Trois Nuits escrita por Stormborn


Capítulo 1
Unique


Notas iniciais do capítulo

Fanfic betada pela @annahfr ou mininauzumaki. ♥



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1.

— Chiaki-senpai, você vai mesmo ler esse livro todo?

A narrativa de As Cartas de Mozart foi pausada e Shinichi concentrou sua atenção no rosto de Megumi. Ela não parecia sonolenta ou entediada; estava apenas encantada, maravilhada, ao mesmo tempo que esperançosa em passar a noite toda ouvindo-lhe contar o quanto Mozart parecia legal e nada complicado.

E por último, ele notou aquela boca estranha que ela fazia enquanto tocava – e que estava virando comum aparecer em seu rosto a qualquer hora do dia, importando ou não se ela estava praticando no Piano.

— Claro que não, Nodame. Você precisa dormir.

— Mas Shinichi-kun, eu ainda não estou com sono.O bico anormal aumentou. Chiaki permitiu-se rir pelo nariz; Nodame ficava impagável com aquela feição. — Eu... Eu não quero dormir.

Noda desviou o olhar e ele percebeu a mentira. Querer ela queria, mas outra coisa que ela também queria era mais forte do que a vontade de ir dormir e realizar um ótimo recital no dia seguinte.

— Idiota, se você não dormir, amanhã você será motivo de risadas.

Chiaki segurou o Volume 1 com a mão esquerda, sem deixar de marcar a página em que estava com um dedo, e com a outra mão repetiu o que fez na primeira noite dos dois em Paris. Com o indicador tocou no lábio inferior dela e depois passou para o superior, como uma forma de carinho.

Ele não queria ser o responsável por ela ir mal à sua primeira apresentação ao público que não fosse um concurso, então tratou de fechar o livro e colocar junto com os outros dois em uma mesa pequena perto da cama.

Gyabo, Chiaki-senpai, faz de novo? — Shinichi sentiu vontade de rir. Ela ficava tão... Fofa com os olhos brilhando. Ela parecia uma criança quando acaba de ganhar um doce.

Eram tão raras as vezes que ele demonstrava esse tipo de afeto mais explícito que Megumi sentia-se maravilhosamente bem quando ele o fazia. Ela nem chegou a notar o livro de Mozart já guardado. Mas, ora, quem ligava para literatura ou até mesmo música quando se tinha seu senpai sendo tão...

— Shinichi-kun...

— Vai dormir, Nodame.

Mas...

Incrível o quanto ela mudava dependendo de uma resposta dele. Lá estava ela, chorando falsamente, assim como fazia quando alguém não a deixava comer alguma coisa. Era hilário, de certa forma, vê-la daquele jeito. Mas... Ela merecia algo melhor aquela noite.

— Nodame.

Hai, senpai!?Ela, obviamente, parou de fingir chorar.

Você precisa relaxar sua mente e seu corpo”.

Se estivesse bebendo alguma coisa no momento que a fala de Tanya invadiu seus pensamentos, ele teria certamente cuspido esse líquido. Chiaki ficou surpreso com a própria mente. Estava claro que ele não faria nada com a Nodame. A não ser...

— Chiaki-sen...

Ele chegou tão perto que ela ficou inebriada com o cheiro do shampoo dele. E tudo piorou quando o hálito de menta dele encontrou com o dela. Provavelmente ela estava sentindo-se como o Gorota fazendo uma viagem espacial junto com a Puririn e sua turma.

Instantaneamente, ela fechou os olhos, aguardando o que viria.

— Durma, faça um ótimo recital e depois...

Enfim ela pôde, de verdade, sentir os lábios dele.

Era um beijo calmo, que permitia a eles descobrirem um ao outro. Durou pouco, mas foi bom. Na verdade, foi especial, assim como todos os outros que acabaram vindo depois desse.

Eles separaram-se e olharam-se. Ambos podiam entender-se apenas com trocas de olhares. Sorriram com cumplicidade e Nodame... Voltou a ser a Noda Megumi.

— Waaa, Chiaki-senpai, você é tão incrível e charmoso. — Sua voz derretida e melosa ecoou pelo quarto. Surpreendentemente, uma câmera azul, mais ou menos pequena, apareceu em suas mãos. — Posso tirar uma foto de nós dois assim? Gyabo.

— Huh, não inventa, Nodame. Vai dormir.

— Aaa, senpai.

 

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2.

— Precisa mesmo ser Petrushka, Chiaki—senpai? — Shinichi jurou que viu os olhos castanhos dela revirando-se, enjoados, como se ela tivesse uma fobia incurável de avião e estivesse sendo obrigada a viajar em um. Pera... ela tinha fobia de Stravinsky?!

Certo, ele iria descobrir. Definitivamente faria com que Nodame completasse a peça que, por falta de treino e tempo, ela não completara em seu primeiro concurso. Mas teria que ir com certa calma. Não queria pressioná-la demais e desejava que ela fizesse aquilo pela própria vontade. Mas parecia que, de certa forma, a mente da nada organizada Megumi associara a derrota na competição à peça que a levara à perda. Criando certa fobia de Igor Stravinsky e de Petrushka.

— Claro, não me lembro de tê-la visto tocando, depois do concurso, uma vez se quer essa peça. — Ir com calma não significava deixar de jogar na cara dela certas coisas. Mas, de certa forma, isso não era a mesma coisa que pressioná-la?

Gyabo, senpai, não poder se qualquer outra p-

— Aliás, nunca cheguei a te perguntar... Você esqueceu as notas no dia do concurso? — Ele a interrompeu, antes que pudesse se distanciar.

E tocado novamente nesse assunto, Chiaki resolveu esclarecer todas as suas dúvidas e curiosidades a respeito dele – que, aliás, eram muitas.

Descobriu que um toque de celular arruinara todo um trabalho de semanas. A cara de Nodame não fora a melhor quando ela dissera-lhe isso. Variou entre assustada e indignada com um toque de um notável desdém. Uma expressão realmente assustadora.

Por outro lado, a Senhorita Noda estava “tranquila”, sendo excêntrica como sempre. E principalmente, feliz por estar mais uma vez tendo “aulas particulares” com o seu amado senpai. (E só desse fato passar pela mente totalmente fértil de Nodame, ela já ficava com vontade de pular no pescoço do Shinichi-kun). Mas é claro que seria bem melhor se ele não quisesse que ela tocasse logo aquela peça “deprimente”.

Senpai, não posso tocar Mozart, não? Sabe, hum, gostaria de treinar para o meu próximo recital. — Ela juntou as mãos e fez como uma sonhadora, os olhos brilhando.

— Não. Quero que você domine essa peça.

— Aaa, não pode ser! — Houve um minuto de silêncio. Um minuto anormal de silêncio quando se está na companhia de Noda Megumi. Como se nada tivesse acontecido, ou como se não tivesse rolado nenhuma conversa, ela disse com toda alegria do mundo, sem tirar e nem por palavras. — Certo, Chiaki-senpai, mas antes...

Shinichi imaginou que ela pediria desde a coisa mais normal a mais estranha, até mesmo para ela. (In)Felizmente, ele não adivinhou o que ela queria. Mas era algo tão óbvio.

— Shinichi-kun toca você primeiro? Acho melhor assim, eu, eh, não lembro muito bem das notas.

Ela estava assustadoramente alegre demais ao pedir esse favor.

 

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3.

— Wow, o que é isso, senpai? — Nodame perguntou maravilhada com o prato a sua frente. Estava louca para devorar de uma vez só a comida que sempre saía gostosa, e que Shinichi havia preparado para ela.

Sentindo-se com o ego nas alturas, como sempre se sentia quando sua comida era elogiada – principalmente por ela -, ele respondeu como se aquilo fosse algo comum e simples de ser preparado.

Mini vol-au-Vents aux champignons.

Mukyaa, não sei o que significa.Ela colocou duas porções em seu prato e depois completou. — Mas deve estar uma delícia. Itadakimasu, Chiaki—senpai.

Quando ela já estava levando um pedaço da comida à boca, ele parou-a só com um olhar. Como se percebesse o que teria feito – aliás, ela não fazia ideia do que tinha feito – começou a soar frio. Seus olhos arregalados reviraram-se. Ela tentava vasculhar a mente e notar algo de errado ou diferente.

Como tratava-se de Nodame, Chiaki achou melhor colocar as cartas na mesa de uma vez só.

— Você não tem nada para me dizer antes? — Ou nem tão de uma vez assim. Era Chiaki Shinichi, afinal.

Mas isso não ajudou a pobre coitada da Megumi-chan.

— Shinichi-kun, do que você está falando? — Ela largou os utensílios na mesa baixa e voltou sua total atenção ao cozinheiro-regente-pianista da casa.

Ele fez o mesmo, e resolveu estudar as reações e as ações dela. Deduziu que, de fato, ela não estava entendendo ao invés de se fazer de cínica. Mas, ora, de onde ele tinha tirado que ela estava, possivelmente, sendo cínica? Com certeza não estava em seu estado total de espírito.

Suspirou e apoiou cotovelo direito na perna direita, dando uma chance para Nodame se lembrar do que nunca deveria ter esquecido.

Infinitos minutos passaram-se.

— Nada ainda, Nodame? Que demora!

Senpai?

— Você foi convidada para um recital na Alemanha, não foi?

Ela emitiu um barulho de compreensão e desviou o olhar. Ele teve a impressão de já saber o porquê.

— Eu não vou aceitar, senpai. — Megumi abriu o seu sorrido costumeiro, mas Chiaki sabia que tinha algo por trás. E ele iria descobrir o quê.Não quero... Ficar longe do senpai e... Quero que ele veja todas as minhas apresentações.

Ah, então ele era o motivo.

Sorriu de forma agridoce como a muito não fazia.

 

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Notas finais do capítulo

Obrigada pela atenção e até!



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