Algo que fazia Lucy pensar todos os dias era o modo como Loki fazia referência a ela. Quando ela se sentava em sua cama, de noite, observando as estrelas no céu e ao mesmo tempo querendo olhar as pessoas caminhando na calçada ela se lembrava disso.

Nesse momento ela estava olhando para Loki com uma expressão sorridente, mas incrivelmente melancólica.

 “Minha flor nunca pode murchar’,  Ela se lembrou das palavras dele quando a salvara de cair de um lugar alto certa vez ‘Porque se ela o fizer, eu que sou o beija-flor, nunca poderei sentir o gosto do doce néctar dela. Doce Lucy, jamais murche.”

- Ele não fala mais isso desde... – Ela murmurou para si mesma enquanto suspirava, perdida em pensamentos.

Seu pensamento a levou para a luta que tivera com uma das Dark Guilds. A luta em que ela se perdera de todos. A luta em que ela não podia sentir suas chaves perto dela enquanto era enforcada por um raio de energia cor púrpura. A luta em que Loki apareceu para salvá-la... Quando ela estava pensando em Natsu.

-  ... Desde que sentiu isso. – Ela ficou vermelha com o pensamento, escondendo a cara no travesseiro – que ela abraçava como se fosse um porto seguro -  e dando um gemido de um sentimento que não tinha nome. Talvez o nome dele fosse “maldita merda desgraçada!”, de quando você sabe que fez algo no seu subconsciente, não quer admitir e... Simplesmente se odeia por isso. É, era o nome perfeito para aquele sentimento duvidoso.

Ela bufou. Precisava tomar um banho, logo já estava molhada, se enxugando na toalha branca.

Ela foi até seu baú de lingeries... E ficou vermelha com a própria ousadia. Por que ela tinha tudo isso? Ela nem usaria isso em alguma ocasião.

Pegou qualquer coisa não tão... Erm... E logo vestiu seu pijama.

Ela se deitou na cama.

- Mou! O que ele tá pensando? Se quando eu o chamo de verdade ele está num “encontro”, por que eu não posso chamar o Natsu? Ele só aparece quando ele quer, é diferente de aparecer quando eu chamar. Sempre foi assim. – Ela resmungou enquanto se virava de um lado para o outro na cama, até que se sentou, novamente abraçada ao travesseiro e pegou suas chaves. Estava decidida a acertar contas com aquele idiota. – Ok. Hirake, Reo no Tobira.

A luz amarelada e “purpurinada” dos espíritos estelares preencheu o espaço da altura de Loki, que se materializou, revelando o ruivo de terno e óculos escuros.

- Sim? A que veio me chamar às três da manhã, Mestra? – Loki sorriu, dando uma reverência.

Lucy sentiu o coração bater mais rápido e doer. Realmente havia mudado. Tudo havia mudado. E esse tudo para Lucy estava na frente dela.

- Mestr--

- Pare de me chamar assim.

- Sim senhora. – Ele assentiu.

- Pare! – Ela gritou.

- Milady, eu recomendaria não gritar... Parece que você viu um fantasma. Está tudo bem? – Loki perguntou.

- Loki... Por que você está fazendo isso? – Ela perguntou com a voz embargada. – Por que você não chegou sorrindo alegremente, segurando-me nos seus braços, dizendo que é feliz pelo nosso amor? Por que você não está falando que eu sou a melhor dona do mundo e que todos os espíritos fariam fila para me ter como maga? Por que não está me prometendo amar para sempre?...

- A relação entre um Mago e seu Espírito são de obediência e servidão. Se eu fizer tal coisa estarei desrespeitando meu Mestre, como ele mesmo disse todas as vezes que eu repeti tal coisa. Só tenho a pedir perdão humildemente e me colocar em meu lugar. – Ele se virou e estava pronto para sair.

- Aonde você pensa que vai?

- Minha Mestra está com sono. Eu vejo.  Deixá-la-ei dormir por agora. – O que era verdade, ela estava com olheiras profundas, mas isso realmente não a abalou, mais do que já estava, claro.

Lucy estava confusa demais para formular uma frase decente. Apenas... Segurou na manga do casaco dele e ficou cabisbaixa.

- Não vou dormir, nem deixar você ir. – ela olhou no fundo dos olhos azuis dele, por trás dos óculos. – Por favor... Diga que me perdoa.

- Eu que lhe devo--

- CALA A BOCA! – Ela o estapeou tão forte que imediatamente a marca ficou em seu rosto.

Agora era a vez de Loki ficar confuso? Não. Ele continuou com a mesma expressão.

- Desculpe. – Ela chorou, limpando as lágrimas que caiam com as mangas do pijama. – Desculpe, desculpe, desculpe. Me desculpe. Eu...

- Lucy. – Ele levantou os olhos dela. – Desculpar pelo quê?

- Você... Você... Não fala direito comigo desde o incidente com aquela Dark Guild. Você não está agindo como você é! Eu estou preocupada! Você não atende quando eu te chamo. Você não sorriu quando me viu de novo! Já se passou mais de um mês! Você nem sequer deu um “oi” direito! E que história é essa de “Mestra”, “Senhora”, “Milady”?! Isso é um insulto, sabia?

Ele esboçou um sorriso malicioso com o canto dos lábios, mas fechou-o rapidamente.

- Sentiu minha falta.

Ela o encarou, ainda digerindo o que ele disse.

- Q-quê?

- Você. Sentiu. – Ele enxugou as lágrimas dela.

- Eh? –Ela deu as costas para ele, cruzando os braços, para esconder o rosto rubro. – Claro que fiquei preocupada, porque você é meu amigo! Ver sua cara daquele jeito me assusta!

- Eu não perguntei isso. Não perguntei nada. Eu afirmei. Você sentiu minha falta. – Ele a abraçou, encostando sua cabeça no ombro dela, a boca bem perto de seu ouvido. Seu hálito soprando no lóbulo de sua orelha.

Lucy parecia uma pimenta de tão vermelha. De novo era o sentimento sem nome, mas com um novo sentimento misturado.

“Maldita Merda... Que eu amo desgraçadamente”?

- Você sentiu. Eu estou certo. – ele girou o corpo dela para que ficasse de frente para ele.

Loki era realmente o Leão dos 12 Espíritos.

- L-Loki! Matte--

De certa forma... Lucy gostava do jeito como Loki se referia a ela. Uma flor. No momento Lucy poderia ser um pequeno cravo, de tão vermelha. O vermelho caberia bem naquela situação. As bochechas de Lucy estavam tão quentes que poderiam sem confundidas com metal em brasa.

Loki não diria isso para mais ninguém, mas borboletas voavam em seu estômago. A quanto tempo não esperava por aquele momento! Tê-la ali, em seus braços. Por ele. Só dele...

Tsc, a quem ele queria enganar. Embora ele a estivesse beijando, ele era dela. Pertencia à ela.

Os lábios de Lucy tinham um sabor doce e macio. Era como passar uma pétala de flor nos lábios e sentir o aroma. Mas o dela era diferente. Era mais exótico. Algo que você só encontra nos campos mais belos, onde tudo parece ser envolvido por magia. E ela tinha determinação embora fosse muito delicada. A flor do beijo de Loki era um lírio. Um lírio-tigre vibrante e destemido, mas muito delicado e frágil. Ele o soltou, embora o toque fosse viciante.

- L-Loki...

- Desculpe. Lembrei que somos amigos, mas acima de tudo eu sou um Espírito Estelar sob sua posse.

Lucy viu os braços dele deixarem-na.

E, de repente, ela se sentiu despedaçada.

- Eu lhe ordeno... Não pare. – Ela voltou para seus braços. Dessa vez ela mesma se pôs na ponta dos pés e tocou de leve os lábios leves de Loki.

Tão de leve que a sensação era parecida como tocar dentes-de-leão e o vento o levar para longe.

Se ela separasse seus lábios dele agora ele poderia ir realmente embora, assim como os dentes-de-leão. E ela o veria partir com uma dor aguda no peito. Portanto ela o abraçou mais forte do que jamais abraçou ninguém e sussurrou:

- É. Eu senti sua falta. E é sua obrigação não me fazer sentir de novo.

- Como quiser, Lucy-sama.

E a primavera fora de época na cidade de Magnólia aconteceu naquela noite, onde somente um jardim teve o privilégio de ver brotar um amor-perfeito.