Amores Impossíveis escrita por Anny Andrade


Capítulo 1
Capítulo Único.




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E mais uma vez eu cheguei a esse ponto.

            Ao ponto critico de me questionar sobre o que sinto. E todos dizem que só as meninas sentem isso. Mero engano.

            Eu praticamente passo metade dos meus dias me questionando sobre o sentir, o que não sentir e chegando a conclusão de que é tarde demais para pensar nisso já que eu simplesmente sinto.

            Mas o que sinto? No começo eu ainda acreditava somente na amizade colorida, na carência, sempre recordando do primeiro beijo e precisando repetir a primeira vez dela. Depois lutava para acreditar que era somente desejo, corpo, carne, necessidade. Mas sempre que o sorriso dela fazia com que o resto do mundo sumisse eu percebi que não somente algo corporal, sempre tinha sido além disso.

            Então me veio na mente a coisa mais obvia do mundo: Estou apaixonado.

            E passei a me conformar com esse estado de alucinação continua. Essa loucura que nós humanos chamamos de paixão. Esse sentimento que de tão misturado faz a cabeça girar a 360 graus a cada segundo.

            Paixão. Está apaixonado significa sonhar constantemente com aquela maluca, e sempre que a vejo só posso sorrir. O jogo era para ser meu, mas ela entrou na brincadeira tão bem que é quem dita às regras agora.

            E eu voltei a ter duvidas. Será que é mesmo paixão? Ou se tornou algo um pouco mais, além disso, um tanto mais complexo, e muito mais difícil de sentir? Já ouvi dizer que quando se gosta de alguém tem regras básicas para identificar paixão e amor. Disseram a mim que se passar dos dois anos a loucura da paixão acaba se transformando na tristeza do amar. E quando isso dura tempo suficiente para ser uma historia? Senti coisas por ela a partir do momento que descobri o que era sentir. E os jogos só foram se intensificando.

            Estou aqui pensando em tudo isso enquanto ela apenas esta rindo com todos, possivelmente estão combinando alguma loucura que vai ser compreendida apenas pelo tio Jorge. E eu acho melhor tentar prestar atenção no que dizem por que sempre sou eu quem sofre as conseqüências. Vivem dizendo que pareço meu pai, sempre levo a culpa mesmo sem ter feito nada.

            - Hugo o que acha? – Minha irmã me perguntou quase que implorando com o olhar para que eu discordasse.

            - Não estava prestando atenção. – Respondi sinceramente, melhor saber do que se trata antes de simplesmente concordar com a sistemática da Rose.

            - Um acampamento. – Lily disse animada.

            - Acampamento? – Eu resmunguei. – Isso significa ficar longe de comida descente?

            - Hugo... Sabe muito bem que nossas barracas possuem cozinhas. – Ela disse revirando os olhos.

            - De onde tirou essa idéia? Você odeia mato e inseto. – Pelo menos o Alvo pensa, ainda bem que ele argumentou.

            - A Sophia disse que acampou no ultimo fim de semana e que foi divertidíssimo. – Lily sorriu, tenho certeza que ela acrescentaria alguma coisa na resposta dela. – Sem contar que ela pegou um bronzeado tão lindo.

            - Se quer ficar morena vai à praia ou pede alguma poção a tia Mione. – O Tiago é bom em respostas.

            - Não é a mesma coisa. – Lily disse aborrecida e olhou para mim. Odeio como ela consegue o que quer.

            - Pode ser legal, vamos poder relembrar a infância. – Acabo dizendo e vendo o sorriso dela aparecer.

            - Hugo... – Minha irmã me bate carinhosamente, será que já tinha planos para o fim de semana? Definitivamente acampar se tornou ainda mais agradável agora.

            - Maninha parece divertido, como nos velhos tempos a família toda reunida. – Digo sinicamente.

            - Ótimo... – Rose resmunga irritada.

            - Amanhã às 14 horas na frente do meu apartamento. – Lily disse animada se levantando. – Não se esqueçam. – Ela desaparatou acenando.

            - Só pode está sonhando. – Alvo disse. – Tenho mais o que fazer para aturar irmã doida. – E ele aparatou sem nem dizer tchau.

            - Não poderíamos ter apenas parentes normais? – Rose disse aborrecida e me beijou no rosto antes de partir.

            - Hugo? Não vai cair nessa né? A Lily é doida. – Tiago disse rindo. – Vou tentar fazer a mamãe tirar essa idéia da cabeça dela. – E também se foi.

            Eu realmente acho que acampar seria muito divertido, e nem acho a Lily tão doida. Bom... Ela é completamente doida, mas essa idéia foi até razoável.

            XXX

            Já se sentiu como um idiota? Eu estou me sentindo assim. Estou parado na frente do apartamento da minha prima como tínhamos marcado. E eu sou o único. Sei que ela sempre se atrasa, mas Rose é a pessoa mais pontual que eu conheço, e o Alvo não fica atrás, desistiram de acampar e esqueceram-se de avisar a única pessoa que gostou da idéia.

           

            Pensando bem se esqueceram de avisar Lily também, ela está com cara de poucos amigos e sei que vai fazer um escândalo, é só contar. I. 2. 3.

            - AHHHHHHHH! HUGO! Cadê os meus irmãos e a Rose? – Não disse que ela ia fazer escândalo? Não queria, mas conheço cada detalhe dela.

            - E pergunta para mim? Eu só vim no horário marcado. – Respondo rindo.

            - Não ria.

            - Por quê? – Quando ficamos sozinhos os jogos ficam mais interessantes.

           

            - Hugo... Não vamos entrar nessa novamente né? – Ela mantendo distancia.

            - Começar o que? Do que você está falando? – É legal irritá-la.

- Esquece. Vamos esperar mais um pouco.

O mais um pouco durou simplesmente 3 horas.

- Viagem cancelada. – Lily disse aborrecida.

- Como assim? Depois de quase 4 horas eu vou acampar nem que seja sozinho.

- Hugo...

- Não precisa ter medo. Prometo nem chegar perto de você. – Não pretendo mesmo, é bom deixá-la saindo com os namorados idiotas assim me desintoxico do gosto dela.

            - Bom... Vamos... – Lily disse segurando minha mão e fazendo a gente girar. Em menos de um segundo estávamos em uma praia de areias extremamente brancas e um mar que parecia ser a origem da calmaria.

            Montamos a barraca sem dizer uma única palavra, sem nos tocarmos nem mesmo nas mãos. Ela se despiu das roupas e ficou por horas deitada sob o sol, enquanto eu simplesmente me perguntava em qual momento a amizade tinha virado paixão e a paixão se transformado em algo mais.

            É difícil assumir um sentimento, ver que o final não vai ser como esperamos. Porque nós dois sabemos o final de cada uma das histórias paralelas que insistimos em viver. Fecho os olhos enquando toco notas sem sentido no violão velho que ganhei do Alvo em um dos milhares natais que vivemos lá em Hogwarts. Meu corpo estava ali, mas minha mente estava simplesmente viajando por momentos que ficaram gravados não só na memória, mas na pele.

            Sem perceber podia me ver sorrindo ao passar a língua pelo corpo inteiro dela. Podia ouvir sua voz ofegando meu nome abafadamente esperando que ninguém pudesse ouvir. Era como se com cada gosto, cada beijo, cada sensação fizesse as respostas quererem sair de mim, e eu simplesmente lutando contra tudo isso. Tenho medo. Medo de descobrir o que é e depois ver mais uma vez a realidade da nossa vida. Nunca vamos ficar juntos, mesmo que eu jure que me lembro de cada detalhe dela, mesmo que ela espere por mim por toda a vida, mesmo que continuemos trocando olhares e sonhos. Nunca vamos acabar ficando juntos.

            Sentir gotas gélidas caindo sobre mim foi a única coisa que me fez voltar a realidade. O céu todo azul tinha se tingindo de cinza misturado com laranja, o mar calmo parecia prestes a invadir a ilha toda. E Lily parecia apavorada ao passar por mim e entrar na barraca. Ela nunca gostou de tempestades.

            Acabei sendo obrigado a entrar também, a chuva começou a ficar a cada minuto mais forte e o vento aumentou tanto que somente a barraca era um lugar seguro. Ser bruxo tem suas vantagens.

            Ela se escondeu no banheiro por vários minutos saindo de lá com os cabelos molhados e moletom. Escondeu-se em uma das camas se cobrindo com um cobertor. Ficou em silencio enquanto eu apenas tentava fazer alguma comida, e mesmo sendo um bom cozinheiro não consegui fazer nada além de esquentar leite com chocolate.

            - Lily?

            - Eu odeio esse tempo. – Ela disse encolhida quando um relâmpago iluminou a barraca toda.

            - Eu sei, me lembro das férias, das aulas, de todos os momentos. – Acabo rindo enquanto ela me joga uma almofada.

            - Bobo! Eu não gosto disso.

            - Vamos toma o chocolate quente e esqueça um pouco do tempo.

            - Hugo? Por que veio comigo?

            - Porque acampar pode ser divertido, quando não chove né?

            - Sempre foi meu primo e meu melhor amigo. – Ela sorri.

            - Sempre fomos os pirralhos da família.

            - Por que tínhamos que ser da mesma família? – Eu definitivamente não queria falar sobre isso.

            - Destino... – Sugeri me afastando para a cozinha.

            - Hugo... – Ela veio atrás de mim. Normalmente acontecia assim.

            - Lily... – Tentei ser forte, mas ela simplesmente me puxou para um beijo sem pudor algum. Suas mãos invadiram minha blusa a retirando e jogando em algum lugar da barraca.

            Era tarde demais e o nosso jogo tinha se iniciado.

            - Odeio ser sua prima. – Lily disse quando nossas bocas buscaram ar. – Mas amo te ter sempre por perto. – Ela me puxou por sobre ela, caiamos na cama e nesse momento os lábios dela já tinham saído dos meus lábios para percorrerem meu corpo.

            Os beijos dela incendeiam minha pele como mais nada consegue fazer. São tão doces e leves e me levam a loucura.

            - Lily sabemos o resultado disso.

            - Hugo, o resultado não importa. O que importa é o jogo em si. – Ela disse voltando a grudar seus lábios aos meus. E dessa vez foi o moletom dela que voou para o chão da barraca.

            Nossos corpos já estavam transmitindo correntes elétricas um ao outro, parecíamos uma extensão da tempestade que caia do lado de fora. Os beijos misturados com caricias, e as incertezas partindo deixando apenas o êxtase dos corpos embalados.

As unhas dela deixando marcas em minhas costas, e seu pescoço ganhando manchas de minhas mordidas. Palavras ditas, olhares encaixados, corpos suados, nossas mãos entrelaçadas sobre a cabeça dela.

            Sabe quando se descobre a diferença entre paixão e amor? Quando se sente que nada mais seria igual se não fosse com a pessoa certa. Lily Luna Potter sempre foi a garota certa na vida do garoto errado. Se descobre que é amo quando o corpo treme sobre do dela, quando o sorriso se encaixa com o sorriso dela, quando as peles parecem se completarem em cada toque, quando os lábios lutam para não se separar. Quando mesmo sabendo o resultado, ainda lutam para tentar mudar.

            São destinos cruzados sem esperanças, mas fazem de cada segundo um momento inesquecível.

            Nossos corpos em sincronia, nossas vozes mudas, nossas respirações descompassadas, e o auge de toda a relação inexistente. A eletricidade final sempre trás respostas para aquelas duvidas.

            - Hugo...

            - Lily, eu descobri uma coisa.

            - O que?

            - Não é mais paixão...

            - Como?

            - É amor. Um amor impossível, mas um amor. – A beijo a fazendo perder novamente o fôlego, conectando nossas almas.

            - Um amor impossível que vale a pena esperar. – Lily sorriu e nossos beijos continuaram.

            Um acampamento que mais parece um sonho.

            Amores impossíveis são assim. Aqueles que começam com um sorriso, com uma amizade, com uma incerteza. São aqueles que ganham sensações inexplicáveis, que viram desejos intermináveis, que chegam a beijos e a coisas a mais. São amores que passam por cada fase, pelo gostar, pelo querer, passa pela paixão e chega ao amor.

            Amores impossíveis são eternos, são jogos de azar onde ninguém vence, são simplesmente vida. Meu amor pode ser impossível, mas é tão real quanto qualquer outro amor.

                        Continua...


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