falou para você tomar cuidado, porque ele sempre “prometia” as mesmas coisas a várias meninas. Ele nunca amava uma só. – Enquanto Lise continuava a tagarelar Catarina procurou o pai com os olhos, mas não o encontrou. Talvez ele nem a tivesse visto dançando com James. Catarina sentia-se decepcionada.

 – Preciso de um pouco de ar. – disse Catarina a Lise afastando-se.

  O jardim da casa do prefeito era o mais bonito da cidade. Tinha quase todos os tipos de rosas imagináveis. Um vento frio soprou e Catarina tombou a cabeça para trás deixando o vento levar seus cabelos.

 – Pensando em mim? – disse a voz reconhecível de James. Catarina o olhou, amedrontada. – O que disseram a você? – perguntou James com a voz séria.

 – Nada. Não me disseram nada. – respondeu Catarina afastando-se dele.

 – Eu sei que falaram mal de mim para você, mas é tudo mentira. – contestou ele aproximando-se demais dela. – Na verdade, nem tudo. Mas quando a conheci... Quando vi você parada e seus olhos encontraram os meus, eu sabia que já estava apaixonado. Sabia que era você a mulher da minha vida. – Ele declamava as palavras com tanto temor que quase convenceu Catarina.

 – Quantas vezes você já disse isso a uma garota? – Catarina o surpreendeu com a pergunta.

 – É a primeira vez que digo uma garota que ela é à mulher da minha vida. – Declarou James com muito fervor, mas iria precisa de mais se quisesse convencer Catarina. Ela se virou para ir embora e ele a puxou pelo braço.

 – O que posso fazer para que você acredite? – perguntou ele quase sussurrando. Catarina sentia o rosto queimando, mas se ele estivesse mesmo falando a verdade não se incomodaria em atender ao pedido que ela estava prestes a fazer.

 – Se você está falando a verdade, vá amanhã falar com meu pai e peça minha mão em casamento! – Exclamou Catarina com tamanha ferocidade.

 – Tudo bem é isso que farei. – respondeu James para sua surpresa.

 – O cavalheiro a está incomodando querida? – perguntou seu pai atrás deles.

 – Não papai. – respondeu Catarina com delicadeza.

 – Acho que já está tarde. Devemos partir imediatamente! – exclamou o pai.

  Enquanto Catarina e seu pai se afastavam de James os pensamentos dela ficavam cada vez mais confusos, mas de uma coisa ela tinha certeza: Ele não pediria sua mão em casamento!