PVD Hermione

“Tchau, Gina!” Despedi-me da ruiva, ao mesmo tempo em que corria em direção de minha próxima aula.

Agora seria Transfiguração. Ótimo, eu chegaria cedo e ainda poderia sentar com o Rony e o Harry. Rá, sem doninhas... Não, hoje não!

Caminhei tranquila, afinal, ainda estava cedo.

“Com licença...”

Viro-me e me deparo com uma garotinha loira, sustentando uma pilha de livros, com quase o dobro de sua altura.

“Olá, princesinha! Quer ajuda?” pergunto já me apossando de grande parte dos livros.

“Obrigada...” ela suspira aliviada.

“Você vai para aonde?”

“Para a biblioteca. Estou indo devolver estes livros.” Ela responde enquanto a sigo.

“Você leu todos?” observo-a admirada.

“Sim. Estava entediada, já tinha feito todas as minhas lições e precisava de algo para matar o tempo...” ela murmura vagamente.

Nossa.

Matar o tempo?

“Qual é o seu nome?” pergunto curiosa.

“Melanie.” Ela responde. “E o seu é?...”

“Hermione.” Digo prontamente.

“Hum. Nome estranho.” Ela comenta.

É mesmo. Sempre achei que meu nome era estranho e...

ESPERA AÍ!

“Como assim meu nome é estranho?” é claro que eu me indigno com isso. Acho meu nome lindo, principalmente porque é de origem grega.

“Nunca vi ninguém com o nome de ‘Hermione’. Só isso.” Ela esclarece como se estivesse explicando um fato que só ela sabia a uma pessoa ignorante e inculta.

Mas era só o que me faltava mesmo! Um projeto de bruxa desse tamanho querendo saber mais da vida do que eu. Ai, Merlin...

Continuamos a caminhar silenciosamente, aproximando-nos cada vez mais da biblioteca.

“Oh, Merlin...” ela ofega e para de chofre.

“O que foi?” pergunto preocupada e aproximo-me dela.

“Você... Como é que eu não percebi antes?” ela me olha com admiração e espanto. “Você é Hermione Granger!”

Eu lhe lanço um olhar cético.

“Sério?”

“Amiga de Harry James Potter e Ronald Billius Weasley; bruxa mais inteligente de sua idade; filha de pais trouxas, os dois dentistas; faz parte do Trio Maravilha, é a cabeça do grupo; ajudou a Harry Potter a encontrar a Pedra Filosofal...”

E a garota continuou. Continuou a recitar toda a minha vida. Como um livro humano... Ela tinha engolido um livro? Alguém fizera uma biografia sobre MINHA vida e sem MINHA concepção sobre tal fato? Ela ENGOLIU esse livro? Pelo amor que Merlin não sente por mim!

“Também auxiliou ao Menino-que-sobreviveu em suas tarefas no Torneio Tri bruxo; é aquilo que mais importa para Viktor Krum... Que fascinante! Ficou no Lago Negro por uma hora...”

Meu. Deus. Agora eu sei o que os meninos sentem. O que todos sentem quando estão ao meu lado. Perdoem-me. Perdoem-me por todo mal que lhes causei. Por toda a aflição que lhes infligi. Mas não se preocupem... Já estou pagando pelos meus pecados.

“Querida... Já chega.” Interrompo-a. “Estou muito honrada por perceber que você... hum, sabe tudo sobre minha vida. Até mais que eu...” completo baixinho. Transfiro os livros para meu outro braço. “Mas agora eu realmente tenho de ir, porque se não, eu posso-me atrasar...” olho para meu relógio de pulso e vejo que a aula vai começar exatamente em um minuto.

“ATÉ MAIS!” grito ao largar os livros no chão e correr em direção da sala de Transfiguração.

Corro o mais rápido que posso.

Droga, droga, droga! Tudo estava tão bem, era só eu ir pra sala NA HORA! Mas nãao... Quando é que as coisas dão certo para mim? Quando é que tudo ocorre como planejo?

Avisto a professora Minerva aproximando-se e um aglomerado de alunos entrando no local. Acelero a velocidade e seguro a mochila mais fortemente às minhas costas.

Quase, quase...

Quando a professora pára em frente à sala de aula, eu chego ao meu destino. Bem ao seu lado. Arfando que nem uma doida.

“Queira entrar, senhorita Granger.” ela diz, me observando cautelosamente.

“C... Claro.” Murmuro ainda ofegante, e adentro o local.

Passo a vista pela a sala, procurando Rony e Harry.

Finalmente encontro-os. Já estou quase caminhando em sua direção, quando vejo que o assento ao lado deles já está ocupado.

Uma garota loira dá risadinhas irritantes enquanto diz alguma coisa ao ruivo que está ao seu lado.

Lilá.

Maldita.

Eu odeio loiros.

“Senhorita Granger. Sente-se, por favor. Quero começar a aula, se me permite.” Minerva informa-me com a voz um pouco severa.

“Sim.” Murmuro e dirijo-me ao fundo da sala.

Passo pela mesa onde está sentado o Trio Patetice, ignorando completamente o olhar implorador e indefeso de Rony. Lembram-se? Aquele ruivo, ao lado de Lilá. Meu suposto ‘namorado’.

Morram.

Sento-me novamente na última fileira e começo a retirar meu material da mochila.

“Como está sua cabeça, Granger? Os chifres incomodam muito?”

Oh, céus...

Por favor, por favor... Eu não mereço isso.

“Olá pra você também Malfoy.” suspiro resignada.

Eu disse a mim mesma que iria aceitar minha vida. Tenho de cumprir minha promessa.

Ele ri triunfante.

“Acho que o mais adequado seria: ‘bom dia’.” Ele me corrige com a voz rouca e dando um sorriso torto no final.

Meu coração acelera e fico sem reação por alguns instantes.

Mas, graças a Merlin, recupero meu juízo antes que ele perceba.

“Hum, sim. Bom dia.” Respondo desviando meu olhar de seu rosto.

“Está pronta então?” ele pergunta.

“O que? Como assim pronta?” fico confusa.

Ele bufa impaciente.

“Ora, Granger!” ele exclama baixinho. “Para sua primeira aula de canto, é claro! A apresentação é daqui a um mês e, bom, até mesmo milagres levam tempo.” Ele passa a mão pelos cabelos, em um gesto ridículo de vaidade.

Imbecil.

“E eu com isso? Você que nos meteu nessa história de ‘cantar’. Eu lhe disse que não sabia, mas, como sempre, esse seu cabelo pastoso contaminado por vômito de hipogrifo atrapalhou seu discernimento sobre certo e errado... Então não venha querer me pressionar agora, no meio da aula!” Eu sibilo furiosa, inclinando-me um pouco em sua direção.

“Você é doida, garota? Quem está pressionando quem aqui? Apenas informei a você sobre o início das nossas aulas!” ele também se inclina em minha direção.

“Aulas? Desde quando isso são aulas?” caçoo, dando uma risadinha debochada.

“Aulas sim! E elas não seriam necessárias se você não fosse uma louca, depravada e fracassada que não consegue fazer nada a não ser engolir livros e importunar às outras pessoas quando cospe palavras perto delas!” ele retruca, inclinando-se ainda mais.

Fico sem palavras novamente, apenas fitando-o.

Louca. Depravada. Fracassada.

Louca. Depravada. Fracassada.

EU. ODEIO. LOIROS.

Avanço de vez no garoto, fazendo com que nós dois caiamos.

Tento bater nele, mordê-lo, arranhá-lo, fazer o máximo de estrago possível.

Malfoy segura meus braços, numa tentativa de impedir-me de machucá-lo.

Até que ele consegue... Ele é mais forte que eu, afinal de contas...

Prende minhas duas mãos na região do peito e vira-se para ficar por cima de mim.

A sala toda já tinha se levantado, eu ouvia a voz alarmada da professora ao longe.

Continuo lutando, tentando sair do lugar.

Um erro...

Em um de meus esperneios, involuntariamente, encaixo minhas pernas ao redor dos quadris de Malfoy.

E ele se aproxima mais. Muito mais. Porque eu o puxei.

Ele arregala os olhos, assustado, enquanto a mesma expressão se forma em meu rosto já corado. E ele também ruboriza.

Analiso a situação em que nos encontramos e coro ainda mais.

Pernas enroscadas. Uma mão envolta em seu pescoço. Sua mão em minha cintura. A outra segurando minha mão direita firmemente. Rostos próximos. Próximos de mais.

Sinto-me quente... Excit... Ok, risque isso AGORA!

“MAS QUE DIABOS ESTÁ ACONTECENDO AQUI?”

Pronto. Alguém aí tem um revólver?