Triângulo escrita por GabrielleBriant


Capítulo 3
Severo Snape: O Confronto




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CAPÍTULO III.

SEVERO SNAPE: O CONFRONTO

Bellatrix Lestrange. Não. Bellatrix Black. A minha Bellatrix Black.

Lá estava ela, deitada em minha cama, como há tanto tempo eu desejava, sonhava, ansiava, esperava... Lá estava. Deitada na minha cama, a única mulher que fora capaz de trazer essa coisa chamada amor para o meu coração. O coração do amargo Severo Snape.

E eu não poderia ter escolhido mulher pior.

Lentamente, ela se sentou, evitando o meu olhar. Envolveu-se entre as cobertas e caminhou com os seus passos felinos até uma pequena mesinha canto da cabana, onde se encontrava a sua bolsa. Dentro dela, encontrou um maço de elegantes e caros cigarros que ela, como uma lady aristocrata, majestosamente levou aos seus lábios e tragou.

O seu olhar finalmente cruzou o meu, percebendo de imediato que já fazia um tempo que os meus olhos estavam presos em seu corpo... em seus sedutores lábios. Lábios que se curvam num sorrisinho vitorioso. Se ela soubesse o quão fundo ela conseguia me tocar com aquele ar de indiferença...

- Por que me olha tanto, Severo?

- Pelo mesmo motivo que você me olha, provavelmente.

O seu sorriso se abriu mais, mostrando o brilho encantador das Black. Ela deixou o cigarro pendendo em seus lábios enquanto fazia com que o lençol branco escorregasse pelo seu corpo... Cada curva que tanto me incendiava, agora, revelada.

E eu apenas a contemplei. Não disse mais nada. Meus olhos brilhavam com fome e desejo.

Desfilando a sua beleza para mim, ela caminhou até a cama... E veio engatilhando sobre mim, aquela expressão maléfica em seu rosto. Sedutoramente, me beijou – o gosto do tabaco misturando-se ao doce dos seus lábios.

- Quer fumar?

Eu não fumava... Mas, com ela... Sempre era assim com Bella: eu deixava as minhas convicções, os meus credos, e embarcava numa viagem alucinante... Via-me rodeado dos seus vícios e sentia-me compartilhar cada um dos seus inúmeros defeitos. A idéia sempre me assustava quando ela sumia da minha vida e me deixava sozinho, mas eu sabia que, no fundo, era exatamente igual a ela.

Eu a deixei levar o cigarro à minha boca e o traguei. Bellatrix sequer me deixou expelir a fumaça, beijando-me avidamente. As suas mãos passam a percorrer um caminho perigoso e eu me senti, mais uma vez, arrepiando-me, como seu fosse um adolescente que não conseguia controlar os seus hormônios.

Eu a apertei contra mim, esperando conseguir proporcionar-lhe prazeres semelhantes...

Minha Bellatrix.

De repente, ela parou.

O seu sorriso maligno e vitorioso deixava evidente a sua inegável personalidade: a de uma mulher vil... Mas eu não me importava. Ela ficava linda com aquela cara de vagabunda. Excitava-me.

Sentindo prazer em me deixar abandonado com todo aquele fogo que acendia em mim, ela rolou para o outro lado da cama e, mais uma vez, apenas fumou.

Fitando o teto com uma expressão sonhadora ela disse:

- Eu gostaria de comer alguma coisa.

Vagabunda... Ela bem sabia que, naquele momento, a única refeição que passava na minha cabeça eram aqueles alvos e rijos seios que subiam e desciam à medida que ela tragava o longo cigarro negro. Ela sentia prazer em me deixar louco de desejo... Minha vagabunda!

Eu não resistia a ela. Nunca resisti, por que resistiria naquele momento? Beijei o seu pescoço e ela, ao agarrar-se aos meus cabelos e envolver-se em mim deixava também claro que não resistia. Nunca resistiu, por que resistiria naquele momento agora?

Mas, daquela vez, não foi a natureza provocativa de Bella que nos interrompeu. Foi um barulho vindo da porta. A maldita porta se abrindo. De antemão, eu já sabia.

Estava encrencado.

Eu saí de cima da minha Bellatrix e encarei, com pesar, o rosto chocado de Narcissa, da minha Narcissa, que nos olhava.

Era impossível não sentir a dor daquele olhar.

Mas, aparentemente, Bella não sentia: Olhando debochadamente para a irmã, Bella deixou escapar pelo canto dos lábios um sorrisinho infame.

Minha vil, vadia, maligna Bella. Ela tinha armado para que a irmã nos pegasse juntos! E eu, como um tolo, me deixei levar.

Com um tom irritantemente sarcástico, ajoelhando-se na cama sem se preocupar em cobrir o seu corpo nu, disse:

- Cissy, preciso lhe dizer uma coisa, mas não sei como... Severo você é sempre tão articulado; por favor, poderia explicar a situação?

Então eu vi Narcissa apenas dar meia-volta e caminhar para fora da minha casa... para fora da minha vida. Eu não podia deixar isso acontecer. Não por causa de Bellatrix. Eu não ficaria sozinho novamente por causa dela.

Levantei-me, vestindo rapidamente uma calça, e corri a tempo de segurar o braço daquela bela mulher loira que insistira em ser minha.

Quando ela se virou, trouxe consigo a sua mão espalmada que me deu um dolorido, porém completamente merecido, tapa.

- Bella? Você foi me trair logo com a minha própria irmã?

- Narcissa, a culpa foi toda dela! Você conhece a sua irmã!

Cissy deu um sorriso tão sarcástico que quase a fez parecer com a sua irmã. Um sorriso digno de uma Black – porém manchado pelas malditas lágrimas que começavam a escorrer pelo seu rosto alvo.

- Então a culpa foi dela? Você não tem nenhuma participação? É completamente inocente, eu devo supor? O que ela utilizou dessa vez, Severo? Império?

A irritação começava a tomar conta da minha mente. Quem era Narcissa para me exigir fidelidade, quando ela dormia com Lúcio? E, além do mais, eu nunca dei satisfações à mulher nenhuma. O que a fazia pensar que ela seria a primeira?

- É claro que não foi assim! Mas eu sou um homem!

- Tente uma desculpa melhor, Severo!

E voltou a caminhar.

Quase num ato desesperado, eu agarrei-a novamente pelo braço, dessa vez puxando-a para um beijo.

Um beijo doce, quase inocente... Tão diferente dos beijos quentes e cheios de luxúria de Bella.

Ela me empurrou, mas o tabefe que eu esperava não veio. Foi pior. Os seus olhos marejados passaram a me encarar com muito mais dor do que eu poderia suportar ver nos olhos de uma mulher.

Com a voz fina, ela disse:

- Eu estava me apaixonando por você.

O que eu podia dizer? Eu também estava me apaixonando por ela... Eu estava apaixonado por ela.

Eu comecei, então a me amaldiçoar. Por que eu tinha caído na armadilha de Bellatrix? Por que, enquanto eu tinha uma mulher muito mais interessante, digna e – porque não dizer? – até mais bonita ao meu dispor?

Maldito... amor!

- Eu quero você, Cissy.

- Mas você me ama?

Severo Snape com medo de responder... Quem diria? Eu sabia que se mentisse, se dissesse que sim, havia grandes chances de Cissy simplesmente passar a ver essa noite como um pequeno deslize... Uma despedida de solteiro. Mas eu conseguiria mentir, quando a mulher que eu amava, Bellatrix, estava tão perto?

Ao invés de dar uma resposta, apenas disse:

- E você?

Mais lágrimas caíram daqueles olhos azuis.

- Estava começando a amar, Severo. Mas, agora, tudo que eu posso fazer é apagar da minha memória, do meu corpo, tudo que agente teve. Sinto muito.

Então eu soltei o seu braço e a deixei ir...

A minha Narcissa, tão calma, doce, serena... A mulher que me fez sentir algo tão parecido com amor... O meu desejo quase incontrolável. A mulher que eu queria pra mim. A mulher que eu joguei fora, tudo por causa da maldita Bellatrix! Maldita Bellatrix.

Extremamente irritado, voltei para a cabana. Bella ainda estava na cama, agora já vestida. Os seus olhos brilhavam quando eu entrei e o seu sorriso maligno deformava suas feições delicadas.

Minha torpe Bellatrix.

- Você fez de propósito.

Ela soltou uma gargalhada, levantando-se da cama.

- Ora, Snape, não foi tão mal! Minha irmã lhe deu um fora, não foi? Eu conseguir terminar com o ridículo casinho de vocês?

Eu mantive-me longe. Seria capaz de machucar aquela linda face se me aproximasse muito.

Mais uma vez, ela gargalhou.

- Você ficou tão triste assim? Eu disse que não queria vocês dois tendo um caso! O que lhe fez pensar que eu deixaria vocês em paz?

Eu ainda não conseguia dizer uma só palavra, olhando para ela e tentando me segurar para não fazer nada que me causasse arrependimento – embora, naquele momento, eu não pensava que me arrependeria de nada que pudesse fazer contra Bella.

Ela começou a se aproximar. Vinha com o seu olhar brilhando de maldade e tentou tocar o meu rosto.

Eu segurei-a pelos pulsos antes que os seus dedos pudessem tocar a minha pele. Pelo gemidinho que saiu involuntário da sua garganta, eu o fiz com muita força. Mas Bella já estava acostumada a ser tratada assim.

- Eu quero que você vá embora.

Olhar desafiador.

- Quer? E se eu não quiser ir?

- Vá – apertei-lhe mais os pulsos – agora.

- Tudo isso porque eu lhe impedi de comer a minha irmã? Quer saber? Ela jamais vai voltar para você, não importa o quanto você insista! Aliás, quer saber a verdade? Ela nunca sequer gostou de você! Apenas deixou você comê-la porque você salvou o meu sobrinho!

Eu não sabia se era verdade, mas jamais acreditaria. Narcissa não era esse tipo de pessoa: ela em nada se parecia com a irmã mais velha.

- Bella, eu estou avisando...

- E o que você vai fazer, Severo? Matar-me? Pois mate! Mate, e o Lorde vai lhe matar também!

- Bella...

- Ela nunca lhe quis! E porque iria querer, se tem Lúcio Malfoy ao seu bel prazer? Você já olhou para Lúcio, Severo? Ele não é como Rodolphus, velho e acabado! Lúcio é muito mais homem que você e, pelo que eu ouvi falar, sabe como dar prazer a uma mulher muito mais que você! Pudera: Ele tem condições de conseguir a mulher que quiser, e já você...

Eu respirei fundo.

- Cissy jamais o deixaria: sangue puro, bonito, viril... Para ficar com você, que nem dinheiro tem! Aliás, eu acho que vou tentar a minha sorte com ele. Quem sabe, depois de ser comida por Lúcio, eu possa jogar a na sua cara que ele é muito melhor de cama q---

Mas ela nunca concluiu aquela frase, pois, antes que eu pudesse me controlar, a minha mão já tinha deixado uma marca vermelha em seu rosto. Repreendi-me. Não era a primeira vez que tinha batido em Bella. Mas todas as vezes me faziam sentir como estava agora: Com vergonha, com remorso.

Preocupado, olhei para a mão da mulher, que posava em seu queixo e esperava que o silêncio sepulcral passasse logo.

Bella virou-se para mim com um fio de sangue escorrendo dos seus lábios. A sua expressão era indecifrável.

- Isso, Severo! Isso! Está vendo? É isso que você precisa, meu amor! Uma mulher com quem você lute! Você não pode ficar com uma pétala de rosa, delicada, que derramaria rios de lágrimas por causa dessa bobagem!

- É de você que eu preciso?!

- Sempre foi! Eu sou igual a você!

- Nem nos meus piores pesadelos me comparo a você, Bellatrix!

Ela gargalhou, aproximando-se ainda mais. O desejo era evidente em seus olhos.

- Ah, é sim... Você sabe que é, Severo! Você é tão errado quanto eu! Você ia macular a minha irmã!

- Mas é ela quem eu quero, Bella. Não você!

Ela sorriu.

- Não sou eu? Então me diga: porque você dormiu comigo? Diga-me que estava pesando nela!... Não... Você me ama!

- Não, Bella. Você é quem me ama.

E a máscara finalmente caiu.

O rosto de Bellatrix ficou, de repente, frágil. Eu quase dei outra tapa nela quando os seus olhos ameaçaram marejar. Suspirei.

- Amo. Você sabe que amo! E é por isso que eu fiz isso, Severo. De propósito! Foi tudo porque eu amo você e não suportei a idéia de você estar dormindo com a minha irmã; Você poderia ficar com qualquer uma, pois eu sabia que, no fim, você voltaria para mim. Mas com a minha irmã é diferente... Ela é exatamente como eu, porém ela não tem os meus defeitos. Você me esqueceria.

E como eu podia verbalizar que jamais esqueceria Bellatrix? Que jamais esqueceria o amor da minha vida, Bellatrix?

- Bella...

Ela se aproximou mais um pouco, mas eu já não estava mais zangado. Eu queria que ela se aproximasse de mim.

Ela tocou a minha cintura, como se fosse me abraçar.

- Eu não poderia suportar a idéia de que você não se importava mais comigo! Tudo o que eu tenho, tudo o que eu sou, tudo o que eu fui e tudo o que eu serei, é tudo seu. Eu sou sua. Só sua. E você sabe disso! Eu amo você.

Fechei os meus olhos, deixando-a me abraçar, sentindo o aroma gostoso dos seus cabelos.

Eu não queria dizer nada. Ela já sabia dos meus sentimentos.

A minha mente voou anos atrás, quando tínhamos um caso e não tínhamos medo de dizer que éramos apaixonados... Tantos anos tinham se passado, e o sentimento era o mesmo. Se ela tivesse desfeito aquele casamento infeliz e seguido a sua vida comigo, tudo seria diferente, agora.

Sem mais conseguir me conter, capturei os seus lábios, beijando-a. Naquele ponto Já tinha me esquecido das suas atitudes reprováveis, de Narcissa... Éramos só nós dois.

E ela, mais uma vez, interrompeu-me. O seu semblante maléfico voltara – exatamente do jeito que eu gostava. Minha vil Bellatrix. A mulher que eu amava.

E era só minha. Do seu jeito torpe, mas só minha. Meu amor, minha obsessão.

Ela sorriu, dizendo:

- Me prometa que você não vai tentar mais nada com Cissy.

- Prometo.

Beijou-me.

- Prometa que você é tão meu quanto eu sou sua.

- Prometo.

Beijou-me.

Quando tudo foi ficando mais interessante, sentimos uma fisgada característica no nosso braço esquerdo. Eu bufei. Não poderia ter hora pior para que o Lorde das Trevas requeresse o nosso trabalho.

Bella afastou-se rapidamente de mim, vestindo a sua capa.

- Vamos, Severo! Dever nos chamar!

Eu suspirei, passando a vestir-me novamente. Pensei que ela me esperaria, mas, quando menos vi, ela já estava na porta e eu ainda tentava abotoar a minha camisa.

Sem conseguir segurar a minha língua, perguntei:

- Você volta?

Bella olhou-me e, sádica, sorriu.

- Claro que não! Severo, eu sou uma Black! O que lhe faz pensar que manterei um caso com você?

E saiu.

Por um momento eu fiquei chateado... Mas logo sorri.

Aquilo era a minha relação com ela. Incontrolável, embora indesejável.

Eu jamais ficaria sem ela. Sabia que era só procurá-la e beijá-la para que ela me colocasse em sua cama.

Mas eu também jamais ficaria com ela.

E éramos felizes assim.

XxXxXxX

fim

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