A assassina Iii - Doce Vingança escrita por GabrielleBriant


Capítulo 11
Espião de Volta




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CAPÍTULO XI. ESPIÃO DE VOLTA

Fora da penseira, Kingsley Shacklebolt, Nymphadora Tonks e Alastor Moody esperavam ansiosamente o retorno do grupo.

As perguntas que queriam fazer eram tantas que não puderam deixar de sentir uma pontinha de decepção quando, ao aterrissarem bem no meio do antigo escritório de Dumbledore, Amélia, Severo e Minerva não falaram absolutamente nada.

Snape deu um suspiro pesado e recostou-se ao gabinete da direção. Minerva mordeu nervosamente o lábio e olhou atordoada para as imagens que voltavam a passar na penseira.

Amélia simplesmente não conseguia se mexer. A sua mente trabalhava exaustivamente, tentando analisar qualquer possibilidade trazida por aquelas lembranças. De certa forma, ela achava que estava fácil demais provar a inocência dele... Aparentemente, aquelas imagens não deixavam nenhuma dúvida. E ela sempre desconfiara de coisas fáceis demais... Detalhes. Detalhes que ela sabia que poderia encontrar tinham que existir, caso ele não fosse realmente inocente. E, ao mesmo tempo, ela procurava a todo custo tirar da sua cabeça a voz suave de Dumbledore dizendo que Snape estava apaixonado por Narcissa.

Kingsley Shacklebolt foi o primeiro a falar.

- E então? Ele está de volta para a Ordem ou para Azkaban?

A questão que foi dirigida a Minerva foi simplesmente ignorada. Ao invés de responder à Shacklebolt, ela se voltou para onde Snape estava recostado e disse secamente:

- Explique-me direito.

Ele bufou.

- Você viu! Eu tive que matá-lo, caso eu não quisesse morrer duas vezes por descumprir dois votos perpétuos ao mesmo tempo!

- Deveria morrer! – As feições de McGonagall se contorceram terrivelmente. – Deveria ter morrido pela única pessoa no mundo que foi capaz de confiar em você!

- Confiar em mim? Ele confiou no voto! E, além disso, o velho já estava morrendo, de qualquer forma!

- Ele lhe deu abrigo! Ele lhe---

Amélia bufou e, finalmente, interrompeu.

- Chega, McGonagall, você está vendo isso de uma maneira passional!

Os olhos se viraram para Amélia.

- Me desculpe, Minerva, mas me pareceu que a posição mais lógica a se tomar era a da morte estratégica! Bom, nesse caso, assassinato estratégico! O que Dumbledore fez foi o que deveria ser feito. Essa posição que ele tomou, de se sacrificar, rendeu uma grande vantagem... Você ouviu as implicações que seriam trazidas à tona se a vida dele fosse poupada! Ele pensou como um estrategista qualquer! E, como foi lembrado por Severo, ele estava morrendo. Porque sacrificar toda uma missão por mais alguns meses de vida?

Amélia, nervosa, molhou os lábios.

- Mas eu não sei até que ponto essas lembranças podem nos levar a acreditar na absoluta inocência de Severo. – Snape olhou-a com fúria. – Eu acredito que da mesma forma que ele pôde enganar Você-Sabe-Quem, com mentiras inventadas por ele e Dumbledore, como diz na lembrança, o contrário também é possível.

Ele crispou os lábios e cruzou os braços. Com a voz visivelmente aborrecida, falou:

- Não é possível, não, já que eu fiz um maldito voto perpétuo com Dumbledore jurando que seria um cãozinho fiel até a eternidade!

Amélia bufou.

- Sim, mas cadê esse maldito voto? Por que esse voto não foi posto nas lembranças?

- Por que Dumbledore iria dizer isso do nada?

- Não sei! Mas o fato é que eu não vi esse voto, eu não soube que você tinha feito (e deve ter sido bem na época em que estávamos juntos) e acho bem improvável que, naquela época, você fizesse um!

- Mas fiz!

- Então mostre!

- Se eu quisesse mostrar, teria posto junto com as outras memórias!

Antes que a discussão fosse mais além, chegou a vez de McGonagall intervir.

- Silêncio, os dois!

Amélia desviou o seu olhar do dele, a cabeça latejando. Nesse momento, se perguntava por que estava tentando provar a culpa de Snape, quando acreditava que ele era inocente... e por que diabos o nome “Narcissa” não saía da sua cabeça?

- Snape, porque você não pode mostrar o voto?

- É pessoal. Já abri a minha mente demais, por um dia só!

Amélia disse, controlando-se para não tentar acusar ele mais.

- Então nos diga quem foi o avalista! Falando com ele, nós podemos confirmar esse voto!

- Não adiantaria.

- Por que? – quis saber McGonagall.

Sombriamente, Severo olhou para as imagens que a penseira mostrava.

- Por que o avalista está morto. Lílian Potter foi quem selou a minha promessa de nunca trair Dumbledore ou a Ordem da Fênix.

Mais uma vez, ela desviou o olhar. Voltou-se para a diretora.

- Eu não confiaria apenas na palavra de um assassino.

Minerva crispou os lábios.

- Mas sou eu, Amélia, e não você, quem decide se Severo é digno de confiança ou não. Estou, sim, abalada por ele ter matado. Mas acredito que esse voto tenha sido feito, assim como, agora, acredito que Snape possa ajudar a Ordem mais do que nunca! Eu sempre confiei no julgamento de Dumbledore e, se ele confiava em Snape certamente tinha bons motivos que, acredito eu, vão muito além de um voto perpétuo. Saber desse voto, agora, me fez confiar plenamente que Severo jamais traiu a Ordem. E jamais trairá.

“A nova sede da Ordem da Fênix, Severo, é em Hogsmeade, na Casa do Grito. Nós a encantamos para impedir que qualquer pessoa que não tenha sido previamente autorizado entre. Os feitiços foram feitos por Dumbledore quando ainda era vivo, então eu acredito que não falharão. Com isso” um menear na varinha fez um jorro de luz azulada passasse por Snape e por Amélia. “Vocês estão autorizados a aparatar lá. Não hesite em aparecer, Severo... mas apenas se a informação for urgente. Para as menores, use a senhora McRough; ela será o seu principal elo com a Ordem. Seja bem vindo de volta, Severo. E você, Senhora McRough, seja bem vinda à Ordem da Fênix.

Amélia mordeu o lábio, para evitar dizer mais uma vez que havia possibilidades de Snape não ser tão inocente... Preferiu conversar logo com ele e tentar acreditar mais fortemente na sua inocência.

E o nome “Narcissa” ainda não tinha saído da sua cabeça.

Enquanto McGonagall levava os aurores para verem com seus próprios olhos as lembranças que provavam a inocência de Snape, Amélia disse, jogando a capa da invisibilidade para ele e se encaminhando para fora da sala.

- Vamos logo! Não dá para você passar mais tempo aqui em Hogwarts.

XxXxXxX

Hogwarts ficava cada vez mais distante, a medida que eles se embrenhavam na floresta proibida... e, ainda, nenhuma palavra fora dita. Até estar distante o suficiente para que não houvesse a mínima possibilidade deles serem interrompidos, Amélia se recusou a falar. Até sentir um leve incômodo causado pelos feitiços protetores, que deixava claro que eles estavam saindo dos limites do castelo.

- Jure que você é inocente.

Snape bufou.

- Você sabia que poderia ter me mandado para Azkaban?

- Sabia! Mas tinha que falar o que eu penso!

- E o que exatamente você pensa?

- Que tudo isso é um jogo muito bem calculado! Que você pode ter feito Dumbledore de trouxa! – ela bufou. – Você é um mistério! Eu não consigo ter certeza de que você não irá passar as informações para os Comensais!

- É mais fácil para você fechar os olhos para as evidências que eu lhe mostrei e acreditar no que todos acreditam, já que eu matei o velho!

- EXATO! Você matou e nada muda isso! Porque você não mostrou o maldito voto?

Snape suspirou, desviando o olhar do dela. Por um momento, Amélia pensou que ele mais uma vez iria amarrar a cara e dizer que era pessoal. Mas, ao invés disso, ele cerrou os punhos e, com a voz muito baixa, disse:

- Eu escutei a profecia.

- A tal maldita profecia! Você sabe que eu nunca soube o que ela dizia!

- Basicamente, que um bebê deveria morrer para que o Lorde das Trevas ficasse vivo. Eu contei ao Lorde, mas não sabia que o menino em questão era o filho de Tiago e Lílian. Eu me arrependi amargamente de ter contado e comecei a ter conversas com Dumbledore.

Amélia deu uma risada rouca e sarcástica.

- Você quer dizer que remorso por ter quase feito com que você-sabe-quem matasse os Potters, que você odiada, fez você fazer um voto perpétuo?

- Claro que não! – Por um momento, a voz dele se alterou. Mas logo ele suspirou e voltou ao tom baixo. – Eu estava arrependido, mas Dumbledore ainda não confiava em mim. E eu estava bem inclinado a ficar servindo os dois lados e me dar bem com o que vencesse! Mas então você chegou.

Amélia sentiu um frio na barriga.

- E...?

- E quase se matou. E eu decidi que estava na hora de passar de uma vez por todas para o lado de Dumbledore. Naquela noite, eu fui até ele, disse que queria trabalhar com ele e me ofereci para fazer o voto. Ele me levou até a casa em que Lílian se escondia e eu prometi servir fielmente à Ordem da Fênix, espionar o Lorde até a sua morte e sempre procurar proteger Harry Potter.

Amélia baixou o rosto, sentindo o seu coração bater tão forte que chegava a doer.

- No dia seguinte, você me ajudou a fugir.

E finalmente, acreditou. Acreditou em absolutamente tudo que tinha sido mostrado, em tudo que ele tinha dito...

As dúvidas desapareceram da sua mente, no mesmo passo em que discretas lágrimas ameaçavam se apossar dos seus olhos.

Com todas as dúvidas silenciadas em sua mente, Amélia pôde ouvir bem a voz que gritava o nome de Narcissa Malfoy.

Tentando se convencer de que o que sentia não era ciúmes – já que ela nem era apaixonada por Snape – suspirou.

- Parece que sempre que nos encontramos, estamos comprometidos, não é?

- O que?

- Nada, não.

Caminharam mais um pouco.

Ele parou.

- Aqui já está bom. Você vai voltar só para o castelo?

- Sou bem grandinha e sei me defender, Severo.

- Isso aqui é perigoso.

- Que seja. O fato de eu ter me encontrado com você prova que não tenho muito medo do perigo... ou amor à vida.

Ele deu um meio-sorriso.

- Você acredita em mim?

- Acho que sim... mas me diga: na lembrança é dito que você tem que ajudar Potter na busca por Horcruxes. Que horcruxes? Que história é essa?

- É uma longa história, que lhe contarei se me encontrar todas as semanas. Todas as sextas, que seja. Naquele bar.

Ela assentiu, com o coração doendo.

- Às onze da noite?

- Sim.

- Tudo bem.

Ele se aproximou um pouco mais dela.

Podia até ser loucura – e ela preferia pensar assim –, mas Amélia sentiu uma certa chama, há muito apagada, se acender novamente. Ela não queria admitir, mas aquele mísero passo que ele deu em direção a ela foi suficiente para o seu coração congelar por um segundo, as mãos ficarem trêmulas e um incômodo – porém delicioso – frio na barriga se apossar dela.

- Severo.

Ele se aproximou mais.

- Sim?

- Eu queria dizer... Bom, você foi muito corajoso de fazer o que fez. Você é um homem admirável, e... e eu estava errada de desconfiar de você e, por isso, eu peço desculpas. Eu menti quando disse que não lhe conhecia mais... pois eu me lembro daquele dia em que eu fui embora da nossa casa como se ele tivesse ocorrido ontem – ela molhou o lábio. – e ainda dói.

A mão dele foi ao rosto dela, numa carícia tenra. Amélia não pôde evitar que seus olhos se fechassem.

- Também nunca me esqueci do dia que você foi embora.

Os dois se olharam por um momento.

E ele desaparatou.

Amélia fechou os olhos, respirando fundo e tentando não derramar as suas lágrimas.

Eu não posso sentir!’

E, sentindo-se mais solitária que nunca, voltou para o castelo.

XxXxXxX

A semana se passou lentamente.

Ela não queria admitir que estava voltando a querer Snape... Mas também não pôde ignorar que frequentemente seu pensamento voava para os bons momentos vividos no passado e ela se surpreendia rezando para que a sexta-feira chegasse logo.

Também não podia ignorar o sorriso que se apossou dos seus lábios quando lembrou, pela décima vez no dia, que finalmente era sexta-feira.

Ela sentou-se na sua mesa, tentando parar de sorrir antes que os alunos do sexto ano da Lufa-Lufa e Corvinal percebessem.

- Por hoje, vocês estão liberados. Deixem o ensaio que eu pedi sobre as mesas e podem ir. Sem deveres hoje.

Com certo barulho, os alunos se dispersaram. Um menear de varinha foi suficiente para trazer os ensaios deixados sobre as mesas para o seu gabinete. Seria uma longa tarde de correções...

A porta abriu-se.

- Oi, Mia! Está ocupada?

Com a cabeça para Dentro da porta, estava a sorridente Elizabeth.

- Pode entrar, Lizzy – Amélia sorriu, enquanto a mulher entrava e fechava a porta atrás de si. – Minha aula acabou agora.

- E você não tem mais nenhuma aula por hoje, certo?

- Certo!

- Que tal tomarmos alguma coisa em Hogsmeade?

Amélia deu uma pequena risada, apontado para o amontoado de papel em sua mesa.

- Eu acho que não estou tão livre essa tarde, Lizzy...

- Ah, que nada! Vamos, Mia, você pode corrigi-los de noite.

O sorriso foi inevitável.

- De noite eu não posso... tenho um compromisso.

Olhos maliciosos.

- Não me diga que está traindo o seu marido!

- Bom, Lizzy, Brian e eu temos um casamento diferente... Mas não vamos falar nisso, ok? Eu não disse que era um compromisso amoroso!

- Ta bom, não está mais aqui quem falou! Mas, será que eu posso ser indiscreta e perguntar uma coisa?

Amélia suspirou.

- Vá em frente. Só não sei se respondo.

- Você se lembra do Snape?

O coração de Amélia quase parou.

- Er... claro que sim. Por que?

- Bom, você sabe que ele é procurado... você tem visto ele?

- De onde você tirou essa idéia?

- Eu me lembro do quanto vocês eram apaixonados nos tempos de escola... E vocês ainda ficaram juntos por um bom tempo! Então, eu pensei, será que com você de volta, ele te procuraria?

Amélia se levantou, pegando os ensaios. Tentou manter a voz calma.

- Lizzy, eu realmente tenho trabalho pra fazer... não tem muito pra ser dito sobre Severo. Eu não sei onde ele está!

- Mas você está trabalhando para a Ordem da Fênix não está?

Ela virou-se.

A conversa tomava um rumo perigoso.

- Elizabeth, eu não estou na ordem da fênix. Eu não quero me envolver nessa guerra, pois tenho responsabilidades!

- Mas você, se ainda amasse Snape, participaria da guerra... atuando no mesmo lado que ele se encontra, não?

- Não! Mesmo que o amasse, eu não entraria nessa guerra!

- Por que?

- Por que eu tenho algo mais importante para cuidar! Meus filhos! E eu jamais os colocaria em risco!

Elizabeth sorriu.

- Você faria tudo por seus filhos, Amélia?

- Ora, que pergunta! Claro que sim!

E adentrou no seu escritório, levando os ensaios, não vendo o brilho maligno que se apossava dos olhos de Elizabeth.

XxXxXxX

Sexta, onze da noite.

Era a primeira vez que os dois se encontrariam naquele bar, passado totalmente o clima de desconfiança.

Amélia chegou sorridente, embora atraísse olhares pouco amistosos dos freqüentadores.

Na mesma mesa no fundo do bar, encontrava-se Severo. Ele ergueu a sua taça de vinho, saudando-a, enquanto ela caminhava ao seu encontro.

- Olá.

Ela se sentou ao lado dele.

Snape começou a encher a dela taça com o vinho.

- Sua pontualidade melhorou com o passar do tempo.

- Ah, sim! Eu aprendi a duras penas que onze horas significa onze horas... e não meia noite!

Ele sequer sorriu.

Logo a mão dele estava sobre a dela.

Mal Amélia tinha acabado a primeira taça, ele, levantando-se, disse:

- Já chega. Vamos para o quarto.

XxXxXxX


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