Força

Ele sabia que data era aquela. O segundo domingo de Maio, dia das mães. Era tempo de comemorar, nem que fosse de seu jeito.

Deixou o buquê de flores na lápide e, com os olhos marejados, sentou-se ao seu lado. Abriu a mochila, retirando o seu almoço de dentro.

"É omelete, mamãe." Falou, com um sorriso cansado. "Não é tão gostoso como o que você costuma fazer, mas você sabe que eu adoro..." Confessa, preparando-se para comer ali mesmo. Não se importava que o achassem estranho, ou que o repreendessem por comer no cemitério, mas era seu costume de todos os anos.

Tinha que ficar ao lado dela, mesmo que fosse por um dia.

"Trouxe margaridas, também. Sei que você gosta muito." Comentou. Já estava comendo a omelete que ele mesmo fizera, e mastigava e engolia o alimento com certa dificuldade. Queria muito chorar naquele momento, era inevitável.

Não culpava mais ninguém pelo o que ocorrera. Mesmo ainda sendo tão jovem, sabia que não deveria fazer isso, que não tinha necessidade. As mãozinhas estavam trêmulas, e ele provavelmente devia ter melado o queixo.

Ao terminar de comer e guardar suas coisas, levantou-se, cambaleando um pouco, ficando de frente para onde jazia uma das pessoas mais importantes da sua vida.

"Tenho que ir agora." Disse, triste, segurando o choro. Sabia que era inútil, mas pensava que, nesse momento, o que ela mais queria era vê-lo sorrindo, sendo forte.

"Feliz dia das mães... E-eu te amo, mamãe." Completou, sem importar se parecia clichê. Era o que sentia, no fundo de sua alma jovial.

Enxugou a única lágrima que escorrera na bochecha, e a deixou, em silêncio.

Por ela, seria o menino mais forte do mundo.