A assassina Iii - Doce Vingança escrita por GabrielleBriant


Capítulo 6
Lábios Frios




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CAPÍTULO VI. LÁBIOS FRIOS

Sem sobreaviso, os lábios quentes e exigentes dele se apossaram dos dela, fazendo com que Amélia se arrepiasse pela sensação há tanto esquecida.

Era impossível resistir àquela língua aveludada que exigia a sua tão avidamente.

Era impossível ignorar o seu coração, que não batia tão acelerado desde que eles deram o ultimo beijo.

Foi como se o tempo tivesse voltado, e eles fossem, novamente, jovens e apaixonados. Eram as mesmas sensações: a excitação, o calor, o corpo trêmulo... e a inegável vontade de nunca mais parar.

É difícil esquecer um amor.

Mas esquecer um grande amor é impossível.

Insanidade.

Responder ao beijo foi uma irresistível insanidade.

À medida que o beijo ficava mais calmo e carinhoso, a mente de Amélia voltou a funcionar. A consciência, agora, gritava que ela já não era mais uma jovem inconseqüente, e que a sua vida tinha mudado tanto que não poderia ser dar ao luxo de ser insana.

Aquilo tinha que parar.

Amélia teve que respirar fundo para retomar o fôlego quando o empurrou para longe dela.

Lutou para que ele não percebesse a respiração entrecortada e os olhos marejados.

Com a voz letal, ela disse.

- Nunca mais faça isso. Eu estou feliz, estou casada, tenho os meus filhos e não preciso que você venha e tente estragar tudo!

- Você está casada.

Ela limpou o primeiro fio de lágrima que ameaçou cair dos seus olhos e, maldosa, sorriu.

- Não! Eu esperei por você até hoje! Claro que me casei! Com Brian, que está me esperando e deve estar preocupado comigo!

- Você casou?

- E sou muito feliz, por que AMO o meu marido!

O casamento dela era uma grande mentira... mas Amélia, no momento, só queria que Severo fosse embora e não a procurasse de novo. Quanto mais ele pensasse que estava fora da vida dela, melhor.

Mas ver o rosto quase decepcionado daquele que fora o seu grande amor doeu.

Ele a soltou, recuando um passo.

- E aqueles são seus filhos?

Daquele pequeno beco tinha-se uma visão razoavelmente boa da sorveteria onde se encontravam Phillipe e Edward. Snape apontou para os dois meninos que estavam na mesma mesa de Brian.

O corpo de Amélia congelou de medo e horror. Não queria que ele soubesse da existência dos filhos... seria muito fácil para ele perceber.

- Você não conhece meus filhos!

- Sei que são aqueles dois de cabelos e olhos negros.

Amélia molhou os lábios numa evidente mostra de nervosismo. Olhou para onde os filhos estavam, tentando não se incomodar com a expressão furiosa de Severo. O seu coração batia tão forte que quase poderia ser escutado a quilômetros de distância.

- Eu tinha cabelo escuro.

Ele ergueu a sobrancelha.

- Mas é naturalmente loira, como agora. Os seus filhos vão para Hogwarts? Eles têm onze anos? Você engravidou há doze anos?

Mais duas lágrimas caíram.

Em pânico, ela tentou escapar do beco escuro...

- Eu tenho que ir.

...Mas Snape não a deixou ir. Violentamente, a agarrou pelos braços com uma expressão louca de fúria.

- Me responda!

Ela choramingou.

- Você não tem o direito...

- Não, Amélia. – a soltou. – Você é quem não tinha o direito.

Eles se olharam por um momento. Os olhos negros e inexpressivos dele queimavam-na quando invadiram os seus, o sofrimento que era nítido nos olhos de Amélia ficou mais evidente enquanto se via no reflexo daquele olhar. Passado e presente... Enquanto via o seu reflexo nos olhos dele, passado e presente se confundiam na sua cabeça... os sentimento que ela pensava há muito ter enterrado, queriam voltar. E a dor. A dor que o tempo e os segredos traziam parecia lacerar o seu peito.

Os filhos são de Brian! Só de Brian!’

Tentando controlar o choro, ela baixou a cabeça. Disse, entre soluços.

- Eu tenho que ir.

Snape a soltou, um tanto ríspido, e deu dois passos para trás.

- Não se esqueça do nosso encontro, em duas semanas.

E, com um estampido, desaparatou.

Amélia suspirou.

Concentrando-se em forjar uma expressão mais amena, embora soubesse que não poderia acabar com os olhos vermelhos, encaminhou-se para onde estavam o seu marido e seus filhos.

Sentou-se na mesa, cabisbaixa, e disse:

- Não gostei do vestido.

O desânimo era evidente até na sua voz... pelo menos para Brian, que tanto a conhecia.

- Meninos, vão comprar um sorvete para sua mãe.

A desculpa para conversarem sério já não funcionava mais com os meninos, que saíram da mesa resmungando.

Brian continuou:

- Amélia, o que aconteceu? Não me diga que não foi nada, já estou com você há muito tempo.

Ela levantou a cabeça. Suspirou.

- Ele.

- Snape?

Amélia assentiu.

- Ele me “seqüestrou”, pra falar comigo. E viu as crianças... e tem quase certeza que são filhos dele.

Brian considerou.

- Você gosta dele?

- Eu não consigo não gostar dele. Depois de tudo... fica aquela cicatriz, sabe? Eu tenho saudade, eu tenho carinho... E ele me beijou.

- O QUE!

Amélia mordeu o lábio.

- Ele me beijou. E foi irresistível. E eu sinto que se ele quiser se aproximar de mim, eu possa acabar sentindo novamente tudo o que eu sentia.

Ele segurou a mão dela.

- Mas a situação é sutilmente diferente, agora, não? Agora ele é procurado pela justiça e, sim, ele é um Comensal da Morte! E você tem dois filhos pra manter vivos! E agora você tem um nome, um emprego... Você não pode largar tudo.

- Eu sei! E eu não vou! Eu sou menos impulsiva, agora! Eu não faria nada para prejudicar nossos filhos!

- Você sabe o que tem que fazer. Falar sobre esse encontro com o ministério e delatar o lugar em que ele lhe levou... e evitar qualquer outro tipo de encontro com ele.

Amélia deu um ligeiro sorriso.

- Quem está falando é o meu marido Brian ou o meu general McRough?

- O general. Ao qual você deve obediência.

- Sim, senhor.

A conversa poderia se estender por horas, mas parou no momento em que os filhos dela pararam à mesa.

XxXxXxX

Tudo fica distinto se a posição do observador muda.

A visão do salão principal de Hogwarts era muito diferente, olhando da mesa dos professores. Amélia, talvez, nunca se acostumasse com esse novo ponto de observação.

Agora o salão aparecia como um todo e não parecia tão imenso quanto ao ser observado da mesa dos alunos.

Era, também, estranho ver que não era o velho Dumbledore quem começaria com o discurso. Era quase triste ver Minerva McGonagall, que ocupava a cadeira central da mesa dos professores, levantar-se para fazer as honras da casa.

- Tão poucos.

Essas palavras atraíram a atenção de todos os alunos do salão, que antes conversavam animadamente.

De fato, poucos alunos tinham retornado à Hogwarts depois da funesta morte de Alvo Dumbledore.

Não era de se admirar que o medo tivesse tomado conta dos pais daquelas crianças.

A diretora continuou.

- É triste ver como temos poucos alunos esse ano. Esse castelo mudou. Mas nós continuamos aqui. Não vamos nos entregar.

“Eu não deveria estar aqui, recebendo vocês, mas o nosso diretor não mais está entre nós”. Minerva parou um pouco, controlando a tristeza “Mas ele jamais deixaria que Hogwarts morresse, e nós também não deixaremos! Eu, vocês, os nossos novos alunos... Os nossos professores, antigos e novos”. Silêncio. “Que entres os novatos”.

Foi triste ver a grande bruxa Minerva McGonagall sentar-se ao seu lado com os olhos brilhando das lágrimas, que há tanto tempo ela negava derramar, pelo amigo de longa data Alvo Dumbledore.

Ao lado esquerdo de Amélia, a nova professora de Aritmancia, a sua velha conhecida Elizabeth Thompson, segurou a sua mão de leve.

Amélia olhou-a.

- Minerva está triste?

Ela assentiu pesarosamente.

- Foi um golpe duro para todos, a morte de Dumbledore. Mas para ela foi particularmente doloroso.

- Eles eram amantes? – Elizabeth perguntou, com um sorriso maroto.

Amélia quase riu.

- Naquela idade? Duvido muito.

Ela nem pôde prestar atenção na risada disfarçada de Elizabeth, pois sua atenção voltou-se para os alunos novos que, agora, eram trazidos para o salão principal pelo vice-diretor, o professor Slughorn.

Por ordem alfabética de sobrenomes, as crianças foram chamadas para ser selecionadas para as suas casas.

A espera até que chegasse ao ‘M’ foi longa...

Quando finalmente chegou a hora da seleção dos seus filhos, Amélia se encontrava com as mãos frias e trêmulas.

Nem quando ela foi selecionada sentiu-se tão nervosa quanto agora.

A voz alta de Slughorn ressoou:

- McRough, Edward.

O menino franzino de espessos cabelos negros e olhos tão penetrantes quanto os do pai foi, acanhado, para o banquinho.

Não demorou muito para que o Chapéu Seletor anunciasse o seu veredicto:

- GRIFINÓRIA!

Amélia, apesar de em seu tempo em Hogwarts sempre ter achado que merecia ficar na sonserina, sorriu ao ver que seu filho ficaria na mesma casa que ela um dia fora parte.

O aplaudiu de pé, com o peito cheio de orgulho.

Mas assim que Slughorn abriu a boca novamente ela voltou a ficar tensa.

- McRough, Phillipe.

Com um porte mais altivo, o menino quase idêntico ao irmão se aproximou corajosamente do banco.

Dessa vez, a deliberação do chapéu seletor foi mais longa... Mas, finalmente, ele anunciou:

- SONSERINA!

Que destino...

Enquanto aplaudia orgulhosamente, Amélia pensava como faria, agora, para conter as desavenças entre os irmãos de casas rivais...

Se ela soubesse o destino que aguardava aquela família, jamais teria se importado com coisa tão pequena...

XxXxXxX


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