É Segredo escrita por Phallas
Own.... onde estou? Já amanheceu? O que raios é isso no meu cabelo? Ai, meu Deus, está se mexendo! Ah, não, espera, é uma folha. Não, não é... parece mais um...
— Aaaah! Alguém tira isso de cima de mim! - eu abro os olhos e me levanto com rapidez, o que faz a minha cabea latejar.
Lentamente, me deito de novo e encaro o céu. É de manhã.
Mais devagar, mas quase sem conter a minha ansiedade, levanto meu tronco e olho em volta. Fico horrorizada quando percebo que ainda estou no beco. Será possível que eu passei a noite aqui?
Meu olhos se acustumam à claridade e consigo distinguir as outras formas perto de mim. Umas quinze pessoas também domiram aqui. Inclusive Tensy e Ashley.
— Tensy. Acorda. - cutuco o ombro dela. Ela está meio acordada desde o meu grito segundos atrás.
— Oi? - ela pergunta, ainda um pouco desligada.
— Abra os olhos. - ordeno.
Ela abre os olhos. Eles se arregalam depois que Tensy entende onde está.
— Nós dormimos aqui?
— Não. Dormimos na Índia e acordamos aqui. Estranho, não?
A cara dela se fecha.
— Não tem graça.
— Eu sei. Minha cabeça está doendo demais. Onde será que eu... Ah. - digo, quando percebo que dormi em cima de uma pedra. Nunca faça isso.
Coloco a minha mão na parte da minha cabeça que está latejando. É um pouco difícil, já que a minha cabeça toda lateja.
— O que aconteceu? - pergunto, não querendo realmente ouvir a resposta.
Tensy busca na mente dela os eventos da noite passada. Quando consegue juntar acontecimentos o suficiente para me dar uma resposta, ela dá um sorriso pervertido e me acerta com um soco no ombro de brincadeira.
— Sua safadinha. - ela diz, depois solta uma risadinha.
Consigo sentir minhas bochechas ganhando cor. O que ela viu? O que ela pode ter visto?
— Ele era um gato. - ela acrescenta, como se estivesse lendo a minha mente.
Confesso que me sinto um pouco melhor. Tensy sempre foi extremamente exigente em relação a garotos.
— Sério? - pergunto, e arrisco um sorriso.
Ela assente com entusiasmo.
— Sério. Qual o nome dele?
Eu congelo. Eu não SEI o nome dele.
— É... eu não sei. - respondo, morrendo de vergonha.
Tensy tem quase a mesma reação que eu.
— Não sabe? - ela levanta as sobrancelhas - Quer dizer, achei que você podia ter, tipo assim, perguntado o nome dele antes de enfiar a sua língua na garganta do garoto.
Certo, agora estou completamente corada.
— Mas diz aí - Tensy continua - O que você sabe dele?
Nada. Eu não sei nada daquele menino. Na verdade, mesmo que ele fosse um travesti, eu ainda teria beijado ele, porque eu não teria sequer percebido a diferença.
— Ah.. ele beija bem. - digo.
— Bom, isso deu pra perceber, pelo jeito como vocês estavam se agarrando.
— Foi por... muito tempo?
— Não me lembro. Eu vi o primeiro beijo, e depois outro. É, peraí, foram três só.
— Três? Que bom. - digo, aliviada.
— É, mas, cara, foram três beijos desentupidor-de-pia!
Desentupidor-de-pia?
— E depois?
— Menina, eu não sei. Você não está querendo que eu me lembre de tudo, não é? De qualquer forma, eu não fico olhando a vida amorosa dos outros. E os amigos dele queriam licença e silêncio pra filmar tudo e botar na internet depois.
— O QUÊ?
Tensy explode em uma gargalhada.
— Calma, é brincadeira. Ai, minha cabeça. Não posso nem rir.
Nós nos encaramos e depois rimos uma da outra. Estamos ridículas.
— Agora, sério, acho que depois ele te deu mais um beijinho e foi embora com os amigos. Você voltou pra cá e nós dormimos em seguida.
— Só?
— É.
— Então quer dizer que eu não peguei o telefone dele nem nada?
— Não que eu tenha visto.
Tenho que admitir que estou um pouco chateada e com raiva de mim mesma. Eu nunca mais vou ver aquele menino de novo. Olho em volta para confirmar se ele está aqui. Não está.
Tensy entende o que está acontecendo.
— Own... gostou dele? - ela pergunta numa voz falsamente doce.
— Claro que não. Eu falei com ele uma vez e... e... - gaguejo
— Você não sabe mentir.
— Tá, eu gostei. Mas não faz diferença.
— Sempre faz. E relaxa, um dia você encontra ele em outra festa ilegal igual a essa.
Outra festa ilegal? Outra? Essa garota ainda está sob o efeito do ácool ou o quê?
— Agora temos coisas maiores para nos preocupar. - Tensy diz.
— Tipo o quê?
A expressão que ela assume só pode ser discrita como incrédula.
— Está brincando? Dormimos fora de casa.
— Ah, isso.
— Vou falar que dormi na sua casa. - nós duas dizemos ao mesmo tempo, depois rimos.
— Você não vai falar nada. Não sabe mentir, lembra?
— Eu digo que estava com você. Não é mentira, é?
— Durante uma certa parte da noite, é mentira sim. - ela fala, sorrindo, e me dá uma piscadinha.
Eu reviro meus olhos para ela. Peguei essa mania agora.
— Vamos embora, sua louca.
— Vamos. - seu sorriso aumenta.
Ela para ao lado de Ashley, que está roncando e chuta de leve sua coxa descoberta. Ashley abre os olhos.
— Tchau, piranha. - Tensy diz, brincando - Já vamos.
— Tchau, garotas. Quem sabe não nos encontramos em outras festas?
— Com certeza. - Tensy responde.
Ashley olha para mim e seu rosto se ilumina. Por Deus, não.
— A noite foi boa ontem, hein? - ela me provoca.
Fico vermelha. Tensy me salva, rindo.
— Tchau, Ash. Até outro dia.
— Tchau.
Nós andamos juntas, de braços dados, mas meio cambaleando. Só quando estamos virando a primeira quadra me ocorre que talvez Ashley saiba quem era aquele garoto. Exponho essa ideia para Tensy.
— Não, ela não sabe. - minha amiga me informa - Também perguntei para ela, mas ela não sabe o nome dele.
Não sei se isso é bom ou ruim. Bom porque os amigos dele não são exatamente como essa tal de Ashley, que, por acaso, é uma maluca. Ruim porque eu não tenho nenhum tipo de contato com ele.
Tento me lembrar do que falei com ele ontem. Será que eu disse a ele o meu nome? Não, algo dentro de mim me diz que não. Os buracos negros na minha memória são preenchidos aos poucos e a cada retorno de cada maldita lembrança de nossa conversa, eu me desespero mais.
Eu realmente contei todos os meus segredos a alguém que mal conheço?
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