Seres da Noite escrita por GabrielleBriant


Capítulo 2
Senhor Van Helsing




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CAPÍTULO II. SENHOR VAN HELSING

Não era preciso passar mais que alguns segundos naquele lugar para saber que se tratava de uma cidadezinha pacata onde nada acontecia. A irregular estrada de terra batida e as casinhas distribuídas aleatoriamente num gigantesco gramado davam a nítida impressão que ali o tempo não tinha passado.

Mina respirou fundo, enquanto limpava algumas gotículas de suor em sua testa com as costas das mãos e ajeitava os seus enormes óculos. Ela fora obrigada a aparatar a quilômetros de distância, no meio de uma floresta, para não correr o perigo de ser vista por nenhum trouxa da localidade. Depois de uma tortuosa caminhada que durou quase uma hora, ela finalmente chegou ao vilarejo onde Van Helsing morava.

Ela olhou rapidamente o seu relógio de pulso; meio dia. Não era de se admirar que estivesse tão quente.

Mina observou as casas uma por uma, até encontrar aquela que se encaixava na descrição do domicílio de Van Helsing – a única mal-cuidada do lugar.

Suspirou, sentindo o coração martelar em seu peito – aquela era a hora. Tomando coragem, caminhou até a casa, ignorando os olhares nada acolhedores que vinham dos poucos moradores que estavam na rua.

Finalmente chegou à porta da casa dele. Agarrou mais a sua maleta, sentindo as mãos suarem... Nem tanto por calor... Muito menos pela maneira que as pessoas a olhavam... Mas pelo que estava para fazer: aquela seria a primeira vez que ela viria Van Helsing.

Tudo bem, Mina, é agora!’

Respirou fundo e deu na porta duas batidas rápidas e educadas.

Demorou apenas dois segundos para o homem atender. Mina abriu um sorriso e falou:

- Bom dia! Eu es---

- Não estou interessado.

E fechou a porta na cara dela.

O sorriso de Mina morreu. Definitivamente, conversar com Van Helsing não seria nada fácil.

Mas, ainda assim...

Mais uma vez, ela respirou fundo e bateu na porta, dessa vez mais insistentemente.

Antes que Van Helsing abrisse-a novamente, pôde se ouvir um xingamento nada educado vindo detrás da porta.

- Escute aqui, eu já tenho todas as enciclopédias que posso precisar; não tenho carro, logo não preciso de seguro; não sou religioso e não há nada que me transforme num; e Deus sabe que não tenho ninguém para quem possa dar cosméticos! Eu não estou interessado!

BAM!

Novamente, a porta era batida na cara dela. Mordeu o lábio. Mina tinha plena consciência de que não deveria importunar Van Helsing... mas realmente não podia dispensar a ajuda dele – como ela enfrentaria um vampiro sozinha?

TOC, TOC, TOC!

Ele abriu.

- Você ainda?! Olh---

- Senhor Van Helsing!

Ele parou. Pela primeira vez desde que ela chegara à porta da sua casa, Van Helsing prestou atenção naquela mulher. Aqueles olhos...

O seu coração acelerou, e ele imediatamente se recriminou por se deixar afetar tão facilmente. Procurou se concentrar apenas no que ela acabara de falar... no nome pelo qual ela o chamou.

- Há muitos anos ninguém me chama assim. Quem é você?

Para o bem ou para o mal, ele parecia estar disposto a ouvi-la – Mina suspirou aliviada.

- Er... Oi! – Sorriu nervosamente. – Não sei se o senhor se lembra, mas há uns dois anos eu troquei correspondências com você. Eu sou...

- A filha de Emily – ele disse antes que pudesse controlar sua língua.

Mina ficou trêmula à mera menção da mãe.

- Sim. Mina Stoker. Será que eu poderia entrar?

Van Helsing a examinou de cima a baixo. Rolou os olhos. E, sem dizer sequer uma palavra, entrou na casa, deixando a porta aberta.

- Erm.. Posso interpretar isso como um sim?

De longe, Van Helsing apenas gritou:

- Feche a porta quando entrar.

Mina entrou devagar naquela sala escura, fechando a porta atrás de si da forma mais silenciosa que conseguiu. Observou o lugar: não havia nenhuma mobília, exceto por um sofá puído e uma estante com poucos livros. O cheiro de mofo que o empestava denunciava que as duas janelas de madeira escura nunca eram abertas.

Escutando apenas o barulho do seu salto contra o assoalho de madeira, Mina caminhou até o sofá e sentou-se.

Van Helsing finalmente voltou para a sala, trazendo consigo uma garrafa de uísque.

- Quer?

Ela gaguejou.

- Er... Não! Eu não bebo.

Van Helsing a olhou com certo desprezo e tomou a bebida na garrafa mesmo.

Mina o observou. Era um homem muito alto e forte – ela com certeza desapareceria ao seu lado. E, apesar de uma longa cicatriz no rosto que denunciava a sua luta de tantos anos contra o mal, ele era um homem bonito.

E extraordinário... Não havia vivalma que conhecesse toda a sua biografia. Ela mesma jamais poderia dizer o quanto do que sabia era lenda ou realidade. A única coisa certa era que, por alguma razão, ele era imortal... E a coisa que mais sabia fazer era matar... E que ele tinha um gosto especial por caçar vampiros – reza a lenda que já tinha enfrentado o próprio Drácula!

Só de pensar que ele era o...

- Pensando em mim?

Mina sobressaltou-se. O seu rosto corou profundamente quando percebeu que tinha passado os últimos minutos encarando Van Helsing.

- Si--- quer dizer, não! – Respirou fundo. – Bem, você é um mistério para todos.

- O que você quer?

Ela engoliu.

- O Senhor sabe que eu sou do Centro de Vampirologia, certo? – Van Helsing assentiu, enquanto se sentava no sofá, ao lado dela. – Bem, estão acontecendo ataques a um vilarejo bruxo chamado Hogsmeade, e eu fui escalada para procurar e prender a vampiro responsável por eles. Eu imaginei se podia pedir a sua ajuda?

Ele a analisou. Aquela mulher estava obviamente assustada... Com ele? Provavelmente. Todos tinham medo dele. Mas, mesmo assim, ela tinha sido muito corajosa em ir ao seu encontro, só para pedir por sua ajuda. Por desespero? Ou por confiar no laço que, no passado, ele tivera com a sua mãe?

- Por que eu?

- Porque você é Van Helsing, oras! – ela sorriu. – Não conheço ninguém melhor para caçar uma fera!

- Você trabalha para o Centro de Vampirologia. Com certeza vocês têm bons caçadores de vampiros por lá!

- Não desde o Decreto de Amizade entre Vampiros e Homens. Parece que o nosso diretor achou um desperdício de verba nos treinar para tal. Eu jamais sequer vi um vampiro de verdade!... Eu acho que... acho que tenho até medo dessas criaturas.

Van Helsing a olhou de uma forma um pouco desdenhosa.

- Medo de vampiros? E por que você é uma vampiróloga?

- Longa história. Eu fiz uma promessa para uma pessoa muito importante.

Ele suspirou. Já tinha estendido demais aquela conversa.

- Não estou interessado.

- Na história?

- Não, no trabalho.

E rapidamente ele se levantou, rumando para a porta e abrindo-a, convidando Mina a se retirar da sua casa.

Ela mordeu o lábio. Só tinha mais uma idéia para convencê-lo.

- Por favor, senhor Van Helsing! A pessoa importante é a minha mãe. E eu fiz essa promessa logo antes de ela morrer... – suspirou, aproximando-se dele. – Se eu não encontrar esse vampiro, vou perder o meu emprego! Isso seria a morte, para mim... Por favor, me ajude a manter essa promessa... Venha comigo! Eu faço o que o senhor quiser!

Van Helsing fechou os olhos, sentindo que não poderia recusar àquele pedido. Odiando-se, ele crispou os lábios e disse:

- O que eu quiser?

Mina sorriu aliviada.

- Qualquer coisa!

- Você me deixa em paz?

- Assim que tudo estiver acabado! Eu juro!

- Então vamos. Eu vou pegar algumas roupas.

Em pouquíssimo tempo, Van Helsing já deixava a sua casa carregando uma pequena trouxa de roupas. Logo que estavam distantes da cidadezinha, Mina empunhou a sua varinha, a fim de aparatar.

Ele se esquivou.

- O que você vai fazer com isso?

- Desaparatar!

Rudemente, ele arrancou o objeto mágico das mãos dela.

- Sem mágica.

- Mas---

- Eu não gosto de mágica. Essa é a minha condição.

- Mas para chegar lá---

- A única mágica que irá me transportar será a de uma Chave de Portal, que eu já conheço. Com essa varinha, eu não viajo.

- Mas, Senhor Van Helsing, onde eu vou arranjar uma Chave de Portal?

- Te vira.

XxXxXxX

CENTRO DE VAMPIROLOGIA EM HOGSMEADE

Ao que parece, o nosso Centro de Vampirologia finalmente decidiu intervir nos ataques que vem acontecendo no pequeno vilarejo bruxo de Hogsmeade.

A vampiróloga Mina Stoker vai contar com uma grande ajuda na busca pelo vampiro assassino: Van Helsing concordou em voltar à ativa e caçar alguns monstros! Agora, sim, a nossa população vai voltar a respirar aliviada.

Mais na página 08.”

XxXxXxX

- Van Helsing!

Ele bradou, controlando-se para não esmurrar a mesa.

Hermione Granger, agora professora de Transfigurações, tentou abrandar o clima.

- Calma, Professor Snape. Lembre-se que a investigação vai se concentrar em Hogsmeade, e não em Hogwarts. Nós não temos nada a temer! Eles não podem nos afetar... No mais, quem vai acreditar n’O Pasquim? – ela completou com um sorriso brincalhão.

Snape apenas revirou os olhos e bufou.

- Como a senhorita pode afirmar isso, Sabe-Tudo-Granger? Por um acaso estava em algum livro?

A jovem crispou os lábios, depositando rudemente sobre a mesa do diretor dois frascos.

- As poções. De nada.

E deixou a sala batendo os pés.

- Ela era menos insuportável enquanto aluna – Snape resmungou para o vice-diretor, que o tempo inteiro estivera observando a breve discussão.

Slughorn apenas deu um longo suspiro e disse:

- Mas ela tem um pouco de razão, Severo. Eles não virão se meter em Hogwarts. O melhor que podemos a fazer é continuar as aulas, como se nada estivesse acontecendo.

Ele bufou.

- Esse parece ser o único plano, não?

XxXxXxX


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