One-shot: Incorrespondida escrita por Beatte


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Ei , enquanto você lê isso alguém no mundo abre uma coca-cola.



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A brisa fria do outono acariciava meus cabelos lisos sobre o tempo nebuloso, eu caminhava firme até o parque com medo do que poderia encontrar e enquanto eu pensava sobre as inúmeras possibilidades desse nosso papo desesperado eu pulava em poças que haviam sido deixadas pela calçada graças à chuva da noite interior. O vento açoitava as minhas bochechas quase como um gelo penetrando na pele, ardia internamente, mas parecia acordar-me enquanto minhas pálpebras se fechavam sem eu mesma querer. Eram cinco e meia da manhã e eu havíamos acordado graças a um bip insistente no meu celular escangalhado, no inicio não me preocupei em ver a mensagem de texto até que o bip se repetiu uma, duas, três vezes. Eu me levantei com calma para ver quem havia ousado me incomodar a essa hora da manhã em pleno sábado. Li o nome dele em letras garrafais pretas, que pareciam voar até a minha mente. Se fosse qualquer outra pessoa eu não teria pulado da cama e me esforçado para ver a mensagem com a animação que eu fiz, mas como era ele, qualquer detalhe era simplesmente fascinante. Eu nunca o deixaria na mão, nem se eu tentasse e o que eu fazia agora eu uma amostra disso afinal acordar cinco horas da manhã e simplesmente sair até o Central Park percorrendo sete quarteirões a pé era o mínimo que eu poderia fazer.

 Eu não sabia o porquê dele querer me encontrar, talvez até fosse mais um dos seus joguinhos em que ele me fazia ir até um lugar e no final só queria que eu escolhesse qual anel mais bonito ele poderia dar a sua namorada, talvez o brinco mais bonito, a pulseira mais bonita, o poema mais bonito, a frase mais bonita, o carro mais bonito – tudo que ele fazia era eternamente para conseguir o apoio dela e eu como sempre a capataz masoquista ia atrás, dava as melhores dicas, e fingia um sorriso para quando chegar a casa me atolar em lágrimas e me debulhar em lenços. O amor que eu sentia por ele não fazia sentido, ele que sempre fora o meu melhor amigo e o triste de saber é que fui eu mesma quem deu o apoio para essa relação instável. O idiota era ver seus olhos brilharem a cada movimento que ela fazia ou talvez o sorriso de bobo apaixonado fosse o suficiente para que meu coração se partisse em trilhares de pedacinhos.

Eu senti uma desnivelação no asfalto que eu percorria, fazendo eu mesma tropeçar nos meus próprios pés e como eu esperei senti meus dois joelhos serem pressionados contra o asfalto duro e frio e as mãos sendo arrastadas, formando diversos arranhões e me deixando naquela posição constrangedora, a posição de quatro. Nós percorramos o caminho dessa vez atenta, deixando os pensamentos melancólicos para quando chegar a casa, minhas bochechas estavam coradas pelo frio e não havia quase ninguém na rua. Somente uma senhora de idade de cabelos grisalhos e olhos sábios que jogava o lixo na cesta e me olhava estranhamente como se eu fosse assaltá-la a qualquer momento. Eu ri com esse pensamento, pois parecia exatamente o que ela estava pensando. Eu virei a segunda a direita finalmente chegando ao parque monumental, cheio de poças e completamente vazio. Parecia que Deus estava triste, pois no céu não havia nenhuma nuvem sequer, estava num cinza feio e deprimido, talvez Deus também sofresse por amor que nem eu. Eu percorri meus olhos por todos os bancos do parque até achar uma cabeça abaixada em meio a todo esse ‘’ nada ‘‘, ele tinha lindos fios castanhos lisos, olhos também castanhos mais para o chocolate, quase sempre um sorriso brincalhão composto por fortes dentes brancos, o nariz reto e as maçãs do rosto altas, corpo musculoso e esguio muito elegante por sinal. Não há quem pudesse dizer que Scott era feio na verdade ele é um dos meninos mais bonitos que eu já vi. Ele tinha a cabeça entre os joelhos pelo que eu pude constatar enquanto me aproximava.  Ás arvore altas num dia de sol daria o visual mais lindo, mas agora elas pareciam se curvar quase que com suas garras pudessem me apanhar. O vento assobiava no meu ouvido, falando palavras maldosas ou talvez eu que deveria ter imaginado. Os bancos quase sempre rústicos pareciam quase como uma lápide no meio do cemitério, as gaivotas pretas voavam perto me assustando, seus olhos inteligentes me faziam lembrar-se de um filme de terror. O jornal molhado se arrastava como bolas de palha no meio do campo, ou areia no meio do deserto. Eu senti um arrepio na espinha pelo medo que eu sentia daquele local.

Meu coração bateu acelerado, poderia ser até ouvido, minhas mãos começaram a suar e eu simplesmente não sabia mais o que pensar. Parecia que tudo havia sumido e só existisse ele ali e mais ninguém (bom isso era verdade já que não havia ninguém no parque além dele e de mim). Eu corei só com a possibilidade dele se virar e ver que eu o encarava me aproximou talvez para olhá-lo melhor enquanto não encarava aqueles olhos lindos e castanhos que me deixavam a beira a loucura infelizmente eu pisei em uma folha seca e ele se virou, quando me olhou eu corei imediatamente e senti minhas pernas ficarem bambas além das minhas mãos que pareciam torneiras de tanto suor. Ele sorriu.

- Pensei que não vinha. - ele disse e eu dei uma risadinha que aos meus ouvidos parecia nervosa.

- É claro que eu vinha! É pra isso que os amigos servem não é?- eu disse me sentando ao seu lado no banco de cimento totalmente desconfortável, mas pelo que eu me percebi havia sentado no molhado e para não ficar ainda mais corada continuei onde eu estava.

- A maioria dos meus amigos não viria aqui, num sábado às cinco horas da manhã. - ele disse e percebi que seus olhos tinham um certo brilho estranho no final , eu sempre havia percebido isso mas nunca tive a chance de perguntar ou até mesmo observar com total atenção , já que se eu reparasse muito em seus olhos eu acabaria humilhada por dizer qualquer coisa sem sentido. Eu apenas dei de ombros e ele suspirou.

- O que você quer que eu faça?- eu disse encarando meus tênis.

- O quê? – ele perguntou incrédulo como se eu tivesse acabado de dizer que ia pular de bom Jon nua.

- O que você quer que eu faça? – eu repeti a pergunta e ele continuou com os olhos arregalados depois a compreensão inundou a sua expressão junto com o arrependimento.

- Eu sempre venho pedir algo de você, como se você fosse uma camisinha não é? Só uso quando...

- Não quer engravidar?- eu o interrompi confuso e ele fez um gesto para que eu me calasse apesar dele engolir o riso.

-... Preciso. Eu só fico com você quando preciso. - ele falou e eu assenti , na verdade eu não me importava contanto que eu passe simplesmente um tempo com ele. Eu não o olhava na verdade encarava meus pés como se agora eles fossem à coisa mais importante do mundo inteiro.

- Essa comparação foi uma das mais nojentas que eu já ouvi, sinto muito mais não gosto de ser comparada a uma prevenção sexual. - eu disse e eu ouvi uma risadinha do lado dele.

- Desculpe se não tenho uma imaginação tão fértil quanto a sua, mas foi à comparação mais realista que eu consegui arranjar. - ele disse reclamando.

- Sei que você não veio até aqui para simplesmente falar sobre camisinha comigo. Qual é o verdadeiro motivo?- eu perguntei me preparando para a dor da notícia que ele e a Samantha iriam se casar ou pior fugir de casa para morarem juntos e provavelmente terem filhos que serão educados segundo a Samantha para me odiar acima de tudo;

- Na verdade eu queria pedir para Samantha ir ao baile comigo, mas eu suspeito que ela esteja com algum romance por fora do nosso relacionamento, sabe. – ele disse. Eu sabia! Eu sabia! Engoli as lágrimas e forcei um sorriso.

- Que barra. - eu disse com a voz rouca e os olhos ardendo mas eu já estava tão acostumado que rapidamente um dos meus sorrisos mais meigos foi estampado no rosto.Ele assentiu e com os olhos brilhando encarou o chão.

- Eu a amo. Como nunca amei nenhuma garota- ele disse e eu não pisquei , continuei ali parada. Talvez por tempo demais até que a minha ficha caísse, eu senti um enjôo na boca do estomago, eu não sentia mais nada só o bolo na minha garganta e a ardência nos olhos. Eu vi desde muito pequena o Scott ter vários romances bobos, minha esperança é que bem lá no fundo Samantha só fosse mais um, mas não era. Pela primeira vez na vida ele me disse-te amo a uma garota e não foi para mim – como eu tanto gostava de me iludir.

- Você tá chorando?- ele disse preocupado.

- Não. - eu garanti mais algumas das lágrimas mais traidoras escaparam dos meus olhos.

- Por que você está chorando?- ele perguntou ignorando minha resposta anterior, ele pôs uma mão no meu rosto, fazendo tudo queimar onde ele havia tocado.

- Lembrei de uma piada. - eu disse e ele arqueou as sobrancelhas. Merda! Falei a desculpa errada.

- quer dizer entrou um cisco no meu olho. - eu disse tentando concertar, mas infelizmente já era tarde demais. Ele continuou com a mesma expressão.

- Me diga quem te machucou que eu vou lá e mato ele. - ele disse firme me segurando no rosto e apertando meu braço. Coitado! Eu queria dizer a ele para...

- Não cometer suicídio. - eu deixei escapar e ele permaneceu de olhos arregalados, no mesmo lugar.

- C-como assim?- ele quebrou o silêncio e as lágrimas rolavam pelo meu rosto e eu as limpava bruscamente como se fosse arrancar minha pele. Eu me falava mal por pensamento apesar de não ser capaz de falar mal-lo. Eu me chamava de tudo e olhava para qualquer coisa menos ele, uma vontade imensa de botar todos os meus sentimentos para fora, tudo que eu guardo há anos brotou em mim como erva daninha – difícil de arrancar.

- Será que você é cego ou tem realmente problemas?- eu questionei me levantando não sei de onde veio essa coragem, mas minha voz por incrível que pareça saiu firme e decidida. Eu já havia começado com isso, teria de terminar. Com a mentira ou a verdade, agora eu estava soluçando como uma asmática em crise, eu enxergava tudo embaçado e alguns raios de sol penetravam pela nuvem. Será que Deus está feliz pelo o que eu estou fazendo?

- Como é que é?- ele questionou atônito se levantando e se aproximando de mim, enquanto eu me afastava pelo banco. Minha vontade era de gritar e nunca nem ter vido nessa merda de parque. Eu tinha dado com a língua nos dentes. Fato. Eu passei doze anos amando incondicionalmente esse garoto a minha frente e agora... Quando ele disse aquelas palavras para primeira pessoa em sua vida minha alma simplesmente se foi. Eu tinha vontade de correr e me esconder embaixo do meu cobertor, me abraçar e simplesmente dormir com o meu pijama da Moranguinho como se nada tivesse acontecido. Mas eu já tempo ido longe demais, não dava pra simplesmente inventar uma desculpa e me virar. Ele queria saber e parecia irritado.

- Eu... - eu disse e ele pareceu querer saber enquanto se inclinava para frente e para trás.  Tomei coragem e o olhei, admito que esqueci o que eu estava fazendo ali, qual a minha rua, qual o meu sabor de sorvete preferido... Talvez, até o meu nome. Eu olhei para a sua boca carnuda, sua pose arrogante, suas calças jeans e seu moletom cinza da Gap, seu all star branco, as curvas do seu rosto, o seu nariz perfeito, suas maçãs esculpidas e finalmente deixando os olhos para depois. Aquela cor perfeita que enfeitiçava até a coroa lésbica da cantina da escola, olhos lindos, brilhantes como dois diamantes cor do mais belo chocolate. Eu desviei o olhar, corando intensamente e voltando o olhar para os meus sapatos até a lembrança do que estava acontecendo ali naquele exato momento me assombrar e retirar o sorriso que havia brotado no meu rosto. Enquanto eu tomava coragem comigo mesma eu pensava nas inúmeras possibilidades de eu estar doente ou talvez na mais óbvia desculpa, eu não estava bem se pensava em me declarar para um menino que tinha namorada e especificamente não me amava. Eu deveria ser louca para fazer isso, nunca nenhuma menina teria coragem e nem eu tinha. Mas na hora que eu pensei em desistir me veio uma frase na cabeça: Por que não?

Por que eu simplesmente devo dar meia-volta e entregar tudo para a Samantha de mão dada? Não! Eu o amo, mais que tudo na minha vida. Eu não posso desistir! Eu nunca iria me perdoar... Alguns raios de sol penetraram pelas nuvens espessas e eu considerei isso como um bom sinal... O sinal de que eu estava certa. O sinal que Deus me observava. Eu olhei para o rosto de Scott com as lágrimas há muito tempo secas. O encarei como se isso dependesse da minha vida, eu fazia questão de dizer para mim mesma que tudo que eu falaria seria em vão, pois ele sempre amara a Samantha, mas não posso mentir que dentro de mim a esperança dele me agarrar e me beijar dizendo que me ama que nem nos filmes era grande. Mas eu odiava isso. Odiava ter esperança mesmo sabendo que meu desapontamento será duplicado mais tarde.

- Diga Phoebe. - ele sussurrou.- Porquê eu te machuco tanto?

-Não é você que me machuca, sou eu mesma na verdade. - eu disse sem abaixar a cabeça.

- Não entendo. - ele disse juntando as sobrancelhas formando uma pequena ruguinha entre elas. Era bonitinho.

- Eu mesmo me machuco, pois eu amo a pessoa que eu não deveria amar eu amo uma pessoa comprometida. - eu disse e mais alguns raios invadiram o parque , mesmo com o tempo nublado aquilo me deu coragem. Vi uma ou outra criancinha caminhar pelo parque e juntei todo o ar dos meus pulmões para finalmente dizer a palavra a ele.

- Eu sou completamente apaixonada por você. - eu admiti e não pude contar a quantidade de emoções que passaram pelo seu rosto. Mas no fundo eu me senti bem comigo mesma, tirando aquele peso das minhas costas, tirando tudo que eu sentia e pondo para fora em uma única frase.

- Phoebe... - ele disse mais para chocado.

- Shh. - eu o silenciei temeroso. - Me deixe falar. Tudo de uma vez. Deixe-me tentar fazer isso direito. - eu disse esperando uma concordância da parte dele. Ele assentiu milimetricamente e se sentou no banco me analisando quase como se ele fosse um cientista e eu fosse um satélite vindo de Marte juntamente com um grupo de ETs

- Eu queria poder ser capaz de me dirigir a você como eu faria com qualquer um dos meus amigos, eu queria ser capaz de não corar que nem uma pimenta a cada elogio educado que você me faz, eu queria ser capaz de controlar meu coração ou pelo menos o suor que brota das minhas mãos cada vez que você chega perto, eu queria ser capaz de falar contigo sem gaguejar ou voar até o infinito pensando em como o seu cheiro é bom e seu andar é gracioso, eu queria ser capaz de parar de olhar para você, eu queria ser capaz de parar de sonhar que um dia talvez nós teremos chance, eu queria ser capaz de que a cada momento que eu vejo uma estrela cadente eu pare de desejar você, eu queria ser capaz de que a cada frase romântica que eu leio eu parasse de pensar em você como eu estou pensando agora, eu queria simplesmente ser capaz de parar de te amar por que você não sabe o quanto é difícil amar em segredo. - eu continuei e reparei que os meus olhos estavam marejados mas antes que ele me interrompesse , eu continuei despejando tudo que há muito tempo havia sido guardado a mim.

- Eu queria poder andar de mão dadas com você pela escola, eu queria te beijar no cinema, eu queria poder te abraçar e com os meus braços te esquentar numa noite fria, eu queria dizer palavras reconfortantes quando uma maré de sentimentos ruins ameaçarem te afogar, eu queria te ajudar a alcançar seus sonhos, eu queria te dar um breve selinho antes da aula e acima de tudo eu queria ser capaz de dizer aquelas três palavras mágicas. Você merece alguém insanamente, inexplicavelmente, perfeitamente e completamente apaixonada por você. Abrem teus olhos, esse alguém sou eu.

 Eu acabei e o olhei, ele tinha os olhos fechados e uma expressão pensativa como se uma enorme dor de cabeça tivesse atingido ele. Obviamente essa dor de cabeça era eu.

- Desculpe, mas eu não sinto o mesmo por você, suas palavras são lindas realmente comoventes, mas nunca eu poderia te dizer o mesmo que você me disse. - ele falou sem olhar na minha própria cara e saiu com o seu ego gigante.

Que eu não perca a vontade de amar, mesmo sabendo que a pessoa que eu mais amo, pode não sentir o mesmo por mim. - pensei e olhei para o céu , ele estava preto como breu e algumas gotas caiam silenciosamente até uma drástica tempestade cair , enquanto eu me sentava no banco e a água me molhava. Eu não me importava com nada só sentia as lágrimas se misturarem com a água da chuva. Mas eu tinha dois lados positivos e um lado negativo. Primeiro lado positivo: Ninguém nem perceberia que eu havia sentado no molhado no inicio do dia. Segundo lado positivo: Eu pelo menos poderia saber que eu tentei. Primeiro e último lado negativo: Eu tinha perdido completamente a razão que me manter intacta nesse mundo. Eu pensava nisso enquanto via as crianças correrem com seus pais em busca de abrigo e eu me deitava no banco de cimento sentindo a água cair sobre mim, pois ele estava chorando.

Deus chorava. Deus chorava por mim.


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Notas finais do capítulo

Tam , tam , tam ...
Coisinhas que eu quero hoje :
1) Meu namorado aqui pertinho de mim.
2)Ganhar na mega-sena.
3)Passar de ano automaticamente.
4)Que vocês me dêêm muuuuuuuuuitos reviews!

Agora eu vou mimir , e amanhã de manhã eu quero ver reviews pipocando por aqui.
Beijinhos da tia