Uma Garota Sombria escrita por cessiuh


Capítulo 2
Uma conversa e um mistério


Notas iniciais do capítulo

O segundo capítulo, para os meus lindos leitores amados.Boa leitura.



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Eu fui proibida de freqüentar o cemitério. Mas eu nunca deixei de ir. Sempre saia escondida, na maioria das vezes, de madrugada.

Hoje, quando notarem minha falta, eles saberão exatamente onde eu estou. Eu não tinha segredos, ao contrário deles. Eu sabia que eles planejavam me casar o mais depressa possível. Eu já havia menstruado, e agora tinha idade para ser negociada. Quer dizer, casada, como vocês preferirem. Eu não sabia o que me esperava.

Eu estava ajoelhada entre os túmulos dos meus pais, quando notei uma figura estranha, perto das árvores. Levantei depressa, e ela entrou na floresta. Será que era um animal?

Não parecia ser, era uma pessoa. Alguém vestido de preto. E que estava me observando. Estávamos muito longe, mas quando me levantei, ele se escondeu. Ou fugiu. Quem poderia ser? Algum empregado me seguindo? Ou alguém pretendendo me fazer mal? Talvez, fosse só uma impressão. Talvez eu tivesse me enganado.

O dia ainda estava escuro. Os primeiros raios de luz começavam a aparecer agora. E o frio estava aumentando. Era um típico lugar assustador, para se ver coisas que não se deseja ver.

Mas eu não ficaria com medo por causa de um vulto preto na floresta. Não havia o que temer. Eu estava decidida a passar quanto tempo eu pudesse com eles.

Sentei novamente, em frente aos dois nomes, e os observei melancolicamente. A floresta ao longe, fazia a vista ainda mais sombria. Era um retrato de minha vida.

- Você não chora? – Uma voz desconhecida falou suave atrás de mim. Era uma voz masculina, grossa, porém com um toque suave. Deveria ser um dos empregados que viera me buscar. Mas eu só queria ficar ali! Será que ninguém entendia? Eu só queria ficar sozinha com minha droga de vida e minha dor.

- Vai embora! – Falei sem nem olhar para ele.

- Por quê?

- Não ouse encostar as mãos em mim. Vá embora e diga que não me encontrou!

- Mas eu te encontrei. – ele fez uma breve pausa. - Eu sempre te encontro.

- O que quer dizer com isso?

- Que é perigoso andar sozinha por ai.

- Eu não estou andando.

- Mas estava.

- Você estava me seguindo?

- Não. Mas eu sei que você não pode voar. E que não estava aqui antes.

- Deixe-me em paz. Diga que eu volto de tarde.

- Por quê?

- Eu quero ficar aqui! Sozinha! Agora saia! Estou me enraivando, e isso não é bom para mim e nem para você. Posso fazer você perder seu emprego! É meu aniversário, e só o que peço é que suma daqui.

- Eu sinto muito.

- Por vim me atormentar?

- Pelas suas perdas.

- Não preciso de sua pena. Já disse para ir...

- O que você está fazendo? – Como assim o que eu estava fazendo? Ele não podia ver por seus próprios olhos?

- Eu estou... Olhando... Meus pais. Mas não te interessa. Saia!

- Esses não são seus pais. São apenas duas lápides, com o nome deles.

Eu nunca havia visto um empregado tão atrevido. Como ousava debochar de mim e de meus pais? Apenas lápides?! Ele por acaso sabia o que significavam para mim? A raiva percorria o meu corpo, e eu me levantei para encará-lo. Agora eu fazia questão de ver a cara daquele desgraçado! Mas ao me virar, não havia ninguém ali. Simplesmente ninguém. Comecei a correr por todo o cemitério. Ele não poderia de repente ter desaparecido, pois ele estava ali a um segundo atrás.

- Mãe? Você viu? Por favor mãe, fala comigo! Pai! Vocês viram! Eu não estou louca! Não... Eu não estou louca!

Eu queria chorar, mas eu não conseguia. Era como se eu não tivesse forças. Vasculhei todo o cemitério, em busca de alguém, mas estava vazio como sempre. Eu queria que ele fosse embora, mas... Não daquela maneira misteriosa. Não dava tempo de sumir, ele havia acabado de falar. Só se... ele nunca tivesse estado ali. Talvez ele nem existisse, e aquela voz estivesse apenas em minha cabeça. Talvez todos estivessem certos. Eu fosse louca! Mas não era possível! Só podia ser um dos empregados querendo rir de mim.  Querendo dar gargalhadas à custa de uma garota esquisita. É o que todos deveriam fazer quando eu não estava mais por perto.

- Vocês são os únicos que me entendem, não é? Vocês me amaram mais do que a própria vida. Deram-me tudo o que puderam e cuidaram de mim. Nunca iriam rir de mim. Eu não posso simplesmente esquecê-los aqui. Eu nunca vou esquecê-los!

Passei o resto da tarde ali pensando no que ouvira. O que ele havia falado tinha me perturbado muito.

“Você não chora?”

“eu sei que você não pode voar. E que não estava aqui antes.”

Que tipo de pergunta era aquela? Era óbvio que eu chorava. Bem... Talvez houvesse algum tempo, mas... O que ele queria? Que eu chorasse todos os dias pelo resto de minha vida? E que história era aquela de voar? Ele estava sendo apenas irônico? Ou ele quis dizer alguma coisa a mais?

E como ele havia desaparecido? Será que... Não! Não!

- Pare de pensar besteira Anne. – Falei baixinho para mim mesma.

Eu pensei em ir à floresta, mas tive receio de me perder. A floresta era densa, e eu não estava acostumada. Deitei na grama macia, e fiquei observando o céu. Eu resolveria isso quando chegasse em casa. Teriam que me dizer, quem é que veio atrás de mim. E se ele veio por conta própria eu o descobriria. Eu iria chamar todos os empregados, homens e mulheres, jovens e idosos, mesmo tendo certeza de que se tratava de uma voz masculina e jovem. Agora, a certeza era tão relativa...


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Notas finais do capítulo

Agora a história começa de verdade. Muitas coisas acontecerão. Garanto muitos mistérios aos meus leitores queridos.
Espero que todos tenham gostado. Se você der um alô ali em baixo, ficarei muito grata.Se gostou da história, incentive. Nós disponibilizamos nossas histórias de grátis(^^) com um único objetivo. A alegria dos nossos leitores. Não custa nada mandar um review.Bjãoo



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