Fronteiras da Alma escrita por By Mandora


Capítulo 3
Um Convidado Inesperado




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Kagome levantou o rosto e incrédula virou-se para se certificar de quem era aquela voz realmente. Ela não acreditava que ele pudesse estar ali. E apesar de estar na forma humana, era ele, sem sombra de dúvidas. Ao ver aquele rosto tão desejado, Kagome deu um grande sorriso. Ele mantinha uma feição séria, de braços cruzados, como se estivesse querendo manter uma certa distância entre eles. Mas ela não pôde agüentar. Correu e se jogou nos braços dele, abraçando-o com força. Era um abraço que ele tanto queria sentir novamente. Lentamente ele soltou seus braços e a envolveu.

– Eu senti muito a sua falta, Inu-Yasha...

– Me desculpe, por ter batido em você aquele dia...

– Eu entendo...

– Eu nunca mais vou magoar você daquele jeito de novo... Adeus...

Ele a soltou e começou a caminhar até poço.

– O quê? – O segurou pelos cabelos. – Espera!

– Kagome! Você ficou maluca? Me larga! – Começou a sacudir as mãos.

– Mas nem pensar que vou deixar você ir embora!

Inu-Yasha agarrou as mãos dela, tentando fazê-la soltar seu cabelo.

– Me larga, Kagome!

– Não! Se você voltar, vai ter que me levar junto!

– Você é mesmo muito chata, sabia?

– E você é um idiota! Como você pôde demorar tanto tempo para vir me buscar?!

Ele parou de lutar e a fitou profundamente.

– Eu não vim buscar você, Kagome...

Ela estagnou surpresa. Ficaram se olhando um tempo.

– Eu não consigo ficar aqui sem você, Inu-Yasha...

Seus olhos eram tão suplicantes que ele teve que desviar o olhar. “Eu também quero ficar com você, mas não quero que corra perigo... por minha causa...” pensou o hanyou.

– Eu ainda não consegui dominar a Tessaiga, Kagome... Eu só vim aqui hoje, porque é lua nova. Meu sangue de youkai desaparece e assim não posso machucar você...

– Inu-Yasha...

– Eu quero que você tenha a sua vida de volta. – Tinha uma certa tristeza na voz. – Aquele sujeito lá em cima... É amigo seu?

– Sujeito? Ah... Você está falando do Houjou! – Sorriu. – Você está com ciúmes dele?

“Eu adoro esse sorriso...” Só então se deu conta do que ela perguntara e tentou disfarçar.

– Humph! Ciúmes daquele sujeitinho, Kagome? Faça-me o favor!

“Eu sei, Inu-Yasha...” Largou o cabelo dele.

– Você vai ou não me devolver os fragmentos?

Inu-Yasha, aproveitando-se de que estava livre, tentou escapar para o poço, mas...

– SENTA!

Foi direto com a cara no chão.

– Kagome... Por que fez isso? – Sentou-se mau humorado.

Ela abaixou-se e o encarou.

– Não vou deixar você fugir de mim!

Sem lhe dar muita escolha, ela estendeu-lhe a mão. Ele tirou o vidro com fragmentos de seu quimono e meio a contra gosto entregou a ela.

– Está satisfeita?

– Muito! – Se jogou no colo dele, abraçando-o. – Obrigada por voltar para mim...

Ela afundou o rosto nas vestes dele. Ele relutou um pouco, mas acabou cedendo à sua vontade. Retribuiu o abraço com seu coração e ficou acariciando os cabelos dela. “Ele nunca foi assim tão carinhoso comigo...” pensou a jovem. Timidamente, ela subiu a mão pelo peito dele até alcançar-lhe a nuca, que acariciou delicadamente. Ele estremeceu ao seu toque, fechou seus olhos e deixou-se levar por aquela sensação. Deixou-se envolver por aquele calor e aquele perfume que ele tanto gostava. Cada vez mais eles se envolviam um com o outro. Seus corações batiam num ritmo alucinado. Permaneceram assim alguns instantes até que Inu-Yasha deixasse sua cabeça pender para baixo, apoiando-a no ombro de Kagome.

– Inu-Yasha...

Ele abriu os olhos lentamente.

– Humm...

Escorregaram um pouco suas faces, uma bochecha passando pela outra, até poderem olhar-se nos olhos. Estavam tão próximos que a ponta de seus narizes se tocavam. Ele podia sentir o calor dos lábios dela, mesmo antes de prová-los. “Nunca senti nada assim antes... Nem mesmo com a Kikyou...” Ambos fecharam os olhos e, como que guiados por um imã, aproximaram ainda mais os lábios. Então, escutaram uma voz lá fora.

– Kagome! Filha, onde você está?

Assustaram-se e separaram-se rapidamente. “Que droga, mamãe!” Ambos estavam tão corados que era impossível disfarçar seu estado de euforia. A jovem levantou-se e arrumou os cabelos.

– Eu acho melhor eu voltar senão vão perceber que você está aqui...

– E qual o problema nisso, Kagome?

– É que o Houjou não pode ver você, se esqueceu?

– E por que não? Eu estou humano agora, se lembra?

– É mesmo... – Agarrou-o pelo braço. – Então vamos beber chocolate quente.

Ela sorriu para ele, que ficou meio sem graça, até porque ele não sabia do que ela estava falando. Enquanto tentava descobrir do que ela falava, ela o arrastava escada acima.

– O que é chocolate, Kagome?

– Não dá para explicar, Inu-Yasha. Só provando para saber como é. A melhor parte é o marshmelow...

– Marsh o quê? Isso é bom?

– Você acha que ia dar alguma coisa ruim para você?

Abriram a porta do templo e deram de cara com a senhora Higurashi. Ela, que nunca o havia visto na forma humana, levou um grande susto.

– Oh, meus Deus, Inu-Yasha! O que aconteceu com você?

– Como assim?

– É a lua nova, mamãe. Amanhã ele estará como você sempre o viu... Vamos entrar que está muito frio aqui fora.

Ao entrarem na casa, o avô de Kagome fez o maior escândalo.

– Kagome! Santo Deus! Onde você esteve? E quem é esse garoto?

– Vovô, você não reconhece o Inu-Yasha? – Perguntou Souta.

– Inu-Yasha?... – Apertou um pouco a vista.

– É, o mano-cacho...

Antes que seu irmão pudesse completar a frase, Kagome o pegou por trás e cobriu-lhe a boca com a mão. O menino ficou esperneando nos braços dela, enquanto ela tentava disfarçar.

– É o Inu-Yasha, sim, vovô... Não se lembra? – Notou que Inu-Yasha e Houjou se entreolhavam. – Ah, é... Vocês dois ainda não se conhecem... – Largou o irmão. – Inu-Yasha, esse é Houjou, um amigo do colégio. Houjou, esse é Inu-Yasha, um... – Se atrapalhou um pouco. – ...ah... um amigo.

Os dois se estranharam no começo, mas foi como se mentalmente acordassem em não criar nenhum caso aquela noite, por causa de Kagome. As coisas correram bem, na medida do possível. O avô de Kagome falava pelos cotovelos.

– Gostaria de conversar mais sobre as antiguidades que tem em sua casa, Houjou.

– Na verdade, não é muita coisa... São só livros, frascos, artefatos de monges e 4 espadas bem antigas.

Inu-Yasha se mantinha de pé, encostado junto a janela, enquanto o ancião se mostrava cada vez mais interessado..

– Espadas? Seria muito interessante vê-las de perto. Qual a idade delas?

– Senhor Higurashi, elas são tão antigas que é difícil estimar a idade, mas meu pai calculou que a mais recente deve ter por volta de 500 anos de idade.
“E lá vamos nós de novo para o Sengoku Jidai...” pensou Kagome. Houjou continuou empolgado.

– Tem também um objeto que tenho certeza de que o senhor iria gostar... É um Shakujou sagrado muito antigo.

– Oh... Mas que preciosidade! Será que eu poderia ir a sua casa dar uma olhada?

– Vovô! Não seja oferecido! – Exclamou Kagome.

– Não tem problema, Kagome. – Disse Houjou. – Leve o seu avô lá em casa um dia desses e eu mostro o Shakujou... – Olhou o relógio de pulso. – Meu pai vai chegar daqui a pouco, é melhor eu ir andando. Obrigado pelo jantar, estava delicioso.

– Volte mais vezes, Houjou. E obrigada pelo sake. – Agradeceu a mãe de Kagome.

Kagome rapidamente levantou-se também.

– Eu acompanho você, Houjou...

Inu-Yasha permaneceu onde estava, com um ar esnobe, do tipo ‘eu fico e você vai’.

– Tchauzinho, Houjou!

Houjou não deixou por menos e respondeu no mesmo tom.

– Tchauzinho, Inu-Yasha...

Kagome tratou de puxar Houjou até a porta para evitar maiores provocações. Os dois saíram e ela fechou a porta atrás de si. Assim que eles saíram, começou o bombardeio de perguntas em cima de Inu-Yasha.

– Por que você sumiu daquele jeito, deixando a Kagome tão triste? Isso não está direito! – Começou o avô.

– Hei, você e a Kagome estão de bem agora, não estão? – Perguntou Souta.

– O que aconteceu com aquelas suas orelhas tão fofas? – Agora foi a mãe.

– Por que pintou o cabelo? Virou um rebelde por acaso? – Continuou o avô.

– Vamos brincar na neve, mano-cachorro?

– Mais um pouco de chocolate, Inu-Yasha? – Completou a mãe.

O hanyou ficou meio assustado no meio daquela confusão de perguntas.

– Eu, eu...

Lá fora, a neve voltava a cair. Houjou e Kagome ficaram olhando para o céu.

– Hoje é noite de lua nova. Se não houvesse tanta neve caindo, daria para ver melhor as estrelas. – Disse o rapaz.

– Eu gosto da lua nova...

– Kagome... aquele garoto é só seu amigo mesmo?

Ela ficou sem graça e tentou disfarçar.

– E o que mais seria, Houjou? Que pergunta!

– É... então, está tudo bem...

– Por quê?

– Por nada... – Pegou a mão dela e a beijou suavemente. – Espero poder voltar mais vezes...

O gesto dele a deixou totalmente vermelha e sem ação.

– Claro...

Houjou se despediu e saiu caminhando. Ela ficou observando-o sumir na paisagem. Parecia estar em transe. Foi quando escutou a voz de Inu-Yasha.

– Kagome!

Ela entrou correndo e o viu emburrado ao lado da janela da sala.

– Gente, o Inu-Yasha acabou de chegar e vocês já ficam bombardeando ele com um monte de perguntas! Dêem espaço para ele respirar.

O irmão dela tratou de explicar a situação.

– Mas, Kagome, não é por isso que ele está chateado. Foi porque o Houjou beijou a sua mão.

Dessa vez foi Inu-Yasha quem agarrou Souta e tratou de cobrir sua boca.

– Seu fofoqueiro, até parece o Shippou!

Kagome ficou completamente sem graça e tentou consertar a situação.

– Inu-Yasha, não é nada disso que você está pensando...

O hanyou largou o irmão da moça, que tratou de sair dali de fininho com sua mãe e seu avô, pois perceberam que o clima ia esquentar.

– Eu não estou pensando nada, Kagome! Por acaso a sua consciência está pesada?

– Imagina! O histérico aqui é você!

– Pelo menos eu não ando por aí com um tipinho daquele! Ele é tão fraquinho que qualquer ventinho à toa partiria ele em dois!

– Não seja tão ciumento, Inu-Yasha! Houjou é só um amigo!

– Ciúmes? Quem te iludiu, Kagome? Aquele humano idiota não provocaria ciúmes nem em uma mosca!

– Ah, então você está com ciúmes, não está?

Inu-Yasha calou-se e cruzou os braços. Ficou observando a neve que caía lá fora. Kagome aproximou-se dele, colocou suas mãos por entre os braços dele e apoiou a cabeça em seu ombro.

– Que bom que você está aqui, Inu-Yasha...

Ele deu um sorriso satisfeito e pensou consigo mesmo “É muito bom estar com você, Kagome...”


Continua no próximo cap...

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