Isabeou, Uma Dama em Apuros escrita por Hellen Tâmara


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Vooltando a postar. Sério, as coisas prometem ficar mais interessantes... Então não percam. LEIAM!!



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   Passados alguns minutos, Castelliano não voltou. Percebi então que não o faria nem tão cedo, tendo em vista a quantidade demasiada de malas que trouxera de minha antiga casa. Soltei um suspiro e divaguei, lembrando de minha infância na fazenda de papai. Sentiria saudades de Valentin e Naná e de nossos passeios matinais juntas. Outro suspiro. Castelliano, acompanhado do cocheiro, entrou no quarto e soltou as malas no chão.

-O que ainda fazes sentada aí? Não queres conhecer nosso lar? - ele enfatizou a palavra nosso - Não o apresentarei a ti, se é o que estais a pensar.

  Assenti e pus-me de pé um segundo posterior a sua fala, não soubera se o fizera por medo ou lembrança do ensinamento de mamãe: obediência e lealdade ao marido são indispensáveis para se manter um bom casamento. Deixei que saíssem do cômodo para então fazê-lo. O aposento seguinte era a biblioteca, que se tinha acesso por uma passagem de madeira que interligava todo o primeiro andar. O tamanho do lugar era incomensurável, com paredes desbotadas, janelas com vidros quebrados, piso com uma tonalidade escura, e cheiro d mofo e iluminação escassa. Fixas às paredes estavam grandes estantes, que se iniciavam no chão e se findavam no teto, uma mesinha de madeira se encontrava no centro do lugar e atrás da mesma estava uma cadeira acolchoada com um rasgo que a inutilizava. Havia um pequeno livro de capa dura largado no piso, aparentemente esquecido ali pelo antigo proprietário. Peguei-o.

-Isabeou! - chamou Castelliano - Ande! Venha ao quarto!

  Escondi o livreto entre minhas anáguas e segui a voz de meu amado. Já no quarto, reparei que as malas estavam dispersas no chão e ele sorria em minha direção. Seus olhos procuravam nos meus algum sinal de aprovação com relação ao que vira. Forcei um sorriso e ergui minha mão para que a pegasse. Ele o fez.

-O que tu achaste de nosso quarto? - seu sorriso se estendeu.

-É lindo, porém receio que precise ser limpo. Quando virá a criada?

-Não virá.

-Se trata de uma brincadeira? Porque se o for, não há a menor graça.

-Não é uma brincadeira. Terás que fazer todos os serviços referentes a casa. - ele fez uma breve pausa - O que inclui cozinhar, lavar, passar, engomar, varrer, limpar, lustrar... Enfim, não deverá haver uma mancha sequer em qualquer lugar de qualquer cômodo em nosso lar.

  Ouvi cada palavra proferida e preferi não tê-las entendido. Era o mesmo Castelliano ao qual conhecera em minha casa, alguns anos atrás? O mesmo que me envolvera em seus calorosos abraços e beijos ternos? O mesmo que casara comigo minutos antes? O mesmo que dissera que me amava? Seus olhos me diziam que não, que aquele não era o meu Castelliano. Senti meus olhos marejados e a garganta apertando, no entanto contive as lágrimas e assenti. Obediência e lealdade; lembrei a mim mesma.

-É isso? Não vais discutir, nem esbravejar? Melhor que seja de tal forma. Ande, comece limpando o quarto de hóspedes fica neste mesmo andar e não se demores porque meu pai chega brevemente.

  Não resisti a uma pergunta.

-O que virá fazer?

-Vem morar conosco. Enjoou de nossa casa de campo.

  Abri a boca para contestar, mas a fechei rapidamente, sem articular nenhum som. Ele hesitou em falar algo também, mas desistiu logo após. Saí do quarto e segui pelo piso de tábuas em busca do quarto ao qual Castelliano mencionara.

  Ainda no caminho volvi meus pensamentos à lembrança de meu pai; mais especificamente ao que dissera quando ainda estávamos dentro da carruagem. Uma negociação? Estava começando a acreditar que sim, embora ainda restassem dúvidas para mim. Na verdade, eu não queria acreditar naquela realidade. Dispersando esses pensamentos, percorri todo o primeiro andar da casa, encontrando o cômodo no qual buscava por último.

 O desespero se apoderou de mim assim que avistei a cena: o quarto de hóspedes estava um escarcéu completo. O piso estava sujo com algo que não conseguira identificas, mas que com toda certeza teria que esfregar bastante para sair, as paredes estavam revestidas por uma tinta de coloração escura que, diferente da biblioteca, estava praticamente intacta e havia a armação de uma cama ali no centro, um tanto corroída. Castelliano apareceu por trás de mim, com as mãos postas na cintura Inspecionando o lugar, ele deixou escapar um suspiro cansado. Virei-me, deixando-nos frente a frente. Seus olhos buscaram os meus e quando os encontraram demonstraram piedade. Outra pergunta surgiu em minha garganta e não a repreendi.

-Tudo não passara de uma mera negociação para ti? – minha voz oscilou, deixando aparente quanta emoção continha na questão.

-Não se trata de minha pessoa. Está relacionado tudo ao meu pai. Ele a quer como criada. O motivo? Vingança.

  Outra dúvida surgiu. Vingança? Vingança pelo quê? O que eu fizera para merecer tamanho castigo? A única resposta que encontrava era a de que talvez sua vingança estivesse relacionado a algum negócio com meu pai.

-E não ouse desafiá-lo. Digo isto para o teu próprio bem. 

   Senti a tensão e veracidade de suas palavras percorrendo minha coluna e eriçando todos os pelos de meu corpo. Já vira o quanto o Sr. Linconl era desagradável e o quanto sua aversão por mim era demasiada. Esperava que estivesse errada, mas algo me alertava de que sua presença não seria nada confortável para mim.

  Os lábios de Castelliano encontraram meu pescoço e de leve o tocou. Seus braços envolveram minha cintura e me puxaram para mais perto de si, depois subiram para meus ombros e me apertaram em um abraço de conolo. Senti o livrinho sendo pressionado contra minha perna então me lembrara dele. Dever-me-ia mostrá-lo para meu marido? Ou dever-me-ia guardá- comigo e descobrir seu conteúdo? A segunda opção me pareceu mais tentadora.

  

  


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