É Segredo escrita por Phallas


Capítulo 2
Capítulo 2




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Eu tento fazer o que ela me pede sem tremer muito. Isso é errado. Muito errado. Ela não tem carteira. Eu não tenho carteira. Ela não tem juízo. Eu tenho, mas ele fica meio que bloqueado em situações de desespero. Assim, que nem essa.

Ela abre a porta do carro e a bate com um pouca mais de força do que o necessário. Mais duas daquela e lá se ia a porta do Mercedes. Ela senta e ajeita o retrovisor interno, como se soubesse perfeitamente o que estava fazendo. Às vezes, rezo, ela faz mesmo. Mas minhas esperanças somem tão rápido quanto aparecem quando vejo que ela está ajeitando o espelho para limpar uma mancha de rímel em cima de seu olho direito.

- Você sabe como fazer isso? - pergunto, com medo.

- É claro que sei. - reponde, vacilando um pouco. - Ed me ensinou. - acrescenta, para ganhar um pouco de confiança.

Ed é um garoto de vinte anos viciado em maconha e bebida que ela conheceu em um acampamento e com quem andou dormindo um tempo atrás. Não é a pessoa mais confiável para ensinar a jogar um iôiô, quanto mais a dirigir.

- De qualquer jeito - Tensy diz, com levantando a voz - Não deve ser tão difícil. É só virar o volante pro lado que a gente quer que o carro vá, não é? E apertar esse negocinho aqui - ela cutuca com o salto o acelerador - pro carro andar. O que pode ter de complicado nisso, Bell? Até os homens fazem.  

- Tá bom, então. Pode dar a partida.

- Ok.

Ela gira a chave e o motor ruge. Ela solta um gritinho de felicidade.Vai falando em voz alta as coordenadas que o idiota do Ed lhe dera algum dia, até que conseguimos sair do lugar.

Tensy gira o volante como uma robô, deixando claro que ela não nascera para dirigir. Após várias quase-batidas e palavrões gritados a cada maldita esquina, a boate já pode ser vista por nós.

Ela para o carro na primeira vaga que vê - tanto que não sei se é bem uma vaga - abre a porta e desce do carro. Eu faço a mesma coisa. Batemos a porta em tempo sincronizado e nos olhamos.

- A noite nos espera! - ela grita, e sai desfilando para a entrada da enorme boate à nossa frente.

Eu já disse que ela tem que parar de fazer isso.

Analisamos todas as pessoas na porta da boate. O segurança as está barrando por algum motivo. Eu e Tensy diminuímos a velocidade enquanto nos aproximamos da porta.

- Não. Não pode. - o segurança está dizendo a uma loira oxigenada que tem cada centímetro de pele coberta por piercings.

- Por que não? Isso é uma boate! - ela exclama, com a voz ficando um pouco histérica.

- Pois é, é uma boate e não a porta do Inferno. Façam o favor de ir embora.

- Nós já estamos aqui e eu não vou pagar a viagem de volta para casa de jeito nenhum. - uma morena, ao lado da loira, argumenta.

- Isso não é problema meu. Deêm licença antes que eu chame reforço.

- Mas... - algumas outras pessoas tentam protestar.

- Ponto final. Acabou. Vão para casa.

Eles finalmente desistem e, quando a loira passa por nós, Tensy segura de leve no braço dela.

- O que aconteceu? - pergunta.

- Esse otário não quer deixar a gente entrar com isso aqui. - a loira responde, e abre uma espécie de mala pendurada antebraço dela. Está lotada de bebidas que eu nunca ouvi falar.


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