Além da Amizade escrita por Nani_sama


Capítulo 8
Capítulo 7 - Dating (?)


Notas iniciais do capítulo

Mais um capitulo aí gente. Espero que estejam gostando. Boa leitura.



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- Vamos Conversar? – Escutei enquanto fechava meu armário. Olhei para trás e vi que era Fabio. Ele estava com a mão engessada e com uma marca de mão na mesma.  Ele percebeu meu olhar e falou:
- É. Você marcou em mim. – Disse. Eu desviei meus olhos do gesso e o olhei. Ele mostrou um sorriso triste no rosto e solitário.
- Cara, o que você tá fazendo com á quatro olhos? – Escutei. Olhei para o lado e vi o Taynã.
- Não enche cara. Depois a gente se fala, valeu? Que ficar de boa com ela aqui. – Falou nervoso desviando seu olhar do meu para ele. Depois, quando ele se foi assustado, ele voltou a me olhar e eu também voltei a olhá-lo.
- Eu não entendo você.
- Eu também não estou me entendendo.
- Não vou ficar com alguém que vivia dizendo que ninguém me merece. Não confio em suas palavras. Eu ainda fico pensando em como fui boba, por que um dia eu senti algo por você e você mesmo acabou com o que sentia.
- Eu sei e me arrependo disso. Depois que vi você com aquele. . .
- Não, não fala dele assim e outra. . .Não estamos mais juntos. – Falei.
- Pelo que sei, estavam muito bem até ontem.
- E o que te importa? Já falei o que eu tinha para dizer. Acabou a conversar.
- Você tem que me dar mais uma chance. - Disse me ignorando.
- Para que?- Perguntei. Dei um pausa e conntinuei a falar- Para você tentar de novo algo comigo por alguma aposta ou dinheiro em jogo? Sinto muito. Vai perder seu dinheiro de novo. Acho melhor arrumar um emprego seu imbecil! – Falei. Ele se calou.

Depois sai andando e deixando ele para trás.
- Meu Deus. O que foi aquilo? – Perguntou Renata se aproximando de mim.
- Não te interessa. – Falei com ignorância a deixando para trás, assustada com a minha reação. Continuei andando com muito mal humor. Quando o sinal tocou, entrei na sala e sentei nas ultimas cadeiras. A cada professor que entrava, eu fazia uma cara pior. Eu estava com raiva do mundo. Eu estava em outro mundo. Ali só estava a menina que se achava fraca e que naquele momento só a raiva poderia ajudá-la. Eu pegava o tempo todo o Fabrício me olhando de longe, eu fingia não notar e tentava não olhar para ele. 
    O sinal do recreio tocou. Eu fiquei parada e no mesmo lugar. Não queria vê o Daniel. Eu fugia dele, desde ao dia de sábado. Renata me olhou na mesma hora em que olhei para ela. Ela terminou de arrumar ás coisas me fitando. Depois virou a cara parecendo triste e saiu da sala. Fabrício me olhou mais uma vez, só que bem rápido e depois saiu de sala. Fui a ultima sai, arrumei ás coisas bem lentamente. Falar com o Daniel depois do dia anterior seria complicado e muito triste para mim.
  Quando sai da sala, vi Daniel, ali, parado bem na frente. Ele me olhou e eu o olhei rapidamente para depois voltar a andar. Senti sua mão segurando um dos meus braços. Aquele toque era de fazer arrepiar, mas, na verdade, só ele me deixava assim com qualquer tipo de toque. Percorreu um calafrio no meu corpo até ás espinhas. Ele me fez virar para ele.
- Quero falar com você.
- É. Todos decidiram falar comigo hoje. – Falei soltando meu braço da mão dele, para não criar coragem, agarrá-lo ali e o beijar nos lábios.

Cruzei os braços enquanto ele falava:
- Para com isso. Você sabe que. . .
- Não gosto de brigar com você. – Terminei de dizer engrossando a voz tentando imitá-lo.
 - Vamos conversar, que tal?
- Não. Como te falei ontem, acho melhor a gente ficar um tempo longe um do outro.
- Uma tentativa?
- De que?
- De tentar me esquecer, não é? – Perguntou adivinhando o motivo do meu afastamento.
- É bem obvio, né?
- Não quero que se afaste de mim.
- É o melhor a ser feito.
- Mas você é como uma irmã para mim.
- Não vê o quanto essas palavras doem quando fala para mim?
- Desculpa. Eu só queria que você entendesse. – Disse enquanto voltava andar. Ele andava atrás de mim.
- Eu entendo você, mas não aceito. – Argumentei depois de um tempo.
- Eu sei. Mas não quero ficar longe de você.
- E por que não? Isso será o melhor para nós.
- Não vai adiantar.
- E por que não?
- Porque mora ao lado de mim e duvido muito que a gente vai parar de se encontrar.
- Posso tentar, alias, ontem nem nos encontramos.
- Não vai consegui.  Sobre ontem, foi por que você não saiu de casa.
- É eu sei, mas. . .
- Para com isso, Thayná. Você sabe que vamos estar sempre se encontrando.  
- Não custa tentar. – Disse.
- Quer realmente fazer isso? – Perguntou. Eu parei e virei para encará-lo.
- Você quer realmente me magoar? Por que ficar perto de você do jeito que estou e não poder te tocar, é querer me machucar. – Falei ignorando sua pergunta. Sai andando deixando ele para trás. 
- Esse papo ainda não acabou. Odeio te ver assim. – Escutei enquanto andava.
- E eu odeio ficar longe de você, mas não dá para ficarmos perto um do outro. – Falei sem parar.
- Você é muito dramática. O seu mal é esse. Odeio gente assim.
- Então se afaste de mim já que não gosta do meu jeito. – Falei deixando ele totalmente sem reação e sem resposta para aquilo.
    Deixar o Daniel para trás, foi uma das piores coisas que eu fiz. Eu o amava loucamente, não era obsessiva talvez, por ser amiga dele há muito tempo ou por que tinha muita sanidade.
   Andei olhando para baixo, até que senti algo estranho e levantei meu rosto. Lá estava ele, Fabrício. Não estava perto de mim, mas me encarava ao longe, eu abaixei o rosto novamente e corri. Para onde?  Para meu refugio que só conhecia há um mês e pouco.
  Entrei e corri para a árvore. Naquele lugar eu me sentia bem, sei lá como explicar. Eu sentia-me mais leve e bem calma. Ali era meu lugar. O meu refugio da realidade.
Quando peguei meu diário para escrever, já comecei a me aliviar.
Rio de janeiro,18/02/2011

   Querido diário, está tudo tão complicado, tão estranho para mim. Nossa, Daniel não é sensível comigo, parece que não entende. Ele só vê o lado dele e não o meu. Não vê o quanto magoa-me ele tão perto de mim e eu não poder fazer nada. Fora que eu nem sei mais o que faço, por que os meus sentimentos estão muito confusos entre Daniel e o Fabio. Fabrício não me ama e eu também não o amor. Foi algo de momento e que acabou. É como um sonho que rolou e que agora é a hora de acorda. Ele me traiu e eu a ele. Ele sentiu que foi isso e eu também. Se a gente não quisesse, era só se afastar ou empurrar, mas não. O Fabio, não sei por que mas. . .Ele ainda mexe comigo e tenho que ter cuidado com isso. O problema é sabe o que sinto mesmo pelo Fabio e vê se é maior do que o que sinto pelo Daniel. O que vai ser bem complicado, já que não posso comparar. . .Então para que fazer isso? Eu posso tentar com o Fabio, mas está fora de questão. . .É mais uma aposta imunda que ele fez e acha que vou cair de novo nos seus braços, mas não vou. Cheguei a pensar, antes de Daniel descobrir, há dois anos atrás, que eu o amava e que ele correspondia do mesmo jeito que eu. Hoje em dia, não acredito em nada dele. Alias, eu não estou acreditando em nada na minha volta hoje. Parece que todos querem me fazer de boba.

  O sinal tocou nesse momento. Arrumei minhas coisas e sai correndo para a sala. Assim que sai daquele lugar, me senti tensa novamente e parecia que aonde eu ia, todos me olhavam e riam da minha inocência. Eu me sentia fora do ninho. Entrei na sala correndo e fui pro meu lugar de lá de trás.
  Eu fiquei tão assustada quando vi o Fabio lá na frente da sala. Olhei pro Fabrício por um momento por pura intuição e vi que ele tinha endurecido uma das mãos com força. A força era tanta que sua mão até tremia. Eu voltei a olhar o Fabio ali na frente enquanto o professor falava:
- Ue, trocar de turma? Mas por quê? – Perguntou o professor.
Ele olhou para mim e murmurou como só quisesse que o professor soubesse.
- Por que eu perdi algo que queria muito que me desse uma nova oportunidade para mostra o que sinto pela. . .Ér. . .Alguém. – Disse sem parar de me olhar. Desviei o olhar dele para o meu caderno. Na verdade, eu fiquei perplexa com ele ter trocado a outra turma, só para ficar ali comigo.
- Mas tinha que ser depois do recreio?
- Não sei se amanhã vou ter essa chance. – Escutei.
   Todos estavam quietos. Á maiorias das meninas torciam para ser alguma delas, já que ele tinha ficado com muitas da minha da sala. Enquanto eu torcia para não ser eu a tal garota. Escutei seus passos até a carteira da minha frente que estava vazia.
- Ain amor, vem para cá, vai sentar perto dessa balofa aí? Que nojo! – Falou a imbecil da Camila. 
  Camila era uma das ex amigas da Renata. Ela tinha cabelos bem pretos que caiem até perto da cintura, olhos acinzentados e pele bem branquinha. Além disso, era magra, tinha um corpo bem definido com uma bela cintura e um quadril combinado no em seu corpo. 
- Balofa é a tua mãe. Se eu fico perto dela ou não o problema é meu. – Falou secamente. Ele parecia indiferente com o que ela pensava. Ela bufou.

Depois virou para mim e disse:
- Vai se arrepender se ficar com ele. – Disse para depois virar.
  O professor escutou e disse:
- Se quiser continuar na sala Camila é bom você retirar o que disse.
- Ain professor, eu. . .
- Não interessa. Isso não é jeito de tratar uma colega de classe.
- Mas professor, ela. . .
- Peça desculpas! – Exclamou sem tirar os olhos do livro. Parecia ler e ao mesmo tempo dava a bronca nela. Sua voz ela bem calma, até aquele momento.
- Por favor, me deixa explicar professor.
- Fala ou sai. – Disse berrando e parecia mostrar que estava nervoso com aquilo. Naquele momento, ele já olhava para ela demonstrando muita impaciência. Ela se calou e cruzou os braços na raiva.
- Não vou repetir senhora Madison. - Advertiu o professor.
   Ela virou o rosto para mim e murmurou:
- Tá. Desculpa.
- O que? Eu não escutei. Fala mais alto. 
- DESCULPA. - Berrou a morena.
  Surgiu alguns comentarios. Alguns colegas de classe começaram a rir dela.  Ela virou para frente e não falou mais nada.
  Fabio virou para mim e me mostrou um sorriso encantador. Eu encolhi-me.
Quando o professor saiu da sala, ele virou para mim e antes que ele pudesse falar algo, eu falei meio angustiada:
- O que está fazendo aqui?
- Já falei lá na frente.
- Não entendo. Por que quer me magoar?
- Eu não quero te magoar. – Falou colocando sua mão boa em meu rosto. Ele mal mexia a outra mão que estava engessada no braço. Eu senti um calafrio percorrer meu corpo. Aquele toque era irresistível. Não era de se comparar com o que sentia quando o Daniel me tocava, mas eu sentia algo diferente pelo Fabio também.
- Não te entendo.
- Vai entender. – Disse me dando um selinho rápido nos meus lábios. Eu fiquei como da outra vez, parada. Mas se for comparado ao outro, não foi nada. Eu olhei de lado para Camila e notei irritação nos seus olhos pelo fato que tinha acabado de acontecer. Abaixei meu rosto sem graça. A professora de português entrou na sala e todos se calaram.
  Quando o sinal do fim da aula tocou, eu agradeci aos céus. Arrumei minhas coisas nas pressas.
- Podemos conversar? – Falou Fabio quando me levantei.
- Eu já disse que. . . – Comecei a falar, mas ele me calou com um beijo. Para a minha sorte, a professora já tinha saído da sala, mas o inspetor poderia chegar a qualquer momento.
  Eu senti um olhar de repreensão cair em cima de mim, mas ignorei. Decidi corresponder aquele gostoso beijo que fui introduzida. Coloquei minha mão em volta da sua nuca e fechei meus olhos. Ele acariciava minha cintura lentamente me fazendo senti um calafrio. Inda bem que tinha colocado a mochila já nas costas. O nosso beijo tinha uma química gostosa e ele parecia que jamais me soltaria. Eu tinha que acabar com aquele beijo meloso da parte dele, mas delicioso. Separei meus lábios dos dele e o fitei. Meu coração batia como se fosse uma bateria, mas era uma bateria de emoções.
“Meu Deus. Será que quando eu beijar o Daniel vai ser melhor ainda?”, pensei assim que me afastei do Fabio.
Pronto! E mais uma vez minha mente viajava até o Daniel.
 Ele sorriu e então finalmente disse algo:
- Eu não falei? Você gosta de mim.
- Como pode dizer isso apenas com um beijo?
- Um não. Dois. – Respondeu mostrando um sorriso malicioso me deixando sem graça.
   Decidi olhar, então para quem nos olhava e era Fabrício.  Ele me olhou tristemente. Abaixou o rosto e por fim saiu da sala. Eu não sabia o que fazer. Eu não sabia se ficava parada ali, ou corria atas do Fabrício. Fabio olhou para a porta na mesma hora em que Fabrício sumiu da mesma. Como ele não viu nada, simplesmente, voltou a olhar para mim. Curioso, perguntou:
- O inspetor tava ali?
- Ahn? – Perguntei ainda longe dali. Foi então que acordei para a vida e murmurei:
- Não!
- Então o que tinha ali?
- Nada.
- Nada?
- É, nada. Por quê? Não posso olhar mais para os lados? – Falei arqueando a sobrancelha direita e cruzando os braços.
- Não é isso, eu só pensei que. . .Esquece. – Falou revirando os olhos. Depois respirou fundo e falou:
- Cara, é só um momento que eu preciso.
- Então já teve um momento. – Disse querendo rir.
- Você entendeu o momento que eu quis dizer.
- Tá. – Disse chateado.
- Você tem que entender, afinal, depois de tudo. . . – Parei de falar para não me estressar mais.
- Termina a frase! Eu te magoei, né? – Perguntou. Eu fiquei calada e não disse nada.
- É, mas não posso mudar o passado. Mas de uma coisa eu sei, você vai ser minha. – Disse com raiva. Eu dei de ombros como se mostrasse indiferença. Ele virou e saiu andando para fora de sala. Eu o vi indo enquanto eu ficava ali, parada e sem saber o que fazer.
  Na verdade, estava com mais medo mesmo era de encontrar o Daniel fora da sala e ele tenta novamente falar comigo. Meu medo maior era só o vê passando por mim ou eu encontrá-lo.
   Depois que cheguei em casa, (Eu não o vi depois que sai da sala) eu me senti bem melhor. Deitei no sofá e fechei os olhos. De repente a campainha tocou e eu levantei no susto.
- Nossa acabei de chegar. – Pensei alto. Andei em passos rápidos até a porta e abri a mesma, foi então que dei de cara com o Daniel na minha frente. Meu coração bateu rapidamente no mesmo momento.
- Eu quero você. – Murmurou entrando e me puxando. Quando vi, estávamos nos beijando feito louco, ele me levava para o sofá enquanto eu tentava tirava tirar sua blusa. Ao longe, eu escutava o telefone tocando.
- DROGA! DESLIGUEM ESSA MERDA. – Berrei me levantando do sofá rapidamente. É. Era apenas um sonho. Andei em passos firmes até o telefone e atendi.
- Alo? – Perguntei com raiva.
- Alo? Thayná? – Escutei uma voz fina.
- Renata? – Perguntei curiosa.
- Isso. Eu mesmo. Quero conversa com você.
- Como?
- Posso ir à sua casa?
- Pode sim. Sabe a onde é? – Perguntei.
- Claro, é do lado direito da casa do Daniel, né?
- É.
- Então to indo para ai. É algo que preciso dizer.
- Tá ok. To te esperando.
- Tá.
- Beijos.
- Tchau.
- Até depois. – Disse e depois coloquei o telefone no gancho.
  Assim que acabei de me arrumar completamente, fui até a cozinha e arrumei um pequeno lanche para quando ela chegasse. Uns biscoitinhos tipo creme craque e dois copão de chocolate. A campainha tocou na hora em que eu arrumava a mesa com o lanche. Terminei de ajeitar a mesa enquanto a campainha tocava mais uma vez. Eu corri para atender e ela era.
- Sente-se e sirvasse. - Falei apontando para cadeira do lado da qual eu iria se sentar.
- Obrigada. – Agradeceu se sentando.
- O que se quer falar? – Perguntei sentando na cadeira em frente a mesa a onde tinha arrumado um pequeno lanche.
- Bem, sexta feira o Daniel me pediu uma coisa.
- O que? – Perguntei curiosa enquanto be.
- Ele me pediu em namoro.
- Você aceitou?
- Não. Eu disse que ia pensar. Sei lá. Eu pensei em você.
- Por que em mim? Ele te falou alguma coisa?
- Não, por quê?
- Nada.
- Ér. . .Você aceitou?
- Ue, pensei que não gostasse de garotos como ele.
- É eu sei, mas. . .Ele me fez mudar de idéia, sabe?
- De que jeito?
- Não sei explicar.
- E era isso que você queria falar comigo? – Falei num jeito ignorante.
- Não. . .Quer dizer. . .Tem haver.
- Tá, então explica. Por que pensou em mim?
- Eu quero sabe se rolar de eu namorar com ele, se tu  aceita, sabe?
- Eu tenho nada haver com isso.
- Tem sim. . .Eu sinto que tem.
- Não sei como. – Disse pegando
- Você. . .Gosta dele, né?
- Ele é meu amigo. – Falei tentando vê se ela já sabia do que eu sentia por ele.
- Não. . .
- Ele é meu amigo sim. – Disse bancando a boba.
- Não. Eu sei disso. É que sei lá. . .Ás vezes, parece que tu gosta dele.
- Não sei do que está falando. Ainda não entendi. – Falei. Depois peguei o meu chocolate e bebi um pouco enquanto ela falava.
- Você é apaixonada por ele, não é? – Perguntou. Eu engasguei com o chocolate. Ela se levantou e preocupada, começou a dar uns tapinhas nas minhas costas enquanto eu tossia feito uma louca.
   Quando parei de tossi, me endireitei na cadeira enquanto ela me perguntou:
- Está bem?
- Acho que sim. – Disse meio que ainda tossindo.
- Desculpa. Eu sei que não devia ter tocado esse assunto.
- Não. Tudo bem.
- Sei que é um assunto. . .
- Tá ok. Eu entendi. – Disse a interrompendo. Eu bebi mais um pouco do chocolate, respirei fundo e murmurei:
- Escuta Renata. Eu não vou mentir.
- Então pode dizer. Eu estou ouvindo.
- Eu amo ele Renata. É verdade o que você disse. Mas eu nunca tive a sua sorte. Ele te ama e por mais que isso me doa, eu espero que fique com ele e que dê tudo certo entre vocês.
- Nossa. . .  – Começou a falar parecendo está feliz pelo meu sacrifício. Eu mostrei um sorriso triste para ela, mas ainda sorri, até que ela falou algo que tirou o sorriso do meu rosto.  
- Pensei que era melhor, sabia?
- Do que está falando?
- Não vê? A vida é tão rápida e temos que curti em vez de sacrificar tudo que a gente ama.
- Não entendo.
- Não entende? Eu é que não te entendo, sabe? Você tem uma vida longa pela frente, Thayná. Nunca tentou e muito menos lutou por nada.
- Como pode dizer isso de mim? – Perguntei me levantando. Fiquei furiosa quando escutei isso.
- Como posso? Quando seu pai foi embora, você deixou de acreditar em tudo e também parou de se arriscar.
- Você não me conhece. – Falei começando a rir de nervoso.
- Mas o Daniel te conhece e ele tentar te entender, sabe?
- Ele fala de mim para você?
- Sim. Desde que falei para ele o meu segredo. Eu precisava desabafar com alguém.
- Aham, sei. Você mentiu para mim. Não vou cai na sua de vitima. – Declarei.
- Você é muito egoísta e, além disso, não vê que a vida é para se arrisca e não para fugir de tudo sem tentar.
- Como pode dizer isso?
- Por que você não sabe com o que passo.
- Ah, não sei? Como deve ser difícil ser uma patricinha, né?
- Cuidado com o que você fala garota.
- Mas é a verdade. Você tem tudo e tem até. . .O  garoto que amo, o que tu quer de mim.
- Que tente ficar com ele. Que droga.
- Ah, agora a patricinha que se livra dele jogando ele para mim.
- Não, você não entende.
- Ue, tu já explicou muito mastigado e já entendi. Agora vai embora.
- Escuta! eu não vou sai da sua casa até você terminar de me escutar. – Berrou. Eu me assustei. Ela se levantou com raiva, virou de costa para mim e começou:
- Minha vida, até um ano atrás, era ridícula. – Começou a falar enquanto eu revirava os olhos numa desaprovação de desgosto só de ouvir as mentiras dela.
- Ai ai. – Murmurei. Ela parece não ter escutado por ignorou.
- Eu tinha muitas amigas no meu outro colégio, eu tinha vários garotos aos meus pés. O dinheiro era tudo para mim. Minha família é riquíssima, sabia? – Perguntou virando o rosto para mim. Eu a fitei em silêncio e neguei apenas com um sinal. Comecei a sentir curiosidade com o que ela queria tanto dizer.
- Pois é. Eu moro numa pequena mansão. Meu quarto era cheio de “amigas”, que na maioria eram interesseiras. Meu pai é um diretor americano rico que nega a me assumir por isso paga uma enorme pensão a minha mãe e minha mãe é uma pu. . .Melhor não falar. Fui educada sozinha. Eu vivia só com empregados. Minha mãe nunca me deu atenção na vida. Meu pai então nem se fala.
- P- por que está falando isso para mim? – Perguntei meio que gaguejando. Eu me levantei lentamente apoiando uma das mãos na mesa. Quando levantei continuei com a mão na mesa.
- Eles me deixaram sozinha desde que nasci. Eu só existo por causa de um interesse. . . o dinheiro. – Disse. Ficou um tempo em silêncio e continuou virada de costa para mim. Ela deu um sorriso zombeteiro que deu para ouvir, ela se virou e disse:
- Sabe? Já cheguei a pensar que o dinheiro era o meu pai. – Foi nessa hora que ela levantou o rosto e mostrou seus olhos que lacrimejavam. Eu senti um calafrio estranho.
- Eu. . .Não tinha ninguém para me dar conselhos, há não ser a minha mãe adotiva que era a única empregada que era minha amiga e tentava me entender.
- Eu. . .
- Escute. . .Me deixa terminar de falar.
- Ok.
- Eu era largada e por ser assim. Eu perdi minha virgindade cedo. Hum  . .
- Quem era?
- Sei lá. Não me lembro. E é isso que quero que enxergue. . .
- Enxergar o que? 
- Escute Thayná. Depois disso eu comecei há. . .Pegar todos que eu via. Era como uma sede insaciável que eu tinha. Uma droga que não conseguia e nem queria parar de consumir.
- A onde quer chegar com isso?
- Não entende?
- Não.
- Sabe o porquê mudei tanto?
- Por quê? – Perguntei curiosa, colocando as mãos na cintura.
- Por que eu descobri que tenho uma doença incurável. Depois, subornei minha mãe e meu pai com algo que não vem ao caso e agora moro com aquela mãe adotiva. É por isso que te falo, temos que arriscar mais e viver muito, mas com segurança. A segurança que achava idiota.
- Que doença incurável você tem?
- Thayná . . .Eu tenho AIDS. Não sei quando tempo ainda tenho, mas é pouco. Ele está avançado. Eu tenho que curti o Maximo de tempo que eu tenho.


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Notas finais do capítulo

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