With Or Without You escrita por Tenteitudo


Capítulo 1
1




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27 de janeiro de 2011

Era quinta-feira, o refeitório estava cheio e barulhento como sempre e ela estava feliz. Pela primeira vez depois do nascimento da Beth, ela se sentia normal, quase como se nada tivesse acontecido e o ultimo ano não passasse de um sonho ruim. Ela havia reconquistado sua posição como capita das lideres de torcida (para o terror de Santana), voltado a morar com a sua mãe (agora divorciada) em sua própria casa (não que isso fosse algo bom, a mansão Fabray podia ser muito intimidadora), tinha também esclarecido tudo com Finn e Puck (quase sem ressentimentos) e estava namorando um dos caras mais populares da escola, isso sem falar nas estrias que haviam desaparecido quase que magicamente depois do parto.

Quinn Fabray sorriu para si mesma.

"Tem alguma coisa no meu rosto ou algo assim?" Perguntou Sam, sem entender o motivo por trás do sorrisinho.

"Não, eu só estou..." seu sorriso de alguma forma conseguiu dobrar de tamanho. "... tão feliz..."

Ele riu e piscou para ela, antes de voltar sua atenção para o almoço. Sam era um bom garoto. Ele a respeitava e realmente escutava o que ela tinha a dizer. Apesar de preferir morenos e achar a boca dele meio desproporcional (o que gerava beijos excessivamente molhados – ECA!), Quinn gostava dele – não o amava , mas evitava pensar nisso e dizia para si mesma que o amor viria com o tempo.

Na verdade ela não sabia dizer se o amava, afinal ela nunca tinha amado ninguém. Finn foi só um modo de corresoponder as expectativas de seu pai (bom rapaz católico) e Puck... bem, Puck foi só sexo (sexo ruim por sinal, que resultou em desgraça) e suporte financeiro durante a gravidez.

A loira estava perdida em pensamentos quando de repente sentiu algo vibrar contra seu abdômen acompanhado pela musica 'Die Another Day'.

"Quinn, você engoliu a Madonna?"

"Não Britt, é só o celular dela" disse Santana olhando torto para Sam que tinha se engasgado com a comida.

"Com licença, vou sair do barulho para atender." Quinn levantou-se e checou o visor, o numero lhe era estranho, mas mesmo assim dirigiu-se até as portas da cantina enquanto abria o aparelho.

"Alô?"

"Quinn? Qinn Fabray?"

"Sim... Quem é?"

"Oi, sou eu, Shelby Corcoran, mãe da sua filha"

Silêncio, Quinn estava em choque.

"Quinn? Você ainda ta ai?"

"Aconteceu alguma coisa com a Beth?" a preocupação em sua voz era notável.

"Não, não tem nada de errado com ela, eu só... Bem, eu queria falar com você. Já faz algum tempo, 5 meses para ser mais exata, que eu tenho pensado muito sobre a nossa situação e..."

"Oh meu Deus, você quer devolve-la não é?" Quinn interrompe bruscamente, entrando em pânico perante a ideia de ter que criar um bebê aos 17 anos.

"Não, é claro que não! Eu nunca faria isso!"

A loira suspira aliviada "O que houve então?"

"Como eu estava falando, tenho pensado muito sobre a nossa situação e principalmente sobre o meu passado. Sobre o quanto me arrependo por ter abandonado a minha própria filha e nunca ter tido a coragem de ir atrás dela. Imagino como as coisas poderiam ter sido diferentes se eu a tivesse conhecido antes. Eu falhei com a Rachel e eu sei o quanto ela sofreu com isso." Shelby fez uma pausa, mas Quinn não tinha nada a dizer. "Não quero que a Beth passe pela mesma situaçao, não quero que ela cresça sem saber quem é sua verdadeira mãe. Quero que você venha conhece-la. E quero me redimir com a minha filha, Rachel, mas isso é algo que só acontecera com o tempo." Mais uma pausa sem resposta. "O que você acha? Não quero de forma alguma lhe pressionar, mas acho que seria muito importante para Beth crescer sabendo quem você é."

Quinn estava passando mal. Tinha esquecido como respirar. Tinha esquecido como ficar em pé e sentiu seus joelhos fraquejarem. Ela não sabia o que dizer. Ao mesmo tempo que queria conhecer seu bebê, ela tinha medo. Mas medo de que? Nem ela sabia ao certo.

"Responda alguma coisa, por favor."

"Eu não sei Ms. Corcoran... Eu, eu preciso assimilar tudo isso. Eu não sei se estou pronta. Eu te ligo depois." E com isso desligou o telefone. Ela não sabia o que pensar, não podia voltar para o refeitório e queria ficar sozinha, então correu para o único lugar onde ela poderia raciocinar em paz e sem interrupções.

Rachel estava sentada em uma das poltronas do auditório, perto da porta de acesso, já fazia alguns dias que ela passava o período de almoço ali, sozinha, chorando. Dês do fim do namoro com o Finn ela não tinha motivos para se juntar aos outros na cafeteria, afinal ninguém realmente gostava dela, nem mesmo a sua mãe teve coragem de ficar ao seu lado, de conhece-la e isso doía demais. Naquela fatídica quinta-feira, ela havia chorado um pouco menos do que o normal e já estava pronta para ir ao banheiro lavar o rosto e seguir mais cedo para a sala do Glee Club a fim de praticar para as Regionais.

Sendo assim, ela suspirou enquanto se levantava e fazia seu caminho em direção a porta. Estava até se sentindo um pouco melhor quando deu o primeiro passo para fora do auditório e foi atingida por alguém que estava correndo naquela direção. Ela caiu e sentiu o corpo do corredor sobre o dela.

"Me desculpe eu..." Quinn começou. "Ah, é você. Não olha por onde anda Man-Hands?" disse ela levantando-se e olhando para a morena caída aos seus pés.

Rachel olhou para a líder de torcida a sua frente e não conseguiu conter as lagrimas, começou a chorar novamente. Quinn olhou para ela sem entender e sentiu uma pontada de culpa em seu estomago.

"Nossa Berry doeu tanto assim?" disse ela entendendo a mão para Rachel, o que só fez o choro, antes silencioso transformar-se em soluços desesperados. A loira ajoelhou-se, olhou para os lados, certificando-se que não havia ninguém por perto e disse suavemente dessa vez, "Desculpa Rachel, eu não queria te machucar."

Mais soluços e Quinn começou a entrar em pânico, por mais que não se desse bem com Berry, não gostava de ver pessoas chorando. Instintivamente, ela passou a mão pelos cabelos castanhos e sussurrou "Levanta, por favor."

Dessa vez suas palavras pareceram surtir efeito, Rachel não levantou, mas Quinn sentiu os soluços diminuírem sob o seu toque e continuou acariciando os cabelos escuros até que sentiu um braço envolver seu pescoço. Ela podia sentir as lagrimas de Rachel contra seu ombro e apesar da voz gritando em sua cabeça dizendo "Afaste-se!", ela não o fez, muito pelo contrario, Quinn retribuiu o abraço.

As duas ficaram assim por algum tempo, até que a líder de torcida se levantou e estendeu a mão novamente. "Levanta, vamos?"

"Por que você esta fazendo isso?" a cantora perguntou desconfiada.

"Isso o que?"

"Sendo gentil" ela aceitou a mão e pôs-se de pé. "Eu achei que você me odiasse..."

"Eu não te odeio Berry, acho que já te falei isso." Disse ela olhando diretamente nos olhos cor de chocolate. "Você pode ser extremamente irritante as vezes, mas eu não tenho motivos para te odiar."

Rachel sustentou o olhar da loira por um momento. "Eu... eu vou lavar o rosto." Ela deu as costas e seguiu para o banheiro.

O encontrão com Rachel havia distraído Quinn de seus pensamentos sobre o telefonema e a possibilidade de conhecer sua filha. Mas assim que a morena lhe deu as costas, tudo voltou e ao mesmo tempo que ela queria entrar no auditório e ficar sozinha, uma outra ideia lhe passou pela cabeça.

Ela não pensou duas vezes antes de seguir a cantora até o banheiro, parando na porta e esperando pacientemente enquanto Rachel apagava as marcas das lagrimas. A líder de torcida estava tentando achar uma maneira menos estranha de fazer a pergunta que tanto queria. Rachel percebeu sua presença pelo espelho e franziu o cenho, lançando-lhe um olhar questionador.

"Por que você estava chorando?"

"Dês de quando você se importa?"

"Dês de que eu quero te fazer uma pergunta e essa parece ser a maneira mais fácil de puxar o assunto. Agora responda."

"Por que você não vai direto ao ponto?"

"Quer saber, esquece." Quinn sentiu seus olhos arderem, mas engoliu o choro e virou-se em direção a porta.

Rachel estava aturdida. 'Hoje deve ser o dia mais bizarro da minha vida' ela pensou enquanto via a loira desaparecer pela porta do banheiro. Algo na forma como Quinn havia falado sua ultima frase fez Rachel ir atrás dela. "Espere!" ela alcançou o cotovelo da outra e a girou posicionando-a de frente para si. "Eu não queria que você fosse embora, é só que... Eu não estou acostumada a esse tipo de tratamento vindo de ti. É muito estranho, eu não consigo não suspeitar desse seu..."

Rachel levantou o olhar. "Ah meu Deus! Você está chorando! Por que, Quinn?"

"Eu não estou chorando, anã! Entrou uma coisa no meu olho!" Quinn afastou as lágrimas, por que ela estava chorando afinal? "E essa pergunta é minha. Eu ficaria grata se você respondesse."

Elas ficaram em silencio por um momento, uma analisando a outra, até que a morena cedeu.

"Eu não tenho ninguém, Quinn."

Mais silêncio. O período de almoço estava acabando e alguns estudantes voltavam a povoar os corredores em volta delas.

"Eu queria saber como é ter um amigo de verdade. Pelo menos uma vez na vida, mas eu sei que isso não vai acontecer em um futuro próximo... Isso nunca me fez falta, sabe? Eu tinha meus pais e os meus sonhos e isso era o suficiente. Até eu entrar para o Glee, até eu começar a sair com o Finn."

Rachel observa a loira morder o lábio e faz uma pausa caso ela queira falar alguma coisa, mas nada acontece e ela continua. "Eu achava que precisasse de aplausos para viver, mas agora eu percebo que não adianta ter aplausos se eu não tiver ninguém com quem compartilha-los."

"Berry, eu..."

"Eu fui egoísta a minha vida inteira e agora eu estou sofrendo as conseqüências. Estou tentando mudar, mas ninguém parece perceber o quanto eu tenho tentado." Dizer isso em voz alta quase a fez chorar novamente, mas ela conseguiu se controlar.

"Eu sinto muito." Ela realmente sentia. Grande parte disso era sua culpa, talvez se ela não tivesse sido tão cruel com a cantora, as coisas fossem diferentes. Quinn nunca tinha sentido compaixão por alguém antes especialmente não pela morena e isso era um pouco confuso.

"Eu não preciso de pena Fabray."

"Eu não sinto pena, eu sinto culpa. E não diga para ninguém que eu disse isso, mas apesar de tudo, eu não consigo imaginar essa escola sem você." 'Tá legal, de onde saiu isso?' pensou Quinn.

Rachel sorriu fracamente em agradecimento ao comentário. "Então, o que você queria me perguntar?"

A outra abriu a boca para falar, mas foi cortada pela campainha que oficializava o fim do intervalo. "Depois. Nos falamos no ensaio."


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