Realmente nada parecia fazer sentido. Balancei a cabeça. L disse-me uma vez que se deixar sua mente clara o suficiente as respostas aparecem como algo natural. Não acredito muito, mas já estou ferrado mesmo. Bom se as gavetas foram arrumadas tão somente para que aparecessem em perfeitas condições, é possível que ocorreu isso com as outras partes da casa. Era difícil saber quanto tempo o assassino teve, o disco já estava na décima faixa e ainda não havíamos perguntado se a testemunha havia pausado o disco, e nem podíamos saber desde quando ele estava pausado.Sem digitais, então provavelmente não fora o amigo que o pausou. Ok.

  “Mas, por que tudo está arrumado? Tsc, o que eu estou deixando passar? Por que se arruma algo as pressas? Nada me vinha a cabeça exceto...Tsc, há há, é bobagem. Esqueça Matsuda, esqueça.Quer dizer... será que? Mas o que uma coisa pode haver com a...Será melhor que eu diga? Quer dizer, é bobagem mas...” suspirei...

- Vocês... Vocês já arrumaram tudo as presas somente pra mãe de vocês não descobrir que  não obedeceram quando mandaram arrumar e escapar do esporro?

-Não-os dois falaram normalmente, ó céus estou com certinhos panacas!

-Bom acho que alguém queria esconder a bagunça.-Saí andando e berrei que veria a testemunha. Tem alguma peça faltando, não consigo ver onde, mas posso sentir isso. Talvez sejam meus amigos me mandando ajuda lá de cima. Talvez seja meu coração tentando se esforçar para honrá-los. Talvez eu deva pensar menos e tentar deixar que as respostas venham a mim, pois se tem algo que eu aprendi cedo é que a verdade sempre vem à tona e todas as máscaras caem, pois mais cedo ou mais tarde temos que voltar a ser o que realmente somos. No final é só isso que temos, os nossos amigos, as pessoas que amamos e nós mesmos.

Sentei no carro e olhei para o meu mp4. Suspirei. Só se me assegurasse de que não tocasse Simple Plan. Acho que terei que tirar férias do Simple Plan enquanto a banda me trouxer arrepios. Deixei uma música do Bon Jovi tomar conta do meu carro e da minha cabeça que tentava trabalhar mais calma e claramente.

Should I? Could I?- Eu poderia? Eu deveria?
Have said the wrong things right a thousand times- Ter falado as coisas erradas certo mil vezes

If I could just rewind, I see it in my mind- Se eu pudesse rebobinar, eu veria na minha mente

If I could turn back time, you'd still be mine- Se pudesse voltar no tempo, você ainda seria minha

You cried, I died-Você chorou, eu morri
I should have shut my mouth, things headed south-Eu deveria ter ficado calado, as coisas deram errado

As the words slipped off my tongue, they sounded dumb-Conforme as palavras saiam da minha garganta, elas soavam estúpidas
If this old heart could talk, it'd say you're the one-Se esse velho coração pudesse falar, ele diria que você é a única
I'm wasting time when I think about it-Eu estou perdendo meu tempo quando eu penso sobre isso

I should have drove all night, I would have run all the lights- Eu deveria ter dirigido a noite toda, deveria ter ultrapassado todos os semáforos

I was misunderstood- Eu fui mal entendido
I stumbled like my words, Did the best I could-Tropecei com as minhas palavras, Fiz o melhor que pude
Damn, misunderstood-Droga, mal entendido
Could I? Should I?-Eu poderia? Eu deveria?
Apologize for sleeping on the couch that night-Me desculpar por dormir no sofá aquela noite
Staying out too late with all my friends-Por ter ficado até tarde com os meus amigos
You found me passed out in the yard again-Você me encontrou desmaiado no jardim de novo

Andava vagarosamente, não havia porque ter pressa. Não sabia ao certo o que iria perguntar e sabia que pressionar o amigo da vítima apenas traria mais dor a ele. Eu quero saber a verdade, mas eu não vou passar por cima de todos e tudo para isso. Isso sempre acaba em dor. Mesmo que demore mais sinto que eles ficariam mais orgulhosos se assim fizesse. Sinto que eu mesmo dormiria melhor e me sentiria melhor. Não adianta eu querer honrá-los me perdendo no meio do caminho. Sinto isso no meu coração e eu já decidi deixar que ele me guie.

Parei o carro perto da casa dele e respirei fundo. Andei calmamente, porém ao ouvir um barulho alto vindo da casa da testemunha, acelerei. Logo bati na porta e fui puxado para dentro. Quando dei por mim, o moço a minha frente já estava empurrando em desespero a mesa contra a porta. Ele se estremecia e me olhava de forma nervosa.Ajudei-o, mesmo sem saber o que ele temia. Depois de várias mobílias arrastadas, nos jogamos sentados e exaustos no chão.

-Você está bem?- olhei para o homem que estava visivelmente mal.

-Eles vão me pegar!

-Quem? Por quê?-balancei-o pelos ombros na tentativa de acordá-lo de seu semi-transe

-Porque assim como o meu amigo, eu sei demais.

O rapaz tremia. Como chegar a ele se o mesmo tremia de medo ao pensar nisso? Poderia tentar por medo nele. Ameaçar prendê-lo. Dizer que se não contasse tudo seria culpa dele. Era fácil assustá-lo tendo vista como ele se encontrava. Mas essa não era uma opção justa. Eu não torturaria esse homem. Não mais do que ele mesmo já se tortura.

-Eu sei que você tem medo, mas eu só posso te ajudar se eu souber o que você teme. Eu sei que dá medo. Eu sei que é doloroso. Eu sei que eles já levaram seu amigo, sei que isso só piora as coisas. Mas tanto eu quanto seu amigo precisamos de você. Precisamos para impedir que mais pessoas boas se machuquem. Precisamos porque no fundo eu sei que é isso que seu amigo gostaria que você fizesse.

O rapaz suspirou, e me olhou como quem dissesse que sabia que eu estava certo, porém ainda tinha medo. Sussurrei que precisávamos da ajuda dele. Ele abaixou cabeça. Peguei meu celular e coloquei no gravador de voz. Olhei para ele encorajando-o.

-Muitas vezes pintávamos paredes também... Um dia fomos chamados para pintar as paredes de uma grande empresa, e perdidos entre os escritórios acabamos descobrindo um grande esquema de lavagem de dinheiro. Meu amigo tirou fotos, porém nos avistaram- ele parou para secar as lágrimas- Corremos. Eu pedi para que fôssemos embora, fugíssemos e esquecêssemos o que vimos. Mas ele disse que devíamos fazer o certo. Íamos hoje a polícia. Mas eles o encontraram primeiro...-ele parou por um longo período.

A partir de então pedi para que ele anotasse o nome da empresa e o que ele viu e pedi para que me acompanhasse. Se conheciam o rosto dos dois ele também estava em perigo.Apresentei os fatos ao Detetive mas disse que infelizmente não tinha as provas. O maluco com o qual eu trabalho apenas esboçou um sorriso e exclamou:

-Você me trouxe os fatos e agora vou transformá-los em verdade!