No final da aula já estava indo em direção ao ponto de ônibus quando algo tocou minhas costas. Me arrepiei.

Virei meu rosto e dei-me de cara com ele. Lucas.

Eu: Oi, e ai?

Lucas: Tô ótimo e a senhorita?

Eu: Senhorita?

Rimos. Continuei:

Eu: O que anda fazendo por aqui?

Lucas: Nada.. só vi que a senhorita iria pegar um ônibus e gostaria de oferecê-la uma carona. E aí? Aceita?

Eu: Ah… não sei não!

Lucas: Acredite, eu tenho as melhores intenções ein! - ele afirmou e riu logo em seguida.

Eu: Ah, tudo bem. Quero chegar cedo mesmo.

Fomos andando em direção ao seu carro, lindo, importado. Me senti até mal de pegar um ônibus enquanto ele dá voltas com um carro daqueles. Ele abriu a porta pra mim e tudo, ele era um “gentleman”. Só não parava de rodar uma pergunta na minha cabeça: por quê ele conversava só comigo? tinha meninas que fariam qualquer coisa pra trocar um “oi” com ele! Indecifrável!

Já no carro, eu perguntei:

Eu: Você mora por aqui há quanto tempo?

Lucas: Eu acabara de me mudar.

Ele tirou sua jaqueta de veludo verde listrada enquanto eu pegava o celular.

Eu: Incrível.. você é o único menino que acha as outras meninas do colégio enjoadas. Pro resto dos meninos, a enjoada seria.. eu!

Lucas: Eu não sei o porquê. Você é linda, tem um estilo descolado, não tem porquê preferir as outras.

Minhas mãos esfriaram. Um pouco antes da porta de casa, começou a chover de fraquinho, e eu estava sem casaco.

Lucas: Toma aqui, veste. - ele disse, me entregando a jaqueta de veludo.

Um vento forte foi em direção ao meu rosto.

Eu: E você?

Lucas: Me dá um abraço que já tá de boa.

Eu: Abusado - rimos

Peguei minha bolsa e ao me aproximar da porta de casa, ele gritou: “SE CUIDA”