Teardrops Of Choice escrita por gabiblack


Capítulo 3
Pressão




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Ao abrir o envelope e retirar o pedaço de pergaminho a garota voltou a ouvir a voz, o sussurro que fazia seus pelos da nuca eriçar. Chamava seu nome, somente seu nome em língua de cobra. Abriu lentamente o pergaminho velho e amassado e ficou inquieta quando viu que o mesmo estava em branco. O jogou em cima de sua cama e se levantou, caminhando pelo quarto com a mão na cabeça imaginando o que poderia ser. Scar respirou lentamente, um suspiro e novamente se aproximou da carta em branco. Arregalou os olhos surpresa ao ver seu nome escrito com caligrafia firme e cursiva, como se alguém estivesse acabado de escrever.

 — Tom — Ela disse para si mesma, concluindo suas suspeitas do dono do pedaço de pergaminho enviado a ela. “sim” apareceu então na carta, como se respondesse e concordasse com sua suspeita. As letras apareciam escritas, a ruiva tocou levemente a palavra e notou que a tinta ainda estava fresca, criando um borrão negro no papel e na ponta de seu dedo, que desapareceram segundos depois. — O que você quer? — Ela questionou.

“Um meio de contato com você” Surgiu escrito logo em seguida. “Malfoy não me da à devida segurança em seu respeito”

— Draco — Ela sussurrou — É claro! Por isso ele me segue desde o primeiro dia. — Ela conversava consigo mesma. Draco a havia dito que não queria ser babá naquele dia mais cedo, mas não tinha escolhas. — Malfoy é um comensal?

“Exato”

— Pode retirar as ordens que deu a ele, Riddle. Sei me cuidar. Aliás, por que agora resolveu tentar assumir o seu papel? Eu não fui um desagradável acidente, como você mesmo disse?

“Sei o que estou fazendo.”

— É claro que sabe. Mas fique sabendo que não é agora que começarei a seguir ordens. Principalmente suas.

“Você vai sim... Terá que fazer isso Scarlet”

— Ou o que? — Scarlet desafiou Tom Riddle. — Vai contar que tem uma filha? Pai.

A porta foi bruscamente aberta, chegando a bater na parede causando um estrondo altíssimo. Scar deu um pulo por causa do susto e escondeu o pergaminho atrás de seu corpo. Mas relaxou ao ver a cabeleira extremamente loira e curta surgindo. Tirou o pedaço de pergaminho, agora em branco novamente de trás de seu corpo, o dobrou e guardou no bolso de seu sobretudo negro. Malfoy encostou-se à porta, cruzando os braços com a face inexpressiva, olhar fixado nos olhos esverdeados dela. Scar achou que ele fosse falar algo sobre Voldemort, a quem era adepto secretamente, mas ele ficou em silencio, levantou uma sobrancelha tão loira que parecia branca e deu de ombros, dando meia volta e saindo do local. A jovem não sabia o que sentir o que pesar em relação ao rapaz da sonserina.

— Draco, eu.. — A ruiva disse, esperando que o rapaz a ouvisse, mas ele já marchava para fora do formoso comunal da Sonserina. Pegou então a carta de seu bolso que estava em branco, como se nada nunca tivesse acontecido. Scar ficou em silencio, fitando o nada com um olhar vazio. Refletia sobre o que acabara de acontecer; a carta que seu pai enviou a ela depois de 15 anos sem contato algum, Malfoy sendo obrigado a mantê-la na linha sempre, ela sendo censurada em seus atos, Scar não iria deixar aquilo continuar. Não mesmo. A jovem rasgou a carta ao meio, e depois mais uma vez e saiu do dormitório, dano de cara com Trelawney, a professora de adivinhação de cabelos louros espigados e roupas que pareciam ser feitas por um bruxo com somente um braço e cego.

— Minha bola de cristal.. Eu a deixei por aqui, sei disso sei di...  — A bruxa parou de súbito encostando sua mão esquerda no ombro da sonserina e o apertando com força. Seus olhos adquiriam um tom nebuloso, como se a nevoa os envolvesse por completo, como se tivesse tomado conta de sua visão. — Sangue. Almas inocentes chamam pelo nome da herdeira. Frio, muito frio. A escolha certa é um erro, e a errada é a morte. — Sua voz parecia metal rangendo em um som agudo que dava arrepios na púbere — Capas negras cobrem o céu e a terra. Acabou. Acabou! — A professora foi empurrada para trás como se algo houvesse feito aquilo, piscou com força os olhos cansados que voltaram ao azul celeste e naturalmente perdidos e aéreos. — O... O que eu disse?

— Algo sobre o.... Frio, vai fazer frio.

Não era completamente a verdade, mas também não era mentira. Lançou-lhe um sorriso falso e desviou da mulher confusa, partindo em direção a biblioteca. Passadas rápidas e ritmadas eram dadas pela jovem sonserina; queria saber tudo sobre os planos de seu pai, sobre o que aconteceu com o mesmo na noite em que Potter sobreviveu a seu ataque, o que aconteceu com Harry também e como deter o Lord das Trevas. Era tão estranho ser filha dele e não saber nada, nem ao menos seu paradeiro. Subia as escadas rapidamente com a esperança de ninguém vê-la por estar matando aula até que o chão sob seus pés começou a tremer e ela foi jogada para o lado, apoiando-se no corre mão para não cair. A escada passou a se mexer e mudar e lugar. Perfeito. O que mais ela queria era se atrasar, afinal em que fácil situação ela estava não é? Só era filha do bruxo mais temido de todos os tempos, fingindo ser só mais uma aluna normal, sendo submetida a ordens e regras que não queria seguir e para completar com uma baba a lhe seguir para todos os cantos a mando de seu pai. Scar sentou-se no degrau e abraçou seus joelhos, colocando a cabeça entre as pernas, sentiu seu rosto esquentar e molhar pelas lagrimas que transbordavam pelos seus olhos. Sentia raiva, ódio, desespero e... Medo. Medo de descobrirem a verdade, de julgarem seu caráter pelo sangue como quase todos os sonserinos e seguidores de seu pai faziam com os nascidos-trouxas, medo de perseguirem seus familiares a procura de respostas que nem mesmo eles sabiam.

Um som interrompeu suas lagrimas, passos, vozes, gritaria. Os alunos voltavam da aula de Herbologia. Scarlet olhou para trás e se encontrou sentada em frente ao salão comunal da Grifinória. Levantou-se em um salto e correu, passando pelos grifos de cabeça baixa para esconder os olhos inchados e vermelhos. Virou à esquerda e se direcionou novamente para a biblioteca, mas percebeu que estava sendo seguida, ouvia mais do que seus passos.

Entrou rapidamente na biblioteca vazia e virou em um corredor cheio de livros grandes, de paginas amareladas e gastas que cheiravam a mofo e ficou quieta, olhando quem iria aparecer ali.

Esperou... Esperou mas ninguém apareceu. Não era possível que estava sozinha ali, pois ouvia som de respiração, baixa e controlada, mas ouvia. Sabia que não estava sozinha. Andou calmamente em direção a uma prateleira mais ao sul e observou os nomes dos livros gravados em suas laterais, achou um, teve que ficar na ponta dos pés para pega-lo, sentou-se e o abriu. Era um livro de historias e falava sobre as Relíquias da Morte, talvez fosse umas das únicas coisas que ela era certa sobre Tom, que ele procurava essas relíquia e que não iria medir esforços para achá-las.

Scar levantou uma sobrancelha e colocou um sorriso malicioso no rosto, no livro havia um rapaz, que com a capa de invisibilidade... Quem era o único rapaz que poucos sabiam que tinha exatamente essa capa?

— Potter não é nada legal espionar as pessoas desse jeito. — Proferiu claramente colocando uma mascara na face que escondia seu verdadeiro estado de espírito. Virou-se para onde o som vinha e esperou que o jovem se mostrasse, mas nada aconteceu — Ou você tira essa capa ou eu mesma tiro. Sei que é você.

— Como sabe? Ninguém sabe que eu tenho essa capa... — Uma voz masculina soou do meio do corredor e o jovem moreno de olhos verdes e óculos circulares muito estranhos apareceu, tinha a expressão confusa.

— Ninguém mesmo? — Scarlet respondeu fechando o livro bruscamente espalhando poeira para todos os lados. Harry ficou em silencio encarando a ruiva como se a mesma fosse uma abominação — O que você quer? — Ela perguntou, mas não teve resposta alguma. — Eu te fiz uma pergunta.

— Eu sei. É que... Desculpa-me por ter seguido você, mas é a aluna nova, cheia de mistérios, Hogwarts inteira comenta de você.

— E então você pega essa capa idiota e decide invadir minha privacidade? Francamente Potter. Mas, comentam o que?

— Você fez uma chegada um tanto quanto diferente, não acha? — Harry disse referindo-se ao ataque a seu amigo

— Isso de novo? Olha eu não devo satisfações a ninguém, já disse isso; você acha que é quem para pega essa droga de capa e se achar o maximo me seguindo para ver se descobre algo sobre a “garota nova” para sair por aí falando para seus amigos. Você não presta. — Ao dizer isso ela saiu da biblioteca, trombando propositalmente no rapaz ao passar por ele.

Estava nervosa, detonada e aquilo foi a gota d’água para ela explodir. Talvez não devesse ter ficado tão exaltada, mas não tinha paciência para Potter, pois sempre que o via; que falavam seu nome ela se lembrava de tudo pelo o que estava passando e tinha que mais uma vez fingir estar no controle da situação. Seguiu em direção a sacada, não estava com humor para assistir aula alguma naquele dia graças a Tom, Potter, e a aquela escola. Subiu as escadas rapidamente desmoronando em lagrimas novamente durante o percurso e ao chegar a seu destino deu de cara com nada mais nada menos do que Malfoy. Ele parecia tão detonado quanto ela, encostava a cabeça na grade da sacada e parecia perdido em pensamentos desagradáveis e cruéis, a aparência fria e calculista deu lugar a um jovem sensível, pelo menos era o que parecia.

Quatro passos lentos foram dados por ela em direção ao rapaz, lentos e cautelosos até que ela ouviu um soluço e parou de andar, ficou imóvel. Draco chorava, e muito. A manga de sua camisa preta estava arregaçada e em seu antebraço a marca negra se movia, bela e imponente. Scar então notou que seu rosto havia secado e se encontrou a poucos centímetros do rapaz, estava preocupada com ele pois tinha alguma idéia do que ele estava passando.

— Draco..

—Va embora! — O louro retrucou com um tom de voz muito alto, quase como um grito, mas não se virou para encarar a ruiva sonserina.

— Não! — Scar revidou no mesmo tom. Malfoy calou-se e tentou se recuperar — O que houve?

— A verdade? — ele perguntou, tento que forçar a garganta para que a voz não falhasse muito.

—Não, pode mentir, é óbvio que é a verdade!

—Você acha que é fácil, não é mesmo? Ficar aqui e proteger a herdeira. Não é. Você se sente pressionada? Não imagina o quão simples é ser você. — E com essas palavras ele se retirou dali, deixando-a sozinha novamente, mas pela primeira vez ao dia ela não queria ficar só, não mesmo.


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