Lua Eterna escrita por Emmy Black Potter


Capítulo 2
Caçadoras de Ártemis




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Capítulo 1 – Caçadoras de Ártemis

(2016, Amy com três anos)

Pov’s Annabeth:

- Percy – chamei.

         Ele voltou-se para mim, estava com sua aparência de vinte anos – cabelos pretos rebeldes, olhos verde-água, porte atlético e sorriso de apresentador de programa. Lindo, lindo.

- Vai sair? – perguntei.

- Tenho, Annabeth – ele disse tristemente, gostava de sua ilha relaxante, mas tinha deveres de deuses – Volto a noite ou amanhã ao amanhecer. Não posso ficar muito longe de vocês duas, sabe disso. Mas, bom, alguns dragões estão causando problemas em Charlotte, vou voar no Yuki e volto.

         Ele me beijou levemente, como se eu fosse quebrar, e saiu pela porta da frente, de minha posição, ainda pude o ver montando em Yuki, uma dragão branca de olhos azuis, e partindo.

- Mamãe, mamãe! – chamou aquela vozinha feminina e infantil que eu adorava.

         Amy Luna Chase era com certeza minha filha, por mais que minha aparência fosse de dezoito. Tinha cabelos loiros caindo em ondas até os ombros – por mais que seu loiro fosse tão claro que parecesse prata. Seus olhos eram os de Percy, verde-água. Sua animação também era do pai. Mas ela era esperta, disso eu sabia.

- Papai já foi? – ela perguntou batendo o pé – Essa casa é muito grande, assim não dá!

         Eu ri levemente, pegando sua mão: - Ora, ele não tem culpa se você estava brincando com Gold e Swinkle.

         Entenda: aqui no palácio, há muitas salas e uma delas é enorme, com uma piscina de água doce e dentro há vários animais aquáticos e os favoritos de Lua são os golfinhos dourados, Swinkle e Gold.

         Ainda não sabíamos exatamente a extensão de seu poder – ela podia respirar e ficar seca na água, falar com animais aquáticos, eqüinos e, até, dragões, podia manipular a água, montar estratégias de guerra, e ter sabedoria.

         E tudo isso com três anos, isso me assustava. Até onde iria seu poder? Não poderia ser muito, ela é só uma semideusa – a verdade é que eu não queria que fosse muito, semideuses poderosos sempre tem fins trágicos.

         Menos Percy, completei em minha mente.

- Mamãe, talvez Luke queira brincar comigo! – disse Lua animada com a possibilidade. Dragões não lhe atacavam e Luke parecia gostar especialmente dela.

         Sei que parece bobo dar o nome de alguém que queria nos matar, mas Luke arrependera-se antes de morrer, era mais uma homenagem.

- Lua, querida, e Artêmia? Ela vai ficar com ciúmes – brinquei um sorriso nos meus lábios.

         Peguei-a no colo enquanto Lua me olhava séria como eu nunca vira: - Eu nunca esqueceria nenhum de meus amigos, mamãe – e falou com tanta convicção que acreditei, ela protegeria e lembrar-se-ia de todos os amigos que tivesse.

- Além do mais... – nunca soube o que ela ia dizer, porque no instante seguinte, ela gritou: - Aaaaaaaaaaaaaaaaaaa, Thalia, Thalia!

         E, pulando com agilidade do meu colo, desceu correndo as escadarias e jogou-se em Thalia Grace, minha amiga e Caçadora de Ártemis.

         Na realidade, todas as Caçadoras estavam ali, e Ártemis, em sua forma de doze anos, cabelos avermelhados e olhos poderosos demais para uma criança. Thalia, não me surpreendi, não havia mudado nada – vestia um short jeans, sua velha camiseta “Morte a Barbie”, com uma jaqueta prateada e sua coroinha de Tenente.

         As os outras vestiam roupas semelhantes, também sorriam. Gostavam da Ilha do Dragão, não havia quem não gostasse desse ambiente pacifico.

- Olá, Lady Ártemis – cumprimentei-a sorrindo.

- Já te falei Annabeth, se eu ficar ouvindo a eternidade inteira você me chamando assim, vou sair no tapa com um garoto só pra extravasar – ela riu – Me chame de Ártemis, já disse-lhe.

- Certo – ri junto.

- Temis, Temis! – chamou saltitante e alegre, Amy. Feliz como sempre – Dessa vez você vai me levar com vocês?

         As Caçadoras riram - a última vez que tinham visitado há alguns meses, Lua perguntara a mesma coisa.

- Você cresceu garotinha – nunca entendi direito, mas Ártemis tinha certa adoração por Lua, por mim, o.k – Daqui a pouco será mais alta que eu.

         Não era verdade, na sua forma de doze anos, Ártemis era alta, e Lua era tão baixinha que parecia que seria assim para sempre.

- Aí eu poderia ir com vocês, não é? – ela perguntou, como se a altura determinasse essas coisas – Eu queria tanto matar monstros maus, só preciso de uma espada, uma faca, ou até um arco, mas eu acertaria outras pessoas se usasse um! – Lua parecia até animada com a possibilidade – Ou, talvez, talvez, consiga usar raios que nem Thalia – e acenou freneticamente com a cabeça, junto a outras pessoas ela parecia demais com Percy – ou, ou, ou até jogar água nos monstros maus e, e...

         Ela estava ficando sem ar.

- Calma, Lua, respira fundo – pediu uma das garotas mais velhas, Layla. Virara Caçadora há uns dez anos.

         Todo mundo chamava Amy Luna de Lua, era como uma marca – era só um apelidinho que dei quando ela nasceu, mas o brilho de luar persistia nela, então ficou.

         Lua puxou o ar e então voltou a tagarelar em alta velocidade: - Querem ir lá trás ver Artêmia e Luke? Eu estava indo vê-los, mas vocês chegaram, e agora vamos lá. Depois, depois podemos ir ver Gold, Swinkle e talvez Barny e Kelki, e também...

         Ela ia continuar, mas as Caçadoras riram, e Madly tomou Lua pela mão, e todos acompanharam a minha filha, restando somente eu, Ártemis e Thalia.

- Algum problema? – perguntei preocupada – Algum monstro se agitando ou algo do tipo?

         O chato de morar aqui, como meio sangue imortal, era que eu não participava mais de missões. Não me leve a mal, eu tinha ninfas que me serviam e que eram minhas ótimas amigas, Juníper até morava aqui – Grover vinha visitá-la freqüentemente, afinal, o Acampamento Meio-Sangue não era longe – mas, sentia falta de entrar em ação, como Percy fazia.

         Mas tinha minha filha, nunca a deixaria sozinha, nunca...  – e de repente ocorreu que ela não viveria para sempre, como eu e Percy, ou Thalia, ou todos imortais que gostavam dela. Ela era mortal, e morreria.

         Despertei de meus pensamentos com a fala de Ártemis.

- Mais passamos para visitar, estávamos na vizinhança – ela riu, afinal, estávamos no oceano – e viemos. Porém, muitos monstros andam, sim, inquietos.

- Acha que Cronos...? – comecei.

- Não – respondeu Thalia – Percy acabou bem com ele, achamos ser outra coisa, talvez, alguém novo ou sei lá.

- Mas... Mas monstros não surgem de repente, vem desde a época de Gaia e Urano! – exclamei.

         Ártemis, a única que poderia saber sobre essas coisas falou: - Mas como você acha que os monstros daquela época surgiram? De repente. Certo, hoje em dia, os que nascem repentinamente são fraquinhos e morrem facilmente, mas, aparentemente, um poderoso nasceu, ou pelo menos, é isso que pensamos.

- Apolo e Lady Ártemis estão buscando, pesquisando para Zeus, entende? – disse Thalia – Não queremos assustar ninguém antes de termos certeza.

- Certo – assenti séria.

- Algumas pessoas estão sumindo misteriosamente, queremos descobrir o que é – explicou Thalia – ou quem é.

         Somente acenei, preocupada. Se for haver luta, ficaria longe, ou, acima de tudo, protegeria minha filha, essa era a primeira coisa – sei que Percy também faria isso por mim e por Lua.

         Eu olhei preocupada para elas: - Tem algo mais? Vocês parecem inquietas – comentei, apertando desconfiadamente os olhos, e depois afrouxei derrotada.

         Ártemis suspirou, parecendo cansada como nunca. Caminhando numa dança, foi até a fonte que jogava Néctar dos Deuses vivamente, passou levemente os dedos, ondulando o que parecia água, e, levando aos lábios, bebeu um pouco – como se fosse isso que a desse força, naquela hora.

- Tem mais um problema – ela disse chateada, olhando de esguelha para cima, parecia olhar além-teto.

         Senti um cutucão no estômago, incomodo, de repente e esquisito. Uma sensação ruim, certo enjôo, como se já tivesse ouvido as más notícias.

- Eu agüento – disse num suspiro. Passei os braços em volta de minha cintura, com certa ânsia de algo que nem sabia.

- Zeus convocou uma reunião do Conselho para ver se Amy Luna fica com os pais ou vai viver como mortal – despejou Ártemis.

         Vi Thalia hesitar se andava em minha direção ou não. Apertei mais os braços em torno de mim mesma, sentindo como se alguém tivesse tirado uma parte dali – e tirariam, tirariam sim. Veio também certa falta de ar, então respirei fundo, percebendo que já chorava litros sem nem notar. Passei a mão pelos olhos, num ímpeto de secá-los, mas a água salgada continuava saindo.

- Por quê? – eu lamentei em soluços solitários, sentindo a boca seca de medo. – Por que Lua não pode ficar comigo?

         Não, eu não agüentava a noticia.

- Zeus acha que, se ela é uma semideusa, devia ser como todos os semideuses comuns, ou seja, ir para o mundo mortal... Longe de seus pais – Ártemis quase sussurrou a última parte, e, repentinamente, explodiu irada: - Eu disse que seria estupidez, mas papai não me escuta! Está tão errado tirar Lua do mundo mitológico, quero dizer, ela... É a Lua!

         Claro que era errado. Minha filha tinha habilidades únicas, o que poderia acontecer lá fora, no mundo "real"? Um raio cortou o céu, irritado.

- Quando é? – perguntei, quase tendo convulsões com meus soluços.

- Amanhã – respondeu Thalia, me abraçando pelos ombros e me entregando um lenço branco.

         Assoando o nariz, derramei as últimas lágrimas.

         Não sei se foi minha imaginação, mas quase ouvi uma risada infantil, feliz e distante, aos meus ouvidos – como se fosse uma prova do futuro e algo que ficaria na memória.

Amy Luna

         Já tarde da noite, jantávamos no grande salão. A longa mesa era como algo de reis e rainhas, com mamãe sentada do lado direita da cadeira na ponta – de papai, vazia – e Temis na sua frente. Thalia estava do lado da Temis e eu do lado de Thalia (confuso?).

         As vozes das caçadoras se sobrepunham umas as outras, o som dos talheres se mexendo com os pratos cheios do delicioso banquete. Mamãe tomou um gole de sua bebida que parecia suco de maçã. Eu pisquei os olhos, curiosa. Ela nunca me falou direitinho o que era, somente que eu não podia tomar. Mas por quê? Ia me dar dor de barriga? (N/A: o.õ)

         Quando ela começou a se concentrar numa conversa aos sussurros com Thalia e Ártemis, olhei para os lados, vendo se ninguém me observava atentamente. Espichei minha mão branca em direção ao jarro com a bebida meio dourada meio "sei-lá". Ainda atenta a tudo e todos, despejei um pouco em meu copo ainda vazio e seco.

         Levei aos lábios, provando um pouco. Era extremamente delicioso. Tinha gosto de... Nem sei direito. Tudo que era delicioso estava misturado nesse liquido, tinha o gosto de tudo somente nisso. Era a melhor coisa que eu já provara.

         Já tinha bebido avidamente do copo quando mamãe arregalou os olhos para mim: - Lua! – ela praticamente berrou.

         O copo pulou da minha mão, com minha surpresa, e espatifou-se no chão – uma ninfa logo apareceu, limpando e sorrindo levemente para mim – e eu ergui as mãos, rendida.

- Não fui eu! – algumas caçadoras riram.

- Quantos copos você tomou do Néctar? – ela perguntou já levantada, seriamente para mim. Reparei que mais ninguém ria, parecia sério isso.

- Ahn... Não sei...  – enrolei, tinha tomado pelo menos um inteiro e metade de outro – Dois? Um e meio...

         Ela arregalou os olhos. Ártemis já tinha a mão na minha testa: - Ela não está quente.

         Eu ri, perguntando: - Por que estaria? – eita!

- A overdose chega a que velocidade? – perguntou Thalia, passando a mão pelo meu queixo.

- Não muito devagar, provavelmente já estaria em cinzas – comentou Ártemis, estranhando. Mas estranhando o quê?

         Mamãe respirou profundamente.

- Só... – ela falou num suspiro para mim – Somente não tome mais do Néctar dos Deuses, ok? Nunca mais.

         Eu assenti, virando a cabeça levemente de lado, achando tudo estranho.


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