Seres da Noite escrita por GabrielleBriant


Capítulo 4
Pessoas Estranhas...




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CAPÍTULO IV. PESSOAS ESTRANHAS...

O céu avermelhado daquele fim de tarde parecia querer convidar todos os vampiros que porventura pudessem existir nos arredores, a sair de suas tocas e fazer uma verdadeira carnificina.

Para Van Helsing e Mina Stoker, por outro lado, o vermelho apenas os fazia lembrar a tarefa que os levavam à Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.

Mina suspirou, sentindo o seu salto mais uma vez afundar no terreno argiloso da floresta na qual ela caminhava já há um bom tempo.

- Nós poderíamos ter aparatado perto do castelo e vir andando apenas o resto do caminho!

Van Helsing bufou: depois de passar quase uma hora vendo Mina Stoker fazer aqueles mal-cheirosos experimentos nos cadáveres, a última coisa que ele precisava era ficar em contato com... mágica.

- Se você quiser, pode se transportar. Mas não espere me carregar nessa empreitada.

Ela crispou raivosamente os lábios – mas a sua expressão logo mudou ao ver o grande e pesado portão que finalmente os levaria ao colégio.

- Esquece, já chegamos! Mas você bem que poderia ter concordado com o uso de um pouco de mágica! Sabia que em Hogsmeade têm algumas carruagens que nos trariam direto para Hogwarts? Talvez eles pudessem nos emprestar!

Ele rolou os olhos, encaminhando-se mais depressa para o portão e fazendo com que Mina quase tivesse que correr para acompanhá-lo.

- E como você pensa que os convenceria a nos emprestar a carruagem? Espero que não estivesse contando com o seu charme e beleza!

Mina parou de andar, fechou os olhos e respirou fundo, como se contasse até dez para não correr até aquele homem e ao menos tentar esganá-lo... Quando abriu novamente os olhos, Van Helsing já estava parado em frente ao portão. Mina apressou o passo para chegar a ele o mais rápido possível e, tropeçando em seus saltos altos, caiu ajoelhada no chão – bem aos pés de um homem muito grande.

Ela passou ainda alguns minutos lutando inutilmente contra o óbvio rubor em seu rosto antes de levantá-lo, encontrando imediatamente o semblante de escárnio de Van Helsing e um sorrisinho prestativo na face barbuda do homem – que, ela pôde perceber, era realmente alto.

Com a voz surpreendentemente divertida, Van Helsing disse:

- Stoker, você sabe que está numa posição muito constrangedora, não?

Ela poderia jurar que o seu coração parou de bater por um momento e certamente o seu rosto ficou muito mais vermelho – Mina acabara de perceber que estava de quatro. Levantando o tronco para ao menos deixar aquela posição, Mina olhou para Van Helsing esperando que ele lhe estendesse a mão.

Mas não. Ele não seria cavalheiro ao ponto.

O grandalhão, no entanto, logo estendeu para Mina a sua enorme mão... e ela aceitou de imediato, levantando-se e procurando ignorar a dor latejante em seus joelhos.

Foi ele quem iniciou o diálogo:

- Ah, olá! Vocês devem ser os visitantes que vieram investigar os ataques, não?

Mina deu um sorriso nervoso.

- Sim, sim. Eu sou a doutora Mina Stoker e esse é Gabriel Van Helsing. E o senhor deve ser o diretor, Severo Snape? Devo lhe dizer que parecia ser bem menor nas fotos de jornal... Menos peludo também.

O homem deu uma gargalhada abafada por atrás da espessa barba. Desculpou-se ao notar a cara de poucos amigos que Van Helsing fazia questão de explicitar.

Pigarreou discretamente e respondeu:

- Não. Eu sou Rúbeo Hagrid, professor de Trato de Criaturas Mágicas. Venham, eu vou levar os dois até a sala do diretor!

Van Helsing bufou: seria no mínimo esperado que o diretor viesse receber os visitantes, já que eles estavam ali para acabar com ataques que podiam se estender à escola.

- E porque esse homem não veio nos receber?

Mais uma gargalhada abafada do gigante.

- Ah, digamos que... bem, está muito claro para ele! Vamos!

XxXxXxX

De uma janela encoberta por cortinas negras, Severo Snape observava os visitantes adentrarem a sua escola.

Maldição!’

Com um leve toque da sua varinha, a pesada janela de madeira se fechou, deixando o ambiente numa suave penumbra.

Com movimentos calmos – apesar de o seu rosto expressar nada além de uma profunda preocupação – o Diretor sentou-se na sua cadeira para pacientemente esperar os indesejados hóspedes.

O retrato de um velho barbudo – a única pessoa em quem ele já confiou – falou serenamente:

- Segredos não serão mantidos por muito tempo, Severo...

Ele rolou os olhos.

- Você não sabe nada sobre isso, Alvo. Já estava morto quando... – Ele suspirou, deixando o seu tom de voz perigosamente ameaçador quando voltou a falar. – Apenas fique calado enquanto eles estiverem aqui... todos vocês!

Alguns retratos emitiram ruídos exasperados e começaram a falar entre si, aborrecidos. Severo Snape simplesmente não se importou.

Após alguns instantes, a porta da sua sala se abria, para Hagrid e os dois visitantes. Snape imediatamente ergueu o seu rosto e pôs nele uma inconfundível expressão de desagrado, enquanto via Mina Stoker e Van Helsing entrarem em sua sala.

- Sentem-se – disse com a voz mais gelada que sabia fazer.

Van Helsing diminuiu o passo: de repente, era como se estivesse entrando não numa sala, mas numa toca. Tudo parecia muito escuro e úmido e aquele homem... Severo Snape era tão branco que poderia ter cera de vela no lugar da sua pele. O arrepio que cruzou a sua espinha e o frio mórbido que fazia naquele lugar só podiam significar que lá habitava alguma criatura maligna... Mas não podia ser, podia? Ele era diretor de Hogwarts, afinal...

Sem conseguir tirar seus olhos do olhar sem brilho, sem vida, do Diretor, Van Helsing acomodou-se em uma das cadeiras dispostas em frente ao birô. Tentou tirar da sua cabeça aquela desconfiança latente – mas sabia que deveria prestar atenção em cada passo dado pelo diretor. E também sabia que jamais poderia disfarçar o seu semblante hostil.

Semblante percebido por Snape, que, temeroso, tratou de iniciar logo o assunto sem prestar maiores atenções à mulher.

Cumprimentou-os.

- Boa tarde. Eu sou Severo Snape, diretor de Hogwarts. Se precisarem de qualquer coisa durante e sua, vamos esperar, breve estadia na escola, me procurem. Vocês se instalarão nas Masmorras, em aposentos adjacentes ao meu laboratório de poções particular. Meu quarto também é adjacente à esse laboratório, de forma que vocês sempre saberão onde me encontrar – Mina abriu a boca para questionar qualquer coisa, mas foi prontamente interrompida pelo Diretor. – As refeições serão servidas no laboratório, já que não quero que vocês se misturem com os alunos. Vocês não são bem-vindos, logo quero que vocês apareçam o mínimo possível em minha escola.

Van Helsing pareceu querer falar algo... Provavelmente alguma retaliação à rispidez e à óbvia má-vontade do Diretor em recebê-los na escola... Mina não podia deixar que a diplomacia fosse por água abaixo, então interviu.

- Er... Senhor Snape, qual o professor que nos auxiliará? O de Poções ou o de Defesa Contra as Artes das Trevas?

Pela primeira vez Snape prestou atenção na mulher. Ela era, certamente, bizarra. Desajeitada e extremamente mal vestida, ela falava com a confiança de um aluno burro que faria um teste, como bem lembrava em seus tempos de professor... Talvez ele risse da mulher, não fosse o incômodo que a sua pergunta tinha causado nele.

- Nenhum – respondeu. – Eu pessoalmente supervisionarei vocês.

Ultraje.

- Nós não precisamos de supervisão.

- Mas eu supervisionarei. Dia e noite. Afinal, o quarto de vocês fica ao lado do meu.

Van Helsing ergueu uma sobrancelha.

- O quarto? Singular?

O sorriso sarcástico de Snape foi evidente.

- Pensei que tivéssemos aqui um feliz casal.

Mina enrubesceu.

- Nós não temos nada. Eu agradeceria se pudesse nos arrumar mais um aposento.

Severo bufou aborrecido, não muito feliz com a idéia de ter intrusos fazendo exigências em sua escola.

- Muito bem, há um terceiro aposento adjacente ao laboratório. Mandarei um elfo arrumá-lo. Agora – ele pousou uma das mãos em cima da mesa – se vocês me dão licença...

Van Helsing se levantou imediatamente, mas não foi seguido por Mina: atônita, ela observava as unhas do sombrio homem: elas tinham um aspecto compacto, duro... coloração diferenciada...

Somente um ser que ela conhecia possuía aquele tipo de unha...

- Stoker!

Ela se virou, sobressaltada, para encontrar Van Helsing e um elfo doméstico.

Lentamente, se levantou, desculpou-se e saiu com eles.

XxXxXxX


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