Goodbye escrita por Shayera


Capítulo 1
One


Notas iniciais do capítulo

Minha songfic da minha música preferida do novo CD da Avril Lavigne, GoodBye Lullaby. Clique no primeiro parágrafo pra ouvir a música (:



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Goodbye, goodbye. Goodbye, my love. I can’t hide, can’t hide. Can’t hide, what has come. (Adeus, adeus. Adeus, meu amor. Eu não posso esconder, não posso esconder. Eu não posso esconder o que veio.)

Estava chegando a hora da despedida. Minhas malas, já arrumadas, estavam no canto do meu quarto me lembrando a cada segundo que a hora da partida se aproximava, documentos e a minha carta de aceitação na universidade, em um lugar perto das minhas mãos. Eu vinha tentando pensar em coisas positivas tipo em como a vida poderia ser boa na Columbia University, em como eu iria amadurecer lá, ou na quantidade de amigos que eu poderia adquirir nos anos de faculdade. Mesmo assim, eu ia sentir muita falta de Seattle.


I have to go, I have to go. I have to go, and I leave you alone (Eu tenho que ir, eu tenho que ir. Eu tenho que ir e deixá-lo sozinho)

Eu não queria amigos novos. Já estava satisfeita apenas com Carly e Freddie, dois amigos tão verdadeiros que passaram a ser muito mais que amigos pra mim. Carly se tornou a irmã que eu não tinha. Ok, eu tenho uma irmã, mas eu desconsidero Melanie como sendo minha irmã, já que ela é a minha cara. E Freddie... bom, Freddie era quase o principal motivo que me fazia querer ficar.

Não estava cansada, mesmo que os dias tenham sido bem agitados ultimamente. Havia tantas coisas pra se fazer antes de partir. E, quando eu pegar aquele avião, olharei para trás e, com certeza, me sentirei realizada. Ser aceita naquele lugar era meu sonho, na verdade, era o sonho do meu pai. Ver-me ingressando numa faculdade de nome. Não podia negar que estava com orgulho de mim mesma por ter conseguido, mas estava dividida. Não queria abandonar a minha vida em Seattle e atravessar aproximadamente 2408 milhas. Porém, no fundo, eu sabia que ia valer a pena.
       Num surto de nostalgia, decidi passar a tarde inteira assistindo os melhores vídeos do iCarly.

Nostalgia. Essa era uma das coisas que ocupava invisivelmente a maior parte da minha bagagem. Eu iria, mas com uma carga enorme de lembranças da minha infância e da minha adolescência. Como eu considerava a faculdade uma ‘coisa de adulto’, automaticamente, considerava que estava preste a começar uma nova fase da minha vida. A fase adulta.

But always know, always know. Always know that I love you so.I love you so. I love you so. (Mas sempre saiba, sempre saiba. Sempre saiba que eu te amo muito. Eu te amo muito. Eu te amo muito.)

Em cima de minha cama estavam as cartas que eu deixaria de despedida pra Carly, Freddie, Spencer e Gibby. Nelas tinham coisas que eu falei a eles poucas vezes ou, no caso da que entregaria a Freddie, que eu nunca tinha falado. Os CDs, DVDs, e outras coisas que eu não ia precisar nunca mais, iam ser dados a qualquer um. Lembranças minhas que eu ia distribuir por aí. Talvez doar pra uma instituição de caridade.

Goodbye brown eyes, goodbye for now. Goodbye, sunshine. Take care of yourself .(Adeus, olhos castanhos, adeus por agora. Adeus, raio de sol. Se cuide.)

A carta que eu tinha preparado pra ele vinha coberta de verdade e de narrações dos nossos melhores momentos. Eu contava detalhes de tudo, incluindo as nossas brigas. Relembrava-o dos nossos segredos. Porém falava principalmente de algo que eu jamais o deixara saber, o que eu sentia por ele. Tinha também outras coisas como o que eu pensava sobre ele realmente. Ele precisava saber que, na verdade, mesmo eu sempre o chamando de ‘idiota’, ‘nerd’, ‘chato’ ou de coisas piores, aquilo não era o que eu realmente pensava dele. Eu o chamava de idiota pelo simples motivo de me fazer rir. Dizia nerd porque era cabeça dura demais pra dizer que ele era o garoto mais inteligente que eu conhecia. E era um tremendo chato por não saber dar atenção a pessoa que precisava da atenção dele... Enfim, nela tinha tudo que eu jamais deixaria escapar pelos lábios, palavras que talvez jamais venham a sair do papel.

I have to go, I have to go. I have to go, and leave you alone. (Eu tenho que ir, tenho que ir. Eu tenho que ir, e deixar você sozinho)

Quando eu terminei de reler a carta, uma outra lágrima manchou o papel. Era uma carta de amor e despedida. Algo que eu nunca pensei que ia fazer na minha vida. Sempre achei que aquilo era coisa só das mocinhas dos filmes que a Carly via. Mas aquela carta era tão importante quando a minha carta de aceitação na Columbia University. Pois eu não podia entrar numa nova fase sem concluir a fase em que eu estava vivendo. Não podia partir sem resolver uma das minhas pendências. Eu devia isso ao meu coração. ‘Sem chorar agora, panaca’ murmurei pra mim mesma. Era difícil pensar que essa vez era diferente das outras. Dessa vez era eu que estava abandonando alguém que eu amo.

But always know, always know. You always know that i love you so. I love you so. I love you so. (Mas você sempre saiba, sempre saiba. Sempre saiba que eu te amo muito. Eu te amo muito. Eu te amo muito.)

Tentei mentalizar a expressão que ele faria lendo aquilo. Seria de surpresa, de felicidade? Talvez de alívio ou de tristeza? Porém o mais provável para mim seria a de divertimento por eu contar tanto ‘absurdo’ num lugar só. Mas, se a acaso ele tivesse uma reação totalmente contrária a que eu espero, se ele ficasse triste, eu já não estaria mais ali pra consolá-lo e dizer que voltaria em breve. Eu não estaria lá se ele correspondesse ou quisesse por algum motivo me impedir de ir. Não teria como desistir de tudo apenas por ver os olhos cor de chocolate que eu tanto amo cheios de lágrimas ou uma expressão de dor. Quando ele lesse aquela carta eu já estaria dentro de um avião há milhas de distância de Seattle. E me partia o coração pensar que eu o deixaria pra trás assim.

Lullaby, distract me with you rhymes... (Canção de ninar, me distraia com suas rimas.)

Mas eu precisava me concentrar na viagem, não nas coisas que poderiam acontecer depois que eu partisse. Aqueles pensamentos poderiam me fazer desistir de tudo. E já não era mais hora de desistir. Troquei de roupa e fui pra casa de Carly, ela tinha me chamado para passar a noite. Torci para que ela não estivesse planejando nada, nenhuma festa daquelas de despedidas, nem mesmo uma simples reunião. A questão era que eu queria, naquela última noite, esquecer que eu tinha de ir. Entrei no apartamento percebendo que não tinha como fugir. Tinham amigos, colegas, vizinhos, e até alguns que eu nunca tinha visto na minha vida. Suspirei e andei calmamente pelo apartamento procurando por Carly. ‘Isso não estava nos meus planos, não mesmo.’, pensei. A música calma que tocava baixinho junto com o barulho de gente conversando e rindo já estava me irritando.

— Então é verdade?— Uma voz atrás de mim perguntou. Não precisei me virar pra saber que era Freddie.

— Então achou mesmo que eu estava brincando com todos e...— eu disse tentando soar irônica.

— Não sabia que ia escolher e ser aceita justamente na Columbia. — Ele resmungou. O encarei bem, estudando cada traço dele.

— E...?—

— E, não sei. É longe, você vai embora amanhã e eu só fiquei sabendo hoje. Eu acho que eu deveri... —

— FREDDIE!— sua mãe gritou do outro lado da sala.

— Já volto...— murmurou para mim e virou as costas.

Ele tinha algo de importante pra me falar. Ah, Sra. Benson, não teria uma hora mais apropriada para fazer isso? Claro. Subi até o quarto de Carly. E lá estava ela, estática de frente para a penteadeira. Eu a saudei como sempre. Ela se levantou silenciosamente e me abraçou.

— Um abraço apertado não vai te livrar de ouvir um sermão, Shay. Por que você lotou essa casa?

— É aniversário de Freddie...— ela respondeu. Bati em minha testa. Era inacreditável como minha cabeça estava bagunçada. — E você se esqueceu, não é? — ela riu.

— Esqueci...— resmunguei.

— Eu já imaginava que ia acontecer isso mesmo.E foi exatamente por isso que eu comprei isso pra você dar a ele.— Me entregou um embrulho roxo e quadrado nas mãos.

—Vai

— Quando essa gente vai embora? A gente precisa conversar e...— ela me cortou com um ‘mais tarde’. E lá ia eu, agora em busca de Freddie.

Olhei do topo da escada e lá estava ele, no meio da sala, cumprimentando as pessoas com um sorriso forçado. ‘Aquilo não é Freddie’, pensei. Ele é automaticamente simpático com todo mundo o tempo todo. Parei em sua frente e estendi o presente.

— Feliz aniversário!— sorri, tentando fingir que não havia esquecido.

— Irônico...— ele falou pegando o embrulho da minha mão e saindo. Fiquei parada no meio da sala com cara de besta enquanto ele subia as escadas.

— O que é irônico?— perguntei correndo atrás dele. — Esse menino fez um curso pra ser estranho ou pra confundir minha cabeça. Só pode.— Sussurrei, aborrecida. Segui-o até o estúdio onde estavam sendo guardadas as outras lembranças. — Vai me dizer o que é irônico ou eu vou ter que adivinhar?

— Irônico é você me dizer ‘feliz aniversário’!— ele esbravejou. Ok, desde quando esse guri pirou desse jeito?

— Eu digo ‘feliz aniversário’ para você todo ano. Bom, sempre vem com um ‘eu te odeio’ de brinde, mas se tá sentindo falta do eu te...— ele me cortou.

— Não tem nada a ver com o ‘eu te odeio’. O que é irônico é você dizer ‘feliz’ quando você está nos deixando. Me deixando.— Falou aquilo tão alto que eu podia jurar que todos do andar de baixo tinham escutado. Torceu o nariz como se estivesse prendendo o choro e virou as costas, me deixando parada ali com cara de idiota.

Voltei para casa. E me tranquei no quarto, ia passar o resto da minha noite ali. Cerrei os olhos me forçando a dormir, mas o sono não veio. Ansiedade, talvez. Ou talvez seja a falta de ordem nos meus pensamentos. Mil coisas se passavam na minha cabeça e, entre todas essas mil Freddie estava. Eu buscava uma razão que explicasse a atitude de dele mais cedo. Até que uma ideia louca me correu. Olhei para o relógio. Já era mais de três e meia da manhã, nem um sinal de sono, e eu estava a caminho do Bushwell Plaza. Dei um jeitinho de entrar no apartamento dele. Janelas, sempre úteis. Deixei a carta que eu tinha escrito para ele em cima de suas mãos.

Dei uma última olhada nele antes de voltar pelo mesmo caminho que vim. Já era inicio de manhã quando eu cheguei em minha casa. Fui até a cozinha, arrumei um lanche e subi para o quarto ‘Tentar dormir de novo.’, pensei, mas a única coisa que eu fiz foi deitar na cama e olhar para o teto.

Lullaby help me sleep tonight. (Canção de ninar, me ajude a dormir essa noite.)

As horas passaram mais depressa a partir do momento que eu caí no sono. E, quando a luz do sol entrou pela janela no outro dia pela manhã, me trouxe a realidade de que já era o dia de ir. Passei a manha toda vendo TV e quando a tarde chegou apenas me arrumei. Vi e revi tudo que eu tinha de fazer, chequei a mala e os documentos. Estava tudo pronto. Peguei um táxi até o aeroporto, não me surpreendi em ver meus amigos lá no meio do saguão.

I have to go, i have to go. I have to go, and leave you alone (Eu tenho que ir, eu tenho que ir. Eu tenho que ir e deixar você sozinho.)

— Viemos nos despedir...— Carly disse tentando soar do jeito que soava sempre. Animada e positiva. Eu a abracei assim que a primeira lágrima caiu de seus olhos. Spencer se juntou a nós duas. Quando nos separamos Carly já estava soluçando alto, notei Gibby que estava esperando a sua vez para me cumprimentar.

I have to go... (Eu tenho que ir...)

Um pouco distante de nós, estava Freddie. Sentado num banco de cabeça baixa. ficamos conversando ali até ouvirmos a chamada do meu voo. Foi só aí que eu notei ele se aproximando.
— Eu cheguei em cima da hora, faltam cinco minutos. Eu adoro vocês, mas eu tenho que ir.— Resmunguei abraçando os três ao mesmo tempo. — Freddie.— fiz um sinal com a mão, o chamando. Ele veio em minha direção, receoso.

— Eu li a carta, e eu também t...—

“Informamos aos passageiros que essa é a última chamada para o vôo 787 – de Seattle a New York. Se direcionem ao portão de embarque 5ª”

I have to go... (Eu tenho que ir...)

Somente o encarei sorrindo e o abracei. — Eu te amo...— ele sussurrou em meu ouvido. Depois de um longo suspiro ele quebrou o nosso abraço e fixou seus olhos nos meus. — Por favor, não vai. — ele implorou. Tomei seus lábios com os meus num beijo calmo e apaixonado cheio de promessas. Mas, aos poucos, ele tomou controle sobre a situação e tornou tudo mais intenso. Foi difícil quebrar aquele beijo, que seria lembrado para sempre, dei um último abraço nele. Olhei para onde nossos amigos estavam, Carly nós olhava sem piscar, mas com os olhos cheios de lágrimas.

Goodbye, brown eyes. Goodbye, my Love.— Cantarolei em seu ouvido. E fui me caminhando em direção ao portão de embarque.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.